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Não basta ouvir-te a ti mesmo

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O céu é testemunha  dos passos que o homem deu na terra Como os ventos que vêm do horizonte percorreu litorais, desertos e montanhas Soprando a quente brisa Anunciando a chegada do Sol Aquele que a tudo ilumina caminhos, destinos e pensamentos Sempre em busca de algo oh pequeno humano... Sempre a tudo questionando Porém não sabe o que quer Não sabe por onde começar Mal tem uma pergunta formulada E já quer da grande voz da vida uma resposta determinada Tais respostas surgirão, sim Mas quando a vida realmente for vivida Isso pode custar tempo, ou não Basta um ouvir especial Não somente ouvir a si nem ao que lhe convém Precisa-se de uma sensibilidade Um estado de ser que vá além O homem precisa ser tudo Ser todos, sentir a diversidade Sentir a tenra idade Pressentir a novidade Ser todos os sexos Decifrar todo o complexo Possuir todos os sentidos E desfazer-se por completo Viver na Terra com a cabeça no céu Elevar-se quando preciso É estar no céu inerte Mas atento aos caminhos terr

ATO I - Larghetto

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Um velho moribundo Num quarto simples Isolado do mundo Pobre ao lamento Paredes cinzenta-amareladas: Dado a ação do tempo Mais as velas iluminadas Ao lado do inquieto homem Uma escrivaninha rústica Sobre ela, A divina comédia Um copo d’água e um terço O sofrimento, a dor Desconforto, pavor Porém lúcido, pobre velho À espera da barca Anseia sua chegada Sua partida Sua vida ir embora Mundo afora Uma viagem prometida Ao eterno, ao nada… Ao longe rasgando o ar Nuvens se abrindo O clima a esfriar Se configura um violino Inconfundíveis cordas Suavemente atiçadas por crinas Doce som, do fino aço À velha madeira ecoar Tocando em larghetto Em perfeita harmonia Com as batidas do coração do senhor acamado - já em atenção Ritmo solene Respeitando a ocasião Não um qualquer, se aproxima Alegremente se adentra Não somente no rústico quarto Mas na animosidade do idoso Executando uma reconfortante obra O diabo sorri e continua...

A música sem vida ou a vida sem música?

Sabe aquela música que você ouve desde criança? Que, já nas primeiras melodias, te remete a tão maravilhosas sensações; lembranças ou sonhos em lugares esplêndidos; pessoas maravilhosas momentos fascinantes, sabe? Pois é! Hoje esta mesma música já não faz mais sentido. Não traz mais essas memórias, ou esses acalentadores pensamentos. Note, no dia em que a música que lhe apraz não mais fizer sentido; não lhe inspirar e, pior, angústia trouxer... Saiba que é o anúncio do perigo. Talvez a chegada da hora.  Pois, tem música que serve como termômetro em nossas vidas: Medem o nosso humor, as nossas emoções e até pretensões. Percebemos que algo de bom se foi em nossa vida, quando essa música tocada não nos toca mais. Ela soa como um disparo e nos acerta como um tiro letal. Não sei o que é pior: se é perder um amigo ou o tesão pela música favorita; se é desgostar de um grande amor ou se o amor pela grande música da tua vida, vem a perecer... Tudo pode vir a acontecer,

Corpus Christi

Boa intenção, caridade Respeito, gesto fraterno Alegria e amabilidade Isso tudo há no inferno Pensamos no mal e no bem Esquecemo-nos do primeiro De atitudes que vão além Se o bem mudasse algo Do Senhor viveríamos ao lado Porém nem fingindo inocência Dor, ou qualquer amor Não conseguimos enganar: Primeiro, a nós mesmos Segundo, ao Criador Terceiro, por fim, o destruidor Não se engana a Deus, nem ao diabo! Ser humano imundo, coitado Verme consumidor Onde pisa corrói, distorce Juntos, sociedade Unidos, atrocidades Mentiras viram verdades As verdades, de fato, são escondidas em atos Ato falho E o desejo inato De corromper-se Deixar-se levar facilmente Lutando uns contra os outros Contra vizinhos, parentes Por terra, lama, lixo Grama, grana, luxo Ser humano… Verme, praga, câncer… Doença maligna Imune a cura É falha qualquer tentativa Solução falida Nem com intervenção divina Porque o inferno é aqui Deus

O inverno não tira férias

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O uivar dos ventos chega a ensurdecer É frio, e este atravessa os limites do corpo Tocam as folhas, arrancando-as dos galhos Violenta tempestade, esconderá o amanhecer Parece não ter fim o sopro voraz da natureza Também não anseio o alvorecer, A luz… Um novo amanhã não basta Prefiro a noite calma, a silenciosa madrugada Esta torna melhor os meus sentidos Em meio à escuridão, acende a chama interior e manifesta A tudo ouço e vejo, mesmo o coração partido Milhões de sensações vão além Lembranças explodem, melhores até de quando as vivi Elas vão e vem, como o vento e as folhas esvoaçadas Da rústica janela de minha casa a tudo aprecio Ora com medo, ora com bravura Ainda não tão escuro, à luz da Lua Brota a síntese destes opostos Esta loucura ante a um belo quadro natural Vivo, surreal, do qual me encanto, me espanto E não me canso de olhar Horas que não passam, perduram Semelhantes a um emocionante longa metragem Que a gente torce para qu

Para fora de Peloponeso

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Comigo não se preocupe Deixe-me trilhar sozinho Por favor me desculpe Sou o dono do meu mundinho Olha... Não estou apaixonado E também não estou querendo me matar Apenas escrevo como num ditado Com prazer, sem esforço, sem me cansar Sabiamente i rei atravessar os rios da vida Seja a pé ou a nado; muito ou pouco Não me siga, meu querido, minha querida Pois não quero ficar ouvindo  você é louco! Quem caminha aprecia melhor Quem se apressa, só vê o pior Me esforço muito para não correr A fim de não ver sangue, e sim suor

O "ítolo", o "mítolo", o presidente do Brasil

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“As coisas honestas, bem como os seres humanos honestos, não carregam nas mãos [...] as próprias razões. É indecoroso mostrar todos os cinco dedos. Tem pouco valor aquilo que antes tem de ser provado”. Crepúsculo dos Ídolos, NIETZSCHE, Friedrich.