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Mostrando postagens de novembro, 2022

O DIA EM UM SEGUNDO

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 Amanheceu, os raios do sol anunciam Os pássaros cantam, filhotes piam… Há um movimento natural nas coisas pela manhã E o pobre silêncio da madrugada anterior é amordaçado Tirânico e real novo dia Eis que ele surge e nos coage ao movimento, a seguir em frente, a viver Porém não é o que pretendo fazer Não preciso obedecê-lo É a escuridão, a madrugada, que me atentam Me deixam com calor, em graus, à beira dos “40” A mim elas se perpetuam Seja em vigília, seja em meus sonhos É uma vontade imensa que a intensa noite jamais termine Não porque ela é linda, acolhedora e maravilhosa (e o é de fato) mas porque eu estou preso a ela, me comprazo e daqui não saio Quando fecho os olhos e venho a dormir a vontade que o Sol percorra logo, em 1 segundo, toda minha cabeça, se esconda atrás da montanha para que de novo anoiteça e retornem o silêncio e a escuridão: duas coisas que me agradam Porque assim eu ganho a ausência do som e perco o que aos olhos estragam É o que mais gosto nas noites e consequen

Jean-Paul Sartre: a liberdade. Somos livres mesmo?

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Vou tentar ser breve no conceito filosófico de Jean-Paul Sartre, francês (1905 – 1980). Filósofo da corrente Existencialista, mas existencialismo ateu. Lembrando que para o filósofo francês, a existência de Deus, ou divindades não é ponto focal para sua filosofia. Sartre fala sobre a Liberdade. Seu pilar filosófico, naturalmente. A liberdade pertence a essência do humano, lhe é intrínseca. Não só somos livres, contudo, estamos condenados a isso. Condenados a sermos livres. Mas não é uma liberdade no senso-comum; não é essa a qual temos ciência, como de costume. Ou seja, fazer tudo o que der na telha quando as oportunidades nos batem à porta. Não é bem isso. Todavia, existem outras definições: liberdade é você não ser servo da sua mente, inclusive da vontade desenfreada de ser livre. Ou melhor, segundo Kant, liberdade é você sobrepor a razão às pulsões, não se tornando refém delas. Entretanto, outro caso, não podemos nos tornar refém da razão em detrimento das pulsões – assim falava Nie

A ESTRANGEIRA

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Lembra-te, estrangeira, estavas comigo Eu também era todinho teu Saímos de um rústico abrigo Rumo a luz, para bem longe do breu “Olha o que temos à frente Uma bela e vasta campina Tão verde, de chão tão quente Pronta para deitarmos em cima” Eis que você se jogou na grama rasa Deitada com um olhar faceiro Como quem não quisesse nada Convidou-me a ser seu parceiro O campo tinha suas ondulações Ficamos tão bem acomodados A terra, dócil, pegou-nos no colo Porém para manter-nos acordados Não seria justo caírmos no sono Na verdade nem havia como ou porquê Estávamos ávidos demais não tinha como Queríamos muito a uma coisa só fazer Era algo como que programado: Olhávamos nos olhos sem piscar Com isso ficávamos arrepiados nossos rostos começavam a corar Você tocava suavemente meu rosto Minha mão contornava tua cintura Beijavamo-nos sem pressa, com gosto Com todo o cenário: arte, bela pintura Nossos corpos ardiam como magma Ofegantes parecíamos dois tornados Transpirávamos como a uma enxurrada

Tudo bem?

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Você pode me ouvir? Eu sei que pode Quem melhor pode me ouvir que eu mesmo? Sei que tem horas que não se escuta nada Deixe a chuva cair O vento soprar Atente-se aqui ao que tenho a falar Vendo nossa flor murchar O que é força, relaxar: O desatino jaz Está acomodado Não nos deixa em paz Se sente coroado Aquele nosso sono pesado Só há parede para amparar: A angústia predadora Nos caça todo dia Das atitudes pecadoras dos corações que ela partia Precisas me ouvir, precisamos conversar Agora que você me ouviu É a tua hora de falar

Cadê você?

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  Byung-Chul Han: “O celular é um instrumento de dominação. Age como um rosário” “Filósofo sul-coreano, uma das estrelas do pensamento atual, se aprofunda em sua cruzada contra os ‘smartphones’. Acredita que se transformaram em uma ferramenta de subjugação digital que cria viciados. Em uma entrevista exclusiva ao EL PAÍS, Han afirma que é preciso domar o capitalismo, humanizá-lo”. *** Já dizia David Hume, filósofo escocês do século 18: “O homem é um ser racional e, como tal, recebe da ciência seu adequado alimento e nutrição”. Porque o homem é, além de racional, ativo; afetivo, sociável. E Hume diz mais, “‘Satisfaz tua paixão pela ciência’, diz ela, ‘mas cuida para que essa seja uma ciência humana, com direta relevância para a prática e a vida social’”. As citações estão em sua obra, Investigação sobre o Entendimento Humano. UNESP. 2004. O contexto se refere às diversas ciências que estavam brotando no seu tempo, umas bem claras e objetivas – com o advento do iluminismo -, outras obscu

PK, o filme

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  Hoje lhes trago o filme da excelente produção indiana, de Bollywood, “PK” (2014). Este gostoso e divertido filme foi dirigido por Rajkumar Hirani e escrito por Hirani e Abhijat Joshi. Além de divertido, bem animado – como de costume bollywoodiano, ter musical também – o filme é de cunho altamente filosófico, principalmente sobre questionamentos sobre Deus, Filosofia da Religião, da Linguagem e… sobre nós mesmos, inseridos nos contextos supracitados. O filme trata de um alienígena que veio estudar a Terra, mas aqui fica preso porque seu comunicador foi roubado e vendido a um guru salafrário. A partir daí, solto “no mundo”, o “Tonto” – como passa a ser chamado na Índia – experimenta muitos aspectos da humanidade, incluindo toda a nossa cultura e costumes – nisso aí, há críticas, bem como, situações muito ilárias. Em sua “estada” aqui, ele acaba conhecendo algumas pessoas bacanas, entre elas a repórter Janani Sahni. Pois bem, sobre a chegada desse extraterrestre o filme propõe questiona

Amor e anarquia

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É… Divertida, descontraída e engraçada. A série europeia é passada em Estocolmo (Suécia) e, embora tenha alguns dos mesmos “blá blá blás” previsíveis das comédias românticas, em linhas gerais, esta possui um encanto suficiente, a sui generis. É capaz de surpreender aos apaixonados pelo gênero. Não tem muito apelo erótico (pelo menos não achei rs), bem como não é muito moralista, ou politicamente correto. Os capítulos são curtos, caem muito bem e deixam gostinho de… quero mais!  Eis o que se verá em Amor e Anarquia: “Uma consultora casada e um jovem da área de TI se desafiam em um jogo que questiona as normas morais e que leva a consequências indesejadas” (e um tanto cômicas). 93% gostaram desse programa de TV na Netflix. Em breve segunda temporada

Amor e anarquia 2

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  – Foi daí quando decidi que não ia acabar como você. Desde então toda minha vida tem girado em torno disso. Cada passo, cada pensamento, tudo o que eu faço é para você… – Eu sei disso, eu entendi. Eu sei disso… – Você desapareceu nos seus próprios pensamentos e em fantasias em vez de ficar comigo. Você achou mais importante ficar preocupado com a situação política do mundo do que ficar comigo. Como pode fazer isso? – Eu queria me rebelar, eu acho. Mas sabendo que podia fazer isso, fiquei preso em algum lugar no meio de tudo isso. – Eu nunca vou ser como você… – É… Eu também torço por isso. Eu ficaria muito chateado se você fosse como eu. Um diálogo da série “Amor e Anarquia”. Netflix. Nele, tal pai, tal filha, dialogam: suas rebeldias são da mesma estrada, porém de “mãos” opostas. Além do mais, mais uma lição, atentem-se: O que muito promete libertar, aprisiona. O que oferta muito progresso, limita ou regride. Vejam, geralmente os lados extremos das ideologias políticas partidárias s

Trechos e contextos

O que está em jogo na questão das identidades? […] uma situação concreta e do que está “em jogo” nessas contestadas definições de identidade e mudança, vamos tomar um exemplo que ilustra as consequências políticas da fragmentação ou “pluralização” de identidades. Em 1991, o então presidente americano, Bush, ansioso por restaurar uma maioria conservadora na Suprema Corte americana, encaminhou a indicação de Clarence Thomas, um juíz negro de visões políticas conservadoras. No julgamento de Bush, os eleitores brancos (que podiam ter preconceitos em relação a um juiz negro) provavelmente apoiaram Thomas porque ele era conservador em termos de legislação de igualdade de direitos, e os eleitores negros (que apoiam políticas liberais e questão de raça) apoiariam Thomas porque ele era negro. Em síntese, o presidente estava “jogando o jogo das identidades”. Durante as “audiências” em torno da indicação, no Senado, o juiz Thomas foi acusado de assédio sexual por uma mulher negra, Anita Hill, uma

33 anos depois – um número bem simbólico – Exu é vingado! Parabéns à G.R.E.S Acadêmicos do Grande Rio

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  Em 1989 – data marcante em comemoração dos 100 anos da República no Brasil -, a G.R.E.S Beija-Flor de Nilópolis fez um desfile revolucionário. Este desfile histórico, com o enredo “Ratos e urubus, larguem minha fantasia!”, falava sobre o lixo, críticas sociais, favelas, moradores de rua e tinha como seu principal – vamos dizer – protetor, Lebara, ligado a Exu. Por uma infelicidade, os jurados justificaram “palavras de outras línguas” e “incompreensibilidade” na letra do samba e tiraram nota da escola dizendo não haver contexto. A Beija-Flor amargurou o segundo lugar. Uma pena… Bastava saber que Candomblé lidava com isso e quem era Lebara e o seu significado (em yorubá). Ou seja, o refrão “Leba larô ô ô ô ô / Ébo lebará laiá laiá ô”, tirou o título da Escola naquele ano. Em contrapartida, a campeã, G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense trazia o “luxo e a nobreza” do Império e a passagem para a República; a abolição da escravidão sob a lei assinada pela princesa Isabel e uma nova vida de l

Trechos e contextos - Sujeitos.

Dentre três concepções de sujeito, há duas interessantes. A primeira, pode-se dizer do "sujeito cartesiano" - o advento do indivíduo no "centro do Universo". Grande parte da história da Filosofia Ocidental levou essa concepção de sujeito, que consiste em reflexões sobre seus poderes e capacidades depois de uma espécie de deslocamento de Deus do centro do Universo e de toda uma Filosofia, até então, pautada Nele. Sobre isso, partindo do sujeito que pensa e age por si, até a uma concepção de Deus, Descartes elaborou duas substâncias distintas. Pode-se dizer que são “matéria” e “mente”. Sobre a mente - adiantando muito o assunto -, o filósofo francês pôs o sujeito individual no centro das tomadas de decisões e capacidade para produzir, constituído por sua capacidade para raciocinar e pensar - o famoso "(eu) penso, logo existo". Desde então, esse vinha sendo o sujeito racional, pensante e consciente no centro do conhecimento. (HALL, Stuart. A identidade cultur

Soneto onde o vento parou na curva

Aos meus olhos ela se põe Como uma santa ao devoto Delicadeza que nela eu noto Além do mais que ela expõe Deveras pura é sua tez Me atenho à forma sinuosa Bela, porém, curva perigosa Acidento-me em minha timidez Gosto quando encara sem pudor Não és lá uma santa eu sei Contudo tem tamanho valor Em seu ardente olhar esbarrei Tudo em meu corpo é só calor Confesso, amor, logo me apaixonei

O Mal

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O Filme ”O Ritual” (2011) trata do percurso de um seminarista cético e decidido a abandonar sua vida como religioso na igreja católica. Durante este processo, seu superior o orienta a passar um período no Vaticano para estudar rituais de exorcismo - talvez com intuito de o jovem noviço reforçar sua crença. Nesse ínterim suas dúvidas e questionamentos só aumentam, porque é nítido o ceticismo ante a teologia, sobre a questão do bem e do mal e, enfim, a descrença em Deus, quando nada de novo acontece nestes dias. Eis que surgem alguns acontecimentos, que é a grande virada no filme, que faz o jovem seminarista ganhar uma forte crença por conta de um caso intrigante de exorcismo: não uma crença em Deus e Seus milagres - primeiramente -, mas no mal e suas artimanhas. Então, surge uma questão lógica: primeiramente, seu ceticismo o deixava no mesmo lugar: não tinha fé no mal, nem em Deus; ademais, sua descrença em Deus não era condição para crer que o diabo existisse. Todavia, uma vez que ele