Enfim, ao inferno cheguei
Tudo aqui me é familiar
logo percebi e estando cá
Não muito me abismei:
Do famoso lugar de onde vim
Igualmente aqui tudo é afim
Eis o inferno, portanto
Onde se há discursos fraternos
amigos sinceros, mas muitos prantos
É um explorando o outro
Esteja de trapo, uniforme ou de terno
A maldade está nos quatro cantos
Visando apenas o próprio bem
o acúmulo de riquezas é a meta
Não é daqui que as facções vêm
nem os profetas, nem os poetas
Ou qualquer sociedade secreta
Pois as coisas aqui são abertas
De “boa intenção” têm tantas
Ludibria-se a quem aqui manda
Todos roubam, são corruptos
Aliciam, desvirtuam, são sujos
Por qualquer coisa matam
Há também aqueles “isentões”
Pregam a paz, geram revoltas
Mas tudo por alguns milhões
Sejam de "likes", grana, "visualizações"
Estes motivam findar o sistema
Até que seria muito legal
Imagine! Ao inferno dar um fim?
Só que não, não será assim
Outros o assumirão de forma natural
A tudo que lhes convém promovem
Todos igualmente anseiam o poder
Pense: estar no controle do inferno…
É belo, porém, arriscado
Almejado se é por tantos outros mil
Um covil não só de lobos
mas de amarga gente vil
Deste lugar nem me despeço
Ora, apesar de todo esse retrocesso
Aqui jaz o futuro de outrora
O que foi ontem não seria o agora?
E o que está por vir, o futuro
Não seria de novo o passado?