quinta-feira, 20 de junho de 2019

Corpus Christi

Boa intenção, caridade
Respeito, gesto fraterno
Alegria e amabilidade
Isso tudo há no inferno
Pensamos no mal e no bem
Esquecemo-nos do primeiro
De atitudes que vão além
Se o bem mudasse algo
Do Senhor viveríamos ao lado
Porém nem fingindo inocência
Dor, ou qualquer amor
Não conseguimos enganar:
Primeiro, a nós mesmos
Segundo, ao Criador
Terceiro, por fim, o destruidor
Não se engana a Deus, nem ao diabo!
Ser humano imundo, coitado
Verme consumidor
Onde pisa corrói, distorce
Juntos, sociedade
Unidos, atrocidades
Mentiras viram verdades
As verdades, de fato,
são escondidas em atos
Ato falho
E o desejo inato
De corromper-se
Deixar-se levar facilmente
Lutando uns contra os outros
Contra vizinhos, parentes
Por terra, lama, lixo
Grama, grana, luxo
Ser humano…
Verme, praga, câncer…
Doença maligna
Imune a cura
É falha qualquer tentativa
Solução falida
Nem com intervenção divina
Porque o inferno é aqui
Deus não entra
E nem sai qualquer humano
Mesmo quando Ele tenta
Nós, vis, O expulsamos
E ainda vibramos!
Iludidos, fodidos
Nem com muita reza
Ladainhas, procissões
Velas, tambores
Muro das lamentações
Nem o nosso fim é a solução
Ainda achamo-nos caridosos
Amorosos, unidos
Não passamos de invejosos
Raça genocida, povo suicida
Somos tão ruins
Fadados à eternidade
Nem extinção teremos
A falsidade como excelência
É o ódio que nós temos
da nossa própria existência

quinta-feira, 6 de junho de 2019

O inverno não tira férias


O uivar dos ventos chega a ensurdecer
É frio, e este atravessa os limites do corpo
Tocam as folhas, arrancando-as dos galhos
Violenta tempestade, esconderá o amanhecer
Parece não ter fim o sopro voraz da natureza
Também não anseio o alvorecer,
A luz… Um novo amanhã não basta
Prefiro a noite calma, a silenciosa madrugada
Esta torna melhor os meus sentidos
Em meio à escuridão, acende a chama interior e manifesta
A tudo ouço e vejo, mesmo o coração partido
Milhões de sensações vão além
Lembranças explodem, melhores até de quando as vivi
Elas vão e vem, como o vento e as folhas esvoaçadas
Da rústica janela de minha casa a tudo aprecio
Ora com medo, ora com bravura
Ainda não tão escuro, à luz da Lua
Brota a síntese destes opostos
Esta loucura ante a um belo quadro natural
Vivo, surreal, do qual me encanto, me espanto
E não me canso de olhar
Horas que não passam, perduram
Semelhantes a um emocionante longa metragem
Que a gente torce para que não chegue ao fim
Porém quando acaba, tudo desaba mesmo assim
É uma noite que deve permanecer eterna
É uma eternidade que logo, logo, se findará
Quando o raiar do sol brilhar, o vento se dissipar e as folhas sentarem
Lá ao fundo, os pássaros irão cantar: "Bom dia! Como passaste nessa noite fria?"

Apolítica

Um ato de violência política não revela apenas um crime de uma ação isolada. Ele expõe a fragilidade de nossas crenças políticas. Depois dos...