33 anos depois – um número bem simbólico – Exu é vingado! Parabéns à G.R.E.S Acadêmicos do Grande Rio

 


Em 1989 – data marcante em comemoração dos 100 anos da República no Brasil -, a G.R.E.S Beija-Flor de Nilópolis fez um desfile revolucionário. Este desfile histórico, com o enredo “Ratos e urubus, larguem minha fantasia!”, falava sobre o lixo, críticas sociais, favelas, moradores de rua e tinha como seu principal – vamos dizer – protetor, Lebara, ligado a Exu. Por uma infelicidade, os jurados justificaram “palavras de outras línguas” e “incompreensibilidade” na letra do samba e tiraram nota da escola dizendo não haver contexto. A Beija-Flor amargurou o segundo lugar. Uma pena… Bastava saber que Candomblé lidava com isso e quem era Lebara e o seu significado (em yorubá). Ou seja, o refrão “Leba larô ô ô ô ô / Ébo lebará laiá laiá ô”, tirou o título da Escola naquele ano.


Em contrapartida, a campeã, G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense trazia o “luxo e a nobreza” do Império e a passagem para a República; a abolição da escravidão sob a lei assinada pela princesa Isabel e uma nova vida de liberdade e alegria para os ex-cativos. (Contestadíssimo, atualmente, esse fato. Mas não vem ao caso). Com o samba “Liberdade, liberdade! Abra as asas sobre nós”, bravamente, a Imperatriz foi a campeã daquele disputadíssimo ano.


Particularmente, achei um resultado injusto. A Beija-Flor deveria ter ganhado. Para mim, com todo respeito à gigante Imperatriz, o título deveria ficar em Nilópolis. Até hoje se comenta aquele desfile. Quem narrou, ficou em êxtase; quem estava lá, viu algo surreal, viu uma história sendo contada se transformando em história. Que carnaval! Acompanhei, com meus 10 anos de idade, mas em casa, pela TV.


Hoje, enfim, temos Exu novamente em destaque, mas agora ocupando o título máximo da festa popular, o único rei em sua coroa por direito. Sua celebração vai ser regada à cachaça, acaçá vermelho, farinha de milho amarelo mergulhada no dendê (rs), pimenta, cebola, muita carne e muita alegria! Eis o mínimo que se deve ter como celebração, hoje, na GRES Grande Rio. Lindo desfile, linda homenagem, justíssimo título! Salve Exu, Salve Lebara, Salve o Candomblé, a Umbanda e todas as demais religiões de cunho africano.



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