terça-feira, 24 de julho de 2018

Completamente vazio

Eu odeio ter de odiar
Mas amo ter de amar
Odiar não me faz amar
Amar para não odiar


O vazio me preenche
O completo me enche
Para adquirir a plenitude
Desocupo por completo a mente


Ser eterno, imortal, é o anseio
Melhor amar a odiar
Fugir desse grumado devaneio


A solidão inimiga da esperança
O ócio, de toda a razão
Liquefazem-se com intensa paixão

Se as vacas tivessem religião, Deus iria ter cara de vaca?



Eu não sei por qual motivo adotei o título para o texto que segue abaixo, mas... O que importa? Eu poderia tentar explicar por outro viés, religioso, de fato, mas não estou afim, - e não estou atacando a nenhuma religião, diga-se de passagem (risos). É que hoje eu quero vomitar; quero rasgar um bloco de mil folhas com uma caneta feita de pena; estourar atmosfera terrestre apenas com uma única expiração, ou com um simples sopro. Explodir um vácuo! Tudo por causa de algumas reflexões. Hoje pensei mais do que respirei; pensei mais do que pisquei os cílios; pensei mais que o ato de pensar. Devido a essa energia toda, essa meditação impregnante na alma, cheguei a uma aporia. Eis: Seria a culpa da vaca, por dar, ela, a Deus, uma cara de vaca, ou seja, dela mesma? (Ah, a vaquinha se chama Belinha).
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Contudo, mudando de assunto... Vejam, que injusto e cruel para com os humanos as coisas são. O mundo, o universo que nós enxergamos, não foi feito para nós, exclusivamente. (Olha! Que curioso, não é? Eu fiquei até com sono quando cheguei a esta conclusão. A energia foi embora). A matéria, desde o macro até ao micro, todos fenômenos, não são para nós. O físico o metafísico... Nada nosso. Muito menos "para nós". Tudo é. Eles apenas são. Por si só. Nós somos apenas espectadores desta obra, desta natureza. Então, esse mundo, em que estamos inseridos, - e não operamos - que é visto por nós, sentido por nós, obviamente, é o mundo qual interpretamos, ou melhor, apreciamos. O nosso ideal. Algo pessoal e muito subjetivo. Não temos o poder de transformá-lo, - apenas em nossa mente. Podemos sim é alterar apenas o curso de nossas vidas. Agora, a natureza, o tempo, o tudo, são o que são. Não mudam por nossas vontades, nossos sentimentos e quereres. A tradução é livre, diversificada, única, de cada indivíduo. Temos interpretações de mundo; criamos um mundo em nossa mente, ao longo da vida. Por mais que estejamos inseridos numa comunidade, numa sociedade, ou num país, qual temos a mesma visão do todo, ainda assim, cada qual, tem um olhar peculiar. Ou seja, vejam isso: resumimo-nos como a um fiapo de seda que foge à corda: a cultura de massa, o senso-comum, são essa corda; e há aqueles que são os fiapos. Mas o mundo, ainda, por nós - sejam os fiapos ou as cordas em si - é criado, é moldado mentalmente à nossa maneira, pois estamos nele inseridos. O mundo ganha forma, mas para quem o vê. O mundo real, não se altera, nem se distorce ou se finda, se o faz é por si só, devido ao tempo, ao seu universo físico. Mas suponhamos que o mundo, a Terra, tudo o que tocamos, sentimos e enxergamos, por onde quer que andemos, ficamos e morremos, tudo… Enfim, caso possamos moldá-lo, alterá-lo, definitivamente, fisicamente, inclusive, seu espírito, sua essência, se tudo isso fosse possível, poderíamos fazer algo tão perfeito, ideal e pleno assim? Pensemos! O ser humano é falho, isto é fato. Não atoa, não se enxerga direito, não se vê como um ser social, não se lhe dá em comunhão para com nenhum outro ser vivente... Seria falho, portanto, este mundinho criado por nós, obviamente. Assim... Tenho uma pergunta melhor, veja bem: o que é um mundo ideal e perfeito, criado por pessoas idiotas, doentes e egoístas?

Nós, os vermes

“O verme pisado se contorce. Eis aí algo inteligente. Assim é que ele diminui a possibilidade de ser pisado novamente. Na linguagem da moral: humildade.” (NIETZSCHE, Friedrich. O crepúsculo dos deuses. Editora Vozes de Bolso. 2016. p. 13).
Perfeita comparação ao ser humano e suas atitudes, seus feitos, quando não condizente com alguma moral, ou, até mesmo o respeito ao próximo, ou mais além, alguma conduta ética. Por falar em ética e moral, o ser humano não é livre – o animal, não é um ser livre. Todos os seres estão fadados a algum tipo de “coerção natural” à algum fim. Por exemplo: vermes, seres orgânicos, tendem a se reproduzir e só. Buscar abrigo para tal, somente isso. Se instalar e reproduzir; as aves, possuem asas – o sonho de qualquer humano – mas isso não lhes dão liberdade alguma. Estas estão fadadas às condições climáticas, a distâncias, áreas urbanas ou a regiões florestais, etc… E mesmo com o céu aberto às suas frontes, ainda assim, as aves vivem para se reproduzirem, se alimentarem e evitarem de serem servidas como alimentos.
Nós humanos, seres sociais, possuímos uma coisa que nos diferem de todo o grupo de outros seres, que é a linguagem articulada; possuímos a razão. E quanto mais razão, mais o ser humano se eleva à classe social em que vive. Há seres humanos que se intitulam semideuses, mutantes, extra-humanos. É incrível! Em relação ao verme pisado, um super-humano desse não vai se contorcer nunca, – jamais! Pelo contrário, uma pessoa desse nível, irá atacar, como que um leão, o rei da selva, quando, por exemplo, vir alguma “ameaça” numa área delimitada por seus sentidos.
Ai uma pessoa que pensa um pouco questiona: “Mas o ser humano possui liberdade, então…” Sim, realmente todo mundo é livre para fazer o que bem entende, mas há muitas vírgulas após a palavra liberdade. Parece contraditório ao que disse no primeiro parágrafo. Mas a liberdade que nos é imposta acaba nos mantendo presos. Somos prisioneiros de um sistema; temos de seguir regras; “temos que…”,  senão acabaremos como os vermes em contorção evitando o pior, ou muito mais, a dor.
Àquele que é desprovido de humildade, por exemplo, que está no topo da cadeia alimentar – se comparado a outros seres – ou que esteja no topo da pirâmide social, esse jamais se contorce, pelo contrário, se mantém rígido, ereto e possuído de irá. Ai de quem o encarar! Vai virar verme pisoteado. A pessoa que por descuido pisa em outra, tem como retorno uma outra pisoteada, mas bem mais pesada e dolorosa. O que é recíproco na vingança vem à cavalo. Dói mesmo. “Deita ai verme, e se contorça!”
Conforme o tempo vai passando a palavra humildade vai se esvaindo. Se se tirasse cada letra desta palavra, hoje restaria somente a letra H, – de homem, de humano. O que mantém as duas palavras em comum, na verdade é o que as separa naturalmente. O humano não possui humildade. Em sua grande maioria.
Se uma pessoa erra com outra, ela não se desculpa, diferente disso: vocifera e faz com que a vítima, se sinta culpada. Isto, através da força, da ameaça e do poder é casamento feliz e duradouro. Oprimir, ofender, agredir, culpar… Nós vemos isso no trânsito, nos jogos de futebol, na padaria, no trem, no trabalho, em todo lugar. Não há quem assuma: “Errei, me desculpe. Não o farei novamente”. E se outra pessoa questionar, eis uma resposta lúcida: “Por quê? Porque me contorci, me declinei, tomei uma atitude humilde e com isso a resignação”.
A vergonha caminha alheia à soberba, ao orgulho. Quem erra não assume; quem erra morre de medo de passar vergonha; não se suporta ao se deparar, sob olhares alheios, seja de pena, de repreendimento, ou até mesmo de candura, de compaixão. Todo mundo quer ser o leão, a raposa, o tigre, a cobra, a águia. Ninguém quer ser um verme, se rebaixar, se pôr em um “estado abaixo”,  em uma situação inferior, para que, assim, desta forma, tome ciência de que existe humildade e que, com ela, existe uma forma de se rebaixar, servindo de trampolim, ou seja, uma meio para elevar-se. Para que se dê um salto, é necessário elevar os pés para baixo, contra o solo, se preciso pisar no buraco mais fundo, para que se alcance um salto maior.
Se elevar de forma lúcida e não agressiva, nem irracional eis o ponto central da questão. Se contorcer, se rastejar, é um ato muito feio, muito horrível, mas é assim que muitos conseguirão se elevar, e estar digno na sociedade, vivendo em comunhão para com todos, – desde um verme ao rei da selva. O coração de quem se declina sabe a importância de um inseto, de um animal qualquer e, também, vê a si mesmo como essencial nesse processo de caminhada, “contorções” e (r)evolução.

Ou como se filosofa com uma agulha

Eu queria falar com os animais, porque, falar com os homens está impossível. Ora ninguém me compreende, ora não compreendo ninguém; ninguém se entende. Está difícil!

Eu queria viver sozinho numa caverna. Caverna produz eco. Só assim eu teria um bom diálogo. Com isso eu ia compreender e ser compreendido.

Vivem-se agarrados ao passado, porém anseiam o futuro. Logo o presente é um momento esquartejado.

De onde se tira tanto ânimo para vida? Duvido que não seja um antídoto contra o medo da morte.

Na verdade nós temos medo é da vida. A morte é apenas uma ilusão, uma história que inventaram para frearem nossos impulsos e nos domarem com suas rédeas torturantes.

-De onde vem tanta dor?
-Vem do medo de se perder um mísero de segundo de felicidade. Felicidade essa, advinda da ausência da dor.

-Amor existe?
-Mas o que é amor? Defina-o e saberás.

-O que é cólera? 
-Definindo o amor, entenderás a cólera.

Não há nada mais irritante e desestimulante, do que uma imposição (óbvio) contrária a toda tua vontade, ou essência. Seja um pedido de forma delicada, ou seja um ordem dada; até mesmo por clemência.

Não sou obrigado. Obrigado! Não se é obrigado, obrigar nada a ninguém. Na vida, a liberdade é plenitude; reconhecer e agradecer, as maiores virtudes.

Insultar é o certo. Remete à força, coragem e bravura. Elogiar é errado. Denota fraqueza a essa lisura. Na luta entre gladiadores aplaude-se àquele que vence sem piedade e que enfrenta a morte; ao derrotado, que antes, suplicou pela vida, há desprezo, aspira indignação. Pobre coitado!

O desejo é olhar para fora. Contudo é negar-se, afastar-se de si mesmo. O desejo é sempre algo externo. Mas o EU, está dentro de cada um. Ninguém ousa buscá-lo.

O pior enfrentamento é aquele do EU contra si mesmo. O embate é épico, silencioso e eterno. E o pior: quem perde é sempre você.

Quando criança não temos a idéia do quão puro e maravilhoso é o nosso ser. Quando mais velhos, queremos ser criança. Tarde demais.

A música é a melhor coisa que o homem criou. Mas saiba que até a música é nos imposta. Não ouvimos qualquer música, não podemos ter o nosso próprio gosto, pelo contrário. Não somos livres para criar ou ouvir música. Temos de seguir o rebanho.

O Homem inventou Deus e o Diabo; a guerra e a paixão; a beleza e a feiura; o fim e o eterno; a luz e a escuridão; o som e o silêncio; o sim e o não:
-Escolha!
-Não, obrigado. 
-Por quê?
-Obrigado, não sou.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Quando o fim se aproxima...

Nunca nada será o suficiente
o tempo, a vida, a natureza
A nós não pertencem
Nem possuímos certeza

Se nos restasse apenas uma semana?
Diriam: “os dias mais plenos iremos viver;
Dedicados aos mais belos sonhos,
Às mais belas caridades”.

A um dia do fim, não obstante,
Só derramar de lágrimas e pavor.
Iríamos sofrer de ansiedade,

Por achar que não fizemos o bastante,
Por ansiar mais tempo, mais vida…
Fazer valer qualquer instante.

Ontem e hoje

Ontem eu estava sem vida
Corpo opaco ocupando lugar
Esperançoso rumo a partida Para longe do sistema solar. Porém hoje eu te conheci, amor A plenitude, vizinha da paixão Meu coração pulsa com ardor Vida que apequena a imensidão. Brilho teu imenso que faz cegar Ébrio fico junto ao teu sorriso És um universo belo a explorar. Eternizei-me em teu abrigo Seio da paixão, meu doce lar Onde tudo agora faz sentido.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

TODAS


Cada brilho de estrela no céu
Cada brilho de areia na praia
Uma a uma o coração ardeu
Só, iludido, em acolhedora tocaia.

Após o Sol, a noite, apaga-se 
o brilho das estrelas, das areias
Ouve-se da negra profundidade
O doce canto das sereias

Junto ao cintilar das flores
Das altaneiras flores noturnas
Longínquas, mas dentro de mim
Uma mais brilhante que a outra
E tão cheirosas quanto Gardênias e Jasmins

Todas elas:
Mimosa, Rana, Ksora,
Vega, Alya, Talitha Australis,
Lucida, Meissa, Mayara,
Talitha Borealis…

Por elas um sentimento peculiar
Seja em profundo desalento
Ou na sublime hora de amar
Paixão para cada momento

ATUALIZAÇÃO BETA v.5.7.0: AGORA MEUS ELETRODOMÉSTICOS SÃO PÓS-ESTRUTURALISTAS

Dizem, os pós-estruturalistas , que a linguagem constrói a realidade. Isso é ótimo, exceto nos dias em que eu preferiria que minha realidade...