terça-feira, 4 de novembro de 2025

QUANDO O LEVIATÃ DORME, O LOBO ATACA.

Produzido por Gemini I.A.

A cada novo tiroteio, barricada ou bairro dominado, o Rio de Janeiro parece confirmar uma antiga profecia filosófica. Thomas Hobbes, pensador inglês do século XVII, afirmava em sua obra LEVIATÃ (capítulo XIII) que, quando o poder soberano se enfraquece, a sociedade retorna ao estado de natureza — uma condição em que os indivíduos, movidos pelo medo de perderem suas vidas e pelo desejo de poder, agem apenas segundo seus próprios interesses. Nessa ausência de leis e de autoridade legítima, instala-se inevitavelmente a guerra de todos contra todos. Assim, de modo quase literal, o Rio de Janeiro de hoje se assemelha ao retrato contemporâneo dessa selva hobbesiana, onde o caos substitui o contrato social e o medo volta a governar.

Hobbes viveu em meio à Guerra Civil Inglesa e viu o que acontece quando ninguém teme mais o Estado - o poder que o povo delegou a um soberano. Para o filósofo inglês, de fato, esse Estado nasce quando as pessoas renunciam a parte de sua liberdade em troca de segurança, concedendo poder absoluto a seu representante - no nosso caso, por voto popular. Mas quando o medo de facções criminosas supera o medo da lei, o pacto social pode ser declarado impotente.

Eis o que vemos: o Estado perdeu o monopólio da força e, nesse vácuo, novos senhores da guerra ocuparam-se. A título de exemplo, facções e milícias não pedem votos — impõem obediência. Não prometem justiça — vendem “proteção”. Criam-se assim microestados dentro do Estado, cada um com suas LEIS, TRIBUTOS E, COMO SANÇÃO, EXECUÇÃO. Hobbes chamaria isso de “a dissolução do contrato social”.

Para ele, a política nasce do medo da morte e não de virtude; do receio de alguém lhe atacar a qualquer momento e não a de se querer o bem ao próximo. Sendo assim, onde a lei oficial do Estado se enfraquece e já não é capaz de impor respeito por meio de suas sanções e de sua autoridade, em seu lugar emerge a lei do fuzil — a única que ainda inspira temor e obediência. O cidadão comum, entre a polícia ausente e o poder das facções presentes, volta a ser súdito do medo. Porém, de um medo aliado a um sujeito sem direitos acordados no contrato social, muito menos de DIREITOS CIVIS.

A ironia é cruel: o mesmo medo que criou o Estado agora o destrói e erege outro mais temível ainda sem legitimidade alguma. Quando o governo oficial eleito aparece só com operações espetaculares — sem escola, hospital e justiça — o povo é submetido a outros protetores que não foram eleitos e que impõem sua força, queiram ou não. 

O remédio hobbesiano é duro, mas claro: só um Estado forte (no nosso caso, de direito e democrático), pode restaurar a paz. Não o monstro que devora liberdades, mas o Estado que cumpre com o contrato, impondo e exercendo leis (por meio da vontade dos cidadãos), que ocupa seus territórios com instituições e áreas de lazer. Pois, onde o Estado se ausenta, o lobo volta a atacar; seu instinto é o poder e a glória, seus caninos são pontudos como os fuzis.

Talvez seja essa a lição amarga de Hobbes ao Rio: enquanto o poder público hesitar, as facções e milícias continuarão legislando à ferro e pólvora, jogando os corpos dos seus súditos desviados e rivais pelas ruas e praças como demonstração de poder.

E nós, pobres eleitores, acuados entre o medo extremo e a indiferença, continuaremos sonhando com um Leviatã que PROTEJA, e não aquele deglutidor de direitos; seguimos impingidos, de quando em quando, com gesto de memória muscular, exercendo nosso papel de cidadão elegendo aquele que nos promete (e que facilmente não cumpre) - refazendo o velho cíclo de Estado ausente e facções presentes.

QUANDO O LEVIATÃ DORME, O LOBO ATACA.

Produzido por Gemini I.A. A cada novo tiroteio, barricada ou bairro dominado, o Rio de Janeiro parece confirmar uma antiga profecia filosófi...