PK, o filme

 


Hoje lhes trago o filme da excelente produção indiana, de Bollywood, “PK” (2014). Este gostoso e divertido filme foi dirigido por Rajkumar Hirani e escrito por Hirani e Abhijat Joshi. Além de divertido, bem animado – como de costume bollywoodiano, ter musical também – o filme é de cunho altamente filosófico, principalmente sobre questionamentos sobre Deus, Filosofia da Religião, da Linguagem e… sobre nós mesmos, inseridos nos contextos supracitados.


O filme trata de um alienígena que veio estudar a Terra, mas aqui fica preso porque seu comunicador foi roubado e vendido a um guru salafrário. A partir daí, solto “no mundo”, o “Tonto” – como passa a ser chamado na Índia – experimenta muitos aspectos da humanidade, incluindo toda a nossa cultura e costumes – nisso aí, há críticas, bem como, situações muito ilárias. Em sua “estada” aqui, ele acaba conhecendo algumas pessoas bacanas, entre elas a repórter Janani Sahni.


Pois bem, sobre a chegada desse extraterrestre o filme propõe questionamentos muitos reais sobre nossas diferenças, nossas diversas sociedades e formas de se viver em comunhão e, as ácidas críticas de se valorizar cultos religiosos ao invés da solidariedade humana. Com isso, vos digo “Em nome do céu, nega-se a terra”. (Parafraseando Nietzsche, em Crepúsculo dos Ídolos).


Sobre a fantástica Índia, é um país repleto de religiões e com pouquíssimos ateus/ agnósticos. Obviamente, sabe-se que lá predomina o hinduísmo – mas há cristianismo, Sikhismo, islamismo, etc e gurus diversos – e o filme sabe explorar e brincar muito bem com isso. Tudo sem ofensas ou julgamentos sobre a fé alheia; sabe-se, também, que a Índia possui uma das maiores populações do mundo. Portanto, eis um caldeirão cultural gigantesco – pouco acessado por nós, aqui, ocidentais – de uma cultura vasta, antiguíssima e muito rica. Vale a pena conhecê-la, mesmo que por detrás de uma tela, assistindo ao “PK”, e as aventuras de um “tonto”.


Nesse ritmo, o filme leva uma proposta muito desafiadora, que é o questionamento da religião, ou de Deus, propriamente, em plena Índia!, e isso de forma muito engraçada, inteligente e ácida, certas vezes. Ademais, não só o questionamento da religião, mas das ações humanas ante a isso tudo. 


Por conseguinte, para que os questionamentos do ET (ou “Tonto”) surtam efeito, jus à população indiana, a produção do filme (estou conjecturando) achou viável recorrer à imprensa. A partir da particiapação maior do Telejornal nota-se, ora um grupo agnóstico/ ateu, ora religiosos que desejam desmontar falsos profetas e deturpadores religiosos. Isso me remete ao “Não olhe para cima” (2021), só que no lugar da ciência é o Telejornalismo indiano; no lugar dos negacionistas atuais, os falsos profetas e cegos religiosos.


Outras obras cinematográficas me vieram à lembrança enquanto eu via “PK”: “A Vida de Brian” (1979) do grupo de comédia inglês, Monty Python (disponível também no Netflix), por seus momentos de fazerem chorar de rir, inteligentíssimos, com suas sátiras religiosas, porém sem ofender qualquer religião, e o filme “Deus não está morto” (2014) – tendo, esse último, um erro conceitual sobre a questão trazida por Nietzsche, que é “Deus está morto”. (Ignorem Nietzsche, por enquanto, porque o filme traduziu a questão erroneamente).


Contudo, os debates se, sim, Deus “morreu”, ou não, entram em “PK”. Sobre a fé, sobre essa “conexão” entre o divino e o mero humano, há uma referência usada, analogamente, como “chamada telefônica” (pequeno spoiler, rs), além de tantas outras questões que ora nos brota na consciência, ora o filme nos injeta propositalmente.


Diversão garantida! Protagonistas simpatissíssimos, demais atores excelentes, produção maravilhosa e diálogos interessantíssimos – conforme explorado acima -, um excelente filme. Recomendo! Além do romance que é o filme em si, há uma paixão. O que é inevitável entre nós, humanos, me parece que, também, o é entre os seres extra mundanos, Ah! O amor… 


E, por fim, se Deus existe mesmo ou os homens são mentirosos que inventaram-No para pôr-nos em rédeas e/ou conquistar riquezas as nossas custas, recomendo atentarem-se ao final do filme. Não que se deva concordar, ou não, mas é a tese do filme.


Obs: “PK” não é uma obra um tanto dura em seus questionamentos. Além disso, ela tipo não se mostra perder a fé tanto Nele (“Neles”, rs, porque são vários deuses) quanto na humanidade – repito, embora questione muito tudo isso inteligentemente



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