Porrezinho 2. Hoje tem Fla x Flu!
Que belo exemplo sempre tivemos sobre as peripécias políticas das redes de televisão brasileira, heim? Não me refiro sobre a política do meio político, não. Mas o modo “fazer política” das emissoras e, consequentemente, pirraça. Tem emissora que não sabe perder; se acha acima do bem e do mal. Lembram da questão do futebol em plena pandemia? Sobre o campeonato do RJ? Faltou a Rede protestar com armas em punho; Campeonato Paulista, uma semana depois, foi só elogio e saudades; posteriormente o campeonato brasileiro, foi só alegria. Mas... Estranho!? Do campeonato carioca até o campeonato brasileiro - um mês depois, mais ou menos -, o número de infectados aumentou absurdamente e também os óbitos, consequentemente... O “normal” seria condenar ainda mais, qualquer evento desse porte. Bizarro! Por exemplo: se, desde o campeonato do RJ os números do COVID-19 estivessem diminuindo, então poderia-se entender tanta animosidade pela volta do esporte. Porém não foi isso que aconteceu durante a pandemia. Quando houve a final do Fla x Flu, em 15 de Julho de 2020, o número de óbitos era de 1.233; infectados em torno de 40.000. Agora em Agosto de 2020, quando o campeonato brasileiro voltou com tudo, não preciso lembrá-los de quantos já morreram e quantos estão infectados né? Vamos supor que os jogos finais do campeonato estadual do RJ tenham sido os motivadores para a proliferação do vírus. De 1.233 mortos em todo o Brasil na época, tivessem disparados para os mais de 120.000 hoje - porque, em plena pandemia, lockdown, geral em casa, só os serviços essenciais funcionando e dois clubes, com todos os seus aparatos, toda a logística e ação humana que envolve um jogo desse porte, decidem ir a campo disputar um troféu… Realmente é abusar demais! Então, se só o futebol do RJ gerou o aumento de óbitos e infectados, por que caralhos então a Federação de Futebol, a FIFA, o Governo e os cacetes todos que têm poder, permitiram o início do CAMPEONATO BRASILEIRO DE FUTEBOL? Jogos por todos os cantos do país? Gente… Tsc… Não está legal. Você encontrou coerência? Pois é… A imprensa fez até musiquinha para o retorno do campeonato Br; Cartola FC, documentários, festa e a porra toda…
Ainda dentro do campo de futebol, o Maracanã, mas não com a bola rolando: lembro-me exatamente, como se fosse hoje. Rock in Rio II (1991). Show do “Guns ‘N’ Roses”. (Putz que show!) Naquela época, eu com meus 11 - 12 anos curti muito. Contudo, mais tarde, ou seja, hoje em dia, lembrei-me dos fatos ocorridos nos bastidores e também no próprio palco, a transmissão e etc… Me veio à tona mais um caso entre emissora x objeto de transmissão: a briga da Rede com o Guns ‘N’ Roses. Isso tudo porque a banda não quis dar entrevista à famosa emissora de canal aberto - que transmitia o evento. Os cara só falaram com a MTV (hehe). A Rede ficou p***! Então, na hora do show os apresentadores da TV aberta, comentaristas, fizeram cara de enterro e trataram de soltar tudo o que havia de mais pessimista e os “podres” do vocalista, principalmente - como de costume, em retaliação. “Esse ‘loirinho’ aí tentou bater na vizinha”; “vendia drogas” e coisas do tipo. Em pleno canal aberto, horário nobre público infanto-juvenil assistindo… E os “comentaristas”, hoje consagrados, soltavam os verbos, como que metralhadoras em guerras de disputas de territórios. Realmente, algumas coisas até que procediam - ninguém é santo no meio artístico. Outros casos, obviamente, eram inventados. Até se fosse verdade, não é lá muito ético ficar comentando essas coisas, repito, em canal aberto, ao vivo, naquele horário. Imagine fazer isso com todo artista, jogador de futebol? Melhor parar de transmitir e virar programa de fofoca. Porque muitos artistas têm sempre “um passado que condena”. Mas é assim… Quando a emissora “leva pau”, ela se assemelha àquela criança que vai jogar futebol, é dona da bola, mas não é escalada. Com raiva, decide ir pra casa, pedindo sua bola de volta só pra terminar com o jogo, em tom de vingança.
Saindo dos eventos e espetáculos artístico-esportivos e entrando no campo econômico-financeiro agora. Cansei de ver jornais manipulando aquelas estatísticas e camuflando pesquisas, inclusive as políticas. Fato: político X (que a emissora não gosta) assinou a construção de um gigantesco centro artístico-popular. A emissora noticia e mostra-se contra. Na própria notícia sente-se isso: tom de voz, expressão de pesar, frases pessimistas... Isso influencia a população, dividindo opiniões. Porém a maioria está com o telejornal: “o apresentador falou, tá falado!” Até porque o telejornalismo costuma não dar espaço aos cidadãos antagônicos a ela. E quando dão é só para se mostrarem democrática. Porém a palavra final é da emissora, ao vivo e com tom de revolta. (Vide o caso dos políticos Brizola e, recentemente, do Garotinho). Além das TV’s virem com dados e pesquisas - que ninguém sabe a procedência -, dizendo que tal projeto vai causar rombo nos cofres públicos, que sufocará outros setores... Exemplo: Sambódromo - hoje a Globo transmite o Carnaval feliz e contente (porque lucra com isso), mas busquem notícias de quando o projeto foi lançado pelo governo; CIEPs - outro "elefante branco", mas hoje prezam, imploram, por mais escolas e educação. Na época, esses projetos citados, sofreram o mesmo processo. Assim como muitos hoje, que não vão de agrado à emissora, ela condena e joga notícias falsas para a população.
Hoje mesmo ouvi um taxista xingar até o inferno o “BRT”. Não porque o serviço pode ser defeituoso, mas o projeto BRT. Para o taxista, foi horrível. “Onde que já se viu? Projeto desse porte, em pleno século 21…” - disse ele. Ele queria o que? Que não houvesse ruas, nem calçadas; cenário de ficção científica onde carros voam e não há trânsito, pedestres…? Ou, derrotado como só, queria as ruas de paralelepípedo ou terra batida ainda; sem sinalização, sem evolução nenhuma? Isso, quem incentiva é a TV. Que precariza a própria imagem do negócio. O povo compra a idéia e não quer nem pensar, repito: o engravatado da bancada falou, então ele tá certo. A pessoa não pensa no cidadão que se beneficia desses projetos. Talvez porque ele próprio reclamante está em outra realidade, não precisa disso.
Vejamos, se eu moro em Porciúncula, preciso chegar a Manaus para trabalhar e se tiver pista livre para a locomoção coletiva, com reduzidos pontos de ônibus e mínimas sinalizações (como o sistema BRT), eu (só acho) que vou ganhar mais tempo nessa viagem e poder me dar o luxo de poder acordar 30 minutinhos - quem sabe - mais tarde. Ou demorar mais no “café”, antes de sair para o trabalho, por exemplo. Sem contar o fim do trânsito. Eis um novo sistema de transporte público, desenhado especificamente com serviços e infraestruturas para melhorar o fluxo dos passageiros e, por tabela, ajudar outros veículos. Daí me vem um desalmado criticando ou porque ideologia partidária (porque não foi no mandato do presidente que ele votou) ou porque viu na TV, (que também faz essa jogada política). Algo feito para melhorar a qualidade do sistema de trânsito com flexibilidade, baixo custo, enfim… Aqui no Brasil essas coisas são prejudiciais e consequentemente negadas. Depois reclamam que somos 3º mundo, que somos pior em tudo. (Vou deixar claro, o que comentei acima: o senhor taxista não reclamou do serviço ou da precariedade do sistema implantado, não. Ele reclamou da ideia BRT. Do ideal BRT. Porque, a filosofia da coisa - vamos dizer assim - é para uma melhoria. Agora, se o ser humano que deveria fazer funcionar essa ideia, não o fez, a culpa não é da filosofia da coisa, alvo de crítica do taxista, mas mas sim dos agentes).
E tem mais? Sim! Essa é clássica: o Presidente Y vai criar um fundo de auxílio a imigrantes: o jornal noticia, mas em tom de crítica e justifica que com esses recursos não haverá capital suficiente para outros investimentos no Estado. Já o Presidente H - o querido da emissora -, que sempre criticou essas investidas do Estado, 4 anos depois se elege e cria um fundo para refugiados. O telejornal diz, "que notícia maravilhosa! Precisa-se olhar para o social, ser mais humanitário." Tudo é o que as grandes famílias das TVs querem. Se eles querem que chuvas e alagamentos sejam um bem, assim o será. Haverá relutância no começo por parte da população, mas vai cair em costume e mais tarde será normal sim alagamento ser um bem. Além das mentiras contadas mil vezes e etc, etc, etc...
Só para dizer que não falei das mentiras… Ops! Das pesquisas de intenções de votos. Vou registrá-las. Nisso eles são mestres! Mais um exemplo, vamos lá: O candidato A (que a emissora apoia sem se declarar oficialmente), espirrou na cara do eleitor, acidentalmente, depois de inalar muito pó advindo de uma refinaria local. O telejornal, os impressos, blogs, editorial nenhum divulgará o incidente vexaminoso, por mais que se tenha rolando pela Internet. Agora o candidato L (detestado pela mesma TV), num discurso, expressa-se com uma frase ambígua, por exemplo. "Outro dia vi um secretário, andando na avenida quase que fazendo campanha para mim..." Então, alguém da TV questiona: “Vi um secretário X do Estado, eleitor seu, por sinal, andando com seu carro de campanha". Obviamente que a emissora fará entender que há somente um meio de interpretação e que isso foi muito antiético. Ou seja, um secretário usando carro de campanha do candidato à presidência? Porém não foi isso. O carro não era da campanha e, além do mais, o carro não era do candidato a presidência e sim do próprio secretário. Seu carro pessoal. Assim que a TV jogou essa em público, isso pegou mal e até o candidato poder se expressar melhor sobre o caso, ter espaço, falar que “focinho de porco não é tomada…”, já era. No dia seguinte a emissora lança pesquisa de intenções de votos e apontam queda desse candidato L. E mais quedas e notícias má influência em sequência. Mas daí você pode questionar: Mas não pode ser verdade que o povo mudou de opinião, por acaso e não quer mais votar no candidato L? Se isso aconteceu, é invisível e talvez não atinja a tantas opiniões. Não houve influência da mídia. Agora - acontecendo escândalos ou não -, as opiniões tendendo a mudar assim, após algo transformado em matéria, ter sido transmitido em cadeia nacional, é muito mais eficaz, muito mais influente. Atinge mais abrangentemente no alvo os eleitores. Além do mais, seguida de quedas/ aumentos em pesquisas, incentiva muito mais. Pessoas tendem a se influenciar pelo que o âncora do telejornal transmite - este que está ali há quase meio século, por exemplo. Muitos tendem a seguir pesquisas e se pautarem naquele que está vencendo, geralmente. Tá… Existem aqueles eleitores (0,01%) que se compadecem com o candidato que está só com 1% das intenções e vai lá depositar sua fé nele. Existe, claro! Mas a massa, o peso, está nos que estão nas cabeças, naquele que lidera as intenções, que surge na mídia. E quando o cenário é satisfatório para as grandes famílias das emissoras do país, elas fazem de tudo para manter seu candidato e de tudo fazem para esconder, camuflar qualquer ação ou incidente não desejado ou que não iria cair bem caso se tornasse público.
Ainda dentro do campo político, tem um pouco tempo já - principalmente antes de 2013 - manifestantes em geral, pessoas que participavam de greves, eram tido pelos jornais como desordeiros, arruaceiros e vagabundos. Hoje, não mais. O que se vê é até um apoio a tais descontentamentos com respectivos políticos e, também, à greves. Por exemplo, a mais recente e apoiada pela grande mídia foi a greve dos caminhoneiros. Outra manifestação popular que ganhou destaque que, obviamente, foi contra os governantes, onde que uma emissora chegou a parar transmissão de futebol, para mostrar passeatas; “pausava” novela, para mostrar quanta gente estava nas ruas contra o governo. Daí você pensa: mas isso não deve ser noticiado? Sim, mas o teor da matéria, o que cada repórter e âncora têm a dizer é que explana todo o seu apoio ou não. São transmissões parciais e narrativas preparadas para trazer os telespectadores para sem ambiente e, consequentemente, contra algum político que essa emissora odeie. Além do mais, existiram outras manifestações gigantescas quais as de 2013, 2014, mas a emissora passava apenas uma notinha; quando não fazia uma matéria com tempero bem ácido, críticas com pitadas de fel. Agora, com o “sucesso” das manifestações de 2013, qual uma parcela da sociedade e da alta roda da elite brasileira tinha interesse, o tom mudou nos bastidores dos telejornais e mídias tradicionais em geral. Eles começaram a usá-las em seu favor. Entende-se que foi um período muito agitado de 2013 até o impeachment da ex-presidenta Dilma. Arrisco a dizer que a dicotomia entre os deliciosos lanches tradicionais se acirraram a partir daí: coxinhas e mortadelas passaram a ser consumidas em pratos diferentes com gostos peculiares na sociedade civil. Os atos contra e a favor do governo mobilizaram muita gente, realmente. Porém a maior parte da massa, o peso mesmo foi encabeçado pela classe média, pela política neoliberal, com apoio das polícias (e até militares do exército posteriormente) e que tinha como fim a derrubada do “comunismo” e consequentemente do governo petista, este no poder há 8 anos com o Lula, + 4 já concluídos com a Dilma e que ia para mais um mandato de 4 anos - até que fora impeachmada, concluindo apenas 2 anos. (Pensando aqui… Catso! Olhem para isso! Percebam o desespero da oposição e das mídias tradicionais: se Dilma completa sua gestão e Lula se candidata novamente em 2018 [ia ser eleito, fato], então seriam os 4 + 4 anos de Lula/ Dilma e mais novos 4 anos de Lula - correndo risco de reeleição 2026. Ou seja, no mínimo, nessa brincadeira toda aí de PT, ia render uma dinastia estilo kardashians hohoho. Uma eternidade para as oposições, de fato. Então, as notícias sobre esses mandatos preocupavam: “Ditadura!”, “sede por poder”, “aparelhamento do Estado”, “urna fraudada”).
Continua...
(Ah! É dever continuar sim, porque preciso falar da “ditadura” que há no Governo Est. e Mun. de SP).
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