sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Onde estamos?





Enfim, ao inferno cheguei
Tudo aqui me é familiar
logo percebi e estando cá
Não muito me abismei:
Do famoso lugar de onde vim
Igualmente aqui tudo é afim

Eis o inferno, portanto
Onde se há discursos fraternos
amigos sinceros, mas muitos prantos
É um explorando o outro
Esteja de trapo, uniforme ou de terno
A maldade está nos quatro cantos

Visando apenas o próprio bem
o acúmulo de riquezas é a meta
Não é daqui que as facções vêm
nem os profetas, nem os poetas
Ou qualquer sociedade secreta
Pois as coisas aqui são abertas


Tudo às claras, transparentes, brancas
De “boa intenção” têm tantas
Ludibria-se a quem aqui manda
Todos roubam, são corruptos
Aliciam, desvirtuam, são sujos
Por qualquer coisa matam

Há também aqueles “isentões”
Pregam a paz, geram revoltas
Mas tudo por alguns milhões
Sejam de "likes", grana, "visualizações"
Estes motivam findar o sistema
Até que seria muito legal

Imagine! Ao inferno dar um fim?
Só que não, não será assim
Outros o assumirão de forma natural
A tudo que lhes convém promovem
Todos igualmente anseiam o poder

Por ele matam e até morrem

Pense: estar no controle do inferno…
É belo, porém, arriscado
Almejado se é por tantos outros mil
Um covil não só de lobos
mas de amarga gente vil
Deste lugar nem me despeço

Ora, apesar de todo esse retrocesso
Aqui jaz o futuro de outrora
O que foi ontem não seria o agora?
E o que está por vir, o futuro
Não seria de novo o passado?

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Conheça-te



Um jovem guerreiro estava muito mal
Ele não sabia a fonte do seu problema
Coisas turvas como um lamaçal
Correu à janela do castelo com um tema
A vista era de uma lua quarto crescente, linda Iluminando parcialmente tudo à sua volta
Ofuscada por tenra nuvem e resistente
Majestosa, imóvel, imóvel eternamente
Como se disponível para seus lamentos
À Lua, não adiantou resmungar

Então, o jovem, pôs-se a, com um grilo, uma conversa tentar
Mas antes, a si mesmo questionou:
"A certeza é uma condição para o conhecimento?"
O grilo achando que a pergunta lhe era direcionada, respondeu:
"Há muito existiu um homem
Ele tinha certeza de ao menos uma coisa…"
Curioso, o cavaleiro, ao grilo retorquiu:
"quem seria esta pessoa?"
Ignorando sua pergunta continuou o inseto:
"a lua nos ilumina, correto?

Porém, ela não tem certeza disso
E a luz que de si emana, não é sua
Esta lhe é emprestada
Uma realeza sem luz própria, a Lua
Que pelo Cosmo, fustigada
Porém, tem ciência de si mesma
E como ela tem certeza disso, coitada?
Por conta do rei Sol
Que a ela se apresenta com rara beleza
Levando a paixão à Lua jovem princesa"

E o grilo não parava de falar:
"há momentos em que o Sol se esconde
E a nobre alteza, fica sem companhia
Na penumbra morrendo de frio
Não tendo certeza de quando virá novamente o brilho 
Além do mais, seu conhecimento lhe deprime
Ainda que com pouca ciência disso
Vê a si mesma como uma bola fria
Ora cheia, ora vazia
escura e solitária na vastidão do universo

Uma triste princesa com sua importância
Incerta vagando ao léu
Deposita seu amor na esperança
Numa cega confiança
Que, um dia no infinito céu
Se juntará ao Sol, seu estimado
Tendo assim eternamente sua companhia
Inocente Lua fria…"
Ao grilo o guerreiro agradeceu mais sossegado
E consigo pensou profundamente:

"Será que a falta de certeza em alguma coisa
é o que na minha vida me priva de certo conhecimento?
E se o conhecimento, na verdade, não passa de uma ilusão?  
Não é isso o que me deixa, angustiado e frustrado, então?
Será que carece-me esperança, fé?
Poderia eu deixar tudo de lado
Não se é habitual nadar contra a maré
E talvez fosse melhor nem distinguir o certo do errado
A tudo esquecer, um pouco espairecer
Deixar a vida viver e segui-la a seu lado
Apenas ser, estar, sentir o caminho
Seja parcialmente iluminado, ou não
Seguir àquele qual ilumina todo o meu chão 
Ir ao acaso com os que me cercam
Desde uma majestosa e solitária Lua a um grilo tagarela bem esperto

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

A fúria dos Titãs



Do alto da montanha presencio
Tempestade ao norte e ao sul
Sua eletricidade me causa arrepio
Nuvens densas sob o céu azul
Estas, açoitadas por dois Titãs
com chicotes de prata em chamas
Iluminam-se, deveras espantadas
Caóticas contendas luzentes
que o céu cruzam subitamente
Incomensuráveis estouros ecoam
Violentos, à barreira do som transcendem

Gotas de suor respingam do céu
São milhões delas cintilantes
O monte fica qual uma noiva sob véu
Devido aos esforços dos gigantes
Talvez sejam doces lágrimas
Pois em suas histórias de mil páginas
Deuses guerreiam por aqueles que oram
e no lugar dos mortais, Eles choram
Assim a Terra treme e todo meu corpo
É uma força muito impressionante
Eu, mero mortal, sentir a fúria dos gigantes

Apolítica

Um ato de violência política não revela apenas um crime de uma ação isolada. Ele expõe a fragilidade de nossas crenças políticas. Depois dos...