Voltavime



Dos grandes montes esverdeados.
Da brisa que carinhosamente toca o rosto.
Do cheiro forte da terra úmida.

As ervas de todos os gostos,
A grama, o junco e o orvalho,
Nos tornam vivos, serenos e sábios.

O Sol chega em raios brancos e dourados.
Algumas nuvens sorriem num tom azulado.
Desenham um conto mágico no céu sem fim.
 
Sob ele, eu e você de mãos dadas,
Tão firmes quanto as rochas espalhadas,
Tão lindos quanto dois querubins.


Toda a magia multicor da natureza.
Todo o fascínio singular do Criador.
Estão, como a exatidão matemática,
Num suntuoso jardim, organizados com amor.

Árvores majestosas acenam.
Ciprestes, Salgueiros, Pinheiros e Figueiras,
Desenham todo o vale com suas cores,
Refletindo a luz de um majestoso Sol.
Soltam folhas leves e brilhantes.
  Esvoaçam pelo ar como purpurinas.
Iluminam e alegram até o inferno de Dante.

Um riacho corre tímido ao nosso lado,
Borbulhando gotículas de prata e cristal,
Banham toda a natureza ao redor.
Seu fundo transparece a pureza d'alma.
Nítidas, ao fundo, pedras variam a cor.
Adormecidas brilhando como estrelas,
Fazem-nos querer acariciá-las, tê-las.
Acordá-las de sonhos fantásticos,
Das mais belas histórias de amor.


Pássaros cantam todas as notas possíveis.
Fazem breves e encantadoras melodias,
Que ecoam nos confins desta terra.
Nos remetem à quimeras surreais.
Voam levemente, enfeitam o cenário.
Brincam no céu como felizes casais.

As flores agradecem em tons fortes, cintilantes.
Exalando um aroma sutilmente doce,
Quase que alucinante!
Cheiro de vida, cheiro de amor.
Penetram a alma de forma marcante.

O campo verde, o tom amarelo do Sol,
Junto ao puro azul celeste, contrastam.
Mas no piscar de olhos, na celeridade de um raio,
A paisagem fica cinzenta, cores se transformam.
Atrás de nós forma-se uma linda cortina,
Quão uma fina seda cinza clara.
Amedrontando qualquer ave de rapina.
Banha a todos nós com água de pureza rara.

A chuva cai torrente,
Deixando-nos muito contentes.
Pois elas cantam em nossos ombros,
Músicas belas em tons clementes.
Juntas, a chuva e a cachoeira,
Bailam córrego abaixo, numa divertida brincadeira.
De um fina serpente prateada, toda encharcada,
Torna-se uma volumosa corredeira.
Se abrindo entre nuvens cinzas, carregadas,
O  Sol reflete esse longo caminho de prata.

O astro rei se despede,
Todos se recolhem.
O silêncio é pacífico, reflexivo.
Tudo parece mais escuro, turvo.
Tons, do verde musgo ao marrom.
O vento continua suave, mas frio.

Sibilando nossos ouvidos um prazeroso som.

Sobre nós brilham no céu pequenos pontos de cristal,
Estrelas piscam para nós, em comunicação graciosa.
São formas de dizerem o quanto estão gratas,
Vendo nós dois juntos, apaixonados.
Sentem-se vivas e orgulhosas.


Sob nossos pés brilham as folhas e as gramas.
Misturam-se junto ao puro orvalho.
A torrente prateada percorre toda extensão,
E palavras amoráveis vai murmurando.
  Todos a sua frente, ela vai lavando.

Inclusive nossos sentimentos, dores e até a paixão.
E segue o riacho claramente dizendo: 

Adeus! Vos levarei em meu coração.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O minúsculo poder

Ou como se filosofa com uma agulha

É assim que tem que ser?