domingo, 2 de novembro de 2014

O espírito imortal.




Hoje é dia dos finados. Respeitemos todos aqueles que estão vivendo fora do corpo material. Tenhamos ótimas lembranças ou, no mínimo, respeito. 


E sobre este dia queria lembrar um diálogo de Sócrates (Atenas, c. 469 a.C. - Atenas, 399 a.C), do livro Fédon de Platão.

Na véspera da execução, conseguiram seus amigos subornar o carcereiro (desde aquela época já existia essa prática), que abriu a porta da prisão. Críton, o mais ardente dos discípulos, entrou na cadeia e disse ao mestre:
- Foge depressa, Sócrates!
- Fugir, porquê? - perguntou o preso.
- Ora, não sabes que amanhã te vão matar?
- Matar-me? A mim? Ninguém me pode matar!
- Sim, amanhã terás de beber a taça de cicuta - insistiu Críton - vamos, mestre, foge depressa para escapares à morte!
- Meu caro amigo Críton - respondeu o condenado - que mau filósofo és tu! Pensar que um pouco de veneno possa dar cabo de mim ...

Depois puxando com os dedos a pele da mão, Sócrates perguntou:
- Críton, achas que isto aqui é Sócrates?

E, batendo com o punho no osso do crânio, acrescentou:
- Achas que isto aqui é Sócrates? ... Pois é isto que eles vão matar, este invólucro material, mas não a mim. EU SOU A MINHA ALMA. Ninguém pode matar Sócrates! ...

E ficou sentado na cadeia aberta, enquanto Críton se retirava, chorando, sem compreender o que ele considerava teimosia ou estranho idealismo do mestre.

No dia seguinte, quando o sentenciado já bebera o veneno mortal e seu corpo ia perdendo aos poucos a sensibilidade, Críton perguntou-lhe, entre soluços:

- Sócrates, onde queres que te enterremos?

Ao que o filósofo, semiconsciente, murmurou:
- Já te disse, amigo, ninguém pode enterrar Sócrates ... Quanto a esse invólucro, enterrai-o onde quiserdes. Não sou eu... EU SOU MINHA ALMA...

E assim expirou esse homem, que tinha descoberto o segredo da Felicidade que nem a morte lhe pôde roubar. Conhecia-se a si mesmo, o seu verdadeiro Eu. Divino. Eterno. Imortal...

Sócrates assim como seu discípulo, Platão, tinham a ideia de que a alma é imortal.

Platão dizia que a Alma é o sopro vital, presente em todos os seres. É definida como aquela que tem capacidade de mover por si mesma. Está dividida em três partes: a racional, localizada no cérebro. O ímpeto, localizado no peito. Os apetites, localizados no ventre.

Morrer para o filosofo é libertar-se do cárcere do corpo.

O corpo como túmulo da alma, significa que o corpo e a alma são duas existências distintas. Uma existência aparente (corpo) e uma existência real (alma). O inteligível (alma) é capaz de conhecer por meio das reminiscências, e o sensível (corpo) participa do inteligível.

Há uma separação entre corpo e alma, sendo o homem um misto, e não uma unidade desses dois aspectos. O aparente se altera, morre e o inteligível permanece, pois é uma realidade estável.

(...) 

O material (corpo) é modelado, é o que recebe a essência ou forma divina, se altera e se destrói. Essa alteração é como uma resistência à informação divina, o que justifica sua destruição e morte.

Então meus queridos, eu não creio que NÓS possamos morrer de verdade, ter um fim. Não! Isso nunca me passou pela cabeça. (Relembrando Sócrates: Ninguém pode matar a mim, eu sou minha alma, sou imortal...)

Reflitamos sobre este dia e esvaziemo-nos de angústias, remorsos, raiva, indignação, incompreensão e pensemos somente em paz, amor, harmonia e fraternidade por nós e pelos que já deixaram a matéria.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A canção





Poderia o céu na escuridão se eternizar.
Da terra, nada mais florescer.
O teu esplêndido amor vem me acalentar.
Tornar-me digno e inspirado em viver.

És como uma linda canção que chegou em meus ouvidos.
Perfeita voz em doces entonações.
Harmonias vibrando sons divertidos.
Música para alegrar os nossos corações.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Medo ou pessimismo?




O que eu temo?
Por que eu tenho medo?
É só porque eu não sei o que vai mais acontecer?
Nem nos próximos sete minutos?

Ou melhor, sei sim!
São sete para a meia-noite.
Está nascendo o melhor dia da semana, a sexta-feira.
E o que eu tenho a temer?

Só por que eu fui ignorado?
Ou por que eu não fui convocado?
Ou por que fui esquecido?
Ou, simplesmente, demitido?

Justamente agora que minha paixão aflorou?
Não consigo mais sorrir, já estou sem força para chorar.
Minha tosca alegria acabou.
Voltarei à profunda imensidão do mar.

É lá onde ganho forças.
Onde tudo ouço e enxergo.
É o lar que eu chamo de paraíso.
E o paraíso que tu chamas de inferno.

Por mim o mundo pode terminar agora.
Não quero nem saber da morte.
O que me resta vagar o mundo afora?
Sozinho, estou jogado a própria sorte.

Eu já fiz muitas coisas inúteis.
Confesso que foram bem legais.
Desde grandes brincadeiras fúteis.
Até pequenos trabalhos geniais.

Se isso é bom ou não, não sei. (creio que não).
Me tornou um ser humano introvertido, esquisito.
Amedrontado, desconfiado, com delicada perturbação.
Do tamanho de um touro e a sutileza de um mosquito.

Sete minutos se passaram.
Agora sim germinou o melhor dia da semana.
Não sei por que os medos terminaram.
Voltarei a viver da luz que da lua amena.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Da Alma




 


Da Alma

O grito da alma mais silenciosa
Externa-se da forma mais misteriosa
Imponente e vigorosa
Que nem mesmo a mãe
De todos os sons já produzidos
Suportaria tal efeito
Se realmente fosse assim
Essa pobre alma
Atordoada, jazeria no leito
Mesmo em seu estado perfeito
Tal sonoridade
De forma majestosa
Preencheria todos os espaços
Deslustrando essa esfera rochosa

A dor da solidão 
É como a apavorante imensidão
Não tem dimensão
É um turbilhão de estrelas brilhando em vão
De Luas e de Sóis
Porém, de um céu finito, esquisito
Que por acaso termina
Debaixo dos meus lençóis
Este que entende meus prantos
E se ensurdece tanto
que até se esquece
O funesto tema de minha dor

As vezes preciso acender um letreiro
na fronha de meu travesseiro
irritantemente, indicando:
"Hoje não está dando, meu senhor!"
A dor, ainda mais me consome 
Aquela que se embebeda de minha acidez
Toda vez que eu, em plena lucidez
penso em todos vocês 

Em minha face as lagrimas dançam 
Ao deleitoso som de uma valsa sombria 
Enquanto que meus olhos 
Fecham-se a luz do dia 
Já não possuo força
Nem para lutar 
em meio a tanta zombaria 
Pareço estar numa forca 
Mas preciso lutar
contra o exercito da tirania

O tormento vem como a uma pesada artilharia 
Quero fugir! Me esconder!
Mas o ócio me impediria 
O que me resta em me entregar e "morrer"?
Assim eu queria 
A física, eu desdobraria 
Burlaria-a!
Mas sei que nem a morte para mim sorriria 
Isso eu até queria 
Mas o jeito é sofrer
Viver e não perecer
Não parar e sim lutar
Eu sei...
Disso tudo eu riria 
Vou deixar acontecer 
Como um dia após o outro, vou viver 
Mesmo preso fisicamente em meus lençóis 
Mas minha mente vai correr
montado num casal de caracóis
Eis-me na próxima galáxia
Na próxima estação
Na próxima explosão
da mesma forma como tudo começou

Nos dias da noite 
Das noites, o dia 
Assim eu o faria
Dia à dia
Percorrendo, todavia o espaço 
o infinito que me apraz
Deus, em seis dias o fez

Ah, como eu queria
Fugir para o céu
Apreciar-vos ao léu
Enquanto vocês riem daí
Daqui eu desdenharia 
Sim, gargalhem! 
Não de deboche, 
ou muito menos de alegria
Mas de falsidade, eu diria 

Bom dia!




Bom dia,
Flor que me encanta,
De pétala branca e macia.

Com o amor que tu emanas, sinto magia.
Exalando de sua pele suave,
  A mais pura energia,
Que me prende às sete chaves.

Me envolva,
Com seu deslumbrante e tenro aroma.
E me cure do mais terrível sintoma,
Da ignóbil paixão que me toma.



Apolítica

Um ato de violência política não revela apenas um crime de uma ação isolada. Ele expõe a fragilidade de nossas crenças políticas. Depois dos...