Fé e medo extremos

Por causa do vento forte que lá fora faz.
As folhas de uma imponente amendoeira se agitam, se rebelam, me tiram a paz.
Fazem sempre o mesmo movimento,

 Num fúnebre cenário em tons cinzentos.
Isso me dá calafrios, arrepios!
Mas não é do frio que faz, e sim do medo mordaz.
Na parede do meu quarto se projeta uma sombra sinistra.
Me cubro, tenho medo de encará-la.
É como dar de frente com uma tropa Nazista.
Prefiro ter mil pesadelos, entrar em desespero.
A ter de fantasiar todo meu trauma, em preto e branco, numa tela de concreto.
Minha cama é um cativeiro, no qual eu sou o carrasco de mim mesmo.
Me prendendo em pensamentos, desejos e angustias.
Fazendo 1 minuto levar 365 dias para se completar.
Fazendo meu cérebro perecer, apodrecer.
De tanto pensar, pensar... Penar.
Daqui pra lá e de lá pra cá, sem o sono sequer à minha porta tocar.
Barulhos repetitivos que chegam ao meus ouvidos como uma assombrosa
orquestra sinfônica.
Não me deixam rezar, orar, sei lá... Nessas horas tudo o que vier a
desviar a minha atenção é válido:
Até uma trágica lembrança de uma criança,

Coitada, sem seu doce e qualquer esperança.

Pálido, me olho no espelho.
Me lembro que, antes de tudo tenho de joelhos ficar.
Pois algo só terá efeito àquele que se ajoelha pra rezar.
Meu joelho dói, não tenho forças para a tal prece.

Deito e  choro: assim não dá!

Parece, não sei, que, o vento parou lá fora. 

Então agora está na hora,
De o mal ir embora e a luz voltar a reinar.
E o meu caminho se abrir eu voltar a sorrir e de emoção chorar.

Com ou sem oração, vou seguindo minha fé na tenebrosa ilusão.
Em uma parede, impecavelmente branca, mesmo que à noite, onde tudo fica escuro,
Há uma sombra com chifres e unhas grandes, que cisma em me apavorar.
Não é de se crer, num 
desses parecer,
Mas quer que eu lhe diga?
Na escuridão qualquer coisa ganha vida.
Em meu mundinho, tadinho de mim.
Não é o que parece:

Mas só creio na minha fé quando quando o Sol
aparece.

O Astro Rei. A Luz. O Salvador. Aquele que nos aquece.
Dentro do meu quarto eu imploro com clamor.
Todavia, com dor... Eu desisto!

Medo? Não sei, nem insisto.
Eu sei que a sombra parece uma piada.
Mas quero que você passe uma noite aqui sem que tua fé seja abalada.
Pode rezar, se espernear, por Ele rogar, chorar...
Pois sozinho ficarás e ninguém lhe ajudará.


É nessas horas que a gente vê a capacidade que nós temos.
Das provas que passamos, de tudo o que vivemos.
Ninguém vai chorar tuas lágrimas,
Rir o teu sorriso, ou se emocionar com tua dor.
Não, amigo! É você, só você, quem vai viver a tua vida.
Carregar essa cruz, cicatrizar as feridas.
Seja na loucura, na escuridão, seja na dor...
O que importa, realmente, eu sei: é termos fé, ficarmos em paz e agir com amor.

Comentários

  1. Impressionante! Fez meu coração bater mais forte pela intensidade de emoções.

    ResponderExcluir
  2. Impressionante! Fez meu coração bater mais forte pela intensidade de emoções.

    ResponderExcluir
  3. Parabéns meu amigo, mais um brilhante poema pode-se dizer.
    Quando é bom, nada há de preguiça pra ler.


    Congratulations...

    ResponderExcluir
  4. Eita ...
    A cada dia melhor!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O minúsculo poder

Ou como se filosofa com uma agulha

É assim que tem que ser?