Medicina: Será que um dia iremos nos tornar um jacaré?
Depois da pandemia ouvi relatos de que condições particulares de alguns indivíduos possuíam certas anormalidades e que vinham afetando negativamente, não só seu organismo, como também o que se pode dizer do seu mental. Acalmem-se! Não se trata de uma revisão da Metamorfose, de Franz Kafka. Não está sendo flagrado por aí nenhum Gregor Samsa atualizado para versão réptil. Porém, vem acontecendo quadros clínicos com alguns pequenos detalhes nos prontuários de muitas pessoas. Comigo, inclusive. Notei isso desde a reação da minha primeira dose da vacina contra COVID-19. Tive sintomas que nunca experimentei - incluindo o estado psicológico mais deprimente enquanto doente e sem vontade nenhuma de levantar enquanto acamado.
Sabemos que aqui no Rio de Janeiro possuímos um carma com mosquitos. A dengue (e outras gangues) costuma trazer novidades patológicas, porém, foi depois da COVID-19 que as coisas começaram a ficar estranhas. Uma das coisas que ocorre é febre baixa - ainda que pareça normal -, dores em partes estranhas do corpo e uma condição psicológica diferente mesmo. Nós, portadores da sabedoria popular, estamos estranhando o que vem acontecendo conosco e, graças às redes sociais (e às fofocas também, por que não?), tomamos coragem para expor essas situações com a nossa saúde. Não estão relatando sintomas diferentes, mas estão diferentes a forma como eles aparecem e porque eles aparecem.
Por exemplo, depois da pandemia, por ventura, tive infecção gastrointestinal. Normal, acontece. No entanto, fiquei por três dias sem ter qualquer cólica. Coisa que nunca havia me acontecido. Outro ponto é que fiquei com dores no corpo (especificamente nas pernas), catarro, tosse seca, por cinco dias sem ter muita febre - acontecia exatamente à noite e não passava de 37,9º. Novidade também. Uma coisa interessante é que minha garganta nunca mais inflamou. E quero avisar que quando ela inflamava, eram 5 dias com febre altíssima! Só que, naquela ocasião, eu agia, era mais ativo. Agora, há algo, psicologicamente falando, que prega na cama e enquanto a febre/ gripe não vai embora, não dá disposição. Sequer fome!
Ademais, não diferente dos meus casos pessoais, ouço e leio relatos nesses sentidos também. Logo, não acontece só comigo. Agora, o mais preocupante, é que independentemente de gripe, febre ou doença por infecção, há com certa frequência uma desorientação repentina, um estranhamento consigo mesmo. Um estado psicológico diferente de quando se era acometido por alguma doença. Enfim, parece que o modus operandi das doenças mudou e temos que enfrentar quadros de doenças com outro espírito. Tem-se, portanto, aquela gripe que derruba, não só o físico, como também o psicológico. Pode anotar na lista de remédios, além dos antigripais, antibióticos, também antidepressivos.
Com isso dito, não quero afirmar que por causa da vacina agora estamos diferentes ou que viramos jacaré - muito menos a barata de Gregor Samsa. Não é o caso!!! Contudo, estou querendo apontar que estamos num determinado momento, diante duma situação, que ainda não sabemos de fato o que está acontecendo ou para onde estamos indo. Possivelmente, estejamos já tão abalados psiquicamente que, com o acometimento de um pequeno vírus, tudo o que consideramos mentalmente normal, se torne uma grande torrente nebulosa. Vejam: “Lapsos de memória, depressão e ansiedade podem estar relacionados às sequelas cerebrais da covid-19”, segundo o portal do Conselho Nacional de Enfermagem.
Brasil vive uma segunda pandemia, agora na Saúde Mental. Quadros de ansiedade e depressão aumentaram após a pandemia de covid-19.
Não há provas de uma ligação direta entre um vírus que causa um resfriado com uma eventual depressão ou burnout na pessoa infectada; nem distúrbio no sono ou qualquer outro sintoma de saúde mental. Contudo, os diversos fatores aos quais estamos inseridos, principalmente com o fenômeno pavoroso que foi a pandemia, potencializou questões psicológicas que já lidávamos. Foi o somatório do estresse que já estávamos situados cotidianamente mais uma brusca perda de parentes, amigos, isolamento social e, naturalmente, a imaginação de uma catástrofe brutal com o planeta.
Por conseguinte, a título de conhecimento, as vacinas de COVID-19 aplicadas ao redor do mundo ainda estão em fase observação. Diante disso, acredito que possamos descartar vírus que estejam causando doenças mentais. Os cientistas ainda estão coletando os dados desde a primeira delas, que foi aplicada em Janeiro de 2021. Com isso, é de conhecimento geral que há novos sintomas surgindo em pacientes vacinados contra a COVID-19 e isso gera sempre um alerta, não só na comunidade científica, quanto na população.
Ademais, uma questão: o paciente - vacinado ou não - é de extrema valia nesta guerra toda contra os vírus. Porque, somente o indivíduo sabe e pode descrever o que está acontecendo consigo, até mesmo diante de um resfriado qualquer: quem sabe o que se passa com seu corpo é o próprio indivíduo, e não o médico. Neste cenário, somente depois dos relatos dos pacientes é que se fazem as análises e se buscam as soluções. Por isso que é de extrema importância procurar um médico e relatar a ele tudo, mas tudo mesmo, o que se passa consigo. Devemos sempre ser pró-ativos e antecipar estas questões à medicina.
É preciso que se reitere: se há sequelas no corpo, há que se buscar atendimento adequado para tal; se há, além disso, problemas de ordem psicológica, o paciente deverá cuidar, além do problema físico, também da saúde mental com um psicólogo/psiquiatra. Pois, como vimos, está tudo ainda muito nas penumbras, além de cada dia surgir algo novo diante da contenda contra os vírus.
Dessa maneira, é notório que estamos como que de braços esticados procurando tatear alguma superfície - sequer temos noção se ela existe ou está próxima. O que há de fato é muito trabalho ainda no campo da saúde a ser realizado - com a ajuda da população - e, com certeza, aliado à alta tecnologia. Não me refiro somente aos melhores remédios e exames operados por I.A. ou robótica, não, mas prevenções e eficiência no remediar das causas.
Vejamos como um conjunto de ações e contribuições de áres distintas podem nos ajudar numa melhor qualidade de vida. Em Março de 2020 - em plena pandemia - o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han escrevia em sua coluna, no El País, que a Ásia já estava com a situação controlada enquanto o Ocidente fechava aeroportos - e só, como medida de “proteção”. Em contrapartida, na China, já se estava trabalhando com detecções dos últimos focos de infectados com ajuda da tecnologia e da eficaz medicina daquele país. Diz Han, “Quando alguém sai da estação de Pequim é captado automaticamente por uma câmera que mede sua temperatura corporal. Se a temperatura é preocupante, todas as pessoas que estavam sentadas no mesmo vagão recebem uma notificação em seus celulares [...] Se alguém rompe clandestinamente a quarentena um drone se dirige voando em sua direção e ordena que regresse à sua casa”.
Provavelmente, no “mundo de amanhã”, saberemos do que mudou, do que resistiu, do que foi mérito da tecnologia ou do que foi obra da ação individual de cada um. Todavia, é assim que a medicina avança, que nós evoluímos e vamos deixando como legado uma vida sempre melhor e mais saudável diferentemente daquele que nos foi deixado. Neste sentido, até agora viemos sempre encontrando as melhores soluções possíveis para nossos maiores desafios.
Acredito, por fim, que a medicina fará outra nova revolução no combate às doenças-por-vir e a tecnologia (se não nos destruir [risos]) fornecerá tudo o que precisamos para, inclusive, prevenirmo-nos de quaisquer ameaças microscópicas e também aquelas ameaças invisíveis, que pairam por sobre nossa cabeça nos atormentando, nos deixando ansiosos, depressivos e nos tirando o tranquilo sono de cada noite.
Estamos no meio de uma guerra. O tempo todo bombardeados. Seja por doenças criadas, por doenças naturais (a morte), por novas tecnologias sem necessidade ou tantas outras coisas. Tudo caindo sobre nossas cabeças, invadindo nossas mentes, tomando de assalto nosso tempo e energia. Somos cobaias, presos numa guerra que nem sabemos pra quê.
ResponderExcluirReceio que a humanidade está caminhando para o fim, e esse fim, está sendo provocado por ela própria!
ResponderExcluirGrandioso , quero lançamento de livro com tarde de autógrafos!
ResponderExcluir