sábado, 23 de janeiro de 2021
PORRE Nº 2.020
O QUE MAIS DE CATASTRÓFICO DEVEMOS PASSAR COMO CIDADÃOS? QUAIS MAIS HUMILHAÇÕES E DESRESPEITOS DEVEMOS ENCARAR? ALÉM DE TUDO O QUE JÁ ACONTECEU CONOSCO NESSES ÚLTIMOS 8 ANOS, SERÁ QUE NADA DAQUILO PELO QUE PASSAMOS NÃO NOS SERVIU COMO LIÇÃO? E AQUELE INCENTIVO À REVOLTA? EITA! E O GIGANTE QUE HAVIA ACORDADO? CADÊ?
DESDE DESEMPREGOS AOS MILHÕES AO LONGO DESSES ANOS;
PREÇOS DE COISAS BÁSICAS - COMO ALIMENTOS - ABSURDAMENTE CAROS;
TODO TIPO DE VIOLÊNCIA;
CENTENAS DE MILHARES DE ÓBITOS (CONTANDO SÓ COM A PANDEMIA DO COVID-19);
CORRUPÇÕES DIVERSAS, EM PLENO PICO E TOTAL DEVASTAÇÃO DO VÍRUS: ROUBOS NA CONSTRUÇÃO DE HOSPITAIS DE CAMPANHA, ROUBOS DE CILINDROS DE OXIGÊNIO, PESSOAS “FURANDO FILA” PARA TOMAR VACINA;
"INVESTIMENTO ZERO" NO SETOR DE SAÚDE, PRECARIZAÇÃO DE INFRAESTRUTURAS NO SETOR, ROUBOS E FALCATRUAS NOS CONTRATOS EM CIMA DAS DEMANDAS DA SAÚDE PÚBLICA...
NINGUÉM FAZ NADA?
GENTE, ISSO TUDO QUE ACONTECE HOJE É GRAVÍSSIMO!
TUDO ISSO É DEMASIADAMENTE DESUMANO! É O CÚMULO DO ABUSO E DO DESDÉM COM VIDAS ALHEIAS.
OU SEJA, APROVEITARAM A PANDEMIA PARA PRATICAREM CORRUPÇÃO?
MEU DEUS! PESSOAS MORRENDO COMO INSETOS, A LOTE, ENQUANTO OS DONOS DOS NEGÓCIOS, MAIS AQUELES QUE FORAM ELEITOS, ESTÃO ALMEJANDO LUCROS, ABUSANDO DE PRIVILÉGIOS, TUDO ATRAVÉS DE AÇÕES ILÍCITAS?
POR QUE O SANGUE HOJE NÃO FERVE COMO HÁ 6, 7 ANOS? QUAL O PROBLEMA EM SE REVOLTAR CONTRA OS DESCASOS, DIANTE DESSES ABSURDOS QUE ESTAMOS ASSISTINDO INERTES?
RESPOSTA PARA ESSA DESMOTIVAÇÃO TODA POR PARTE DO POVO: O PT. SIM, O PARTIDO DOS TRABALHADORES. JUSTIFICANDO: SE FOSSE O PT NO PODER, ENQUANTO ESSE PERÍODO DE MANDATO PRESIDENCIAL ENTRE 2019 - 2023, FERNANDO HADDAD (OU QUALQUER OUTRO DO PARTIDO) JÁ TERIA SIDO ESCORRAÇADO DO CARGO JÁ NAQUELE CASO DO AVIÃO DA FAB TRANSPORTANDO COCAÍNA - QUE FOI TRATADO SEM MUITOS ESCÂNDALOS E MUITO MENOS HISTERIA POR PARTE DOS MAIS REVOLTADINHOS DE OUTRORA. SENDO ASSIM, TUDO O QUE ACONTECEU E VEM ACONTECENDO "NÃO É O PT, ENTÃO NÃO VOU ME MANIFESTAR. NÃO VOU ME INDIGNAR".
O QUE LEVA O CIDADÃO SELECIONAR SUA CORRUPÇÃO FAVORITA? POR ACASO É SÓ O PT QUE COMETE CRIMES DE CORRUPÇÃO? O MUNDO SEM O PT, VIVE-SE EM PAZ; COM O PT, VIVE-SE À BEIRA DO CAOS?
ESSA INDIGNAÇÃO SELETIVA POR PARTE DA POPULAÇÃO ESTÁ DESTRUINDO NOSSA POLÍTICA, NOSSAS RELAÇÕES. PORQUE, ANOS ATRÁS TODO MUNDO ESTAVA CIENTE E ENVOLVIDO COM OS NOTICIÁRIOS SOBRE POLÍTICA NO BRASIL. TODO MUNDO, À ÉPOCA, SABIA QUEM ERAM OS MINISTROS DO SUPREMO, POR EXEMPLO (AINDA HOJE É ASSIM); NÃO SE SABE QUAL O TIME DA SELEÇÃO BRASILEIRA, MAS SABE-SE OS 11 DO SUPREMO - COISA INÉDITA, DIGA-SE DE PASSAGEM. O QUE TINHA DE ANALISTA POLÍTICO, TANTO NAS RUAS, NOS REFEITÓRIOS DOS LOCAIS DE TRABALHO, NAS REDES SOCIAIS! E AGORA ESSE POVO SUMIU. ORAS, A POLÍTICA FICOU DESINTERESSANTE NO BRASIL? ACABOU A CORRUPÇÃO? - SENDO ASSIM, NÃO TEM MAIS GRAÇA COMENTAR POLÍTICA?
PORQUE COM O PT, NÃO PODIA HAVER UM ACIDENTE DE TRÂNSITO, NÃO PODIA CAIR UM RAIO, NEM SEQUER FAZER MUITO CALOR: TUDO ERA CULPA DO PT. E TUDO ERA MOTIVO PARA SE APONTAR OS DEDOS PARA O GOVERNO E FRITAR NO "FEICIBUQUE" E PELAS RUAS EM PASSEATAS. DESSA FORMA, CABE UM QUESTIONAMENTO: E AGORA? NÃO CAI MAIS RAIOS? NÃO HÁ MAIS ACIDENTES DE TRÂNSITO, NEM HÁ MAIS DESCASO ALGUM OU CORRUPÇÃO ALGUMA? A GASOLINA ESTÁ R$ 6,00: VI MANIFESTANTE INDGNADO - SELETIVAMENTE INDIGNADO - QUANDO A GASOLINA ESTAVA EM TORNO DE R$ 2,50 E ESSE QUERIA DESTRUIR O POSTO DE GASOLINA TODO. AINDA MAIS, LEMBRO-ME DA SENHORINHA LÁ QUE DESTRUIU UMA PRATELEIRA INTEIRA DE VINHO RECLAMANDO DO PT, PORQUE O PREÇO DAS COISAS ESTAVAM ABSURDAS. CADÊ ESSE POVO? VOLTOU PARA NETUNO?
O PIOR DE TUDO, DESSA ADOÇÃO DE PARTIDOS POLÍTICOS, COMO SE ADOTA TIMES DE FUTEBOL, É QUE CRIMES DEVERAS PREOCUPANTES E QUE NOS ASSOLAM DIARIAMENTE PASSAM DESPERCEBIDOS. NÃO ME REFIRO MAIS AO PASSADO. O QUE JÁ FOI, JÁ FOI. TANTO É QUE A OPINIÃO PÚBLICA ENTENDE QUE A JUSTIÇA FOI FEITA NO BRASIL, SIM. PRINCIPALMENTE, COM A LAVA-JATO; QUEM FOI PRESO, FOI PRESO JUSTAMENTE E QUEM ESTÁ SOLTO É PORQUE NÃO DEVE NADA. ESSES SÃO OS FATOS. PARA O BRASILEIRO, TUDO FOI CONSERTADO E INCLUSIVE, SURGIU ATÉ UM JUSTO, UM HERÓI, PARA SIMBOLIZAR O BRASIL DA ERA DA JUSTIÇA: O, ENTÃO, JUIZ SÉRGIO MORO. PORÉM OS CASOS DE CORRUPÇÃO CONTINUAM, CRIMES CONTINUAM, PORÉM A INDIGNAÇÃO MORREU NÃO É? OU QUEREM QUE GRUPOS QUE FORAM ELEITOS ROUBEM MESMO (NÃO SENDO O PT NÉ?).
EU ME ASSUSTEI HOJE NUMA CONVERSA NO HORTIFRUTI: O DONO DA HAVAN EMPREGA MILHARES. ELE PODE ATÉ SER CORRUPTO, MAS GERA EMPREGO. REALMENTE, O BRASILEIRO PRECISA SER ESTUDADO. RECLAMAVAM DO LULINHA, QUE ERA TIDO DONO DE ALGO QUE ELE NÃO ERA, DE FATO, MAS O DONO DA HAVAN PODE COMETER CRIMES FISCAIS, OU SEJA, CORRUPÇÃO. OK!
CONTUDO, AGORA, EM 2021, APÓS UM ANO INTEIRO COM PROBLEMAS DEVIDO À PANDEMIA DO CORONAVÍRUS, AS COISAS NADA SOSSEGARAM. E A CORRUPÇÃO - DE TODAS AS FORMAS - SE ACENTUOU COM UMA ASTÚCIA E AUDÁCIA INCALCULÁVEL. MAS NÃO… NINGUÉM ESTÁ “NEM AÍ” PARA A PRÁTICA DE CRIMES ABSURDOS, BEM ESCANCARADOS E CORRIQUEIROS. MAS “AH, SE FOSSE O PT!” VAMOS VER: A CPI DA PANDEMIA ESTÁ AÍ. (NUNCA DÃO EM NADA ESSAS CPIs, MAS PELO MENOS APONTA AS CONTRADIÇÕES ENTRE CHEFE DE ESTADO, COM MINISTROS, GOVERNADORES, PREFEITOS E ETC. É SÓ ANOTAR O NOME E NÃO VOTAR MAIS).
domingo, 13 de dezembro de 2020
O alimento invisível no banquete da felicidade
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
O Rio de Janeiro continua...
Outro dia achei aqui em casa uma carta dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), datada de 2017, relatando um problema gravíssimo na região do “Triângulo Norte da América Central”, que é composto por El Salvador, Honduras e Guatemala. Na carta a ONG relatava que oferecia cuidados médicos e de saúde mental a dezenas de milhares de migrantes e refugiados daquela região. A coisa era tão grave nesses lugares que as pessoas estavam emigrando para o México e até Estados Unidos, devido a violência extrema a qual estavam submetidas. Ainda hoje essas regiões são as mais violentas do mundo, redutos das mais pavorosa gangue: “Mara Salvatrucha” ou “MS-13”.
Com isso remeti-me à situação no Rio de Janeiro e pensei: por que as violências ou as condições, às vezes, desumanas nas favelas - algumas quais até conheço -, não compelem as pessoas para fora desses lugares? Por que não se vê um êxodo nesses lugares violentíssimos - diga-se de passagem - aqui no Rio? Ou uma revolta, sei lá... No entanto, fui um pouco além, e refleti sobre os que aqui brotam das migrações de suas terras natais: os nordestinos. Esses que vêm migrando para o RJ em detrimento das péssimas condições de vida lá - caso meio que paralelo e, para ser mais exato, contrário, do real motivo migratório traçado pelos irmãos da América Central.
Primeiramente, se há migração, é porque, geralmente, a coisa está feia no local de origem. Isso temos que concordar. Por isso a comparação com os irmãos do Norte/Nordeste e de qualquer outro ponto cardeal dentro do nosso território. Segundo, a resposta que se tem, sobre um hipotético refúgio das favelas, uma vez que os nordestinos já estão instalados no RJ, é fazer outra pergunta em cima: sair da favela e ir para onde? É bem verdade e, de mais a mais, essa questão não serve somente para o nordestino, e sim para qualquer morador de favela, inclusive os cariocas, obviamente.
Gostaria de esclarecer, também, que isso não se trata de xenofobia, isto é, palavras de ordens facínora como “volte para sua terra”, “aqui não é lugar para vocês” e etc, mas que é um questionamento sobre até onde vai um migrante em prol de melhores condições de vida, sendo que seu lugar de destino pode parecer mais hostil que o de origem. Se há preconceito de minha parte, é por conta das relações entre poder público e todas as pessoas que vivem no Rio de Janeiro, principalmente nas favelas. Porque, é dever do Estado prezar pelas vidas dos seus, enfim... Vou discorrer melhor sobre isso.
Todavia, quero dar foco aos migrantes, repito, porque há todo um custo enorme, famílias que se desfazem, enfim, toda uma vida deixada “para trás” em busca de algo melhor para si. Só que, ao se depararem com a realidade, a pergunta que poderia ser feita é “isso daqui é melhor do que eu vivia antes?”
Sobre a resposta “sair da favela e ir para onde?” Antes de mais nada, também cabe aí uma réplica: por que saíram da terra natal e vieram parar numa favela, no RJ? Pois conforme dito acima, por mais que se tenha ciência das condições de onde vieram, e a questão não é só essa, mas, a qualidade de vida no lugar de origem. Na verdade pergunta-se: minha vida era pior que as das favelas que vou enfrentar atualmente? Ou melhor, quem vive hoje em alguma favela no Norte ou Nordeste, está pior do que alguém numa favela do Rio de Janeiro?
Antes de adiantar o assunto, primeiramente, vamos de um pouco de História: a da formação do povo brasileiro. Esse movimento que foi marcado a partir de fluxos migratórios, da busca contínua pela conquista, pela sobrevivência. Não à toa essa diversidade linda ao longo deste gigantesco país continental. Ademais, a fase inicial da industrialização brasileira, lá pelos anos 50, gerou um êxodo rural inegável. Teve-se também, acrescido a tudo mais, as inconstâncias das políticas, alternâncias de poder - afetando os ciclos econômicos - e carência de políticas públicas em detrimento das necessidades da população, etc. Daqui saem, vão-se para lá; deixa-se aquilo lá, vêm-se para cá… Essas migrações são compreensíveis então. Parece que está no nosso DNA. Eis o múltiplo, diverso, aguerrido Brasil.
Segundo, as migrações ocorridas entre 1950 - 1980 (até hoje, diga-se de passagem) no Brasil, deixaram rastros: principalmente, a mais famosa, a mudança enorme do nordeste rumo ao sudeste. Um parêntese: com isso, vou tentar me ater somente ao Nordeste - RJ ao longo do texto, pois é de se saber que em algumas cidades do interior, principalmente, as oportunidades de emprego são escassas e há também um cenário de extrema pobreza, secas e dificuldades de sobrevivência - e creio não ter havido mudanças satisfatórias quanto a isso porque, hoje em dia, vê-se ainda migrações. Enfim, isso é o que mais se ouve em respeito ao êxodo a partir do Nordeste.
Retornando à História, em síntese, com a indústria brasileira firmando seu desenvolvimento, por volta de 1950, a vinda de grande parte da população do espaço rural do Nordeste para os centros urbanos do Sudeste foi irrefreável e, como não havia espaço na capital do RJ para todos, muitos dos migrantes aportaram nas favelas, às margens da sociedade Fluminense e desde então é esse o processo.
Portanto, hoje, o que levaria algum indivíduo a deixar o Nordeste e tentar uma nova vida no Rio de Janeiro, sabendo que, a princípio, sua vida estará limitada à favela, a condições precárias, ao jugo de facções e a todo o tipo de violência? Eis uma questão difícil e que exigiria muito mais pesquisas e dados a respeito da atual implicação que leva a retirada do povo nordestino para o Sudeste. Ou talvez é o encanto que a cidade carioca transpassa, das telas da TV, dos demais registros, e toca o coração dos irmãos nordestinos?
Porém o que se tem, superficialmente e, dá para se ter uma ideia, é que há, precisamente, uma busca por melhores empregos e condições de trabalho. Ainda conforme conta a História. Isso é nítido e digno, por sinal. Mas não responde o porquê dessas famílias ou indivíduos viverem debaixo do mesmo teto com o incansável e extremo perigo. Real perigo. Seja do poder paralelo, que está instituído e segue julgando, punindo e executando, ou do poder do próprio Estado que comete diversos crimes contra moradores desses lugares as vezes sem nem sequer julgar.
Parece que, tirando a questão da violência das guerras do tráfico e do poder no RJ, no mais, são problemas recorrentes em todo canto do país. Há miséria, condições insalubres, carência de necessidades básicas sim, de Norte a Sul do país. Cada qual com suas peculiaridades: alguns com problemas de nutrição, outros casos preocupantes de higiene pessoal, ou violência doméstica, tão comuns quanto os de seus vizinhos de fronteira.
Agora, quando se trata do Rio de Janeiro, a coisa fica feia. Por exemplo, o Rio tem 3,7 milhões de pessoas vivendo em áreas dominadas pelo tráfico. Sim, pode ser inegável que a violência no Nordeste venha a ser assustadora, embora incomparável com o que acontece no município carioca. No Rio de Janeiro, parceiro, o “bagulho é doido”. É profissional! Quantas dessas 3 milhões e 700 mil pessoas não têm vindo de outros lugares buscando o melhor para se viver?
Dado que, a julgar as facções do Rio, elas usam armamentos de ponta, advindas de países com as maiores estruturas bélicas e especiais para guerras entre nações; as polícias que atuam no Estado, embora com armamento pesado e todo aparato do Estatal para si, não parecem ter preparo para lidarem com as facções, ou com qualquer crime que envolve quadrilhas.
Tudo bem que a PMERJ consegue muitos feitos e isso é visto também, mas não dá cabo de muita coisa em respeito ao tráfico de drogas e armas dentro desse inferno chamado Rio de Janeiro. Devem muito. Entendo que, quanto à violência em si ou às pessoas apostando suas vidas no tráfico, se entregando às facções, são outros assuntos que exigem muitas discussões - ainda que pertinentes -, mas não abordarei aqui.
Em meio a essa chacina toda, a PMERJ também sofre: o índice de morte por parte de seus praças também é absurda e, muitas das vezes, por ações covardes produzidas pelos criminosos, digo, ações tomadas fora do confronto direto.
Pois bem, o Rio é um lugar tão bom como destino de migrantes que, desde 1998, por exemplo, o aumento das mortes causadas pela polícia é enorme e, a cada período mais recente, esses novos números vêm superando todas as outras estatísticas. Vejam: em 1998: 158 vítimas fatais das ações policiais; 2008: 652 óbitos; 2019, foram 732 e, incrivelmente, 2020 com 741, apenas no 1º semestre. Vejam que são as mortes contabilizadas. Há aquelas que…
Será que ninguém percebe que seu lugar de destino, para uma nova e melhor vida, acontece um genocídio? Será que ninguém vê, principalmente que isso atinge, majoritariamente, as favelas cariocas - destino de parte dos migrantes -, dizimando assim a vida de, 80% casos, pessoas pretas, pobres e que, muitas dessas pessoas são inocentes, trabalhadoras? Porque - uma ressalva - se forem os mortos, traficantes em pleno combate com o Estado, seria compreensível, mas não é o que se vê em muitos casos. E ainda assim, quando o Estado age justamente (tsc) acabam tirando vidas inocentes da mesma forma.
O Rio é tão bom para se tentar a vida, que além dos bandidos de chinelo e bermuda, há de se contar também com os de farda, ou terno: a milícia. Esta que vem conquistando seu espaço em todo Estado. Ela age tão criminosamente quanto as facções e que, loucamente, há grupos de algumas dessas facções que estão se aliando aos milicianos. Lembrando que a milícia já domina quase 60% do território da cidade do Rio e tem, sob si, vidas: extorquindo-as, tirando suas liberdades, perecendo-as. Vidas de milhões de habitantes em suas áreas dominadas.
Enfim, o Rio de Janeiro é um destino tão atraente que muitas dessas "áreas da milícia" não estão em favelas não - quando digo “favela” o faço como conceito geográfico -, mas já estão controlando muitas outras áreas.
Então, o que faz com que famílias deixem o Nordeste para se submeterem à violência extrema, tanto de facções rivais, quanto de polícia? Porque, se a resposta for simplória quanto a de melhores empregos e “condições de vida”, fica difícil entender. Se for por causa da violência em suas terras natais, também não explica coerentemente. Ou são respostas convincentes? No mínimo fica no "zero a zero". Ninguém tem razão e isso terá que ser desvelado.
Ademais, possivelmente, salvo os índices de violência dos lugares de onde vêm os migrantes, a pobreza lá é vizinha e a precariedade de serviços públicos é moradora distante. São essas as relações que mostram a tão famosa desigualdade social e, o que mais impressiona, é o aglomerado de gente em poucos metros quadrados em condições precárias. Todavia, veja bem, o Rio é um lugar tão maravilhoso para se buscar uma vida nova que o censo de 2010, do IBGE, apontou 763 favelas na cidade. Abrigando 22% da população carioca, 1.393.314 habitantes. Sem contar a região metropolitana, com 1.702.073, ou seja, 14,4% da população da região sob um chão insalubre, ensanguentado. Destino certo dos migrantes. Adianta sair de um lugar precário e partir para outro horrível?
Ainda no IBGE (2010): Rocinha e Rio das Pedras possuem 124 mil habitantes, somando as duas. Creio que as com o maior número de migrantes nordestinos - ou que nasceram aqui, de pais nordestinos, ou que vieram depois de a família ter se estabelecido. Outros números tristes dessa terrível desigualdade: 3% não são instruídos, 27% possuem somente o ensino médio e 1% completou a faculdade. Cadê o incentivo do governo, seja Municipal, Estadual, Federal? Cadê, também, esse povo todo que vota, mas não cobra dos seus Vereadores, Deputados e Senadores? Mas enfim, isso é outro caso.
O Rio de Janeiro, local escolhido pelas famílias migrantes, é tão bom de se viver que 37% dos moradores de favela já sofreram duras abordagens pela polícia e chega a 65% entre jovens de 18 a 29 anos; para 73% dos moradores, as favelas são violentas, 18% as consideram muito violentas.
O Rio tem seus problemas, mas é um lugar maravilhoso para se arrumar um bom emprego, viver em paz e ganhar uma boa grana, tirando o fato ”da violência, do tráfico de droga, da polícia que entra para matar bandido e morador” - aspas para um morador entrevistado no artigo fonte.
Contudo, o mais impressionante, e inexplicável, “94% das pessoas que moram nas comunidades são felizes, otimistas e existe envolvimento emocional. O levantamento aponta ainda que dois terços não sairiam do lugar onde vivem mesmo que sua renda dobrasse. Sair da favela não é o desejo de 66% dos entrevistados, e 94% se consideram felizes, um ponto percentual a menos do que a média nacional” - segundo o Data Favela¹. Mas isso eu já ouço desde minha infância. Sei de muita gente que não troca sua casinha no morro, sua vida na favela, do jeito que está, por nada. Sobre isso já comentei em outra postagem sobre as micro relações, de grupos menores que não seja, necessariamente, entre "patrícios vs plebeus". Sem contar que há até mesmo relações interpessoais entre por exemplo um morador que possui bens como imóveis ou rede de comércio dentro da favela e aquele que vive ali de aluguel. Pois o camarada "burguês", na real, nunca vai querer deixar seu império.
Um relato pessoal: eu moraria numa favela, tranquilamente. Algumas que conheço então... Sim, moraria. Agora, essa questão da violência, dos crimes, das centenas de mortes, abandono dos poderes públicos e a exacerbação do poder por parte do tráfico é tudo muito custoso, penoso. Então, o que atrairia, numa pessoa, a viver numa favela, sabendo que sua vida estará nas mãos de bandidos e que facilmente poderá ser uma vítima fatal dessa violência? Da mesma forma que a vizinhança ou o espírito dos demais moradores seja maravilhosa, que há um senso solidário, pacífico e amigável, há uma preocupação relevante, deveras crítica, com a vida das pessoas que moram em tais condições nesses lugares. Eu me encontro nesse paradoxo.
Eis a reflexão: o que as favelas Rio de Janeiro têm de tão atrativo assim? O que faz com que tantas pessoas cheguem a este lugar que oferece riscos à saúde e que, além do mais, não há sequer o básico? Me refiro agora a todos os moradores migrantes ou nativos etc. Vide esse período pandêmico: o conjunto de favelas do Rio de Janeiro - contando Baixada Fluminense e região Metropolitana - já contabilizaram, ao longo de todo período de pandemia, mais mortes que países como Uruguai, Japão e Portugal², quiçá. Como tentar abafar que não há problemas em favelas? Como não dizer que as condições de vida nesses lugares deixam a desejar em relação a outros bairros vizinhos?
Outra coisa é que, pode parecer preconceito contra moradores desses lugares e os próprios lugares, mas não é. Não há ódio, nem nojo, nem nenhum problema quanto a isso. Eu vivo próximo, eu conheço pessoas, eu entro e saio desses lugares. Já conheci favelas com níveis degradantes na condição básica para sobreviver. As palavras ferem, porque sabe-se que tem vidas, pessoas maravilhosas ali e que parece que essas pessoas querem ou gostam de viver assim. Sabe-se que não, mas não tem como falar de outra forma sobre o descaso sobre esses flagrantes. O que deixo aqui é apenas um olhar no indivíduo, na sua escolha, entre deixar um lugar e partir para outro distante em todos os sentidos. Ademais, assim como tem muita favela que é um lugar comum como outro qualquer, de moradia, de boa vizinhança, ela tem seus problemas e são realidades. Eu nunca critiquei, ou expus qualquer discurso contra favelas, porém, nunca as romantizei também.
Por fim, da mesma forma que os irmãos nossos da América Central decidiram deixar suas cidades por causa de uma violência generalizada, penso: por que é que o Rio ainda atrai migrantes da forma que as coisas estão? Fica aí algo que eu não consegui explicar. Talvez há quem consiga, ou quem já tenha resposta para isso há tempos. Infelizmente, com esse questionamento todo, tive de mostrar o lado que ninguém quer ver, que talvez fingem não existir, que é o descaso do Estado e, o que é pior, até quando este toma uma medida, uma atitude e que deveria ser pelo bem da população, ele comete outros crimes em cima do outros que já estão estruturados. O problema maior do Rio de Janeiro não são as pessoas, mas o poder público. E haja poder...
Fontes:
¹ http://olerj.camara.leg.br/retratos-da-intervencao/favelas-cariocas#.X9Me0644Dyo
² https://experience.arcgis.com/experience/8b055bf091b742bca021221e8ca73cd7/
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
Vou chamá-la de Yaripo
quinta-feira, 8 de outubro de 2020
Filosofem
O coração ainda pulsa
Parece vivo estar
Na cabeça toda culpa
De esta vida deixar
Não é a dor que dói
Nem é a indigestão
É o que o ócio constrói
ao caminhar na contramão
Venha tempestade
Cubra toda a vista,
vossa majestade
Altivez sinistra
Dona da maldade
Vontade bem quista
sexta-feira, 2 de outubro de 2020
Don't Cry
Deixe isso para amanhã
E quando chegar o amanhã
Fale “não chore hoje”
Não tem gosto, mas tem cheiro
Após o desejo, desespero
Cai a penumbra, perdição
Agora vem o fel, aflição
O cheiro se foi, o gosto fica
Uma potência sinistra
O sentido se multiplica
e com ele uma luz à vista
A luz pisca, deitada estás
Uma límpida cama que voa
Pessoas com máscaras correm atrás
"Prometa Zina? Puxe-a pela proa"
O corredor vai afunilando
As fortes luzes vão piscando
descompassadas, apagando-se
do jeito que vais entregando-se
Aquele cheiro reaparece
A vontade também
Mas é tarde - me parece
Já estás chorando no além
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
Porrezinho 3. São Paulo, a Inglaterra no Brasil.
O engraçado e incoerente essa imprensa, a oposição e os atingidos (antipetistas, demais eleitores, essa porra toda de olavismo e, também, os anti "marxismo cultural" [até mesmo os petistas em relação ao PT]). Pois bem, ninguém nunca percebeu que em São Paulo há esse mesmo rodízio, cópia quase que perfeita da dinastia no Reino Unido? Louco isso! Não se ouve um pio de ninguém. Parece até que não existe PSDB na cabeças em quase (quase mesmo) todas as eleições.
ATUALIZAÇÃO BETA v.5.7.0: AGORA MEUS ELETRODOMÉSTICOS SÃO PÓS-ESTRUTURALISTAS
Dizem, os pós-estruturalistas , que a linguagem constrói a realidade. Isso é ótimo, exceto nos dias em que eu preferiria que minha realidade...
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Depois da pandemia ouvi relatos de que condições particulares de alguns indivíduos possuíam certas anormalidades e que vinham afetando negat...
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Dizem, os pós-estruturalistas , que a linguagem constrói a realidade. Isso é ótimo, exceto nos dias em que eu preferiria que minha realidade...
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Em meio à penumbra, um brilho surgiu, Um anel de ouro, um presente do destino. Com ele, o poder de ocultar-me, Um sonho antigo, um desejo d...