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Onde fica o cemitério?

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Rock and Roll, músicas obscuras, sinistras, gênero musical peculiar. Death Metal, Black Metal, Grind Core, Gothic Metal e etc… Uma bela adolescente, rotulada como "roqueira gótica", inteligente, intelectual; com ar rebelde, mas bem caprichosa; boa vivant, uma mulher independente... Esta jovem moça curtia - além das músicas citadas - livros de grandes escritores existencialistas, os de terror também e filmes do gênero. Além do mais, era costumeiro passar a noite em cemitérios com amigos roqueiros em alguns fins de semana. Ela não possuía medo algum enquanto no cemitério ou medo de o que poderia surgir como sobrenatural, sombrio e etc. Afinal seu hobby era lidar com esses assuntos, seja na música, no cinema ou literatura. Tornou-se hábito.  Então, passaram-se alguns anos. Eis, numa dessas belas noites no cemitério ela avistou algo disforme, de aparência horrenda no pé do cruzeiro das almas. O ser não refletia luz alguma, muito menos dotado sua própria (natural e

Trovoada sem estrondo

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É no silêncio que minha voz entoa Retumbantemente afora ecoa Advindas da mais pura fonte Pensamentos, não mais que lamentos tormentos, quaisquer ócios do dia Traduzem-se em música, poesia Fatos de outrora, enevoados rompem ansiosamente tais barreiras Voando como venenosos dardos abrem-me à fronte uma clareira Momentos dolorosos, tristes que no inconsciente dormem mas despertam em minha vigília Advertindo-me à noção do ser humano E por ser humano, a dor compartilho Dói, contudo… O que seria da alegria não fosse a dor? Do perfume sem a flor? Ou da noite sem o dia? Nada é tão desesperador Vivem: o infeliz, o injusto e o sádico  Todos em perfeita harmonia

Então...

Quando eu me sinto assim Vontade me dá de ficar bem: As vezes para longe ir Ou não falar com ninguém Ir tão longe onde finda o infinito Ficar mudo como um retórico Ser aquele feio mais bonito E o lendário ser sem histórico Quando assim me sinto  Nada é menor que meu recinto A pressão é deveras aviltante Aos sentidos excita os cinco Tudo se repete nesta vida Como um fugaz retorno, enfim É bom é ruim desde a partida É ruim é bom até seu fim

É muito Bela

Seu sotaque, que ela diz que não tem Eu noto e admiro cada palavra  Desde quando ela me liga do trem  Até saindo pra alguma balada Um anjo lindo cativante Dá alegria e tira a dor Está comigo a todo instante Por ela canto em louvor Menina com seus sonhos no céu  Mulher com os pés no chão Ela é doce como mel Mas no frango põe limão Gosto de com ela compartilhar  momentos, eventos, notícias  gestos, carícias… Coisas simples, de se apaixonar  Seu véu dourado cai por sobre mim O céu vem à terra, como numa quimera Ainda mais quando pergunto assim: Sorria pra mim, Isabella?  De Bela ela não só tem o nome Todo o seu ser, lindo é  Ela já até possui uma gatinha  Em sua homenagem, chama-se Belinha Essa é a guria Que salva os meus dias Ora me desejando bom dia Ora pedindo para me ajuizar Durmo com ela na minha cama vazia E sempre com ela acordo após sonhar

É tudo, é nada, é

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A minha religião é a Filosofia Não sei o que de mim seria Sem o lógos , a phýsis , a arché Sem a noite deixando de ser dia Com o Todo, essa ligação O devir, a transformação O ser, o não-ser O ódio, a paixão A transcendência Uma nova essência A falta de recursos  para se expressar A limitação da língua  ante ao pensar Do que mais preciso? Decerto nem de água ou ar É sublime o momento do belo e curto encontro  da razão com a emoção da ação com o pensamento O que me causa a Filosofia? A indiferença entre sonho e realidade Não distinguir a mentira da verdade A lucidez em pleno tormento O conforto após o lamento Que bom é passar os dias sem notar que eles passam Sentir-se a síntese da multiplicidade Mesmo quando só, estar acompanhado Ou estar, dos mitos, deuses e heróis, rodeado Ser analítico, dogmático, aporético Ser a composição do mundo da contradição, o absurdo Ter juízos analíticos e sintéticos Eis

Leia com atenção

Retornando do trabalho, eu me entretia com essas TVs que agora estão dentro dos coletivos. O ônibus, no caso, não estava cheio, mas quase não havia vaga nos acentos. Então sentou-se ao meu lado uma jovem universitária. Eu estava segurando um livro, O 18 de Brumário de Luís Bonaparte, de Karl Marx. A moça reparou-o em minhas mãos, olhou mais atentamente para a capa do livro e resmungou algo como que falando com o teto: “comunistinha de merda”. Continuei olhando a TV - menos concentrado, obviamente. Segundos depois ela vira e pergunta: “Uma mulher grávida pode engravidar?” “Nossa! Você viu aquilo?” - Perguntei-a se realmente ela tivera reparado a mesma coisa que eu na TV. “Sim! Vi” - respondeu. Então comentei: “Olha ai um conceito de ‘devir’". Imediatamente ela me cortou e afirmou: “não na visão desse Marx, obviamente” - desdenhando do autor que eu tinha nas mãos. Perguntei-a se ela já havia lido. Ela disse que não. Cordialmente sugeri: “Leia, então”. Ela se virou espantada e perg

Ya zhenshchina, ou seja, Eu sou uma mulher.

Instalei um aplicativo, desses de aprender idiomas, pois preciso aprender a língua cirílica o mais breve possível. Tendo em vista uma excelente oportunidade de trabalho como adestrador de ursos, na Sibéria, é deveras urgente. Peguei meu celular, pus meu fone nos ouvidos e fui praticando. Básicos exercícios (quem já usou sabe como é): “Ele é da Rússia”, “Eu falo russo”, “Ela trabalha em Moscou”, etc. Ainda nas escadas do prédio, surge uma tradução a ser realizada via gravação de voz: “Eu sou uma mulher”. O app retornou com uma mensagem: “não foi possível detectar o áudio, aperte ‘aqui’ e envie novamente”. Tudo bem, vamos nós: “Eu sou uma mulher” - retumbantemente efusivo. Atrás de mim ouço voz, risadas. Tirei o fone dos ouvidos e me virei. Era o casal vizinho. “Cara, que palhaçada é essa? Virou mulherzinha agora? Porque eu não vejo nada aí; cadê os peitinhos, tem vagina agora?” “Fala sério! Esse pessoal da esquerda invertendo valores, fazendo do mundo que Deus nos deu um verda