quarta-feira, 28 de junho de 2017

Nem sei

Nem sei

Outro dia eu li
“Nasceu com dom pra ser bandido”
Não sei se é para chorar ou para rir
Pois ninguém nasce dotes pré definidos

E mesmo que isso ocorra
Um recém nascido não vai querer
não vai escolher ser ladrão, porra
E sim um melhor caminho a viver

Mas por que se comete tanto crime?
Jovens e adolescentes estragando tudo?
Será que é por causa desse regime?
Ou apenas por falta de estudo?

A população não quer educar
dá trabalho e cansa
O Estado prefere remediar
liberando a matança

Morre vítima, morre réu
Morre a sociedade toda
Quem vai ao inferno, ou ao céu?
Ou à Sodoma e Gomorra?

Vamos “enxugar gelo”
É um bom entretenimento
Ao linchamento precisamos de um apelo
Vamos seguir nesse contínuo movimento

Hoje faz-se justiça com as próprias mãos
Amanhã sai como herói na notícia
Mas descobre-se que o justo era ladrão
E que o suspeito na verdade era a vítima

Julgar, não devemos
Condenar, muito menos
Podemos viver em harmonia
Percebam o quanto já sofremos

Há violência no bairro, na cidade
É guerra entre estados, nações
Baixas de todas as idades
Dilacerando os nossos corações

Mudemos o nosso Estado
O causador de tudo ele é
Não adianta termos um réu e um coitado
Para darmos créditos à crença ou fé

Quer assim o nosso sistema
Vivendo como gado
Sendo mal educados
Dando tiro no pé

O problema é social
Não adianta tentar dizer que é Deus
Pois ele, sádico não é.

Qual Deus se comprazeria com a desgraça?
Crianças no crime, jovens se matando?
Sua intervenção serve só a uma parcela da massa?
e àquele que o dízimo está pagando?

Os nós atados estão na sociedade
Nao vem de um mítico anjo mau, ou diabo
São centenas, milhares, na verdade
a quantidade de políticos safados

Além de políticos, empresários
“Proprietários”, “donos” da Terra
Fazendo todo mundo de otário
Fomentando em nome de Deus a guerra

Eles querem de nós a gana, a disputa 
enquanto engordam loucamente
Nos tornamos suas "putas"
Numa vida miserável, porém contente

"Eu fecho com quem me paga mais
Tenho dinheiro, mas não tenho paz"

A liberdade nos foi extirpada
Viver em sociedade hoje é impossível
Uma "doença social" está avançada
e pra piorar, o individualismo é sua cura horrível

quinta-feira, 22 de junho de 2017

É como água da fonte

Não se precisa de olhos para enxergar
Nem de boca para falar
Apenas o corpo para sentir
Quando o coração mandar

O sofrimento é certo
Mas dele dá para fugir
O amor está bem perto
É como saciar a sede com um elixir

É certa também a felicidade
Devemos sempre disso lembrar
Não importando nossa idade
Um dia ela irá também chegar

É como água que vem da fonte
Erga a cabeça e olhe no horizonte

É melhor nada saber

O que eu aprendi?
Não sei! E acabei de esquecer
Nem adianta o pensamento polir
e nem tentar de novo aprender


Não quero mais voltar
O caminho é reto, sem trevos
Para frente vou caminhar
Aprender tais coisas me dá nos nervos


Esse aprendizado não liberta
pelo contrário aprisiona
Depois que você faz a descoberta
Lágrimas você coleciona


Na verdade você aprende a aprender
É uma certa excelência à ignorância
E quanto mais disso você esquecer
Mais tua vida terá importância


A liberdade é quase que impossível
Nos aprisiona o nosso mundo
Um conselho: faça-te de burro passível
que serás rei num segundo


Conheça-te a ti mesmo
Saiba tu que nada sabes
Já dizia um filósofo grego
E use somente o que lhe cabe


Afinal, o que eu aprendi?
Não sei. Me esqueci
Não quero saber
e nem me lembrar o que vivi

domingo, 14 de maio de 2017

Alguém em algum lugar

Não foi o mais longe que já consegui
Outrora cheguei ao outro lado do mundo
Esta foi uma longa viagem com tudo o que vi
Foi como um mergulho em mar profundo

Ah, que calma!
Ah, que beleza!
Ah, a sua alma
Ah, a sua clareza

Nunca senti aquele frio
Me tornei fã daquele clima
Buzinas sem darem um pio
Todos numa adorável rotina

Os largos e retos caminhos,
terminavam em algum paraíso
Como pássaros em seus ninhos,
num lugar onde voar é preciso

As companhias agradabilíssimas
Aprendi com todos, as suas histórias
De Osho, ditaduras, até aos comunistas
Dos dias difíceis e também os de glórias

Nunca falei tanto
Nem havia ouvido tanto também
Falei até em Esperanto
Diálogos que foram muito além

No final um mestre falou por alguns minutos
Todos estavam ali para vê-lo, dedicados
Um líder que conquistou o coração de muitos
Exceto daqueles que o querem crucificado

Se você fala de paz, você gera a guerra
Se você declara guerra, paz não há
Ninguém anda sem suas próprias pernas
Ninguém possuído de ódio irá amar

O que seria de nós sem um mestre?
E o que seria de um mestre sem os seguidores?
O mesmo que o oeste sem o leste
O mesmo que os lápis sem apontadores

Nos guiaríamos como?
E como escreveríamos?
Andaríamos sem rumo,
e sem leituras, morreríamos

O mestre falou, utopia renasceu
A benevolência enfim ganhou vez
A simpatia mútua só cresceu
E a ideologia ganhou solidez

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Psiu! Silêncio! E não se mexa.


...
...
Você consegue?
Claro! É fácil!
É só a boca fechar
Mas não é só isso
Difícil é a mente “calar”
Agora… Quieto! Imóvel!

...
...
Conseguiu tal proeza?
Fácil parece também
Controlar-se é um bem
Problema é quando não conseguimos.
Da inércia, fugimos
À mente, mentimos
Ao espírito, enganamos
O ficar, fugir
O fugir, voltar
Nunca estaremos parados
E assim se mantém nossa mente
de galho em galho sempre
Já dizia Heráclito
ou Hermes? Ou Frida?
“Tudo se move”
Também Galileo, arriscando sua vida:
“Eppur si muove”
De lá pra cá, aqui ou lá
Perceba quanta coisa se mexeu
Alguém morreu, outro nasceu
Quanta coisa mudou
Ontem uma criança, hoje avô
O tempo não pára
O atleta, uma flecha
O monge, uma rocha
Ambos envelhecem
Os olhos se abrem, o mundo à frente
Pássaros voaram, o Sol despontou
Lábios se tocam, algo se sente
Um belo beijo, à paixão despertou?
No mar, ondas se chocam
No ar, a brisa leva embora
Gritos que ecoam
sons que vêm de outrora
Tudo é movimento
Mesmo parado
Há um momento
Há um estado
Caindo em pé, correndo deitado
Igual a chuva, no velho ditado
Estamos sempre nos mexendo
O universo em movimento está
As estações, estrelas, o clima, tudo
Pensar, imaginar, sonhar
Também é movimentar
Até o estático se move
Se mexe, até o que não sai do lugar
Então pare, sinta, olhe e vá
Veja o que te move
O que se move
Mas o faça
Mesmo sem se movimentar
Apesar de, em movimento estar
Pois difícil é o pensamento parar
ou as galáxias também
Estamos adjacentes a isso
Não sentimos, mas estamos em pleno voo
Permita-se ao vazio, ao silêncio
À quietude, à paz e ao bem estar
Mesmo que por alguns segundos
Vale a pena tentar

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Rio de janeiro à dezembro


A cidade do Rio de Janeiro
Ah! Cidade…
De anjos e demônios és o celeiro
Como Paris, ora é tão romântica, apaixonante
Ora é tão horrível quanto o inferno de Dante
Contudo ainda é completamente bela
A beleza de sua própria natureza
A coragem e a humildade nas suas favelas
Jaz aqui o sangue da nobreza
Realmente uma cidade maravilhosa
O pôr do sol, parecendo tocar o mar
Se esconde rapidinho, deixando saudades
fazendo estrelas brilhar
É o céu mais encantado
Vem o alvorecer e pinta o Rio de dourado
suas avenidas, seus morros, cada lar
O azul mais azul, no horizonte
mescla-se com o verde mais verde
que brota da sua mais viva fonte
Da Ponte mais simpática
ve-se o espelho que a tudo reflete
Desde a mais pesada sujeira
A um senhor de braços abertos, inerte
Mas calma! Por nós ele olha sim
Para o pobre, para o nobre
Para quem usa seda, ou quem usa cetim
Nós é que para Ele não olhamos muito
Os esquecemos por completo
Pois aqui não se pára um minuto
Vivemos como um gado seleto
Seja dentro das indústrias
camelôs, qualquer comércio
A boemia, a religiosidade
O encanto, o desencanto, o céu, o inferno
Rio de Janeiro ainda é a cidade
De verão à verão, de inverno à inverno

O violoncelo


Era uma música
Em tom menor, enormemente compassada 
Rolava, em minha consciência, suavemente
Ora doce, ora muito pesada
Análogo a uma pessoa caminhando vagarosamente
dando largos passos num caminho enevoado
desviando aqui e ali de trevos
e do chão empoçado
Sua intensidade era agradável
Os graves imponentes
Os médios envolventes 
e os agudos instigantes
Era um instrumento só
Algo, ou alguém fazendo uma apresentação
Um anjo solista, ou o mal em auto compaixão?
Seu timbre era capaz de elevar
Tirar alguém do solo, literalmente
Apesar dos imponentes graves, a melodia era leve
Transformava tudo num cenário normal
Apesar da paisagem cinza, inerte
a natureza, o clima, tudo era frugal
Um majestoso instrumento
As cordas vibravam
O arco por elas passava
A cada movimento
meu submetido pensamento 
na neblina se mesclava
Sua caixa acústica recitava notas solenes
Meus olhos marejavam lágrimas perenes
Um dia que nunca tive
Uma caminho que nunca percorri
Uma música que nunca ouvi
Mas que sei que existem
E que meu coração persiste
Segue, sonha, luta para alcançar
E se apraz, como neste momento
Em apenas nisto meditar

Apolítica

Um ato de violência política não revela apenas um crime de uma ação isolada. Ele expõe a fragilidade de nossas crenças políticas. Depois dos...