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Soneto onde o tempo parou na curva

Aos meus olhos ela se põe Como uma santa ao devoto Delicadeza que nela eu noto Além do mais que ela expõe Deveras pura é sua tez Me atenho à forma sinuosa Bela, porém, curva perigosa Acidento-me em minha timidez Gosto quando encara sem pudor Não és lá uma santa eu sei Contudo tem tamanho valor Em seu ardente olhar esbarrei Tudo em meu corpo é só calor Confesso, querida: logo me apaixonei

Sempre o mal vence?

O mal dos séculos O grande mal A hipocrisia de perto É a verdadeira moral Os limites da razão demasiados, declinados Do caos tira-se um padrão Julgam-se educados Coitados! Ajuizados! Idiotas! Hipócritas! Inventaram o céu Mas antes o inferno Na verdade são réus Os bandidos de terno O argueiro em seus olhos, de nada impede A trave no do irmão, sua vida se mede O que há de pior ante a falsidade? Com isso, o que pode ser verdade? Moralismo, Julgamento, Hipocrisia, Preconceito, Ódio... Haverá, um dia, jeito? Conto os ponteiros no relógio A eternidade que levará Até o dia em que reinará a paz, a tão utópica paz Que há muito jaz Seja no sepulcro ou em nossos corações

O Samba é foda

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O Samba é foda! Até em tempos difíceis. Contudo povo abre a roda, é a celebração dos ilês. O Carnaval, as Escolas, os Sambas de Enredos... Sentimo-nos como crianças com novos brinquedos. Hoje uma irmã disse assim: "Me sinto uma passista vadia. Sem endereço fixo. No desfile, uma luz que irradia, de alegria e tristeza, um misto. Ora sambando aqui, acolá… Várias paixões, vários amores. O cavaco que faz chorar bem no ritmo dos tambores." O Samba é foda! Ele faz desabrochar. Dá vida, eleva. Esnoba. Porém sem esculachar. O samba é inteligente, é pura atitude. Ancestrais de um continente, Marca da negritude. De Áfricas, Brasis... Diversas nações, religiões. Cultura viva, latente. Comadre, o samba é foda! Espetáculo feito para a gente, mas que a outros, incomoda. (Com Sinome Santos)

SE EU MORRER

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NÃO CHOREM POR MIM. ENFIEM SEUS LAMENTOS NAS SUAS EXTREMIDADES RETAIS! NÃO FAÇAM DESPEDIDAS, NÃO LAMENTEM MINUTOS, HORAS, OU QUALQUER MOMENTO. SE EU MORRER, MORRI! ACABOU, TCHAU! DEU A HORA! É ASSIM... BASTA ESTAR VIVO E BASTA ESTAR NESTA MERDA DE PAÍS, DE CIDADE, DE SOCIEDADE, DE MUNDO.  AQUI: EIS O INFERNO. NÃO SE SURPREENDAM. NÃO SE LAMENTEM. É ASSIM MESMO. BASTA ESTAR VIVO. BASTA ESTAR VIVENDO NESTE LUGAR INSALUBRE, DOENTIO. ONDE QUE O HOMEM É O LOBO DO HOMEM; ONDE A VINGANÇA É LOUVÁVEL, COMO SE FOSSE JUSTO; E O EXTERMÍNIO É CONFUNDIDO COM "SELEÇÃO NATURAL".  NÃO CHOREM POR MIM, EU NÃO MEREÇO. CHOREM POR SI PRÓPRIOS. CHOREM POR SUAS DERROTAS E SUAS PERDAS. PERDAS DE VALORES E JUSTIÇAS. PERDAS DE IDENTIDADES E DE LARES. CHOREM PELA FOME, PELA CHACINA E PELOS INDEFESOS. CHOREM POR EMPREGOS E POR MELHORES SALÁRIOS. ME ESQUEÇAM. NÃO SOU PORRA NENHUMA NESTA MERDA DE SOCIEDADE. NÃO FIZ MAIS POR MERECER UMA VIDA ESCROTA E BANAL, COMO A DE TODOS VÓS. NÃO CHOR

A paz que sucede a guerra

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“Não! Não era vermelha a sua vestimenta!”, “Não pode ser… Era sangue!”, “O príncipe, lutando?” - esses eram os burburinhos dos cidadãos local, que, em fuga, avistavam um alvoroço ao longe. Subindo um monte que cercava a cidade, os moradores se refugiavam para fora dos muros da cidade. O monte, rico em vegetação, também servia abrigo para estes casos. Era bastante provido de alimento. Abaixo deles, ao longe, ocorria uma batalha sangrenta. Tingido de vermelho, continuava o jovem guerreiro e, príncipe, a lutar em defesa de seu povo, de sua nação. Portava um escudo de madeira maciça; nas bordas havia um belo acabamento de prata bruta, muito bem polida, contornando o objeto de defesa na arte militar da época; no centro, inclusive, uma espécie de brasão brilhava feito a luz do Sol. Sua espada era simples, como o próprio portador, apesar de príncipe. Jovem, de alta estatura, tez negra, olhos serenos, porém carregados de fúria, ou seja, o sangue corria em seus olhos naquele momento, u

Vida de Plástico

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Tudo me é possível Basta eu querer para ter: Bens de consumo, materiais Bens não duradouros Coisas legais e ilegais Vindos dos Estados Unidos E de outros matadouros Tenho ideais Tenho amigos Todos parecem ser legais Mas não eu comigo Digo, pois: a razão morreu Assim como a fé Não há ninguém como eu Feito de barro no pé Que ignore o futuro Não lamente o passado Nem nunca diz: eu juro Mesmo quando pressionado Vida de plástico Inserida em um ideal Do grande mundo fantástico Pobre mundo real É como um grande elástico Só que firme ao peso de metal

Rá rá rá...

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Só eu quem acho graça? Da fome, miséria e desgraça. Da gasolina, do ônibus, do pão. E no fim, meu time levantando a taça. Sim, é engraçado sim: O pobre dentro do aeroporto; e daquele mar sem fim de desempregados como loucos. E o que dizer do favelado? Perambulando pelos corredores em busca da licenciatura ou bacharelado. Pasmem, coitados, tentando ser doutores. É para rir, não é? Daquele que nada tem. Seja um calçado no pé, seja a grana para o trem. Estou aqui rindo com o vizinho. Do alto da varanda Gourmet. Apreciando um bom vinho felizmente, rindo de você. Não se sintam ofendidos. Vós sois igualmente f odidos. Sentem cheiro de merda, mesmo com nariz entupido. Uns ganham mais, outros ganham menos. Porém ninguém é capaz, se matam com mesmo veneno.