sexta-feira, 18 de novembro de 2022

O DIA EM UM SEGUNDO



 Amanheceu, os raios do sol anunciam.

Os pássaros cantam, filhotes piam…

Há um movimento natural nas coisas pela manhã

e o pobre silêncio da madrugada anterior é amordaçado

Tirânico e real, novo dia

Eis que ele surge e nos coage ao movimento, a seguir em frente, a viver

Porém não é o que pretendo fazer

Não preciso obedecê-lo

É a escuridão e a madrugada, que me atentam

Me deixam com calor; em graus, à beira dos “40”

A mim elas se perpetuam

Sejam em vigília, sejam em meus sonhos

É uma vontade imensa que a intensa noite jamais termine

Não porque ela é agreste, acolhedora e silenciosa (e o é de fato),

mas por estar-lhe atado

Me comprazo e daqui não arredo

Quando nos segredos das sombras me adentro, desejo

que o Sol, em um segundo, porcorra;

voe por minha cabeça, se esconda atrás da montanha

para que de novo anoiteça.

Assim, que retornem o silêncio e a escuridão 

Entidades que me confortam o ser

Porque herdo o silêncio e abandono o que cansa os olhos

É o que mais gosto nas noites e madrugadas

Essa vontade de não ter vontade

Refletindo sem fazer nada

Ficar inerte, sem contato,

nem inteiro ou pela metade

Simplesmente não ser

Passar a não existir, porém presente, ciente

Embora que triste durante o dia,

mas feliz à noite com o imortal elixir

É durante esse momento que surge a veia anárquica

Tirar seu poder, fazê-lo ruir

Sair da teoria e por tudo em prática

Até aos confins noturnos, viajar

Nele estar e deixar meu suspiro

Eternamente noite, Lua, estrelas

Sonhos, alegrias, brincadeiras

A noite é uma criança

Nunca cresce, envelhece, sequer morre

Eu a torno assim e assim também me tornei:

Um Deus que nem atingiu a puberdade

Que tem diante de si toda eterna noite, espaço-tempo e liberdade

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