O inverno não tira férias


O uivar dos ventos chega a ensurdecer
É frio, e este atravessa os limites do corpo
Tocam as folhas, arrancando-as dos galhos
Violenta tempestade, esconderá o amanhecer
Parece não ter fim o sopro voraz da natureza
Também não anseio o alvorecer,
A luz… Um novo amanhã não basta
Prefiro a noite calma, a silenciosa madrugada
Esta torna melhor os meus sentidos
Em meio à escuridão, acende a chama interior e manifesta
A tudo ouço e vejo, mesmo o coração partido
Milhões de sensações vão além
Lembranças explodem, melhores até de quando as vivi
Elas vão e vem, como o vento e as folhas esvoaçadas
Da rústica janela de minha casa a tudo aprecio
Ora com medo, ora com bravura
Ainda não tão escuro, à luz da Lua
Brota a síntese destes opostos
Esta loucura ante a um belo quadro natural
Vivo, surreal, do qual me encanto, me espanto
E não me canso de olhar
Horas que não passam, perduram
Semelhantes a um emocionante longa metragem
Que a gente torce para que não chegue ao fim
Porém quando acaba, tudo desaba mesmo assim
É uma noite que deve permanecer eterna
É uma eternidade que logo, logo, se findará
Quando o raiar do sol brilhar, o vento se dissipar e as folhas sentarem
Lá ao fundo, os pássaros irão cantar: "Bom dia! Como passaste nessa noite fria?"

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