sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Seria um sonho a felicidade?


(Não sei se defino como pesadelo ou um sonho)


Eu estava escrevendo meus humildes textos, - essas rimas que alguns a definem como poesia - e quando terminei, um senhor, com vestes estranhas, barbas longas, chegou ao meu lado e pediu para lê-lo:

- O que tu escrevestes aqui? Mas que horror!

- Considere... Não sou profissional... Nunca nem estudei para tal.

- Esta segunda estrofe aqui, não condiz com o "ser" e o "um"... - dizia o senhor. 

Ele falou, falou, falou e eu não entendi duas palavras ligadas uma à outra. O cara parecia falar grego. (Ah e por falar em grego, o homem se apresentou, após as críticas. Era ninguém menos que Aristóteles. Mas como era um sonho, ele se expressava em português mesmo). E continuou... Ele simplesmente escreveu um livro, a partir de teses e antíteses baseadas na minha pobre poesia... Seu livro se chama "Metafísica". Só o título já é de difícil compreensão.

Enquanto debatíamos, eu me defendia, óbvio. Eu me expressava, em forma de poesia, sobre mim mesmo - e que não era lá aquela poesia. E somente eu, creio, posso falar o que sinto e que, de fato, eu sou e, ao que me conecto. 

Quando percebi que Aristóteles estava chegando a uma conclusão sobre meu trabalho, - que é uma vitória para mim, realmente, pois filósofo que é filósofo, grandioso, é aquele que pensa, pensa e não se chega a lugar algum, deixando sua dúvida (ou suas assertivas) em aberto, e ao longo do infinito ninguém também consegue defini-la -  surge, do nada, seu conterrâneo, Epicuro.

 Este chegou cheio de atitude e me esculhambando, me acusando de faltar com respeito ao tempo e ao prazer. Aristóteles o chamou de louco. E ficaram discutindo, dialogando sobre milhões de coisas. Eu dormi em meu próprio sonho. 

Então Epicuro tratou de escrever o que pensava. Dizia ser uma carta a um amigo seu. Seu rascunho tão logo ficou pronto e posteriormente fiquei sabendo que a "Carta sobre a Felicidade (A Meneceu)" viera deste pequeno encontro em meu sonho. 

Eu fui criticado por Aristóteles e Epicuro, e ainda assim não me envergonho de lançar o que penso sobre mim, como um indivíduo, como “ser” e “um”, aliado à felicidade:

A felicidade é, na verdade, quero dizer, 
ficar, nem que seja por um minuto, 
proporcionalmente longe do prazer.
A medida que dele se afasta, resoluto,
mais feliz se torna o nosso ser.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

E mesmo que eu ande...




Hoje eu andei pelo vale da morte
Não havia só mortos, mas vivos também
Pessoas jogadas à própria sorte
Rostos tranquilos e um solene desdém

As pessoas regozijavam-se
Nem se preocupavam
Havia comércio, vai-vem dos moradores
Ruas, passavam alguns automóveis

No entorno daquela grande vala,
mais acima, grama alta, animais e árvores
E por todo lado, corpos
Vivos e mortos

Era um belo dia de Sol
Céu azul, algumas nuvens
impecavelmente brancas

O lugar era simples 
Construções e moradias organizadas
Muitas pessoas com roupas
e outras uniformizadas
Nada amistosas
Se pudessem me matavam

Minha alma, objeto de negócio
Moeda de troca
Triste realidade
Dos ofícios, o ócio

No centro do pavoroso bairro
Abaixo do nível das ruas
Eis o comprido córrego,
ornado de azulejos brancos,
cruzava toda aquela região
Separando-a em duas:
De um lado céu, do outro inferno
sim e não
luz e escuridão
vivos e mortos

Escadas também azulejadas,
possibilitavam-me a aproximação do córrego
Não se via água pura, muito menos com barro
A cena que vi me causou espasmo:
Um rio de sangue por ali passava
Corpos boiavam, leves e quietos
Outros pesados, imersos
na rubra eternidade como dejetos
Moribundos nas escadas;
mortos nas calçadas
Houve uma chacina
Mas ninguém se importava
Parecia na verdade
nada ter acontecido
Ou houve um suicídio coletivo?

Alguns tentavam reanimar os mortos
Parentes inconsoláveis...
Numa loucura horrorosa
Tentavam desunir o inseparável,
Trazer do além, alguém deplorável 
E da forma mais penosa

A vida é tão banal…
Pouco se preserva
Assim que o bem perde pro mal
Contudo a morte é levada muito a sério!
Depois da dela, há reflexão
Oras… Agora? 
Agora já é tarde!
Por que não cuidar enquanto há vida,
para que tranquila seja a consciência na hora da partida?
Oh, vida banal… Sem valor
Preferem a paixão ao invés da razão:
Atraem para si uma ressaca alheia a dor

No vale da dor, do descaso e da agonia
Eu tive medo, é claro!
Medo de ficar assim um dia
Não só dos corpos cobertos pela morta água vermelha,
mas dos vivos, que se comprazem com ela;
Medo...
Do ser animado;
do humano encarnado;
daquele que trai até o diabo
Medo eu tive sim…
Pois não encontrei isto neles
(Talvez em mim?)
Foi o que mais me deixou apavorado
E que intrinsecamente vi o que sou
A imagem e semelhança do Criador
Ser humano…
Nós quem erramos, ou Ele quem errou?

Não tive pena de ninguém
Mas isso não faz de mim uma pessoa fria, má...
ou sequer inclinado a óbitos
Geralmente sofremos, não pelo próximo,
mas por nós mesmos
O pavor em cair naquelas águas 
Frias, vermelhas
Me tornar um deles
Não poder mexer os braços
Nem pernas
Nem gritar, apenas gritar
Muito menos por socorro 
Pois não há! Não há vida!
Muito menos bondade
Nos empurram ainda mais na descida
Alguns ainda dizem ser caridade

Muito me vi ameaçado
Parecia que alguém me perseguia
Ora me olhando de lado
Ora me encarando ao longe
Como que vindo das matas,
vindo das casas, ou do mar de sangue
Eu tinha de sair dali
O insólito, o esquisito
Como uma mosca, eu tinha de fugir
Para longe das carnes ao molho de vinho tinto
Eu queria, mas não sabia pra onde ir
Poderia eu me perder no caminho
Ou dar brechas para algum psicopata
O que fazer? O que pensar?
Como um lugar desses deixar?
Nao sei, sinceramente...
Mas me pergunto: como é que eu fui parar lá?

“E mesmo que eu ande pelo vale da sombra e da morte”...
Desculpe-me, Senhor
Eu temerei sim a todo o mal
Eu sei o quanto é horrível o vale
E quanto vale a vida
Além do mais,
eu sou frágil demais
E vou além, porém:
vivo ansiando a hora, 
o momento, da eterna partida
Amém!

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

A religião é placebo


Toda  e qualquer forma de religião, - que na verdade foram criadas pelos humanos - agem de forma inerte, ou seja, sem princípios ativos. Não fazem bem, nem mal. Quem acha que sente isso, quem faz algum julgamento da vida que se vive, é o próprio indivíduo. Religião é nada além de "pensamento positivo" e oração. 

Sim, tudo bem! Há excelentes resultados: pessoas que são curadas de grandes males, outras que largam as drogas, se arrependem de crimes, se aceitam e que são inseridas na sociedade com total auto-estima.

Do Latin, "placere", ou seja "agradar". O que vos escrevo, é um tipo de coisa requer que o paciente não saiba que está sendo medicado com algo inútil, ou seja, o nada. Ele precisa ser enganado, para ser curado de uma certa forma, pelo menos psicologicamente. Se ele vier a saber que, por exemplo, um comprimido que ele consome diariamente é um monte de açúcar processado e prensado, nunca iria acontecer qualquer cura, tendo ciência de que se ingere algo que não seja remédio. O religioso precisa ser enganado para achar que leva uma vida feliz. Com isso a criação de mitos e, baseado neles, o surgimento de diversas morais e costumes exclusivos a este tipo de cidadão. Como um remédio sem efeito, que age no psicológico de cada um, ou seja, placebo.

Contudo, como em toda medicação, há o risco do efeito contrário. Se dá pelo nome de Nocebo. Este é o termo para designar sintomas desagradáveis. É aquela situação em que a pessoa se encontra em estado de cegueira, bitolado, ou fanático. O efeito psicológico ao invés de "curar", ou trazer, pelo menos, um conforto, extrapola as expectativas causando algum mal àquele que consome a dose diária de religião. E além disso, tem indivíduos que entram em estado de dependência.

A partir daí vê-se um grande emaranhado de mesquinharia e egoísmo. O indivíduo que PRECISA de religião, porque quer achar que está bem, - quer provar a si mesmo que é uma pessoa boa - aplica doses cavalares dela, acaba achando-se superior e poderoso. O próprio Deus Criador, onipotente. Na verdade, Deus, é sua cria e não o contrário. Deus é invenção do ser humano. E o indivíduo que se diz religioso e aplica em si essa "dose medicamentosa", se acha na razão em se sentir desta maneira. Só que não. Primeiro, porque ele vive em comunhão com demais pessoas. Ele está inserido em uma sociedade multicultural.

Por vezes essa busca incontrolável por Deus, ou pelo fato de estar inserido em religião, possa ser a tradução de alguma fuga. Isso é normal, como já citado: pessoas que procuram apagar seu passado, se redimir perante algum crime, ou precisa enganar as drogas ilícitas, trocando-as por novas, mais salutares.

O que torna uma pessoa se achar como destaque na sociedade? A sua moral, seus costumes, fá-lo-á modelo para os demais? Qual seu poder, para tal? A religião? Tudo bem, suponhamos que sim. Podemos julgar o religioso superior somente pelo fato de ele ser religioso, ok. Porém, dentro de uma comunidade, ou numa convivência entre pessoas diferentes de seu fanatismo, como agirá um cidadão que vive de, somente, religião? E o que acha ele da vida ao imaginar que está vivo somente por causa de suas orações e seres mitológicos? 

Tem fanáticos que juram estar respirando porque alguma coisa, seja lá o que for, assim o quer. Tem gente que acha que só atravessou a rua devido a uma permissão superior. Tem outros que acham que só trabalham, ou conseguiram um, por conta de algum ser mitológico. Eu me pergunto: e aqueles que não conseguem trabalhar por causa de sua cor, ou por causa de sua condição social? Há aqueles que morrem de fome, que passam por extremas necessidades… É justo eles estarem assim por “falta de Deus" em suas vidas? 

Não obstante, existem religiosos, extremamente fanáticos, exemplares seguidores, que estão na mesma situação. Ou melhor, a maioria dos religiosos são humildes e estão na base da pirâmide social. Carecem de, no mínimo, necessidades básicas para sua sobrevivência; há outros que até possuem o básico para subsistir, só que carecem de segurança/ proteção, (não me refiro somente à segurança-pública, mas condições de um bom lar). 

Será que isso tudo é por conta de Deus ou isso se dá devido às nossas escolhas, principalmente no dia das eleições? Deus resolveria mesmo os nossos problemas sociais? (a julgar o tempo que se passou ao longo da história e as coisas só pioram). Praticando nosso dever como cidadão, democracia blá blá blá... há corrupção, violência, maldade… Por que Deus, Jesus, ou algum outro ser celestial não atende aos nossos pedidos? E por falar em política: Toda mazela se findaria com apenas um “confirma” na tecla verde? Nós sociedade, somos o problema. Votando certo ou não. Rezando por Deus ou não. Alguém vê alguma solução para tanta violência e injustiça?

Voltando ao placebo, o indivíduo pode ser um excelente e carismático funcionário, um vizinho, ou pai de família. Porém, no tocante, quando algum assunto, ou situação se alastra para fora dos muros da lamentação, este indivíduo se torna um ser humano igual a todos; nada nele é melhor do que a ninguém. Nem sua fé é melhor ou especial, referente à qualquer outra pessoa. Não é porque uma pessoa ora, que ela vem a se tornar uma pessoa mais forte ou exclusiva. E por falar em oração: ora de um lado, mas maltrata do outro; ora de um lado, mas bate na mulher dentro de casa; ora na igreja, mas não respeita seus próximos no trânsito. Ora, ora, ora, mas comete adultério, quiçá pedofilia (Vide a que ponto chegou o Vaticano!) E também não estou dizendo que o problema da humanidade sejam os religiosos, mas que eles, com seu moralismo e toda a sua soberba, deveriam prestar maiores exemplos.  Só que não. Estes mesmos religiosos quando fica sabendo de algum crime, ou de atitude errônea qualquer de um cidadão, julga como a um psicopata sanguinário, rasgando todas as páginas do seu belo livro, que ensina sobre o amor; quando vê aquele miserável ascender sua posição social, reclama que estão tirando lhes direitos e dando àqueles que nunca se esforçaram - jogando no fogo, seu belo livro, que prega a fraternidade, caridade e amor.

Placebo e nocebo… Na verdade o placebo, sendo algo positivo, é até aceitável, mas o nocebo acaba se sobrepujando ao primeiro e prejudicando àquele que o consome desesperadamente, tornando alguma coisa maléfica numa prática natural. Com isso surge mais ignorância, intolerância, mesquinharia e egoísmo. A falta de interesse sobre outros assuntos que não seja religião, para o religioso, o adoece. Um simples diálogo, por vezes, parece se tornar uma torrente batalha épica, como nos próprios livros religiosos. 

O homem criou seu remédio, mas envenenou-se do mesmo, exagerando na dose. Quando não se torna um cego, fica esquizofrênico, - ou pior, se torna assassino ou suicida. Porém, então você pergunta: qual religioso mata outrem por causa de sua religião? Resposta: Vide a história. Ou, sem precisar ir muito longe, atente-se aos dias de hoje.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Os sonhos cantados



Era uma bela e ensolarada manhã. O Sol estava presente, mas não fazia muito calor e era uma manhã de primavera. Então, nesse belo cenário, duas aves já anunciavam o início de um longo dia. Eram dois belos pássaros e eles estavam no topo de uma frondosa amendoeira. Então, um pardal e um bem-te-vi conversavam:
  • Que belo Sol, que céu azul - comentou o pardal.
  • Sim, pretendo ainda hoje chegar lá naquela montanha - completou o bem-te-vi, olhando ao longe.
  • É um pouco distante, mas voando com calma dá para chegar lá antes do Sol se pôr.
  • Com certeza. Logo estarei batendo minhas asas...
  • Para ti é mais fácil, uma vez que não possuis filhotes e nem uma companheira.
  • E por falar nisso, como vão seus filhos? - perguntou o bem-te-vi.
  • Estão lindos. Já estão voando alto, já são independentes e eu já sou vovô.
  • Parabéns! E você tem mais planos?
  • Muito além de planos, eu tenho sonhos. E você meu caro bem-te-vi, quais teus sonhos?
  • Olha... Não sei.
  • Mas como assim? - questionou o pardal - Todos nós temos um sonho.
  • Você tem algum sonho? Conte-me? - pediu o bem-te-vi.
  • Eu sonho em ter mais filhotes; sonho em poder voar mais alto; ter belos ninhos, cada vez mais confortáveis; cantar muito mais e, tão alto, que os pássaros possam ouvir-me além do horizonte. Sonho em não ser perseguido por aves maiores e manter uma relação fraterna com todas elas. Assim como nossa amizade - declarou o pardal. Sonho em poder dividir o espaço com todos os seres, vivendo juntos, em perfeita comunhão; que haja mais espaço para nós, tanto no céu, quanto na Terra, nas árvores e onde mais pudermos nos instalar. Ah, e que nossa espécie possa sobreviver se alimentando somente de frutas e folhas. Enfim…
  • Mas como assim? Quantos sonhos você tem! Como você consegue? Muita coisa… Esvazie-se um pouco mais. Sonhos podem se tornar pesos em nossas asas, nos impedindo de voar de maneira mais liberta, mais ousada diria.
  • Claro que não. Eu apenas sonho. E sonhar faz bem. Nos mantém vivos, ativos. Sonhar não dói, não faz mal. Eu acho que estou um pouquinho melhor que você em relação à esperança de vida, e a outras perspectivas, não? - cutucou o pardal.
  • Não senhor, senhor pardal! O fato de eu não sonhar com nada não quer dizer que eu não tenha esperança na vida, ou algum tesão por viver. Pelo contrário!
  • “Mas como assim”, eu quem lhe pergunto! Como pode viver sem sonhos?
  • Eu vivo e muito bem.
  • Mas você não sabe quais seus sonhos, muito menos o que você quer?
  • Não. Eu não sei o que eu sonho para minha vida. Mas eu sei o que eu não sonho. Eu tenho ciência das coisas que eu não gosto, das coisas que eu não devo. Eu conheço o que me faz mal e eu sei do que não me agrada. Eu me mantenho afastado de muitas coisas que não me alegram, que não me inspiram e que não me trazem felicidade. Eu procuro voar para bem longe dessas coisas. Meu canto não é para que seja ouvido ao longe e sim para que meu coração se regozije e, com isso, impulsione minhas asas. Logo, junto ao som do meu canto, vôo ao infinito, ao além. Portanto, concluindo, eu sei do que eu não gosto; eu sei do que eu não quero; tenho certeza das coisas que não me agradam e, essas coisas, também, me mantêm vivo e me fazem voar por aí, feliz e contente, me livrando dos fatídicos males que nos cercam.
  • Nossa! Não sei o que dizer meu velho amigo, bem-te-vi. A tua experiência me fascina e a cada dia, que me encontro contigo aqui todas as manhãs, me ensinas muito sobre a vida. Obrigado por abrir minha mente em relação às coisas que eu não venha a gostar e que não me fazem, ou que não farão bem. De repente essas coisas são quem devam prevalecer na minha vida e não as que venham a me agradar, como os sonhos que lhe contei. Obrigado por me orientar, mesmo que sem querer, meu amigo, bem-te-vi.
  • Não há de quê, meu jovem amigo pardal. Os teus sonhos são puros e belos. És digno de inspiração, também. Eu que lhe agradeço por, além de, manter-me firme na minha posição e de saber o que eu não gosto, também fazer-me ficar mais atento ao que eu possa vir a gostar e me apegar. Quem sabe eu não passe a sonhar daqui pra frente? E você a sonhar menos, a fim de dar espaços a novas percepções. Pois, quanto mais vazios, melhor recebemos inspirações e aprendizados. Sonhe menos, faça mais. Tente ver desta forma também. Assim o farei em relação aos sonhos que possam estar faltando sim em minha vida. Tudo deve-se ter equilíbrio não é? Como nossas asas: só com uma não voamos; uma maior que a outra, também não. Nos tornamos inúteis...
Os dois respiraram fundo, olharam um para o outro e com aquele sentimento de “até logo”, bateram asas e voaram até sumirem no horizonte, onde o azul do céu mesclava-se com verde da montanha ao longe...

sábado, 21 de outubro de 2017

O eterno novo

Hoje eu morri
Eu estava tão bem morto e…
Nasci de novo
Estava tão bem vivo e…
Morri. Mas agora mais novo
A eterna rotina se repete
Ora velho, ora mais jovem
Mas a morte e a vida não me esquecem
Mal dá tempo de sorrir
Basta me deitar e dizer: morri
E o peso de toda uma vida, horas depois, ao se levantar?
É de chorar!
Encarar todo um dia exigente
Para mais tarde morrer novamente
Nascer, morrer…
Essa brincadeira com meu ser num “eterno idêntico”
Porém novo a cada dia, numa expressa temporalidade
A eternidade é marcada por eras, acontecimentos, prazeres ou lamentos, também vazios, ou “nadas”; já a vida é separada por uma noite bem dormida ou uma manhã mal acordada.
A gente morre ou dorme?
Acorda ou ressuscita?
O que é na verdade a vida nesse ‘eterno novo’ e o nosso despertar na eterna rotina?

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Que raios é Marxismo? Por M. Flaquer


Afinal o que é o Marxismo?

Para compreender o que é o marxismo, é primeiro preciso compreender o que é a dialética e o que é o materialismo.
Dialética é, filosoficamente falando, o movimento. O movimento da matéria (por exemplo o movimento do mundo, do universo, dos átomos), enfim, algo, qualquer coisa, só existe por conta do movimento. 
O que é então essa dialética? É a dúbia forma, de essência contraditória, com as quais as coisas se apresentam. Ou seja, significa que tudo o que existe possuí uma forma difusa, dupla, contraditória e uma essência que pode vir a ser igualmente dúbia/difusa ou contraditória. Como, por exemplo, a luz.

A luz é dúbia em forma, ela se apresenta como onda e como particula, ao mesmo tempo. E, em sua essência, podemos dizer que ela é o contrário da escuridão.

Darwin, considera os peixes de acordo com a dialética: alguns dos animais que viviam na água não eram peixes e alguns dos peixes tinham pernas, mas, na verdade, isso era somente a gênese de todos os animais como parte de um processo interconectado que explica a natureza de um peixe: Eles vieram de algo e estão evoluindo para outra coisa.
Darwin foi além da aparência do peixe para chegar à sua essência. Para o pensamento anterior não havia diferença entre a aparecia de uma coisa e sua essência, mas para a dialética a forma e o conteúdo de algo podem ser bastante contraditórios.

O materialismo é, entre outras coisas, a maneira com a qual as coisas se apresentam, ou seja, o materialismo é a corrente de pensamento que diz, ao contrário da corrente idealista, que primeiro existe a matéria e depois existe o pensamento.

Agora, com esses dois conceitos mais claros, podemos adentrar no campo do marxismo, mais específicamente do materialismo-histórico.

O materialismo-histórico é a maneira qual se analisa a história. Um bom exemplo de como se utiliza o materialismo-histórico a partir da analise da luta de classes.

A humanidade, desde o começo dos primeiros meios de produção, se organiza em classes. A história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes.

"Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, burgueses de corporação e oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante oposição uns aos outros, travaram uma luta ininterrupta, ora oculta ora aberta, uma luta que de cada vez acabou por uma reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou pelo declínio comum das classes em luta."¹

Uma vez apontada a luta de classes e a dialética, devemos tratar de outros dois conceitos essenciais, a infraestrutura e a super-estrutura.

Para falar dos dois, coloquei uma imagem que melhor as exemplifica, mas em miúdos a infra estrutura é a maneira com a qual uma sociedade produz e de quem é a produção e o excedente de produção dessa sociedade. A super-estrutura, por sua vez é tudo aquilo que permeia a sociedade, ou seja, tudo aquilo que existe além da produção de uma sociedade, como, por exemplo a ideologia dominante.

Hoje, na verdade a mais de 180 anos, vivemos sob o capitalismo, digo isso no sentido de que hoje vivemos em um mundo onde, majoritariamente a propriedade é privada e a apropriação do excedente de trabalho se dá pelo capitalista, ou seja, pelo burguês. A sociedade, em geral, não absorve nada do excedente de trabalho da própria sociedade, quem absorve é o burguês. Então o burguês é quem determina como a sociedade vai se organizar, ou seja, o burguês implementa a sua própria ideologia.

Essa apropriação do produto social do trabalho se dá por conta da sua caracteristica privada dos meios de produção. Ou seja, o resultado da produção, o produto é algo de caracteristica social, é algo que, em essência, deveria pertencer a toda a sociedade. Porém as ferramentas, os meios para a produção desse produto são privadas. Isso ocasiona na expropriação do produto social pela burguesia, ou seja, naquilo que é chamado de "mais-valia".

Uma ideologia é, em essência, a maneira com a qual as pessoas são orientadas a pensar. Na nossa sociedade o nome da ideologia implementada pela burguesia é "Neo-liberalismo", qual é uma ideologia voltada a maximação do lucro, pelo capitalista, em prol do empobrecimento, marginalização e afins, das pessoas quais não servem ao capitalista.

O Neo-liberalismo também tem, como objetivo, promover, de maneira praticamente descarada, o fetichismo da mercadoria, ou seja, em promover certas marcas, ou produtos, para que o seu preço (e não seu valor) seja o mais alto possível, para que alguns objetos, ou afins, se tornem "sonhos de consumo" e, assim, levem as pessoas a deseja-los.

Explicadas essas coisas, agora precisamos falar sobre como se dão as relações pessoais. Como já falei antes, o pensamento é póstumo à matéria e a materia, ou a natureza, é, por sua vez, tranformada pelo homem, então o resultado do trabalho do homem vai, em geral, transformar a relação do homem, com o próprio homem, uma vez que a materia da qual o pensamento se baseia se alterou.

Vou dar um exemplo (bem craso e de um produto já feito, porém existe ainda um trabalho e um resultado que altera o estado original das coisas): Uma mulher tem uma filha; essa mulher gosta de usar maquiagens para sair, isso a deixa feliz. Um dia sua filha vê sua mãe se arrumando para sair, sua mãe gasta um tempo se maquiando, escolhendo sua roupa e etc, com tudo pronto, ela se olha no espelho: está feliz. Sua filha, então, assim que sua mãe deixa as maquiagens a seu alcance vai até elas e se maqueia, até que se sente feliz.

A infraestrutra e a super-estrutura influenciam a todos que existem dentro de sua lógica, dentro de seu sistema. Nós, marxistas, ou não, somos todos vítimas do nosso pensamento guia, estejamos nós conscientes dele, ou não. Não existe, dentro da infraestrutra, qualquer pessoa que consiga se livrar 100% do pensamento pelo qual ela foi condicionada a vida toda. A única maneira de se livrar disso é alterando a infraestrutura.

A única maneira, até hoje, que conseguiu efetivamente alterar a infraestrutura foi a socialista cientifica, ou seja, o marxismo. O Marxismo é a única maneira de se livrar do racismo, de se livrar da opressão da mulher, de se livrar da propriedade privada, do neo-liberalismo e todos seus tentáculos.

Se você quiser saber mais, ler mais livros, com mais dados, de diversos autores, sobre o porque de escolher o Marxismo, por que a luta marxista é a única real luta que pode libertar todos e, principalmente, por que somente ao libertar todos, indepente de raça, credo ou sexo, é a única maneira de ser livre, entre no nosso grupo: facebook.com/groups/um.marxista

1 - Karl Marx - "O manifesto do partido comunista" (versão: https://www.marxists.org/portugues/marx/1848/ManifestoDoPartidoComunista/index.htm)

Texto: Afinal o que é o marxismo

domingo, 15 de outubro de 2017

É o que convém



1 Um carro, com maior equipamento sonoro, passa tocando música, no último volume;

2 Essa música é de um gênero muito popular;

3 Eu só aprecio música erudita, ou sacra.

Julgo poluição sonora, o episódeo com o automóvel.
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4 Os vizinhos gritam e xingam, quando o seu time ganha;

5 Esse time é muito popular no país;

6 Eu mal acompanho futebol. Simpatizo por um time interior, mal tem torcida.

Julgo inconvenientes/ estúpidos, os meus vizinhos, no que diz respeito ao futebol.
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7 Oração da família, antes de fazer a refeição e/ou antes de ir dormir;

8 Essa religião é a maior do ocidente;

9 Eu sou pagão.

Julgo antiéticos, os familiares. Faltam com respeito ao próximo.
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10 Um grupo agride, vocifera, condena, violenta, quando lê/ assiste a algum comentário político-filosófico que não segue sua ideologia;

11 A oposição a esse grupo é muito expressiva, muito antiga e está espalhada mundo afora;

12 Eu odeio política, acho que o mundo seria liberto de grandes males não fossem estas frentes ortodoxas.

Eu morri queimado. Um grupo me executou devido ao julgamento do outro.
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Existem coisas que a mim interessam também. 
Porém, eu me senti "oprimido" no exemplo
Mas nada pode me impedir de ir além.
De vir a ser um "opressor" em qualquer momento. 
Falta-me oportunidades.
O mundo é aquele que, a mim, convém.

Afinal, eu sou o centro do universo, 
O mundo gira em torno de minha cabeça. 
Sou o correto, sou o reverso.
Dos pensamentos tristes, mas das palavras belas.
Cuidemo-nos, pois não haverá espaço para tanta opressão na Terra.

Apolítica

Um ato de violência política não revela apenas um crime de uma ação isolada. Ele expõe a fragilidade de nossas crenças políticas. Depois dos...