ATO I - Larghetto
Um velho moribundo
Num quarto simples
Isolado do mundo
Pobre ao lamento
Paredes cinzentas-amareladas:
Dado a ação do tempo
Mais as velas iluminadas
Ao lado do inquieto homem
Uma escrivaninha rústica
Sobre ela, A divina comédia
Um copo d’água e um terço
O sofrimento, a dor
Desconforto, pavor
Porém lúcido, pobre velho
À espera da barca
Anseia sua chegada
Sua partida
Sua vida ir embora
Mundo afora
Uma viagem prometida
Ao eterno, ao nada…
Ao longe rasgando o ar
Nuvens se abrindo
O clima a esfriar
Se configura um violino
Inconfundíveis cordas
Suavemente atiçadas por crinas
Doce som, do fino aço
À velha madeira ecoar
Tocando em larghetto
Em perfeita harmonia
Com as batidas do coração
do senhor acamado - já em atenção
Ritmo solene
Respeitando a ocasião
Não um qualquer, se aproxima
Alegremente se adentra
Não somente no rústico quarto
Mas na animosidade do idoso
Executando uma reconfortante obra
O diabo sorri e continua...
A disposição da eterna espera.
ResponderExcluirChegamos com data de partida, validade vencida.
Até quando aqui ficaremos aguardando o fim do dia.
Diante do fim o que pensar sobre a vida?
ResponderExcluirO meu eu sei...
Foi em vão!
Se soubesse o quanto a vida é passageira, talvez não perderemos a oportunidade de ser e fazer pessoas felizes.
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