quinta-feira, 6 de junho de 2019

O inverno não tira férias


O uivar dos ventos chega a ensurdecer
É frio, e este atravessa os limites do corpo
Tocam as folhas, arrancando-as dos galhos
Violenta tempestade, esconderá o amanhecer
Parece não ter fim o sopro voraz da natureza
Também não anseio o alvorecer,
A luz… Um novo amanhã não basta
Prefiro a noite calma, a silenciosa madrugada
Esta torna melhor os meus sentidos
Em meio à escuridão, acende a chama interior e manifesta
A tudo ouço e vejo, mesmo o coração partido
Milhões de sensações vão além
Lembranças explodem, melhores até de quando as vivi
Elas vão e vem, como o vento e as folhas esvoaçadas
Da rústica janela de minha casa a tudo aprecio
Ora com medo, ora com bravura
Ainda não tão escuro, à luz da Lua
Brota a síntese destes opostos
Esta loucura ante a um belo quadro natural
Vivo, surreal, do qual me encanto, me espanto
E não me canso de olhar
Horas que não passam, perduram
Semelhantes a um emocionante longa metragem
Que a gente torce para que não chegue ao fim
Porém quando acaba, tudo desaba mesmo assim
É uma noite que deve permanecer eterna
É uma eternidade que logo, logo, se findará
Quando o raiar do sol brilhar, o vento se dissipar e as folhas sentarem
Lá ao fundo, os pássaros irão cantar: "Bom dia! Como passaste nessa noite fria?"

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Para fora de Peloponeso



Comigo não se preocupe
Deixe-me trilhar sozinho
Por favor me desculpe
Sou o dono do meu mundinho

Olha... Não estou apaixonado
E também não estou querendo me matar
Apenas escrevo como num ditado
Com prazer, sem esforço, sem me cansar

Sabiamente irei atravessar os rios da vida
Seja a pé ou a nado; muito ou pouco
Não me siga, meu querido, minha querida
Pois não quero ficar ouvindo você é louco!

Quem caminha aprecia melhor
Quem se apressa, só vê o pior
Me esforço muito para não correr
A fim de não ver sangue, e sim suor

terça-feira, 30 de abril de 2019

Porre nº... Ah sei lá, deve ser o 5


“O grande isolamento é cercar-se daqueles que pensam igual a você.” Hannah Arendt.
Começo com um pensamento de uma grande filósofa que, nos dias de hoje, dentro do mundo virtual e, fora dele, se encaixa perfeitamente.

Primeiramente, há uma tarefa de "pôr os pingos nos is", OU SEJE, separar o CONHECIMENTO de OPINIÃO. Segundo, a necessidade que se tem de pingar, é deveras urgente.

Por falar em pingos, hoje há uma enxurrada de opiniões na internet, e consequentemente nas ruas, em tudo que é lugar que, por mais que seja comum, remete algo ao pensamento: onde está a verdade nisso tudo? Ou, quiçá, algo no mínimo coerente. De onde vem a fonte de todo esse "conhecimento"? Parece que há apenas uma inteligência por trás disso tudo. Um ser, ou um grupo pequeno de seres (terráqueos, diga-se de passagem) que propagam saberes a sui generis por aí. Os que vivem entorno desses sábios são afetados, isso é certo. Porém não se pensa diferente da fonte. E o que é pior, não conseguem mais pensar.

A internet surgiu há pouco tempo despontando como a revolução das revoluções no conhecimento humano. Em outros tempos, o iluminismo, o renascimento, marcaram e deram novo rumo à humanidade. Hoje temos a Internet como essa nova luz, esse novo "clarão" do conhecimento, do saber científico, ou até mesmo filosófico.

Será? A ciência ao invés de libertar, aprisiona; a ciência, tanto salva - e é notório que após a revolução industrial a expectativa de vida só cresceu a cada período e a mortalidade reduziu efetivamente - quanto mata: vide as guerras, as doenças cancerígenas, doenças causadas por estresses, infartos, úlceras e psicoses? Hoje o ser humano só se mantém de pé por conta de um Rivotril, Omeprazol, Losartana, Captopril... (Parece até música do Arnaldo Antunes). Quer mais tecnologia e avanço científico? O que dizer do poder destrutivo (sim, pode findar toda vida animal na Terra) de uma bela bomba atômica ou a de hidrogênio?

Esse é o poder da rede mundial de computadores, - que hoje chamamos de a "internet das coisas". É a grande Meca da informação. Nem mais a Rede Globo está com esse poder, rs. (Engraçado que coisa de 5 anos atrás, meu foco era a "mafiamília" Globo: eu achava que a Globo fornecia (des)cultura e (des)saber às pessoas. Nada além de lixo audiovisual). Agora internet, ganhou seu lugar. Ela é como a bíblia, ou o Al Corão para os cristãos e muçulmanos respectivamente e não mais emissora de TV nenhuma: saiu nas redes sociais? Pronto! É a verdade. A nossa cultura se nivelando por baixo. Atualmente a TV (qual era tão ridícula sua programação) irá passar a ser uma referência no entretenimento e na fonte de opinião sensata e, consequentemente, do saber? A Internet ainda detém tal posto. Agora as verdades ditas, ou as opiniões postadas, por mais que tenham sido buscadas no Google, não são democratizadas. 

Esse meio em que buscamos nos informar, na verdade segrega, aumenta as diferenças entre as pessoas. Agora mesmo, vejo muitas diferenças sendo expostas em formas de queixa e choramingo, até mesmo entre familiares. O que existe é um monte de ilha humana espalhada pelo orbe. Cada indivíduo, conectado a si mesmo, por si mesmo, com sede e fome de um clique em sua autoafirmação.

E essa é a grande bomba atômica virtual. É o paradoxo em que se encontra a ciência e seu avanço: ou nos estagnamos e voltamos ao período onde havia uma única verdade, imposta à força pelos poderosos, ou, nos emancipamos disso através do conhecimento, do saber, junto à tecnologia. Todavia, essa nossa “ferramenta”, ou nossa “arma”, está nos levando ao mesmo período medieval do pretérito - no sentido estrito e falido do saber. Porquanto, a informação é controlada, a verdade nós é imposta, o conhecimento é escondido, e o saber… Bem, o saber é devastado.

Enfim... Continuo amanhã, tá bom amiguinhos? A ressaca bateu... Sei que estou devendo uns parágrafos a mais, de fato, entre CONHECIMENTO e OPINIÃO, que apresentei lá no começo, mas preciso ler mais NIETZSCHE e a BÍBLIA e, também, assistir mais vídeos do professor, filósofo, Olavo de Carvalho e mais pronúncias do excelentíssimo presidente Jair Bolsonaro, com a finalidade de buscar mais informações, mais argumentos, mais sabedoria e transferi-los aqui para este impávido, porém, desprezível Blog, beleza?

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Insano e salvo

Da escuridão de minh’alma
Brilha uma gota de sincero cristal
Como no céu, cintila D’Alva,
E o orvalho que brota ao natural

Em meio ao silêncio, o breu
Eu sou o centro do universo
A Lua a me banhar do céu
Um paraíso! Mas eu o reverso

Tudo é tão verde, de fato
Montanhas, cachoeiras,
Até o fumo, as ruas, o mato
As lágrimas e minhas doideiras

Caminhos de terra
As trilhas esguias
Flores de primavera
E eu no pior dos dias?

Sim, é um triste dia:
A ave que voou para eternidade
o amigo que deixou a alegria
Sim, aqui jaz a serenidade

segunda-feira, 18 de março de 2019

Soneto onde o tempo parou na curva

Aos meus olhos ela se põe
Como uma santa ao devoto
Delicadeza que nela eu noto
Além do mais que ela expõe

Deveras pura é sua tez
Me atenho à forma sinuosa
Bela, porém, curva perigosa
Acidento-me em minha timidez

Gosto quando encara sem pudor
Não és lá uma santa eu sei
Contudo tem tamanho valor

Em seu ardente olhar esbarrei
Tudo em meu corpo é só calor
Confesso, querida: logo me apaixonei

segunda-feira, 11 de março de 2019

Sempre o mal vence?


O mal dos séculos
O grande mal
A hipocrisia de perto
É a verdadeira moral

Os limites da razão
demasiados, declinados
Do caos tira-se um padrão
Julgam-se educados

Coitados!
Ajuizados!
Idiotas!
Hipócritas!

Inventaram o céu
Mas antes o inferno
Na verdade são réus
Os bandidos de terno

O argueiro em seus olhos, de nada impede
A trave no do irmão, sua vida se mede

O que há de pior ante a falsidade?
Com isso, o que pode ser verdade?

Moralismo,
Julgamento,
Hipocrisia,
Preconceito,
Ódio...

Haverá, um dia, jeito?
Conto os ponteiros no relógio
A eternidade que levará
Até o dia em que reinará
a paz, a tão utópica paz
Que há muito jaz
Seja no sepulcro
ou em nossos corações

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

O Samba é foda



O Samba é foda!
Até em tempos difíceis.
Contudo povo abre a roda,
é a celebração dos ilês.

O Carnaval, as Escolas,
os Sambas de Enredos...
Sentimo-nos como crianças
com novos brinquedos.

Hoje uma irmã disse assim:
"Me sinto uma passista vadia.
Sem endereço fixo.
No desfile, uma luz que irradia,
de alegria e tristeza, um misto.
Ora sambando aqui, acolá…
Várias paixões, vários amores.
O cavaco que faz chorar
bem no ritmo dos tambores."

O Samba é foda!
Ele faz desabrochar.
Dá vida, eleva. Esnoba.
Porém sem esculachar.

O samba é inteligente,
é pura atitude.
Ancestrais de um continente,
Marca da negritude.
De Áfricas, Brasis...
Diversas nações, religiões.

Cultura viva, latente.
Comadre, o samba é foda!
Espetáculo feito para a gente,
mas que a outros, incomoda.

(Com Sinome Santos)

ATUALIZAÇÃO BETA v.5.7.0: AGORA MEUS ELETRODOMÉSTICOS SÃO PÓS-ESTRUTURALISTAS

Dizem, os pós-estruturalistas , que a linguagem constrói a realidade. Isso é ótimo, exceto nos dias em que eu preferiria que minha realidade...