sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Além do inferno de Dante

Queria que o inferno de Dante fosse real
Mas será que não é de fato?
(Assim como existe um céu chato)
Se ele realmente existe
Logo terá quem o visite
Eu sou humano
Humano é imperfeito
Humano cria e também mata
Mulheres e homens têm defeitos
Há arma de fogo, veneno e faca
Não matamos somente a nós mesmos
O abstrato também some em nossas mãos
Destrói-se tudo, até o que não existe

Temos o poder de mudar as coisas
A felicidade em tristeza
O quente em frieza
O oprimido em opressor
Transformamos também
A vida em morte
O lento em pressa
O amor em sorte
E vice-versa

Eu torço para que chegue um dia
E que transformemo-nos em diabo
No inferno sintamos o calor
o fedor, o horror, o revés ao nosso lado

A humanidade falhou, definitivamente
Única coisa a ser feita foi esquecida
Desde a sedução lançada pela serpente
Neste mundo, amar, parece obra de suicida

É difícil, penoso, gostar do próximo
Ter apreço e afeição é doloroso
É mais fácil matar, destruir, viver no ócio
A andar para frente como irmão atencioso

Humanos contra si mesmos
também contra os animais, a Terra
a água, o ar que respiramos:
O mundo sempre esteve em guerra

O inferno é logo ali, devemos fazer lá nossa morada
(Se o inferno já não for aqui neste mundo)
Pois a maldade aqui é alta e refinada
de deixar o diabo inútil, moribundo

Na verdade o inferno de Dante existe sim
E estamos vivendo nele
Somos parte dele
As flores nunca existiram
O Sol nunca brilhou
A Lua é uma imensa bola de gelo
A vida ideal na Terra, na verdade, nunca vingou

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Jazz



O ambiente sereno se torna
Ao suave som aprazível que domina
A mente voa madrugada afora
Apesar do frio a música é o clima

As madrugadas são as melhores
Ela produz um prazeroso silêncio profundo
O tenro sereno é quem me acolhe
Momento em que me desligo do mundo

Nessas noites sou mais atrativo
Apesar do meu coração cativo
Preso às platônicas paixões
Ainda assim sinto-me vivo

Nesta atmosfera não existe riqueza
Muito menos pobreza
Também não há vida, porque não há morte
Sublimemente há apenas uma natureza

Voando alto ou rés
Batendo asas ou com os pés
É inexplicável como um gosto musical
É atraente e sutil como música de Jazz

Algo que não se pode explicar
Muitos podem dizer que é Deus
Nota-se que é tão simples e peculiar
Tão real e próximo ao que é meu 

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Com o temer...

O pavor venceu a esperança
O surto faz parte do improviso
O que será dos idosos e das crianças
Num mundo onde não há mais sorriso?

O que devemos temer?
A noite escura?
O novo amanhecer?
É depressão ou tudo frescura?

O que nos preocupa?
A ansiedade, a loucura?
Em quem pôr a culpa?
No vírus ou não remédio que não cura?


O verdadeiro malfeitor sorri
Nao conseguem achá-lo
O coração há de partir
A verdade escoa pelo ralo


Quem está preso é livre
E quem está na rua detento é
O primeiro sabe mais que o detetive
O segundo vive de correntes no pé


O individualismo no solo pisa firme
Esmaga povos e seus frutos
Nao é ficção, nem novela ou filme
É a triste realidade dos brutos


Não dê tiros, dê flores
Não grite, recite amores
Pense no próximo antes de ti
Evite gerar grandes dores

Pensemos assim antes de confirmar
Reflitamos antes de a "tecla verde" apertar
O que será, amanhã, de ti e de mim
Se o que tememos, passamos a votar?

sábado, 22 de julho de 2017

Pobre rico amor

Eu queria lhe dar tudo
Jóias, carros, iates, mansões
Por você morreria, mudaria o mundo
Mas nada posso além de algumas palavras e canções

Elas brilham mais que diamantes
Que o ouro valem muito mais
Eis o mais perfeitos dos amantes
Um pobre e sonhador rapaz

É como uma estrela o meu amor
Por ti irradia intensa luz e calor
Um brilho que vive mesmo após seu fim
Depois de anos e anos de esplendor

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Quando ele vem...


Quando vem, é de mansinho
Vem de longe, sem avisar
Tapando o Sol, redemoinhos
Está na hora do frio se instalar


Flocos de neve
Manto de nuvem, friagem
Dia cinza muito breve
Noite longa, sem estiagem


Do alto da montanha há uma prévia
Chega devagar, da o tom, anuncia
Mesmo a noite vê-se sua névoa
O frio traz sua fantasia


O frio, a chuva, esse clima
Gotas na janela, alta umidade
A serra manda o recado lá de cima
Banhando de prata toda a cidade


No inverno nada pode ser diferente
A temperatura cai carentes ficamos
Ansiamos sempre por um corpo quente
Que esta estação perdure por anos e anos

domingo, 16 de julho de 2017

A plenos pulmões, em plena madrugada



O que é uma madrugada silenciosa, leve, fresca e com um único e solitário canto de um bem-te-vi?
Sim, o pássaro, ou não dorme, ou acorda em plena madrugada e seu canto de longe há de se ouvir

O céu é de inverno, porém estrelado e com uma iluminada Lua cheia
Sua luz, que bate na terra fresca, na grama úmida, brilha no asfalto e às mentes mais loucas, clareia

Uma madrugada tão singular
Uma pena (ou muitas penas) ela tão pouco durar

Mas as madrugadas se repetem
Há nas folhas, orvalhos onde as mesmas luzes refletem

As estrelas são as mesmas, o céu e também a Lua
Toda terra fresca, a grama úmida, a paisagem, a rua

Nada muda, é tudo um ciclo
Desde o mais sensato ao mais ridículo

São assim as madrugadas
Feitas para chorar ou para rir
Na cama, corpo coberto e cabeça deitada
Sejam em silêncio ou com o canto do bem-te-vi

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Nem sei

Nem sei

Outro dia eu li
“Nasceu com dom pra ser bandido”
Não sei se é para chorar ou para rir
Pois ninguém nasce dotes pré definidos

E mesmo que isso ocorra
Um recém nascido não vai querer
não vai escolher ser ladrão, porra
E sim um melhor caminho a viver

Mas por que se comete tanto crime?
Jovens e adolescentes estragando tudo?
Será que é por causa desse regime?
Ou apenas por falta de estudo?

A população não quer educar
dá trabalho e cansa
O Estado prefere remediar
liberando a matança

Morre vítima, morre réu
Morre a sociedade toda
Quem vai ao inferno, ou ao céu?
Ou à Sodoma e Gomorra?

Vamos “enxugar gelo”
É um bom entretenimento
Ao linchamento precisamos de um apelo
Vamos seguir nesse contínuo movimento

Hoje faz-se justiça com as próprias mãos
Amanhã sai como herói na notícia
Mas descobre-se que o justo era ladrão
E que o suspeito na verdade era a vítima

Julgar, não devemos
Condenar, muito menos
Podemos viver em harmonia
Percebam o quanto já sofremos

Há violência no bairro, na cidade
É guerra entre estados, nações
Baixas de todas as idades
Dilacerando os nossos corações

Mudemos o nosso Estado
O causador de tudo ele é
Não adianta termos um réu e um coitado
Para darmos créditos à crença ou fé

Quer assim o nosso sistema
Vivendo como gado
Sendo mal educados
Dando tiro no pé

O problema é social
Não adianta tentar dizer que é Deus
Pois ele, sádico não é.

Qual Deus se comprazeria com a desgraça?
Crianças no crime, jovens se matando?
Sua intervenção serve só a uma parcela da massa?
e àquele que o dízimo está pagando?

Os nós atados estão na sociedade
Nao vem de um mítico anjo mau, ou diabo
São centenas, milhares, na verdade
a quantidade de políticos safados

Além de políticos, empresários
“Proprietários”, “donos” da Terra
Fazendo todo mundo de otário
Fomentando em nome de Deus a guerra

Eles querem de nós a gana, a disputa 
enquanto engordam loucamente
Nos tornamos suas "putas"
Numa vida miserável, porém contente

"Eu fecho com quem me paga mais
Tenho dinheiro, mas não tenho paz"

A liberdade nos foi extirpada
Viver em sociedade hoje é impossível
Uma "doença social" está avançada
e pra piorar, o individualismo é sua cura horrível

ATUALIZAÇÃO BETA v.5.7.0: AGORA MEUS ELETRODOMÉSTICOS SÃO PÓS-ESTRUTURALISTAS

Dizem, os pós-estruturalistas , que a linguagem constrói a realidade. Isso é ótimo, exceto nos dias em que eu preferiria que minha realidade...