sexta-feira, 18 de novembro de 2022

O DIA EM UM SEGUNDO



 Amanheceu, os raios do sol anunciam.

Os pássaros cantam, filhotes piam…

Há um movimento natural nas coisas pela manhã

e o pobre silêncio da madrugada anterior é amordaçado

Tirânico e real, novo dia

Eis que ele surge e nos coage ao movimento, a seguir em frente, a viver

Porém não é o que pretendo fazer

Não preciso obedecê-lo

É a escuridão e a madrugada, que me atentam

Me deixam com calor; em graus, à beira dos “40”

A mim elas se perpetuam

Sejam em vigília, sejam em meus sonhos

É uma vontade imensa que a intensa noite jamais termine

Não porque ela é agreste, acolhedora e silenciosa (e o é de fato),

mas por estar-lhe atado

Me comprazo e daqui não arredo

Quando nos segredos das sombras me adentro, desejo

que o Sol, em um segundo, porcorra;

voe por minha cabeça, se esconda atrás da montanha

para que de novo anoiteça.

Assim, que retornem o silêncio e a escuridão 

Entidades que me confortam o ser

Porque herdo o silêncio e abandono o que cansa os olhos

É o que mais gosto nas noites e madrugadas

Essa vontade de não ter vontade

Refletindo sem fazer nada

Ficar inerte, sem contato,

nem inteiro ou pela metade

Simplesmente não ser

Passar a não existir, porém presente, ciente

Embora que triste durante o dia,

mas feliz à noite com o imortal elixir

É durante esse momento que surge a veia anárquica

Tirar seu poder, fazê-lo ruir

Sair da teoria e por tudo em prática

Até aos confins noturnos, viajar

Nele estar e deixar meu suspiro

Eternamente noite, Lua, estrelas

Sonhos, alegrias, brincadeiras

A noite é uma criança

Nunca cresce, envelhece, sequer morre

Eu a torno assim e assim também me tornei:

Um Deus que nem atingiu a puberdade

Que tem diante de si toda eterna noite, espaço-tempo e liberdade

Jean-Paul Sartre: a liberdade. Somos livres mesmo?



Vou tentar ser breve no conceito filosófico de Jean-Paul Sartre, francês (1905 – 1980). Filósofo da corrente Existencialista, mas existencialismo ateu. Lembrando que para o filósofo francês, a existência de Deus, ou divindades não é ponto focal para sua filosofia. Sartre fala sobre a Liberdade. Seu pilar filosófico, naturalmente. A liberdade pertence a essência do humano, lhe é intrínseca. Não só somos livres, contudo, estamos condenados a isso. Condenados a sermos livres. Mas não é uma liberdade no senso-comum; não é essa a qual temos ciência, como de costume. Ou seja, fazer tudo o que der na telha quando as oportunidades nos batem à porta. Não é bem isso.


Todavia, existem outras definições: liberdade é você não ser servo da sua mente, inclusive da vontade desenfreada de ser livre. Ou melhor, segundo Kant, liberdade é você sobrepor a razão às pulsões, não se tornando refém delas. Entretanto, outro caso, não podemos nos tornar refém da razão em detrimento das pulsões – assim falava Nietzsche, contrapondo-se ao iluminista. Maquiavel definia a liberdade como ser fiel ao seu próprio Estado; para Etienne La Boétie, era simplesmente não servir, nada fazer ante a um governante, um tirano ou a quem quisesse lhe extinguir a liberdade ou pleno direito a escolhas por si só.


Mais um pouco sobre esse tema, temos uma alegoria e um fato: Primeiramente, o carcereiro e o preso, tanto um quanto o outro, estão condenados. Quiçá o carcereiro mais ainda que o preso, pois que o preso pode estar se sentindo mais livre do que muitos imaginam. Segundo, o genial, astrofísico Stephen Hawking, uma vez disse num documentário – desses de TV à cabo -, qual ele fazia parte: “Apesar de eu estar preso a esta cadeira e não mover nenhum músculo, minha mente é completamente livre e alcança os confins do universo.”


Tendo uma ideia já do que somos e podemos, na perspectiva de Sartre, podemos partir para uma próxima premissa: a escolha. Toda liberdade se submete à escolha – paradoxal essa submissão, totalmente avessa à liberdade. Então, ainda assim, por mais que não queiramos a nada escolher, ainda assim estamos fazendo uma escolha. Estamos condenados a isso. “Condenados a ser livres” – diz Sartre. Contudo, a partir desse ponto é que surgem alguns problemas, porque, escolhas requerem descartes, negações, deliberações e em paralelo a isso, responsabilidades Somos humanos, não advindo de nenhuma divindade, bastamo-nos por nós mesmos. Somos autossuficientes e responsáveis e somos a consequência das nossas escolhas.


É verdade, somos humanos. Sofremos – a morte e o sofrimento são os queridinhos da Filosofia, diga-se de passagem. Nossas escolhas geram angústias, crise. Não há como fugir disso: devemos escolher. E escolher é responsabilidade. Escolher é renunciar, é deixar algo. Isso nos custa e machuca muito. Imagina a gama de coisas que renunciamos durante o nosso dia-a-dia e, dentre essas, devemos optar por somente uma? O quanto de coisas descartamos, não é? E fica aquela reflexão: será que fiz a escolha certa? Isso veremos mais adiante*. A partir daí temos duas situações: Optarmos por algo, porém com certas angústias e futuras responsabilidades ou delegamos aos outros a escolherem por nós. Primeiro que, ao se escolher algo, da mesma forma os outros também o fazem. Daí há um choque de interesses, conflitos. Por exemplo, todos anseiam ao mesmo fim, ou a um idêntico desejo, ou objeto… Isso não é sadio. Acaba que um torna o outro como um inferno em suas vidas. Eis a famosa frase “o inferno são os outro”. E, em segundo lugar, todos nós nos burlamos. Com isso solicitamos ou deixamos que o próximo faça escolhas por nós – devido a conta das nossas angústias por tanto rejeitar opções -, jogando a própria sorte aos riscos de uma pessoa escolher errado por nós. E por que mais esse “sofrimento”? Porque aquele que não vive minha existência, minhas dores, minhas vontades, minha existência, não pode fazer uma perfeita escolha por mim. Para que haja liberdade devemos ter o poder da escolha; para a escolha, somente o indivíduo, sua deliberação, sua vontade intrínseca.


Sobre a escolha certa*: a alusão ao “preso e o carcerário” que Sartre tenta nos passar a ideia de liberdade: o preso reflete: “o carcereiro está tão preso quanto eu. Uma grade, dois homens. Quiçá eu ainda sou mais livre do que ele”. (Isto não se encontra escrito exatamente em Sartre [risos]). Sim, na verdade, a prisão ou a privação não está remetida somente ao corpo ou ao espaço físico, mas ao ato de pensar, se pronunciar, de ser/ estar. Ninguém pode nos impedir de pensar, de refletir, de desejar, sonhar e etc. Isso é liberdade para Sartre. Então, essa noção de liberdade é o estado de consciência, de uma escolha assertiva e, a partir disso, viver bem com ela. Esse movimento é um processo intrínseco que só o indivíduo pode passar, pode saber. Entretanto, lembrando que a liberdade é um fardo, gera responsabilidades.


Por fim, existe alguns entraves, alguns percalços externos que supõe-se atrapalhar nossa caminhada, nossa liberdade. Saiba que nada disso é impedimento. Nenhuma ação é impedida. Vide a alegoria do preso e o carcereiro, a vida de Stephen Hawking? Algo nesse mundo os impedia de escolher? De serem livres? Uma pessoa cega, por exemplo, tem privação de sua liberdade? Não enxergar o mundo não a faz completamente inútil. Esta pessoa ainda exerce plenamente suas faculdades, que lhe são inatas: os outros sentidos. Ela pode estudar braile, música, dança, trabalhar com as mãos, utilizar todo seu potencial intelectual e etc. Esses conceitos de Jean-Paul Sartre não são para reforçar e justificar àqueles que carecem de necessidades básicas. Pelo contrário! A liberdade não se afrouxa ante a necessidade, ela se relaciona. Seja de um cego, seja de um paraplégico. O conceito de liberdade, nesse caso de necessidade, não diz respeito àquilo que se precisa, mas àquilo que não pode ser diferente do que é. Uma pessoa pobre, talvez de uma favela, está privada, completamente, de fazer suas escolhas, de ser livre? (Cabe reflexão). Porém são nesses casos que a liberdade, segundo Sartre, torna-se um potencial para o indivíduo. Para o filósofo francês, isso é engajamento, é a autonomia da pessoa posta à prova diante de si; de livrar-se daquilo que ela não controla; de transformar-se, aliada à liberdade, ao poder de escolhas. Sempre haverá uma escolha, se intrínseca, se assertiva, haverá sucesso. Afinal, somos livres. Condenados a ser livres, não é? Portanto, é aproveitar sabiamente



A ESTRANGEIRA




Lembra-te, estrangeira, estavas comigo
Eu também era todinho teu
Saímos de um rústico abrigo
Rumo a luz, para bem longe do breu

“Olha o que temos à frente
Uma bela e vasta campina
Tão verde, de chão tão quente
Pronta para deitarmos em cima”

Eis que você se jogou na grama rasa
Deitada com um olhar faceiro
Como quem não quisesse nada
Convidou-me a ser seu parceiro

O campo tinha suas ondulações
Ficamos tão bem acomodados
A terra, dócil, pegou-nos no colo
Porém para manter-nos acordados

Não seria justo caírmos no sono
Na verdade nem havia como ou porquê
Estávamos ávidos demais não tinha como
Queríamos muito a uma coisa só fazer

Era algo como que programado:
Olhávamos nos olhos sem piscar
Com isso ficávamos arrepiados
nossos rostos começavam a corar

Você tocava suavemente meu rosto
Minha mão contornava tua cintura
Beijavamo-nos sem pressa, com gosto
Com todo o cenário: arte, bela pintura

Nossos corpos ardiam como magma
Ofegantes parecíamos dois tornados
Transpirávamos como a uma enxurrada
Gemidos e sussurros um som orquestrado

Na aromática relva rolávamos
Como folhas soltas ao vento
Daquela forma nos amávamos
Apenas nós, por nós, sedentos

O Sol era única testemunha
Seus raios a nós banhavam
Nu, riscavam-me gramas e unhas
Nua, tua úmida tez se bronzeava

Nossos movimentos tremiam a Terra
Chocávamo-nos fortemente contra o outro
Parecíamos, estrangeira, estar em guerra
Não por petróleo, território ou ouro

Em meu corpo queria-te plenamente
As pulsações marcavam nosso ritmo
Tu também me desejavas internamente
Explorando lentamente todo teu íntimo

“Está tudo bem intenso, marcante
Sentiste-me quente, latejante
Tu, estrangeira, rosa desabrochada
Macia, lisa, cheirosa e molhada”

Eis uma bela manhã que não terá fim
Estamos ainda aqui, deitados, pensando
descansando agora em um florido jardim
Com nossos tesões ainda pulsando

Tudo bem?



Você pode me ouvir?
Eu sei que pode
Quem melhor pode me ouvir
que eu mesmo?
Sei que tem horas
que não se escuta nada

Deixe a chuva cair
O vento soprar
Atente-se aqui
ao que tenho a falar

Vendo nossa flor murchar
O que é força, relaxar:

O desatino jaz
Está acomodado
Não nos deixa em paz
Se sente coroado

Aquele nosso sono pesado
Só há parede para amparar:

A angústia predadora
Nos caça todo dia
Das atitudes pecadoras
dos corações que ela partia

Precisas me ouvir,
precisamos conversar
Agora que você me ouviu
É a tua hora de falar

Cadê você?

 


Byung-Chul Han: “O celular é um instrumento de dominação. Age como um rosário”


“Filósofo sul-coreano, uma das estrelas do pensamento atual, se aprofunda em sua cruzada contra os ‘smartphones’. Acredita que se transformaram em uma ferramenta de subjugação digital que cria viciados. Em uma entrevista exclusiva ao EL PAÍS, Han afirma que é preciso domar o capitalismo, humanizá-lo”.


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Já dizia David Hume, filósofo escocês do século 18: “O homem é um ser racional e, como tal, recebe da ciência seu adequado alimento e nutrição”. Porque o homem é, além de racional, ativo; afetivo, sociável. E Hume diz mais, “‘Satisfaz tua paixão pela ciência’, diz ela, ‘mas cuida para que essa seja uma ciência humana, com direta relevância para a prática e a vida social’”. As citações estão em sua obra, Investigação sobre o Entendimento Humano. UNESP. 2004. O contexto se refere às diversas ciências que estavam brotando no seu tempo, umas bem claras e objetivas – com o advento do iluminismo -, outras obscuras e nada benéficas ao homem – tratadas como supersticiosas, abstrusas. No entanto, e hoje? O que nos afeta de modo prejudicial e o que nos traz progresso?


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Em tempos de TikTok, Kwai, Snapchat, Facebook, Instagram, a obsessão por si mesmo faz com que não existam mais o “próximo”, o vizinho, o amigo, o outro. “Os outros”, na verdade, se tornaram apenas Dados, Informações, uma conexão estabelecida, um usuário online. E assim o somos também para o outro, e para o outro, e para o outro… Essa é a Rede.


Com isso, o mundo, a realidade que nos cerca, não passa de um reflexo de nós mesmos. Porque, não existe o próximo, ou alguém vivo e real que emite sons, imagens da mesma forma; bem como emoções reais e vivas, na via de mão dupla que chama afeto. Não afetamos, não somos afetados. Não há mais relações. Há somente alguém isolado, absorto em seus próprios pensamentos e apreensões virtuais.


Por isso, só existimos nós mesmos: ilhados, sozinhos diante de nossas lisas telas de caríssimos (em duplo sentido) smartphones. Tudo o que aprendemos – cada um em sua bolha exclusiva – são, nada mais, que o labor de nossas mentes que captam e interpretam tudo o que está do outro lado de uma outra telinha: geralmente não sincronizado; geralmente irreal; falso (fake). O que tempos diante de nós é um monte de coisas inexistentes, produzidas para nada, em meio ao nada: o virtual.


Portanto, onde se encontra, hoje, o contato íntimo, o cotidiano, o erotismo, o romance, a socialização ao vivo e à cores? As diversas horas conversando com amigos e família, se entretendo… Cadê? Ora vendo e sendo vistos, ora tocando e sendo tocados – mas sem nenhuma “AMOLED” transmitindo algum MP4, MPEG, GIF, MP3; sem nenhum filtro ou likes, views… Não! Não precisamos de nada entremeando nossas relações. Entre um indivíduo e outro, deve-se ter ar e não vidro.


Enfim, cadê “nós”? Cadê os seres humanos – antes dos filtros, das máscaras, de tantas identidades e maquiagens virtuais que estão em criação atualmente? Como nos comunicamos, como sentimos afeto, como amamos, nos dias atuais? Dias onde nos encontramos afogados em Nada, através dos Dados, da Alta Tecnologia, do Virtual. Cadê o ser humano?


Observações. (i) Não que eu seja completamente contra o avanço tecnológico, contra toda a Tecnologia da Informação ou a Internet, não é o caso. Porém, a forma como aproveitamos essas coisas, a forma como usufruímos-na, além de os benefícios que, talvez, estejamos disperdiçando com tudo o que nos cerca, de tecnológico, isso é o que está deixando a desejar, está muito banalizado. (ii) Além do mais, há a crítica do Byung, contra o mercado, contra o capitalismo. Porque, mesmo que estejamos alimentando os nossos próprios carrascos, digo das empresas/ indústrias do ramo e, com isso, fazendo a economia girar, o capital circular – que é muito bom por sinal -, estamos, também, é nos envenenando na mesma proporção. (iii) Deveríamos pensar numa “dieta” para consumir a tecnologia, a Internet? Quais atitudes tomarmos, visto que nossa saúde é, nototiamente, afetada por esses produtos todos? Por outro lado, em se evitar o consumo dos produtos tecnológicos, por exemplo, qual impacto na vida do mercado financeiro tais atutides trariam? Isso, com certeza, iria refletir também na nossa vida, quer queiramos ou não. Iríamos, com esse jejum, definhar, perecer. (iv) Então, como resolver esse, vamos dizer, impasse



PK, o filme

 


Hoje lhes trago o filme da excelente produção indiana, de Bollywood, “PK” (2014). Este gostoso e divertido filme foi dirigido por Rajkumar Hirani e escrito por Hirani e Abhijat Joshi. Além de divertido, bem animado – como de costume bollywoodiano, ter musical também – o filme é de cunho altamente filosófico, principalmente sobre questionamentos sobre Deus, Filosofia da Religião, da Linguagem e… sobre nós mesmos, inseridos nos contextos supracitados.


O filme trata de um alienígena que veio estudar a Terra, mas aqui fica preso porque seu comunicador foi roubado e vendido a um guru salafrário. A partir daí, solto “no mundo”, o “Tonto” – como passa a ser chamado na Índia – experimenta muitos aspectos da humanidade, incluindo toda a nossa cultura e costumes – nisso aí, há críticas, bem como, situações muito ilárias. Em sua “estada” aqui, ele acaba conhecendo algumas pessoas bacanas, entre elas a repórter Janani Sahni.


Pois bem, sobre a chegada desse extraterrestre o filme propõe questionamentos muitos reais sobre nossas diferenças, nossas diversas sociedades e formas de se viver em comunhão e, as ácidas críticas de se valorizar cultos religiosos ao invés da solidariedade humana. Com isso, vos digo “Em nome do céu, nega-se a terra”. (Parafraseando Nietzsche, em Crepúsculo dos Ídolos).


Sobre a fantástica Índia, é um país repleto de religiões e com pouquíssimos ateus/ agnósticos. Obviamente, sabe-se que lá predomina o hinduísmo – mas há cristianismo, Sikhismo, islamismo, etc e gurus diversos – e o filme sabe explorar e brincar muito bem com isso. Tudo sem ofensas ou julgamentos sobre a fé alheia; sabe-se, também, que a Índia possui uma das maiores populações do mundo. Portanto, eis um caldeirão cultural gigantesco – pouco acessado por nós, aqui, ocidentais – de uma cultura vasta, antiguíssima e muito rica. Vale a pena conhecê-la, mesmo que por detrás de uma tela, assistindo ao “PK”, e as aventuras de um “tonto”.


Nesse ritmo, o filme leva uma proposta muito desafiadora, que é o questionamento da religião, ou de Deus, propriamente, em plena Índia!, e isso de forma muito engraçada, inteligente e ácida, certas vezes. Ademais, não só o questionamento da religião, mas das ações humanas ante a isso tudo. 


Por conseguinte, para que os questionamentos do ET (ou “Tonto”) surtam efeito, jus à população indiana, a produção do filme (estou conjecturando) achou viável recorrer à imprensa. A partir da particiapação maior do Telejornal nota-se, ora um grupo agnóstico/ ateu, ora religiosos que desejam desmontar falsos profetas e deturpadores religiosos. Isso me remete ao “Não olhe para cima” (2021), só que no lugar da ciência é o Telejornalismo indiano; no lugar dos negacionistas atuais, os falsos profetas e cegos religiosos.


Outras obras cinematográficas me vieram à lembrança enquanto eu via “PK”: “A Vida de Brian” (1979) do grupo de comédia inglês, Monty Python (disponível também no Netflix), por seus momentos de fazerem chorar de rir, inteligentíssimos, com suas sátiras religiosas, porém sem ofender qualquer religião, e o filme “Deus não está morto” (2014) – tendo, esse último, um erro conceitual sobre a questão trazida por Nietzsche, que é “Deus está morto”. (Ignorem Nietzsche, por enquanto, porque o filme traduziu a questão erroneamente).


Contudo, os debates se, sim, Deus “morreu”, ou não, entram em “PK”. Sobre a fé, sobre essa “conexão” entre o divino e o mero humano, há uma referência usada, analogamente, como “chamada telefônica” (pequeno spoiler, rs), além de tantas outras questões que ora nos brota na consciência, ora o filme nos injeta propositalmente.


Diversão garantida! Protagonistas simpatissíssimos, demais atores excelentes, produção maravilhosa e diálogos interessantíssimos – conforme explorado acima -, um excelente filme. Recomendo! Além do romance que é o filme em si, há uma paixão. O que é inevitável entre nós, humanos, me parece que, também, o é entre os seres extra mundanos, Ah! O amor… 


E, por fim, se Deus existe mesmo ou os homens são mentirosos que inventaram-No para pôr-nos em rédeas e/ou conquistar riquezas as nossas custas, recomendo atentarem-se ao final do filme. Não que se deva concordar, ou não, mas é a tese do filme.


Obs: “PK” não é uma obra um tanto dura em seus questionamentos. Além disso, ela tipo não se mostra perder a fé tanto Nele (“Neles”, rs, porque são vários deuses) quanto na humanidade – repito, embora questione muito tudo isso inteligentemente



Amor e anarquia




É… Divertida, descontraída e engraçada. A série europeia é passada em Estocolmo (Suécia) e, embora tenha alguns dos mesmos “blá blá blás” previsíveis das comédias românticas, em linhas gerais, esta possui um encanto suficiente, a sui generis. É capaz de surpreender aos apaixonados pelo gênero.
Não tem muito apelo erótico (pelo menos não achei rs), bem como não é muito moralista, ou politicamente correto.

Os capítulos são curtos, caem muito bem e deixam gostinho de… quero mais! 

Eis o que se verá em Amor e Anarquia: “Uma consultora casada e um jovem da área de TI se desafiam em um jogo que questiona as normas morais e que leva a consequências indesejadas” (e um tanto cômicas).

93% gostaram desse programa de TV na Netflix. Em breve segunda temporada

Apolítica

Um ato de violência política não revela apenas um crime de uma ação isolada. Ele expõe a fragilidade de nossas crenças políticas. Depois dos...