domingo, 15 de outubro de 2017

É o que convém



1 Um carro, com maior equipamento sonoro, passa tocando música, no último volume;

2 Essa música é de um gênero muito popular;

3 Eu só aprecio música erudita, ou sacra.

Julgo poluição sonora, o episódeo com o automóvel.
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4 Os vizinhos gritam e xingam, quando o seu time ganha;

5 Esse time é muito popular no país;

6 Eu mal acompanho futebol. Simpatizo por um time interior, mal tem torcida.

Julgo inconvenientes/ estúpidos, os meus vizinhos, no que diz respeito ao futebol.
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7 Oração da família, antes de fazer a refeição e/ou antes de ir dormir;

8 Essa religião é a maior do ocidente;

9 Eu sou pagão.

Julgo antiéticos, os familiares. Faltam com respeito ao próximo.
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10 Um grupo agride, vocifera, condena, violenta, quando lê/ assiste a algum comentário político-filosófico que não segue sua ideologia;

11 A oposição a esse grupo é muito expressiva, muito antiga e está espalhada mundo afora;

12 Eu odeio política, acho que o mundo seria liberto de grandes males não fossem estas frentes ortodoxas.

Eu morri queimado. Um grupo me executou devido ao julgamento do outro.
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Existem coisas que a mim interessam também. 
Porém, eu me senti "oprimido" no exemplo
Mas nada pode me impedir de ir além.
De vir a ser um "opressor" em qualquer momento. 
Falta-me oportunidades.
O mundo é aquele que, a mim, convém.

Afinal, eu sou o centro do universo, 
O mundo gira em torno de minha cabeça. 
Sou o correto, sou o reverso.
Dos pensamentos tristes, mas das palavras belas.
Cuidemo-nos, pois não haverá espaço para tanta opressão na Terra.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Vamos, vamos, corre!!!!

O expresso, rápido, a jato, instantâneo, agora, na hora, já... São palavras que soam tão bem, não é? Esperar, aguardar, devagar, lento (pejorativamente chamado de lerdo) e calma, já soam incômodo.

Não se tem tempo para cozinhar uma boa comida na panela (já se faz comida em 3 minutos), imagine ESPERAR um grande amor? (pior que há app’s para ACELERAR esse processo rs); o que ESPERAR do próximo, se HOJE, tudo é EXPRESSO, é FUGAZ?

PONTUALIDADE faz bem, é prazeroso. Mas... Para que RELÓGIO, se a pessoa for livre? Um encontro, ATRASO? Compromisso? Cada MINUTO vale ouro, não é? É mais uma questão de respeito ao próximo, para que este não fique ESPERANDO a sua chegada. Mas ao ESPERAR, a pessoa pode fazer, pensar, outras coisas… Por que não?

Estamos inseridos numa sociedade, numa cultura, em que tudo é resolvido pelo dinheiro (isso é mais do que óbvio, sempre foi assim). Realmente, TEMPO é dinheiro. Mas pense naquele que é desprovido dessa gana, que está longe desse grande mal que é o mercado, que exige a moeda, o dinheiro?

Desejo, requer esforço, requer CORRIDA contra o TEMPO. Ninguém deseja alguma coisa para daqui a 5, 17, 32 anos. Não se sabe ESPERAR um almoço (vide fast food, miojo), não se ESPERAM um amor, imagina algo para daqui à dezena de anos? Queremos para AGORA. O quanto antes. O mundo está ACELERADO por demais e tende a piorar.

O TEMPO que NÃO PASSAMOS juntos, é recompensado com alguns tipos de agrados, ou PEQUENOS gestos. Gestos muito RÁPIDOS, EXPRESSOS. Quase não marcam, quase não se ETERNIZAM. São raros…

Eu tenho um sonho: destruir o relógio. O TEMPO é um fenômeno, eu o respeito. O TEMPO É ETERNO. E como dizia o poeta Renato Russo: “O INFINITO é realmente, um dos deuses mais lindos…” Este não é um malfeitor na nossa vida. Claro que não. Mas o RELÓGIO, e a nossa "cultura da PRESSA”, é quem está matando a nós mesmos.

Podemos apontar o dono disso tudo: a indústria e a mídia. O controle sobre nós. Cada TEMPO que possamos dar-lhes ATENÇÃO, é para eles, ótimo. A novela tem HORA certa, o filme, o esporte. Somos dependentes desses HORÁRIOS. Existe hora para ver filme? Existe, de coração, HORA para se ver um programa na TV? Ou existe você? Você é a PRIORIDADE. Você é o valor, e o TEMPO. Você É! Destrua a TV e o relógio, serás feliz.

Ouve-se muito e, se vê também, a frase “faça você mesmo”, “com apenas um toque”, “não é necessário nenhum esforço”, geralmente são produtos ou alguma coisa para ser feita no lar, etc. Você GANHA TEMPO no lar, fica MENOS TEMPO, faz MENOS ESFORÇO em casa, para que, na rua, no comércio, ou no fast food, no shopping você se esqueça que existe RELÓGIO. Com isso, você, inconscientemente, esquece que existe vida, que existe natureza, que existe um mundo natural, não feito por homens, indústria ou TV, lá fora.

O trabalho também APRISIONA-te no TEMPO. No trabalho, o RELÓGIO só gira em favor do patrão. Não há liberdade; não há LIMITES. O TEMPO que ficares na empresa, no escritório, é maravilhoso para quem contabiliza suas cifras em cima de ti. O DEVAGAR, pode ser um grande aliado à PRESSA. É surreal, mas é compreensível. Podes realizar uma produção em 2 SEGUNDOS, mas que seu DIA na firma seja de mais de DOZE HORAS. Portanto, “não tenhas PRESSA! Podeis sair daqui a HORA que quiserdes, mas CORRAM com este trabalho”...

NÃO ESTOU COM PRESSA EM ACABAR ESSE TEXTO. QUANDO EU QUISER, DAREI CONTINUIDADE.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Vamos perguntar à arte?

Uma das coisas que li recentemente e que, mudou minha vida, foi uma coisa muito simples e de poucas palavras: “Só o ser humano produz cultura”. Resumindo ai, bem superficialmente, assim que li a palavra “cultura”, esta, de pronto, me remeteu à arte. Sempre tive em mente, que arte e cultura eram a mesma coisa. Mas há uma diferença grande entre a arte e a cultura. Uma está inserida em outra, de fato. Mas eu gostaria de me limitar, bem mesmo, somente à arte. O meu primeiro questionamento, ou uma forma filosófica de se pensar arte, foi esta:

A arte tem o poder de:
Um: À vida, imprimir a morte;
Dois: Dar à morte, vida.
  1. Um quadro de Cézanne.
1. Alguém pode me dizer se a Monalisa (“Mona Lisa del Giocondo”, obra de Leonardo da Vinci, 1503) está viva naquele quadro? Se sim (quem iria pensar nisso? Mas tudo bem...), ela pensa, ela fala, respira, cria alguma coisa?
2. E as frutas, de Cézanne, na pintura “Still life, Jug and Fruits”, 1893-1894, elas não são tão reais, que queremos pegá-las e comê-las? Com alguns pincéis e poucas tintas, os crânios em “The Three Skulls”, 1900, do mesmo pintor, não são tão reais que amedrontam?

Arte… O que nos enxergamos como arte, afinal?

E o nu, que tem causado asco, recentemente. A nudez que agride e ofende a alguns. Mas nudez é uma forma de expor o corpo humano. Ou melhor, a nudez é nossa primeira natureza. A natureza do nosso físico, a matéria. O que leva à sociedade pensar que o nu é ofensa, ou pornográfico? O que está educando a essa sociedade, quem educa a quem, a ponto desse povo temer a nudez?

Arte… Porque tememos-na tanto?

As “revistas masculinas”, são as mais vendidas das bancas de jornais. Há nudez. Porém há apreciação. “O corpo nu, é belo!” - há quem o diga. Há quem colecione estas revistas. Seria erotismo, pornografia, ou apenas fotografia de um corpo desnudo?
Quem vê esta arte, tem a mesma intenção ou, interação, do artista que tirou tais fotografias e também da pessoa que cedeu seu corpo para tal?

A arte então seria um meio para se ofender, agredir ao próximo? Ou, a arte é como a justiça, cega. E não vê a quem, apenas é?
A arte apenas fica exposta e quem a traduz, quem a percebe e define, são as pessoas? Quais tipos de pessoas?

Quem nunca viu arte, está preparado, vamos assim dizer, para receber as primeiras impressões de uma música barulhenta, um objeto retorcido, ou um quadro surrealista, ou até mesmo um corpo nu, sem expressões?

A arte deve ser controlada, censurada, e ter somente uma intenção? Quem iria definir e controlar sua intenção, e sua exposição?

Seria uma ciência, os filósofos estudiosos no assunto? Ou seria o povo, todo e qualquer cidadão?

De quem é a arte, para quem é a arte?

Caso a população decida julgar o que é arte de fato, esta poderia estar de forma justa, definindo a arte somente, ou os seus traumas, seus pavores, suas afeições, seus preconceitos, seus costumes e suas morais, estariam embutidas nas críticas artísticas?

Qual sociedade estaria olhando para a arte? A dominada ou a dominante (elite)?

O que seria a arte, para uma sociedade cujo o controle é de uma classe que vive no topo do sistema financeiro-econômico? O que é arte, para aqueles que são a base dessa pirâmide, que subsistem nesse sistema?

E também, a posição política influi na arte? Uma pessoa extremamente conservadora, contrária à mudanças, vê uma pintura surrealista, ou ouve uma música contemporânea, da mesma forma que uma pessoa liberal, excêntrica?

Uma vertente política pode se apropriar da arte em si? A arte pertence a um grupo da política, dita de “direita”, ou a arte é da “esquerda”? Se sim, quem faz o que? Quem expõe o que ao público? Qual público? Com intuito apenas político, ou um forma de doutrina?

A arte é gosto?
A arte é apenas um olhar?
Arte é qualquer coisa, um objeto exposto?
Arte é perfeição, uma obra que devemos amar?

Um risco, à lápis, azul, numa folha perfeitamente branca, pode ser considerado arte? E esse risco, multiplicado por mil, numa tela, com outras cores em harmonia, pode-se considerar arte? Por exemplo, Catedral de Rouen, de Claude Monet e outra pintura da mesma catedral. Mas estes exemplos, aos olhos de quem? Da elite, uma classe dominante, ou de um simples cidadão?

Esses olhares dependem da cultura de cada povo, ou a arte é a mesma tanto para um siberiano, quanto para um parisiense? Ou melhor, o que é arte para um siberiano, e o que é arte para um parisiense? Tente visualizar onde vivem, as peculiaridades de cada sociedade, tanto da siberiana, quanto da parisiense. E o que eles produzem, o que vêem e o que ouvem...

E uma música, cuja sinfonia instrumental soa serenamente, é melhor do que uma música eletrófona, quase sem nenhuma pausa perceptível? A música é feita de sons e silêncio, notas músicas com suas devidas alturas e pausas, basicamente. E se uma pessoa qualquer se deparar com 4 minutos e 33 segundos de silêncio, isso poderá ser classificado como música? Sugere-se então que se ouça, ou busque informações sobre a música (sim, uma música), 4’33”, do compositor e maestro, John Cage. A música possui partitura, há  apresentações e houve, pelo autor, a gravação da mesma. Então, a pergunta retorna: silêncio é música? Ou melhor: existe realmente, àquele que possui a faculdade da audição, o silêncio? Por mais que a 4’33” seja executada somente com pausas, ainda assim deixamos de ouvir as coisas ao nosso redor? Esta obra, de John Cage, deve ser considerada arte?
E por falar em música, o instrumento musical, além de produzir sons maravilhosos, (ou não), pode ser considerado, materialmente, uma obra de arte? Um Violino, sem produzir som, em repouso numa prateleira, por exemplo; sua madeira, suas medidas, os cortes, cada detalhe, visualmente é uma obra artística?

Seria obra de arte, um instrumento musical, para quem nunca o tivesse visto antes? Mesmo não sabendo sua utilidade? Se sim, um instrumento musical, que não produz música, pode imprimir arte àquele que o observa?

Retornando à 4’33”, de John Cage, todo o conjunto da obra, todo ambiente, um lindo piano de cauda, traje a rigor, uma sala de espetáculos, e claro, espectadores, mas a produção artística seria apenas o silêncio; um piano lindíssimo, relativamente, um objeto caro, projetado naquele momento para não produzir som nenhum, seria considerado um espetáculo visual, e arte, no que se refere a música?

Uma questão também muito importante, que devemos tratar junto a arte, é sobre alguém que tenha perda severa/ profunda de audição, não consegue ouvir música, obviamente. (Mas não se deve julgar ou muito menos impedir àqueles que possuem surdez de ir a um espetáculo musical, ou um simples show de rock, não é?) Então, como os ouvintes, entendem que o surdo está “ouvindo música”? Geralmente quem está produzindo música, é ouvinte, um tanto óbvio isso. Mas apesar de o surdo não ouvir, eles possuem outros sentidos também. Muitos surdos exprimem o entendimento da música através de luzes rítmicas, ou simplesmente pelo deslocamento do ar, causado pelas caixas de som, ou pelas “peles” dos bumbos, ou instrumentos de percussão qualquer.

A arte é limitada? A arte é apenas para alguns? A arte apenas é “alguma coisa” e, nós, que a percebemos, que a fazemos e, a entendemos, à nossa maneira?

Uma coisa importante e interessante a ser feita, em relação às simples perguntas sobre a arte e demais assuntos que permeia a isso tudo, é, no momento em que se obtém a resposta, pensar também em algo inverso, antagônico, literalmente. A arte não deve ser pensada somente numa direção, ou em favor dos ventos. Não! Ela deve atingir a tudo e a todos, de diversas maneiras. Devemos pensar em arte, mas acima de tudo observar; puramente, “cegamente”, livre de todo preconceitos e pré-julgamentos; não se deixar levar por um belo sentimento, a priori, e nem levar, ainda a priori, nenhuma má impressão. Arte é complexa? Muito mais complexa àquele que a observa, ou o seu observador que é complexo diante de um objeto simples de observação?

Eis a arte… Ela é, e não é ao mesmo tempo. Transcende, transforma, destrói, deforma. Uma coisa se sabe sobre a arte em geral: ela causa. Disso todos temos certeza. A arte existe, ela está ai desde tempos remotos, até hoje. A cada minuto. Arte, seja ela abstrata ou, tão material e real como a nossa própria vida, é, existe. Basta que tenhamos nossos sentidos para percebê-la.

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

O poder que eu quero

Eu queria poder;
eu queria ao menos querer;
Quando não posso, eu quero,
quando quero, não posso.
O poder, só a um é dado.
E o querer, é inexplicavelmente caro.
Este é o poder/ querer físico, material...
Um ser espiritualizado, nega a isso facilmente.
Poder, querer…
Pensar, fazer…
A tudo, posso.
A tudo, quero.
Finalizar a obra antes do esboço.
Contar todas as estrelas sem sair do zero.
O poder do pensamento.
O querer imediato.
O pensar que sucede um sentimento.
A práxis que transcende o abstrato.
Quero andar para trás, olhando para frente;
dormir em pé, acordar deitado;
tomar banho de Sol e me secar na chuva.
Não só existe o querer, mas também, o poder.
Eu quero tudo,
eu posso tudo:
Fazer das flores, minhas palavras,
espantar todos os males do mundo.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A busca do rigor e o estilo

A busca do rigor e o estilo.

“Os discursos que determinam o estatuto e o objeto das artes não são unânimes nem constantes. Sua segurança enquanto critério de julgamento já pode ser, num primeiro tempo, questionada: eles podem ser contraditórios tanto na atribuição do estatuto da arte quanto na determinação da hierarquia”. (COLI, JORGE. O que é arte. Ed. Brasiliense: Sao Paulo, 1995).
Há de fato, uma noção, em certas obras, seja cinematográfica, seja musical, ou visual, de permanência de estilo, ou padrão e há também uma notória evolução ou, qualquer modificação, no trabalho de algum artista. Cada qual possui suas peculiaridades, seus estilos e, por gosto, tradição ou orgulho, os mantém até o fim. Há outros que naturalmente mudam suas linhas, suas percepções, mas isso não pode ser visto sempre como ruim ou, em contra partida, como algo evolutivo. É uma situação neutra. Alguém que foi se deixando levar pelo tempo, por sua era, ou influência de novos artistas.
Sobre a citação de Jorge Coli, há de se concordar que o julgamento na arte pode ser contraditório e pecaminoso na questão hierárquica. Então a crítica, ou algum critério de julgamento, também deve ponderar ao que é permanente, ou o que veio a ser um ato contínuo, harmonioso, que deu luz à uma grande novidade. Há sempre dois viés que precisam ser analisados com minúcia. É algo um tanto paradoxal, pois a arte se define, digo superficialmente, em manifestação/ expressão da subjetividade humana, ou pode-se dizer, uma atividade realizada de forma consciente, controlada e que seja coerente, racional. Tudo bem que não é qualquer coisa que pode ser tida como arte, mas o que pode ser considerado arte? O belo, o perfeito, o agradável? Por isso esse complexo em dizer que tal obra é melhor que outra, ou mais bonita; que o trabalho de um artista é pobre em detalhes etc. Mas ainda assim belo ou não, não a arte não seria a expressão da cultura, a imaginação humana que ganha forma?
No exemplo da arte cinematográfica, temos filmes de alguns diretores que trazem suas marcas registradas. Jorge Coli cita Alfred Hitchcock. O diretor possui estilos próprios em seus filmes. Elementos que são suficientes que não nos deixa dúvidas sobre seus trabalhos: “esta obra é de Hitchcock”. Enquadramentos, música, atmosfera, etc. O mesmo se dá com outro diretor que, particularmente, aprecio muito: Woody Allen. Seus filmes são carregados de diálogos, muitas críticas, psicanálise e cotidiano; outro ponto que é sobre uma questão mais técnica: há um estilo de filmagem que só ele possui. É sua “identidade visual” (estilo). Sabe-se de cara que o filme é de Woody Allen. Há filmes em preto/branco, outros “carregados” em sépia; os cenários, por ele escolhido (marca registrada), romantizam qualquer situação, além do estilo de comédia que também é de praxe (e, diga-se de passagem, seus filmes ficam melhores à medida que ele envelhece). E o que falar da “fotografia”, ou as cores do cinema de Almodóvar? Todos testes diretores têm seu brilho, seu aspecto, mas nem por isso, um é melhor que o outro. São apenas visões de mundo, do abstrato, ou de uma sociedade, de um indivíduo, de formas diferentes.
Apesar das marcas diversas deixadas por cada diretor, há neles também um amadurecimento, uma evolução, conforme o tempo vai passando. Isso é natural. Todos nós, enchemos-nos de informações. O mundo a cada dia, parece uma máquina de fazer novidades, criar coisas e situações novas. Não há como parar no tempo. Se não pode considerar evolução, pode se dizer que seja uma inspiração, um propósito maior, que tenha levado o artista a experimentar um estilo diferente, que tenham deixado suas “marcas” de lado.
Além da citação no primeiro parágrafo deste texto, há outra importância sobre um trecho de Jorge Coli, na página 24, que é o fato de uma obra ser tida como melhor que a outra, eis: “além disso, a própria idéia de critério aparece como um esquema que perturba nossa aproximação da arte. Sabedores de que Calixto é menor do que Leonardo, dispomo-nos sumariamente a exaltar o segundo e a menosprezar o primeiro”. Diz mais adiante o autor, sobre o discurso da arte crítica, que esta carece objetividade. Com isso a crítica em si, ou até os apreciadores da arte em geral, buscam, frequentemente, por um rigor de estilos. Isso pode engessar a arte, ou a crítica que se faz dela.
Mudando o foco agora para a música, a presença de estilo, ou dessa insistência em alguma peculiaridade, se torna mais fiel. Exemplo, uma banda de rock, ou um trio musical regional, um compositor de samba, costumam manter seus estilos até o fim. A inconfundível guitarra de Carlos Santana, e também de Pepeu Gomes; o acordeão de Luiz Gonzaga, o rei do baião; o violão no samba de Agenor de Oliveira, Cartola. Mas não podemos dizer o mesmo do maestro Villa Lobos, que atravessou períodos diversos do país, inclusive regiões do país, onde a cultura era distinta uma da outra, e escreveu obras desde o modernismo, impressionismo até o popular, chorinho e samba. Desta forma que é dada a existência do estilo.
E por falar em estilo, de onde ele surge? Foi inspirado, ou serviu como inspiração? Pode-se dizer que Villa Lobos, se inspirou em algum compositor clássico, ou sua genialidade (que é fato), nasceu consigo? Luiz Gonzaga e o mestre Cartola, por exemplo, não tinham noção nenhuma de teoria musical, este último, mal sabia afinar seu violão. Foi através de Villa-Lobos que, então, Cartola passou a afinar seu instrumento através de um diapasão. A composição de obras tão lindas, letras tão sublimes e melodias, harmonias tão doces. Como pode, sendo que este homem só tinha concluído a antiga primeira série? E além disso, Cartola não sabia afinar um violão? Não! Ele não sabia. O sr. Aluísio Dias (1911 - 1991), violonista e compositor da velha guarda da Mangueira, cita uma situação entre Cartola e Villa-Lobos, reforçando a falta de conhecimento teórico do artista do morro da Mangueira, em (PAZ, Ermelinda Azevedo. Villa-Lobos e a Música Popular Brasileira. Uma visão sem preconceito. Rio de Janeiro, Arte & Cultura Produções LTDA., 2004. 1ª edição, pág 84):
[...] O maestro aceitava o Cartola como era e admirava muito suas músicas. Ele ouvia o Cartola e dizia: ‘Mas como é que pode, às vezes está tudo errado, mas é tão bonito.
Como Cartola sabia que estava bela, a sua canção? De onde vinha seu estilo? Realmente, há inspiração, há uma série de apanhados de estilos, que podem se mesclar num só. Seria o caso de Cartola, e/ou Luiz Gonzaga?
O estilo, portanto, deve ser algo imutável? Ou mesmo que não se queira, ele se altera naturalmente com as épocas, com as culturas? É algo que se deve considerar.  E é bom lembrar, Jorge Coli, novamente, na página 28, “...a obra de arte não se reduz ao estilo”.
Gostaria de expressar um fato pessoal, e apesar de não ser nada formal, ou profissional, nem de nenhuma excelência, mas na questão da composição (arte escrita), e visual (a pintura, desenho), eu, particularmente, por experiência, não obtive nenhuma influência artística, tanto para escrever, quanto para desenhar. Seria uma influência metassensível, ou metafísica, segundo Platão?
Um profissional, amigo meu, desenhista, disse que minha “técnica”, ou “estilo”, seria a de “desenho acadêmico”. Eu nunca soube o que era este estilo. Há pouco tempo uma amiga pediu sua caricatura, eu não soube fazer, então a desenhei no “meu jeito”, e ela como já tinha noção de desenhos, à mão livre, me disse: “fizeste um desenho artístico. Podes se dedicar ao realismo, terás excelentes resultados”.
Eu possuo um estilo. Isso é fato. Mas será que amanhã, ou depois, conseguirei realizar um estilo diferente de desenho? Com treino, sim. Mas serei influenciado por algum artista já consagrado? E isso, por acaso, reduzirá o meu estilo de fazer arte, ou seja, a influência piorará minhas pinturas? Eu percebi que pude evoluir, na questão estética. Então, uma questão: isso, pode fazer com que minhas obras, humildes desenhos, sejam considerados obras de arte?
Ou, por exemplo, na arte da composição. O que escrevo será que é uma influência, uma cópia de algum autor? Mas como se nunca li nenhum poeta, ou texto lírico? O que classifica o que escrevo como poesia? Enfim, são estilos e análises, discursos que determinam o estatuto e o objeto de arte ou, um critério de julgamento por parte de um especialista, é quem podem definir mais acuradamente.
Há também o senso-comum, que pode aceitar o que é arte ou não, dependendo do impacto que a obra cause. Isso dependerá muito do rigor com o que é medido uma obra de arte e a afeição, ao estilo de cada autor, perante seu trabalho. Arte: expressão de emoções e idéias... À ela, caberá o período, as circunstâncias - presentes em cada cultura -, a questão estética e a sua real intenção de fato. Ela é dual, pode ser e não ser ao mesmo tempo.

Referências bibliográficas:
COLI, JORGE. O que é arte. Sao Paulo, Ed. Brasiliense, 1995. 15ª edição.

PAZ, ERMELINDA AZEVEDO. Villa-Lobos e a Música Popular Brasileira. Uma visão sem preconceito. Rio de Janeiro, Arte & Cultura Produções LTDA., 2004. 1ª edição.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

O futebol e nossa "arte"

O futebol em si é uma arte.
Uma partida de futebol é um espetáculo.
Artistas são os jogadores,
ainda a torcida também.
Há performance em campo,
nas arquibancadas há música.
É tudo uma verdadeira exposição artística.

Mas à cada partida um torcedor morre.
Seja assassinado, seja por uma fatalidade qualquer, por descuido dos órgãos competentes.
Perde-se vidas, gera-se ódio
Quando não morre alguém, há agressão física de todo tipo.
Se xinga mais do que se grita “gol”;
se briga, mais do que se comemora;
até na comemoração aparece gente morta.

Há investimentos fortíssimos do governo, da TV e de empresas privadas para que este espetáculo seja cada vez mais belo e atrativo
Isto é arte… Futebol é paixão, é vida! (e morte também).

Eu ia gostar muito de ver o dia que uma ONG, um Movimento, o BrasiL, a população fechasse um estádio. Eu ia começar a entender certas coisas, se a grande maioria protestasse em frente a um estádio logo após uma pessoa ter sido assassinada, sofrido qualquer violência.
Eu ia me dar por satisfeito no dia em que não houvesse mais partidas de futebol justamente por conta da violência animalesca e gratuita que há em todas as partidas, dentro e fora de campo, diga-se de passagem.

EU NÃO VOU NEM COMENTAR DOS UFC's DA VIDA... DESTE TIPO DE A_R_T_E__M_A_R_C_I_A_L. NÃO VOU PERDER MEU TEMPO PENSANDO NESTE TIPO DE ARTE. MAS...

Se uma pessoa nua em uma performance é motivo de estopim para o caos social, ou uma exposição artística, o que dizer do público ou dos verdadeiros “artistas da bola” que se degladiam, se sangram e se matam, na frente de crianças, de pais e mães dentro e fora de estádios de futebol?

“Mas o futebol não promove violência. O futebol é um esporte! Quem comete violência são as pessoas, as torcidas, etc”
Sim!

O mesmo digo sobre uma exposição artística numa galeria, ou uma performance num museu: quem comete o crime, quem vê maldade, quem interpreta e julga conforme seus valores e costumes, é única e exclusivamente o expectador. A arte e o artista, não matam, não cometem crimes. Por exemplo: podemos julgar aquele ator vilão por incitar à violência, ou fazer apologia a algum crime? (o caso de uma novela onde há um traficante e sua mulher). Atores que interpretam, devem então receber julgamento por sua nudez diante das câmeras? Aquela dança sensual que cansamos de assistir aos domingos na TV aberta; "na boquinha da garrafa…", "Pau Que Nasce Torto", "Pimpolho" ... ; e aquela banheira que aparecia muito numa rede de TV paulista, em que "artistas" de sunga e biquínis, tinham de pegar um sabonete numa banheira minúscula cheia d'água? Eles foram censurados por aquilo que fizeram? Pediram a prisão deles? Ninguém nunca pensou em reclamar. Mas por que agora? Por que é que agora tudo é apontado como crime, e este mesmo crime é dado sempre ao mesmo "réu"?

Enfim... Quem não quer morrer, não vá a um estádio de futebol em dias de jogos; quem não quer se chocar, ou se sentir invadido, desrespeitado, que não vá ao Teatro ou ao museu, ou qualquer exposição artística; quem não quer ver putaria disfarçada na TV, com músicas de duplo sentido, com fortes conotações sexuais, eróticas, que vá ouvir rádio de música erudita ou ler um livro sagrado.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Algumas considerações



Não temos identidade
Colonizados, nós somos
O estado não é laico
Incomoda, o diferente, a nudez, o profano...
Tudo é dominado pelo arcaico

Querem vestir o nu
Querem "clarear" a sociedade
Os índios, querem catequizar
Querem acabar com a diversidade
Os pagãos, querem matar

O sagrado não é um corpo, mesmo que nu
O sagrado são: roupas, vestimentas, indumentárias, a batina, o terno, o ouro, a joia, a coroa

O sagrado é o certo, o profano o errado
Certo é você se curvar, obedecer
Errado é você escolher um lado
Um belo mundo onde não se pode viver

Apolítica

Um ato de violência política não revela apenas um crime de uma ação isolada. Ele expõe a fragilidade de nossas crenças políticas. Depois dos...