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O Samba é foda

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O Samba é foda! Até em tempos difíceis. Contudo povo abre a roda, é a celebração dos ilês. O Carnaval, as Escolas, os Sambas de Enredos... Sentimo-nos como crianças com novos brinquedos. Hoje uma irmã disse assim: "Me sinto uma passista vadia. Sem endereço fixo. No desfile, uma luz que irradia, de alegria e tristeza, um misto. Ora sambando aqui, acolá… Várias paixões, vários amores. O cavaco que faz chorar bem no ritmo dos tambores." O Samba é foda! Ele faz desabrochar. Dá vida, eleva. Esnoba. Porém sem esculachar. O samba é inteligente, é pura atitude. Ancestrais de um continente, Marca da negritude. De Áfricas, Brasis... Diversas nações, religiões. Cultura viva, latente. Comadre, o samba é foda! Espetáculo feito para a gente, mas que a outros, incomoda. (Com Sinome Santos)

SE EU MORRER

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NÃO CHOREM POR MIM. ENFIEM SEUS LAMENTOS NAS SUAS EXTREMIDADES RETAIS! NÃO FAÇAM DESPEDIDAS, NÃO LAMENTEM MINUTOS, HORAS, OU QUALQUER MOMENTO. SE EU MORRER, MORRI! ACABOU, TCHAU! DEU A HORA! É ASSIM... BASTA ESTAR VIVO E BASTA ESTAR NESTA MERDA DE PAÍS, DE CIDADE, DE SOCIEDADE, DE MUNDO.  AQUI: EIS O INFERNO. NÃO SE SURPREENDAM. NÃO SE LAMENTEM. É ASSIM MESMO. BASTA ESTAR VIVO. BASTA ESTAR VIVENDO NESTE LUGAR INSALUBRE, DOENTIO. ONDE QUE O HOMEM É O LOBO DO HOMEM; ONDE A VINGANÇA É LOUVÁVEL, COMO SE FOSSE JUSTO; E O EXTERMÍNIO É CONFUNDIDO COM "SELEÇÃO NATURAL".  NÃO CHOREM POR MIM, EU NÃO MEREÇO. CHOREM POR SI PRÓPRIOS. CHOREM POR SUAS DERROTAS E SUAS PERDAS. PERDAS DE VALORES E JUSTIÇAS. PERDAS DE IDENTIDADES E DE LARES. CHOREM PELA FOME, PELA CHACINA E PELOS INDEFESOS. CHOREM POR EMPREGOS E POR MELHORES SALÁRIOS. ME ESQUEÇAM. NÃO SOU PORRA NENHUMA NESTA MERDA DE SOCIEDADE. NÃO FIZ MAIS POR MERECER UMA VIDA ESCROTA E BANAL, COMO A DE TODOS VÓS. NÃO CHOR

A paz que sucede a guerra

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“Não! Não era vermelha a sua vestimenta!”, “Não pode ser… Era sangue!”, “O príncipe, lutando?” - esses eram os burburinhos dos cidadãos local, que, em fuga, avistavam um alvoroço ao longe. Subindo um monte que cercava a cidade, os moradores se refugiavam para fora dos muros da cidade. O monte, rico em vegetação, também servia abrigo para estes casos. Era bastante provido de alimento. Abaixo deles, ao longe, ocorria uma batalha sangrenta. Tingido de vermelho, continuava o jovem guerreiro e, príncipe, a lutar em defesa de seu povo, de sua nação. Portava um escudo de madeira maciça; nas bordas havia um belo acabamento de prata bruta, muito bem polida, contornando o objeto de defesa na arte militar da época; no centro, inclusive, uma espécie de brasão brilhava feito a luz do Sol. Sua espada era simples, como o próprio portador, apesar de príncipe. Jovem, de alta estatura, tez negra, olhos serenos, porém carregados de fúria, ou seja, o sangue corria em seus olhos naquele momento, u

Vida de Plástico

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Tudo me é possível Basta eu querer para ter: Bens de consumo, materiais Bens não duradouros Coisas legais e ilegais Vindos dos Estados Unidos E de outros matadouros Tenho ideais Tenho amigos Todos parecem ser legais Mas não eu comigo Digo, pois: a razão morreu Assim como a fé Não há ninguém como eu Feito de barro no pé Que ignore o futuro Não lamente o passado Nem nunca diz: eu juro Mesmo quando pressionado Vida de plástico Inserida em um ideal Do grande mundo fantástico Pobre mundo real É como um grande elástico Só que firme ao peso de metal

Rá rá rá...

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Só eu quem acho graça? Da fome, miséria e desgraça. Da gasolina, do ônibus, do pão. E no fim, meu time levantando a taça. Sim, é engraçado sim: O pobre dentro do aeroporto; e daquele mar sem fim de desempregados como loucos. E o que dizer do favelado? Perambulando pelos corredores em busca da licenciatura ou bacharelado. Pasmem, coitados, tentando ser doutores. É para rir, não é? Daquele que nada tem. Seja um calçado no pé, seja a grana para o trem. Estou aqui rindo com o vizinho. Do alto da varanda Gourmet. Apreciando um bom vinho felizmente, rindo de você. Não se sintam ofendidos. Vós sois igualmente f odidos. Sentem cheiro de merda, mesmo com nariz entupido. Uns ganham mais, outros ganham menos. Porém ninguém é capaz, se matam com mesmo veneno.

Sem título

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Oh! Nobre senhor. Sempre bem trajado. Grande Rei Xangô, Seguro em seu machado! Não há justiça, nem igualdade. Apenas cobiça, E muita falsidade. Oh! Grande general. Forte, infalível. Guerreiro imortal, Ogum, invencível. Nunca houve paz. Guerra dos mundanos. Convivência mordaz, por milhares de anos. Oh! Grande mãe. Rainha do mar. Doce e gentil, Odoyá, Yemanjá! Todos se odiando: seja amigo ou irmão. Escravizando, matando: sem amor, sem paixão. Oh, que beleza rara! Meiga, delicada… Vem das águas claras, Oxum, a mãe dourada. O ódio vence a sutileza; o espinho à flor; as águas sem clareza, lamas e muita dor. Não lhes julgo. Não é isso… Nem os culpo, por causa disso. Nós quem falhamos, como humanos. Difícil assumir, que nós erramos. O que faremos para mudar? O que esperar do futuro? Rezar para tudo terminar? Recomeçar um novo mundo? Um mundo sem nós, claro! Não podemos estar presentes. Que nada venha do barro, ou da cos

Homem ou lobo?

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Jesus foi tido como a um faccioso. Condenado, açoitado, crucificado. Pela leis dos homens, criminoso. Já Barrabás, um salteador, liberado. Pilatos, às mãos lavou. Ao povo ainda questionou: MAS QUE MAL FEZ ELE? “Seja crucificado!” O povo mandou. Barrabás sorriu e andando saiu. Mas Jesus não. Diante do Estado, caiu. Sim, o povo o derrubou. Sacerdotes, comerciantes, Herodes, todo mundo ajudou. Até o romano governante. O povo enganado pela elite, submissos, sem autoridade, ultrapassaram todos os limites. Talvez por diversão, ou maldade. Como gado, repetem a tudo. Recitam falácias e ódio à toa. Pregam um inocente, contudo libertam uma má pessoa. E hoje, o que pensar disso tudo? Quando isso terá um fim? Decerto nunca neste mundo, pois, sempre agimos assim. Já dizia o dramaturgo Platus (Parece que foi ontem): “Homo homini lupus”, ou seja, o homem é o lobo do homem.