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Corpus Christi

Boa intenção, caridade Respeito, gesto fraterno Alegria e amabilidade Isso tudo há no inferno Pensamos no mal e no bem Esquecemo-nos do primeiro De atitudes que vão além Se o bem mudasse algo Do Senhor viveríamos ao lado Porém nem fingindo inocência Dor, ou qualquer amor Não conseguimos enganar: Primeiro, a nós mesmos Segundo, ao Criador Terceiro, por fim, o destruidor Não se engana a Deus, nem ao diabo! Ser humano imundo, coitado Verme consumidor Onde pisa corrói, distorce Juntos, sociedade Unidos, atrocidades Mentiras viram verdades As verdades, de fato, são escondidas em atos Ato falho E o desejo inato De corromper-se Deixar-se levar facilmente Lutando uns contra os outros Contra vizinhos, parentes Por terra, lama, lixo Grama, grana, luxo Ser humano… Verme, praga, câncer… Doença maligna Imune a cura É falha qualquer tentativa Solução falida Nem com intervenção divina Porque o inferno é aqui Deus

O inverno não tira férias

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O uivar dos ventos chega a ensurdecer É frio, e este atravessa os limites do corpo Tocam as folhas, arrancando-as dos galhos Violenta tempestade, esconderá o amanhecer Parece não ter fim o sopro voraz da natureza Também não anseio o alvorecer, A luz… Um novo amanhã não basta Prefiro a noite calma, a silenciosa madrugada Esta torna melhor os meus sentidos Em meio à escuridão, acende a chama interior e manifesta A tudo ouço e vejo, mesmo o coração partido Milhões de sensações vão além Lembranças explodem, melhores até de quando as vivi Elas vão e vem, como o vento e as folhas esvoaçadas Da rústica janela de minha casa a tudo aprecio Ora com medo, ora com bravura Ainda não tão escuro, à luz da Lua Brota a síntese destes opostos Esta loucura ante a um belo quadro natural Vivo, surreal, do qual me encanto, me espanto E não me canso de olhar Horas que não passam, perduram Semelhantes a um emocionante longa metragem Que a gente torce para qu

Para fora de Peloponeso

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Comigo não se preocupe Deixe-me trilhar sozinho Por favor me desculpe Sou o dono do meu mundinho Olha... Não estou apaixonado E também não estou querendo me matar Apenas escrevo como num ditado Com prazer, sem esforço, sem me cansar Sabiamente i rei atravessar os rios da vida Seja a pé ou a nado; muito ou pouco Não me siga, meu querido, minha querida Pois não quero ficar ouvindo  você é louco! Quem caminha aprecia melhor Quem se apressa, só vê o pior Me esforço muito para não correr A fim de não ver sangue, e sim suor

O "ítolo", o "mítolo", o presidente do Brasil

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“As coisas honestas, bem como os seres humanos honestos, não carregam nas mãos [...] as próprias razões. É indecoroso mostrar todos os cinco dedos. Tem pouco valor aquilo que antes tem de ser provado”. Crepúsculo dos Ídolos, NIETZSCHE, Friedrich.

Porre nº... Ah sei lá, deve ser o 5

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“O grande isolamento é cercar-se daqueles que pensam igual a você.” Hannah Arendt. Começo com um pensamento de uma grande filósofa que, nos dias de hoje, dentro do mundo virtual e, fora dele, se encaixa perfeitamente. Primeiramente, há uma tarefa de "pôr os pingos nos is", OU SEJE, separar o CONHECIMENTO de OPINIÃO. Segundo, a necessidade que se tem de pingar, é deveras urgente. Por falar em pingos, hoje há uma enxurrada de opiniões na internet, e consequentemente nas ruas, em tudo que é lugar que, por mais que seja comum, remete algo ao pensamento: onde está a verdade nisso tudo? Ou, quiçá, algo no mínimo coerente. De onde vem a fonte de todo esse "conhecimento"? Parece que há apenas uma inteligência por trás disso tudo. Um ser, ou um grupo pequeno de seres (terráqueos, diga-se de passagem) que propagam saberes a sui generis  por aí. Os que vivem entorno desses sábios são afetados, isso é certo. Porém  não se pensa diferente da fonte. E o que é pior, não

Insano e salvo

Da escuridão de minh’alma Brilha uma gota de sincero cristal Como no céu, cintila D’Alva, E o orvalho que brota ao natural Em meio ao silêncio, o breu Eu sou o centro do universo A Lua a me banhar do céu Um paraíso! Mas eu o reverso Tudo é tão verde, de fato Montanhas, cachoeiras, Até o fumo, as ruas, o mato As lágrimas e minhas doideiras Caminhos de terra As trilhas esguias Flores de primavera E eu no pior dos dias? Sim, é um triste dia: A ave que voou para eternidade o amigo que deixou a alegria Sim, aqui jaz a serenidade

Soneto onde o tempo parou na curva

Aos meus olhos ela se põe Como uma santa ao devoto Delicadeza que nela eu noto Além do mais que ela expõe Deveras pura é sua tez Me atenho à forma sinuosa Bela, porém, curva perigosa Acidento-me em minha timidez Gosto quando encara sem pudor Não és lá uma santa eu sei Contudo tem tamanho valor Em seu ardente olhar esbarrei Tudo em meu corpo é só calor Confesso, querida: logo me apaixonei