Ou como se filosofa com uma agulha

Eu queria falar com os animais, porque, falar com os homens está impossível. Ora ninguém me compreende, ora não compreendo ninguém; ninguém se entende. Está difícil!

Eu queria viver sozinho numa caverna. Caverna produz eco. Só assim eu teria um bom diálogo. Com isso eu ia compreender e ser compreendido.

Vivem-se agarrados ao passado, porém anseiam o futuro. Logo o presente é um momento esquartejado.

De onde se tira tanto ânimo para vida? Duvido que não seja um antídoto contra o medo da morte.

Na verdade nós temos medo é da vida. A morte é apenas uma ilusão, uma história que inventaram para frearem nossos impulsos e nos domarem com suas rédeas torturantes.

-De onde vem tanta dor?
-Vem do medo de se perder um mísero de segundo de felicidade. Felicidade essa, advinda da ausência da dor.

-Amor existe?
-Mas o que é amor? Defina-o e saberás.

-O que é cólera? 
-Definindo o amor, entenderás a cólera.

Não há nada mais irritante e desestimulante, do que uma imposição (óbvio) contrária a toda tua vontade, ou essência. Seja um pedido de forma delicada, ou seja um ordem dada; até mesmo por clemência.

Não sou obrigado. Obrigado! Não se é obrigado, obrigar nada a ninguém. Na vida, a liberdade é plenitude; reconhecer e agradecer, as maiores virtudes.

Insultar é o certo. Remete à força, coragem e bravura. Elogiar é errado. Denota fraqueza a essa lisura. Na luta entre gladiadores aplaude-se àquele que vence sem piedade e que enfrenta a morte; ao derrotado, que antes, suplicou pela vida, há desprezo, aspira indignação. Pobre coitado!

O desejo é olhar para fora. Contudo é negar-se, afastar-se de si mesmo. O desejo é sempre algo externo. Mas o EU, está dentro de cada um. Ninguém ousa buscá-lo.

O pior enfrentamento é aquele do EU contra si mesmo. O embate é épico, silencioso e eterno. E o pior: quem perde é sempre você.

Quando criança não temos a idéia do quão puro e maravilhoso é o nosso ser. Quando mais velhos, queremos ser criança. Tarde demais.

A música é a melhor coisa que o homem criou. Mas saiba que até a música é nos imposta. Não ouvimos qualquer música, não podemos ter o nosso próprio gosto, pelo contrário. Não somos livres para criar ou ouvir música. Temos de seguir o rebanho.

O Homem inventou Deus e o Diabo; a guerra e a paixão; a beleza e a feiura; o fim e o eterno; a luz e a escuridão; o som e o silêncio; o sim e o não:
-Escolha!
-Não, obrigado. 
-Por quê?
-Obrigado, não sou.

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