Conheça-te



Um jovem guerreiro estava muito mal
Ele não sabia a fonte do seu problema
Coisas turvas como um lamaçal
Correu à janela do castelo com um tema
A vista era de uma lua quarto crescente, linda Iluminando parcialmente tudo à sua volta
Ofuscada por tenra nuvem e resistente
Majestosa, imóvel, imóvel eternamente
Como se disponível para seus lamentos
À Lua, não adiantou resmungar

Então, o jovem, pôs-se a, com um grilo, uma conversa tentar
Mas antes, a si mesmo questionou:
"A certeza é uma condição para o conhecimento?"
O grilo achando que a pergunta lhe era direcionada, respondeu:
"Há muito existiu um homem
Ele tinha certeza de ao menos uma coisa…"
Curioso, o cavaleiro, ao grilo retorquiu:
"quem seria esta pessoa?"
Ignorando sua pergunta continuou o inseto:
"a lua nos ilumina, correto?

Porém, ela não tem certeza disso
E a luz que de si emana, não é sua
Esta lhe é emprestada
Uma realeza sem luz própria, a Lua
Que pelo Cosmo, fustigada
Porém, tem ciência de si mesma
E como ela tem certeza disso, coitada?
Por conta do rei Sol
Que a ela se apresenta com rara beleza
Levando a paixão à Lua jovem princesa"

E o grilo não parava de falar:
"há momentos em que o Sol se esconde
E a nobre alteza, fica sem companhia
Na penumbra morrendo de frio
Não tendo certeza de quando virá novamente o brilho 
Além do mais, seu conhecimento lhe deprime
Ainda que com pouca ciência disso
Vê a si mesma como uma bola fria
Ora cheia, ora vazia
escura e solitária na vastidão do universo

Uma triste princesa com sua importância
Incerta vagando ao léu
Deposita seu amor na esperança
Numa cega confiança
Que, um dia no infinito céu
Se juntará ao Sol, seu estimado
Tendo assim eternamente sua companhia
Inocente Lua fria…"
Ao grilo o guerreiro agradeceu mais sossegado
E consigo pensou profundamente:

"Será que a falta de certeza em alguma coisa
é o que na minha vida me priva de certo conhecimento?
E se o conhecimento, na verdade, não passa de uma ilusão?  
Não é isso o que me deixa, angustiado e frustrado, então?
Será que carece-me esperança, fé?
Poderia eu deixar tudo de lado
Não se é habitual nadar contra a maré
E talvez fosse melhor nem distinguir o certo do errado
A tudo esquecer, um pouco espairecer
Deixar a vida viver e segui-la a seu lado
Apenas ser, estar, sentir o caminho
Seja parcialmente iluminado, ou não
Seguir àquele qual ilumina todo o meu chão 
Ir ao acaso com os que me cercam
Desde uma majestosa e solitária Lua a um grilo tagarela bem esperto

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