Em meio à penumbra, um brilho surgiu, Um anel de ouro, um presente do destino. Com ele, o poder de ocultar-me, Um sonho antigo, um desejo divino. Diante disso, a moralidade me reteve, Uma questão de certo e errado. Pois com o poder de desaparecer, Poderia fazer o bem ou o mal sem ser notado. Inicialmente, minha mente se agitou com uma torrente de possibilidades. Eu poderia roubar riquezas, cair em vulgaridades. Porém, à medida que as horas passavam, a questão moral me atormentava. Pois bem, usei anel. Um segredo profundo, enquanto minha mente corria idéias, sem parar. Mas em todas as possibilidades que passavam, a velha ética vinha me afrontar. Um dia, passei por um espelho dourado, Com ornamentos bem detalhados, um espetáculo para ser visto. Olhei para o meu reflexo, nada havia notado. Apenas um vazio, um espaço que sempre me via bem quisto. A princípio, pensei que o anel estava em minha mão, Porém não! - percebi com espanto. Eu era invisível, sim, mas não por um anel...
Depois da pandemia ouvi relatos de que condições particulares de alguns indivíduos possuíam certas anormalidades e que vinham afetando negativamente, não só seu organismo, como também o que se pode dizer do seu mental. A calmem-se! Não se trata de uma revisão da Metamorfose, de Franz Kafka. Não está sendo flagrado por aí nenhum Gregor Samsa atualizado para versão réptil . Porém, vem acontecendo quadros clínicos com alguns pequenos detalhes nos prontuários de muitas pessoas. Comigo, inclusive. Notei isso desde a reação da minha primeira dose da vacina contra COVID-19. Tive sintomas que nunca experimentei - incluindo o estado psicológico mais deprimente enquanto doente e sem vontade nenhuma de levantar enquanto acamado. Sabemos que aqui no Rio de Janeiro possuímos um carma com mosquitos. A dengue (e outras gangues) costuma trazer novidades patológicas, porém, foi depois da COVID-19 que as coisas começaram a ficar estranhas. Uma das coisas que ocorre é febre baixa - ainda que pareça norma...
Manhã cinzenta, clima londrino. Mas não importa. Seja lá ou no Rio, eu estava sendo apunhalado por uma canção, mas sentia compaixão. Eu seguia. Ia a qualquer lugar. Sem rumo, sem norte; sem Deus, sem lar; à própria sorte. Andorinhas voando, soltas no ar; de longe voltando, fugidas em par; órfãs de mãe e pai, Perdidas em meio ao concreto sujo. Em volta, tudo feio; nojento; caminhos, muitos se cruzam sob vento fedorento. Minha Cidade e Cor: angústia, medo. Vida incolor: dor logo cedo. Contudo, há beleza Notei na canção Ela que soava. Me acariciava. Ritmos e melodias, o coro dos enlutados e a letra mortuária; fria como o clima; - bucólico adro. Ó canto acappella! E lamentos. J unto ao soar do sino, acima da cama de cimento, aos pés da bela capela, de magnífico altar. Vivamente percebi, ao longe senti, ali, todos uníssonos, em seus goles de saliva imbricando-se - e o nó na garganta; as lágrimas rolavam como chumbo abalavam. O chão verde tremia. Sobre ele, pessoas, de preto, ves...
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