quarta-feira, 8 de maio de 2024

Perdido em si



Eis que, no vão das sombras, onde o ser se desvela,
em meio à névoa do cotidiano lamento,
o homem vagueia, na angústia, na refrega,
perdido em si, em busca de alento.

No peito, o eco do etéreo medo,
que ronda como espectro, silente e frio;
a morte, que se avizinha em segredo,
traz consigo o derradeiro vazio.

Oh, pavor dos mortais! Oh, desespero!
Na encruzilhada da existência efêmera,
a cada passo ergue-se o temor primeiro:
a finitude que nos cerca e golpeia.

Nas horas gélidas do dia que declina,
o ser se afoga na miragem do amanhã,
na incerteza que espreita e domina,
sob a fumaça sombria da própria chama.

E quanto mais próxima a hora derradeira,
mais nítida se torna a face da verdade:
somos frágeis, efêmeros, na vasta ribanceira
da vida, que nos arrasta sem piedade.

E assim, entre suspiros e lamúrias,
o homem se perde em sua sina,
na busca vã por fugidias aventuras,
sob o olhar impassível da morte divina.

2 comentários:

  1. Isso é o que está acontecendo atualmente com muitos!

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  2. O desespero humano, a inquietude por não conseguir dominar o tempo.
    Ele segue, ele tenta, mas o tempo corrói.
    O tempo não olha pra trás. Mesmo aquele que conquistou o mundo, derreteu-se diante do tempo.
    E a realidade o consome, a cada segundo.

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