Terror noturno




O que eu sinto?
O que me toca?
Talvez um certo instinto,
um medo que me corta?

Um abrupto pesar
Porém intenso medo
Não consigo respirar,
nem guardar segredo

Tudo me corrói,
me alucina
Medo que destrói
Terror que me atina

Não tenho coisas bonitas pra contar
Por mais que as tenha,
é possível me sabotar
Não há paciência que me detenha

Meu pavor acordaria os mortos
O grito ecoaria nos confins
Deterioraria os corpos
Os anjos fariam motins

Já estou acostumado
Sonhos, nem tenho mais
Dessa dose estou viciado
Pavor, ao invés de paz

O vento me confunde lá fora
Parece passos, traços, anúncio
Ouço coisas ou está silêncio?
De lugar nenhum quero ir embora

Sim! Quero fugir, mas de que?
De todos, do meu próprio ser?
Eu não estaria livre, certamente
A solução seria não nascer

Depois do breve espetáculo
Uma mão invisível surge
Me põe num receptáculo
E a passageira paz urge

Nesse eterno ciclo resido
Nesse breve embate sigo
Ora surge o anjo Clonazepan
Ora me vejo eu comigo

Não há luz no fim do túnel
Não há palavra, nem sentido
Há o gosto amargo do fel
E a hora do meu eu inimigo

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