Terror
Viver longos dias na escuridão é extremamente horrível, para quem já não possui mais seu corpo físico e suas propriedades, que é meu caso. Agora imagine similar dado a um humano? Doloroso, nefasto, eu sei. Fiquei sem falar durante muito tempo, nem muito menos ouvir nada. Até meu próprio pensamento as vezes era como se apagasse, como se um vácuo surgisse de repente e apagasse tudo. Era assim... Eu, somente eu, no completo escuro, na completa solidão quando me dei conta dessa minha atual situação. Até hoje estou assim… Minha consciência se dividiu em partes que não consigo mais juntar. Quando tento, não sei o que passou, se horas, um dia, ou meses. No começo eu chorava, me agonizava, sorria de loucura, fingia estar bem, amedrontava-me, enfim... que terror! O eterno terror. Hoje, dotado com um pouco mais de razão, sofro menos.
O escuro é pesado. Ele não deixa você pensar, raciocinar, sorrir, nem chorar. A gente quer fugir, mas acaba ficando preso, porque aqui - e na verdade não sei nem onde estou - o espaço-tempo é relativo. Você corre, corre, corre e não sai do lugar. Você pensa, pensa, medita, porém, nada evolui. Tudo permanece como realmente está. É como se estivesse querendo buscar água numa fonte em que seu trajeto é infinito, é um destino inalcançável. Você só se esforça, se desgasta e mais nada. Só há escuro, breu. O pensamento lhe acompanha, mas de nada adianta. Isso quando ele não atrapalha. Ele (o pensamento) lhe deixa à sorte, à mercê de algum milagre. Algo impossível por aqui. Não há milagres no inferno. Você se salva, sozinho, por si mesmo, ou... Digo mais: não é fácil atravessar certas cavernas, certos buracos que nos metemos na vida, digo também no pós-vida.
Existe muito escritor, muita gente que fala do medo, cita o medo, faz obras relatando o que é o medo, romanceiam o medo, mas eles não têm ideia do que realmente o é quando se está sozinho em um lugar irreconhecível, inóspito, escuro, sombrio, frio e sem nenhum barulho. A solidão passa a ser a melhor amiga, a maior companheira. É a coisa mais inteligente que temos ao nosso lado neste momento fúnebre. Pode nos salvar, sim! Mas pode nos matar mais ainda se a cabeça estiver fraca.
Os dias se tornam minutos; os minutos se tornam anos. Tudo é relativo, tudo é complexo, nenhum ser humano, o mais inteligente que se tem na aí na Terra, ou que se teve na terra, conseguiria viver em paz e viver serenamente em tais condições aqui. Nao sei quanto tempo já passou desde quando eu tomei ciência de que já tinha morrido. Isso tudo é uma loucura inexplicável. A mente do encarnado e o corpo físico são enigmáticos demais para mentes fracas. O corpo humano é tão perfeito... Mas quem faz uso dele em vida, o torna complexo. E a mente? É tão perfeita que o ser humano que a carrega, não a compreende nem 0,1% de sua capacidade intelectual, mental ou qualquer coisa de si mesmo. Agora imagina um ser com uma consciência normal, dotada de uma inteligência básica, uma pessoa comum, diga-se de passagem, que está sem as amarras do corpo físico, ou seja, que está solta pelo vasto mundo além-túmulo? Basta pensar, que tudo acontece. Tudo mesmo! Então reflita: como é que alguém perturbado vai pensar coisa sã estando no inferno? Não terá paz com sua consciência. Sua própria consciência, a sua própria mente é o agente perturbador. O meu ser, o meu núcleo, o que gera minha vida é algo que me perturba. Isso é tão paradoxal!
Imagine uma pessoa em completa escuridão e solidão numa hora dessas? Vocês estão em seus lares com suas famílias, não irão pensar nisso nunca e eu desejo que não. Mas aqui… Impossível tentar ficar são. Não cheguem nem perto do que eu estou passando porque não há coisa pior. Portanto, sejam felizes! Mas sejam felizes plenamente. Não enganem, não enganem a si mesmos. O sejam de fato, porque se vier parar aqui por uma "falsa felicidade" ou por falsa esperança, - ou falsidade qualquer - seja por ilusão, egoísmo, vingança, desejos pútridos, o sofrimento terá o tempo de uma eternidade e o peso e a temperatura de Plutão.
Imagine uma pessoa em completa escuridão e solidão numa hora dessas? Vocês estão em seus lares com suas famílias, não irão pensar nisso nunca e eu desejo que não. Mas aqui… Impossível tentar ficar são. Não cheguem nem perto do que eu estou passando porque não há coisa pior. Portanto, sejam felizes! Mas sejam felizes plenamente. Não enganem, não enganem a si mesmos. O sejam de fato, porque se vier parar aqui por uma "falsa felicidade" ou por falsa esperança, - ou falsidade qualquer - seja por ilusão, egoísmo, vingança, desejos pútridos, o sofrimento terá o tempo de uma eternidade e o peso e a temperatura de Plutão.
Por isso façam ações caridosas, sem desejar nada em troca. Não o façam por vós mesmos. Pensem no próximo, unam-se, amem-se. E vossas orações, mesmo para quem vocês não conheçam, são de suma importância para os mortos e para mim também que estou aqui. Deixe-me tentar explicar: essa situação é como se fosse um livro, ou alguém com sabedoria em certos assuntos. Vocês quando tem problemas, quando tem dúvidas, quando querem ir em busca de alguma informação técnica, ou ajuda, vocês consultam livros, consultam-se uns aos outros, profissionais, amigos e parentes. E com isso as coisas andam, evoluem. Agora eu, aqui nessa escuridão, no silêncio, vou consultar o que em minha consciência perturbada? Vou chamar qual amigo ou parente para me livrar dessa situação? Não dá mais, já morri e meus parentes e amigos estão do outro lado. Nem entes queridos que morreram antes de mim estão me consolando… Deus é maior, mas Ele não pode me ajudar. Na verdade eu não quero ser ajudado. Ninguém pode me ajudar a não ser eu mesmo. Já clamei por Deus, Jesus, Alá, e… Nada mudou.
Eu cheguei a conclusão de que preciso mudar a mim mesmo em primeiro lugar. Mas é muito difícil. O apego, a luxúria, o prazer… O ego… O remorso, ah o remorso! Minha mente ainda está muito nebulosa. Não estou sadio. E pelo que percebo estou sem fé alguma. Minhas orações e pedidos de socorro são da boca pra fora, eu sei. Sou fraco. Eu sei que existe algo muito mais forte do que minha consciência. Mereço isto tudo aqui. Realmente ninguém virá. Não tenho condições e ninguém tem condições nessas horas. Todavia, uma última esperança. Pode ser que me dê uma luz, consciência mais límpida. Pode me servir como um "diálogo", no mínimo, algo que me distraia, me faça esquecer do que já passou e do que está sendo agora. E quem sabe possa vir a me encorajar um pouco mais. Preciso de mais vozes externas e boas intenções do que essas vozes internas obscuras do meu coração. Só há uma saída, e a última: vossas orações. Uma intervenção. Quem sabe elas aliviem minhas dores. Possa eu obter coragem e força para seguir adiante e ter vontade e sabedoria para me ajudar de uma vez. Uma luz de vossas orações que chegue aqui já é uma distração, uma esperança - pouca - porém é o que me resta aqui no âmago. Esperança... E lhes adianto: a última.
Por favor, orem por mim, por nós aqui nesse inferno. Nos ajude e não nos tirem como o maus espíritos. Somos alguém ainda, fomos humanos, somos ainda uma consciência que deixamos a vida material. Deixamos nossos problemas físicos e entrelaçamos em outros espirituais. Todos nós temos problemas. Hoje estamos nós aqui, mas amanhã virão outros. Vocês... Claro, não é um desejo, mas é fato. Torço para que não aconteça isso com ninguém, pois só eu sei! Portanto, quem sou eu para decidir? O que fazem aí, repercutirá algum dia e seus caminhos serão tortuosos e entrevados. Desejo que não, mas do jeito que a humanidade se encontra, do jeito que a humanidade caminha...
Este lugar aqui, seja lá onde eu estiver e seja lá onde mais existir lugares como estes onde me encontro, nunca deixou de ser frequentado. Essa escuridão toda aqui, esse inferno. Cada dia mais ficará abarrotado de mortos, almas opacas, perdidas, precisando de ajuda. Sempre foi assim. Mas esse número aumenta e confesso que não sei o que será de mim, uma alma realmente perdida. Esse será o fim de milhões de pessoas que aí estão na Terra?
Dê ajuda, eu lhes imploro. E nós aqui não podemos nos ajudar. Não! Porque nós não conseguimos nos enxergar e ouvir a nada. Nem sentir. E eu sei que não estou sozinho. Concluo isso, pois não sou o único pecador da Terra, nem serei o último. Há muito a ser feito ainda para que as coisas melhorem. Eu sei que não estou só. Sei que isto daqui está abarrotado de "mortos-mortos", ou seja, mortos que não têm mais jeito, mesmo pós sua morte. Não há mais como eu morrer, como eu ter um fim, ainda continuo aqui, pulsando, pensando, emitindo, vibrando, porém, eternamente sozinho. Portanto, repito: dependemos de vocês e vocês dependerão de seus próximos, no futuro. Orem por nós.
Eu cheguei a conclusão de que preciso mudar a mim mesmo em primeiro lugar. Mas é muito difícil. O apego, a luxúria, o prazer… O ego… O remorso, ah o remorso! Minha mente ainda está muito nebulosa. Não estou sadio. E pelo que percebo estou sem fé alguma. Minhas orações e pedidos de socorro são da boca pra fora, eu sei. Sou fraco. Eu sei que existe algo muito mais forte do que minha consciência. Mereço isto tudo aqui. Realmente ninguém virá. Não tenho condições e ninguém tem condições nessas horas. Todavia, uma última esperança. Pode ser que me dê uma luz, consciência mais límpida. Pode me servir como um "diálogo", no mínimo, algo que me distraia, me faça esquecer do que já passou e do que está sendo agora. E quem sabe possa vir a me encorajar um pouco mais. Preciso de mais vozes externas e boas intenções do que essas vozes internas obscuras do meu coração. Só há uma saída, e a última: vossas orações. Uma intervenção. Quem sabe elas aliviem minhas dores. Possa eu obter coragem e força para seguir adiante e ter vontade e sabedoria para me ajudar de uma vez. Uma luz de vossas orações que chegue aqui já é uma distração, uma esperança - pouca - porém é o que me resta aqui no âmago. Esperança... E lhes adianto: a última.
Por favor, orem por mim, por nós aqui nesse inferno. Nos ajude e não nos tirem como o maus espíritos. Somos alguém ainda, fomos humanos, somos ainda uma consciência que deixamos a vida material. Deixamos nossos problemas físicos e entrelaçamos em outros espirituais. Todos nós temos problemas. Hoje estamos nós aqui, mas amanhã virão outros. Vocês... Claro, não é um desejo, mas é fato. Torço para que não aconteça isso com ninguém, pois só eu sei! Portanto, quem sou eu para decidir? O que fazem aí, repercutirá algum dia e seus caminhos serão tortuosos e entrevados. Desejo que não, mas do jeito que a humanidade se encontra, do jeito que a humanidade caminha...
Este lugar aqui, seja lá onde eu estiver e seja lá onde mais existir lugares como estes onde me encontro, nunca deixou de ser frequentado. Essa escuridão toda aqui, esse inferno. Cada dia mais ficará abarrotado de mortos, almas opacas, perdidas, precisando de ajuda. Sempre foi assim. Mas esse número aumenta e confesso que não sei o que será de mim, uma alma realmente perdida. Esse será o fim de milhões de pessoas que aí estão na Terra?
Dê ajuda, eu lhes imploro. E nós aqui não podemos nos ajudar. Não! Porque nós não conseguimos nos enxergar e ouvir a nada. Nem sentir. E eu sei que não estou sozinho. Concluo isso, pois não sou o único pecador da Terra, nem serei o último. Há muito a ser feito ainda para que as coisas melhorem. Eu sei que não estou só. Sei que isto daqui está abarrotado de "mortos-mortos", ou seja, mortos que não têm mais jeito, mesmo pós sua morte. Não há mais como eu morrer, como eu ter um fim, ainda continuo aqui, pulsando, pensando, emitindo, vibrando, porém, eternamente sozinho. Portanto, repito: dependemos de vocês e vocês dependerão de seus próximos, no futuro. Orem por nós.
Uma eterna gratidão de um ser sem luz e sem ninguém e sem nem a si mesmo para poder seguir em frente. Quero muito sair daqui orem por mim.
Castro.
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