segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Trovoada sem estrondo


É no silêncio que minha voz entoa;
retumbantemente afora ecoa,
advinda da mais pura fonte.

Pensamentos — não mais que lamentos,
tormentos, quaisquer ócios do dia —
traduzem-se em música, em poesia.

Fatos de outrora, enevoados,
rompem ansiosamente tais barreiras;
voando como venenosos dardos,
abrem-me à fronte uma clareira.

Momentos dolorosos, tristes,
que no inconsciente dormem,
despertam em minha vigília,
advertindo-me à noção do ser humano.

E, por ser humano, a dor compartilho.
Dói, contudo…
O que seria da alegria, não fosse a dor?
Do perfume, sem a flor?
Ou do dia sem a noite?

Nada é tão desesperador.
Vivem: o infeliz, o injusto e o sádico —
todos em perfeita harmonia.                

4 comentários:

  1. Vc fala no profundo...isso é perfeito!!!

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  2. O sal que faltou na minha sopa.
    Todos os dias estamos deixando a nossa terra, esvaindo pelo ar.
    Os anos, as rugas, os cabelos, o tempo.
    Que saibamos receber bem o que bate à nossa porta.

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