sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Os caminhos...


Eu não falo com Deus
É Ele quem fala comigo
Mostra a mim os religiosos e ateus
Também o pão e o abrigo

Não ando com Deus
É Ele que anda comigo
Exibe-me o caminho dos fariseus
Também o perdão e o castigo

Buda, Deus, Oxalá, Zambi, Alá...
Amém, axé, Namastê, Por nós orai
Não deixemos nosso amor falhar
Pois todos os caminhos levam ao Pai

domingo, 27 de novembro de 2016

As vezes, eu.


Grandes nuvens carregadas:
Este é o meu pensamento
Chuva, muito vento, trovoada
Cada gota um arrependimento

Um peso enorme cai do céu
Porém limpo, pequeno e transparente
Me cobre como um pesado véu
Pingos me ferem conscientemente

O passado não volta mais
Também parar lá não queria
O que fiz a mim, aos meus, aos animais
São coisas que novamente não faria

Eu não sou Santo
Diabo também não
Para eles apenas canto
Sacro, profano ou pagão

Isso não me atormenta
Também não me deixa feliz
Sou mesmo “oito ou oitenta”
Sou réu, sou juiz

Sei das minhas penas
Sei dos meus méritos
Pago o que devo apenas
Se me devem não faço inquérito

O hoje é o meu eterno amanhã
Se eu pudesse nem dormia
Ficava deitado no divã
Brincando com a psicologia

O que passou, passou
E do futuro não quero saber
Hoje sou o que sou
Estou aqui para todos ver

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

É... Madrugada.

E àquela madrugada que acordei
As cordas do meu violão ainda vibravam
Talvez por que com você eu sonhei
Ou se mãos invisíveis o tocaram

Um aroma de gardênia inconfundível
Uma brisa solta a passar por mim
Meu corpo estava bem sensível
Vi meu quarto como um lindo jardim

Minhas dúvidas me ensinam
Mostrar sabedoria demais só subtrai
Quanto mais observo mais leve fico
Dizer que sou sábio demais o corpo cai

Penso o mal, o som se distorce
Penso o bem, violinos se despem
Maus pensamentos, até às flores contorcem
Aos bons sentimentos, à natureza obedece

Quero atraí-la; essa hora, longe estás
Penso voar; até a ti ir atrás
Não me importo com o caminho a percorrer
Do sonho que sonhei, acordar não quero mais

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Malum

A SOCIEDADE DOENTE ESTÁ.
DECADENTE, INDECENTE, NÃO QUER PARAR...
O DESCONTROLADO USO DO FAMOSO "RIVOTRIL",
EQUIPARA-SE AO DO "MELHORAL INFANTIL";
EM QUANTIDADE, ÀS MAIS DIVERSAS NECESSIDADES.
É VERDADE!
A SOCIEDADE PERECE.
JÁ ERA MANO!
DEITA AI E ADORMECE.
NÃO QUEIRA NUNCA MAIS ACORDAR.
NEM O SOL HÁ MAIS DE RAIAR.
VIVEREMOS EM COMPLETA ESCURIDÃO.
UNS DE BERMUDA, OUTROS DE TERNO;
MAS DE MÃOS DADAS, NA MAIS PERFEITA UNIÃO,
CANTAREMOS HINOS NO INFERNO.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Quem é o inimigo?

O ser humano necessita de um culpado
Temos que condenar um coitado

Tem que haver um culpado para tudo no mundo
A quem vamos pegar? O playboy ou o vagabundo?

Essa é a nova e viciante droga
“Pega um pra Cristo” e joga na roda



É como uma necessidade
Como se fosse um ato de caridade

“Preciso culpar algum coitadinho”
“Alguém tem de pagar! Quero justiça!”
“O meu achocolatado veio sem canudinho”
“Tem-se que culpar alguém, mesmo com injustiça”


“Gente, vamos culpar alguém!”
“Isso não pode ficar assim”
“Quero justiça também”
“Mesmo que para você seja ruim”

Dessa forma as coisas vão evoluindo
Inocentes tornar-se-ão culpados
Satisfazendo prazeres, de porcos fingidos
Da elite, carregada de sentimento amaldiçoado

Seria a alta sociedade a culpada?

A elite, os verdadeiros criminosos?
Vivendo nos condomínio, escoltados
Comemorando linchamentos odiosos

Qual bandido tu defendes?

O de farda, de terno ou de chinelo? 
Aquele que lhe bate ou que lhe prende?
O do cifrão, ou o da “foice e o martelo”?


Tem aquele que fala bonito, e o que fala errado
Há o que rouba rindo, e o que rouba calado

"Eu defendo aquele que me convém"
"Quem me é apraz e me interessa"
A consciência de classe está muito além
E continuamos a creditar em quem nos despreza

Nosso maior inimigo é o próprio estado?
Na verdade quem dá as cartas?
Sabe-se que o pobre trabalhador é o coitado

Inocente, morre como baratas

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

...E como um raio que corta os céus: o arquétipo feminino da guerra.


Brilha lá no Orum,
Uma luz que nos fomenta,
Seus ventos tocam um por um,
Nos acompanham nas tristes tormentas;

Cuida também daqueles que já se foram,
Conhece os caminhos obscuros,
Resgata aqueles que imploram,
Livra-os também do infortúnio;

Ela é a própria tempestade,
Que sucede os ventos quentes.
Nunca deixa nada pela metade,
Vive intensamente paixões ardentes;

Desejada por mitológicos guerreiros;
Simples mortais a louvam com clamor.
Se desdobra, vira águia e até cordeiro,
Ela é a menina dos olhos do Criador;

Mas também guerreira é,
Brande sua espada com ira.
Sensual, uma linda mulher,
Rara, é forte e bela como uma safira;

Onde estivermos, escutaremos sua saudação:
Entoá-la com respeito e admiração, é lei.
Impactante como uma forte explosão,
Tão majestoso soa, quando se brada “Eparrey”;

Raio, trovão, a tempestade;
Santa Barbara, Iansã, Oyá.
Rainha que nunca perde a majestade,
A mais linda guerreira yabá.

sábado, 12 de novembro de 2016

Mais ou menos surreal.




Um belo dia,
Numa noite fria,
Acordei do nada;
Me dei conta, era madrugada.
A Lua iluminava o quarto,
Pela janela, refletia no tapete.
Sua luz, em um grande quadrado,
No chão formado, de cor branca,
Trazia monstros e o cacete.
Não me contive e pulei;
Naquele desenho no chão,
Me joguei.
Entrei no mundo surreal;
Tinha de tudo! Desde um monstro velho,
A um Vampiro bem legal.
O monstro, rabugento, não parava de falar,
O vampiro, coitado, tentava o calar.
Dizia coisas sem nexo.
Tentando fazer rimas.
Era uma língua incompreensível,
Parecia mandarim, da China.
Eu perguntei ao conde Vampiro:
“O que esse monstro diz, não entendo?”
O vamp respondeu:
“Sei lá, também não o compreendo!"
“Quer saber, vamp, vam bora?"
"Vamos tomar uns vinho por ai...”;
“Só tomo laranja com acerola” - respondeu o conde.
Que olhou pra bem longe,
Virou pombo, bateu asas e partiu.
Perguntei: “onde vais?”
“Pra puta que o pariu!”
E fiquei lá, bolado e sem ter hora.
Havia levado do pombo-vampiro um fora.
Um diálogo com o monstro me sobrou.
Mas o cara não sabia nem falar,
Que horror!
Tentei puxar assunto, tentei dizer olá;
E o cara tagarelando sem parar!
Até que num momento ele disse “gol”
Uma palavra? Uma expressão?
Será que é flamenguista como eu sou?
Monstro, favelado? Existe isso desse lado?
Afinal que lado estou?
Inferno ou o paraíso?
Se for um dos dois,
Vão me arrancar muito riso.
Inferno com vampiro que vira pombo? Que figura!
Que bebe acerola, laranja?
Ele fala palavrão, quanta lisura!
Ou um monstro no céu, daquele tipo?
Seria uma especie de “anjo-hemipo”?
Não, não dá pra crer.
Melhor eu pedir pra parar;
Pedir pra descer.
Já chega a brincadeira acabou.
A Lua se foi, o Sol raiou.
O calor está infernal.
Queima tudo, falou?
Queima o rabo, queima o pau.
Voltarei pra minha cama,
Que é o melhor lugar.
Aqui eu vivo, eu sonho, eu viajo;
Sem sequer sair do lugar.


ATUALIZAÇÃO BETA v.5.7.0: AGORA MEUS ELETRODOMÉSTICOS SÃO PÓS-ESTRUTURALISTAS

Dizem, os pós-estruturalistas , que a linguagem constrói a realidade. Isso é ótimo, exceto nos dias em que eu preferiria que minha realidade...