Mundo Vadio




Nas entranhas deste mundo tão vadio e vasto,
A vida desfila, indiferente ao nosso desgosto.
Ela não tem a obrigação de ser benevolente,
E nos lembra com crueldade do que é iminente.

Relações, intricadas teias de ilusão,
Nos envolvem em expectativas de decepção.
As imperfeições humanas se revelam em cada momento,
E as promessas de felicidade são um mero desalento.

O desconforto espreita nas sombras da existência,
Nosso controle é uma ilusão, uma falsa potência.
Nada, absolutamente nada, perdura no tempo,
A transitoriedade é a única constante nesse firmamento.

Viver, oh doloroso fardo que carregamos!
Um constante lamento, um peso que somos.
Enquanto a angústia permeia cada instante,
O mundo ao redor segue alheio, indiferente.

No espetáculo da vida, o que é mais espantoso
é a inconsequência da existência, o caos tenebroso.
Pois tudo o que buscamos, tudo o que desejamos,
parece desaparecer, como brumas que se dissipam ao vento.

A grandiosidade dos nossos sonhos e planos,
Desvanece-se como sombras em raios atinais.
E diante desse abismo de ilusões e desencanto,
Somos meros anfitriões de um velório aos prantos.

Ó mundo, és surdo aos nossos clamores!
Ignoras nossas dores, nossos amargores.
Enquanto enfrentamos a insondável escuridão,
tu prossegues, impávido, em tua indiferença, em tua imensidão.

Assim, caminhamos nessa jornada melancólica,
onde a tristeza nos envolve, como uma névoa etérea.
Enquanto buscamos sentido nessa existência incerta,
encontramos apenas a fria resposta: a vida é deserta.

Que nossas lágrimas se misturem às águas revoltas;
que nosso lamento ecoe pelas montanhas mais altas.
Pois somos pequenas criaturas, presas ao destino,
neste universo vasto, indiferente ao nosso caminho.

Em meio à melodia triste do ode ao pessimismo,
Afundamos‐nos nas notas do nosso próprio abismo.
E que entre as síncopes da vida encontremos um espasmo,
Um vislumbre de força, num mundo tão desdenhoso e áspero.

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