Amanheceu, os raios do sol anunciam.
Os pássaros cantam, filhotes piam…
Há um movimento natural nas coisas pela manhã
e o pobre silêncio da madrugada anterior é amordaçado
Tirânico e real, novo dia
Eis que ele surge e nos coage ao movimento, a seguir em frente, a viver
Porém não é o que pretendo fazer
Não preciso obedecê-lo
É a escuridão e a madrugada, que me atentam
Me deixam com calor; em graus, à beira dos “40”
A mim elas se perpetuam
Sejam em vigília, sejam em meus sonhos
É uma vontade imensa que a intensa noite jamais termine
Não porque ela é agreste, acolhedora e silenciosa (e o é de fato),
mas por estar-lhe atado
Me comprazo e daqui não arredo
Quando nos segredos das sombras me adentro, desejo
que o Sol, em um segundo, porcorra;
voe por minha cabeça, se esconda atrás da montanha
para que de novo anoiteça.
Assim, que retornem o silêncio e a escuridão
Entidades que me confortam o ser
Porque herdo o silêncio e abandono o que cansa os olhos
É o que mais gosto nas noites e madrugadas
Essa vontade de não ter vontade
Refletindo sem fazer nada
Ficar inerte, sem contato,
nem inteiro ou pela metade
Simplesmente não ser
Passar a não existir, porém presente, ciente
Embora que triste durante o dia,
mas feliz à noite com o imortal elixir
É durante esse momento que surge a veia anárquica
Tirar seu poder, fazê-lo ruir
Sair da teoria e por tudo em prática
Até aos confins noturnos, viajar
Nele estar e deixar meu suspiro
Eternamente noite, Lua, estrelas
Sonhos, alegrias, brincadeiras
A noite é uma criança
Nunca cresce, envelhece, sequer morre
Eu a torno assim e assim também me tornei:
Um Deus que nem atingiu a puberdade
Que tem diante de si toda eterna noite, espaço-tempo e liberdade
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