A ESTRANGEIRA
Lembra-te, estrangeira, estavas comigo Eu também era todinho teu Saímos de um rústico abrigo Rumo a luz, para bem longe do breu “Olha o que temos à frente Uma bela e vasta campina Tão verde, de chão tão quente Pronta para deitarmos-na em cima” Eis que você se jogou na grama rasa Deitada com um olhar faceiro Como quem não quisesse nada Convidou-me a ser seu parceiro O campo tinha suas ondulações Ficamos tão bem acomodados A terra, dócil, pegou-nos no colo Porém para manter-nos acordados Não seria justo caírmos no sono Na verdade nem havia como ou porquê Estávamos ávidos demais não tinha como Queríamos muito a uma coisa só fazer Era algo como que programado: Olhávamos nos olhos sem piscar Com isso ficávamos arrepiados nossos rostos começavam a corar Você tocava suavemente meu rosto Minha mão contornava tua cintura Beijavamo-nos sem pressa, com gosto Com todo o cenário: arte, bela pintura Nossos corpos ardiam como magma Ofegantes parecíamos dois tornados Transpirávamos como a uma enxurra