Manhã cinzenta,
clima londrino.
Mas não importa.
Seja lá ou no Rio,
eu estava sendo
apunhalado
sentia compaixão.
Eu seguia.
Sem rumo, sem norte;
sem Deus, sem lar;
à própria sorte.
Andorinhas voando,
de longe voltando,
órfãs de mãe e pai,
Perdidas em meio
ao concreto sujo.
Em volta, tudo feio;
nojento; caminhos,
muitos se cruzam
sob vento fedorento.
Minha Cidade e Cor:
angústia, medo.
Vida incolor:
Notei na canção
Ritmos e melodias,
o coro dos enlutados
e a letra mortuária;
fria como o clima;
- bucólico adro.
Ó canto acappella!
aos pés da bela capela,
de magnífico altar.
ao longe senti,
ali, todos uníssonos,
em seus goles de saliva
as lágrimas rolavam
como chumbo abalavam.
Sobre ele, pessoas,
de preto, vestidas.
De luto e dor caiam.
Havia beleza e ruína.
A intempérie sina,
o tilintar do sino,
o ecoar das vozes…
Aquele que partira.
Todo aquele cenário,
todos com seus rosários.
A dilaceração,
e a emoção.
O “eu” em sacrifício;
o “ele” em sepulcro;
o “nós” alienados.
Mas todos buscando-se,
a si, meditando,
e alguns sem fé;
outros pensando,
"Aqui o jaz;
aqui voltarei, não de pé.
Sim… Belo, espero;
sem vida, porém em paz"