segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Não, obrigado!

Não sou obrigado:
Nem a agradecer,
E nem a ser agradecido.
Queria, a tudo esquecer,
E também ser esquecido.

Não sou obrigado:
A seguir teus passos.
A pensar como você.
Livre de qualquer laço,
ou estar a mercê.

Não sou obrigado:
A ouvir o que tu ouves.
A concordar com tuas iras.
Nem um ser que se louve.
Nem que narre mentiras.

Obrigado:
Eu agradeço tua gentileza,
Teu carinho e bondade.
És digno da nobreza,
Sempre seguirei tua amizade.

Obrigado:
Eu sou um ser pensante.
Que preza o próximo,
À harmonia, sou consoante,
Pela paz me dedico ao máximo.

Obrigado:
Do amor e caridade, sou nato.
Rico como a primavera,
Sou feliz! Por ti sou grato,
Por tudo, por toda era.

domingo, 11 de outubro de 2015

Imóvel Escuridão

Não consigo mais sorrir,
E também, chorar.
A vida se foi em vão,
Sem tempo para amar.

O que eu posso fazer?
Me acovardar e me esconder?
Seguir em frente, e simplesmente,
Olhar pra frente e deixar tudo pra lá.

Hoje eu machuquei, magoei, feri.
Amanhã vou chorar, lamentar, me redimir.
Sofrerei justamente aquilo que causei.
Mas será que com os erros aprenderei?

Eis a analogia do bumerangue:
Da mesma forma e intensidade...
Lentamente, ele vai, e volta. 
Quando atinge, tira sangue.
Causa a vítima uma terrível revolta.

O tempo não passa.
Minha cabeça, presa está.
Sou um pássaro numa pequena gaiola,
Sem poder bater asas e nem cantar. 

Olho para o céu e nada vejo.
A escuridão me domina, apavora.
Minha vida anda como um caranguejo,
No vasto inferno que me domina agora.

sábado, 3 de outubro de 2015

Uma velha história

Conversando com uma amigo de longas datas, ouvi sua velha história e pelo que percebi o tempo não passou para ele:

"Tá Silvio, eu confesso... - Continuou ele - estou carente. Sozinho, sinto falta de uma companhia, do calor do corpo, da delicadeza feminina, do carinho de uma mulher. Sinto falta.

Já tem um bom tempo que eu não sei o que é um bom beijo. Eu até que tentei, mas não me deram oportunidade e também não gostaram de mim. Seja fisicamente ou intelectualmente sei la... 

Quando saio a noite, por exemplo, eu vejo muitas mulheres bonitas, belas, mas só vejo. Não ouso em perturbá-la ou ficar "xavecando" ninguém por que as pessoas estão em certos lugares para diversão, geralmente já estão acompanhadas etc... Não há nem uma troca de olhares segura a ponto de eu me sentir a vontade para chamá-la para uma conversa. Nada!

Ai numa bela noite, no Rock In Rio, show da Rihanna, eu vi uma mulher tão linda, mas tão linda que eu me encantei. Acho que fui enfeitiçado. Acabou o show, fui embora pensando nela, como seria nós dois juntos e o que eu faria para agradá-la, etc. Nessa "viagem" eu comecei a levar a sério e imaginei-a ao meu lado.

Eu fantasiei a linda mulher comigo e comecei a ter diálogos, dentro do táxi que me levava pra casa. Numa dessas conversas eu consegui convencer minha nova "namorada" a ir para casa comigo. Tudo bem que é uma namorada imaginária, virtual, sei lá o que dizer, mas era minha nova namorada e eu não tirava ela da cabeça, literalmente. Cara, acho que o diretor daquele filme tirou essa ideia de mim, o filme "A Mulher Invisível".

Chegando em casa eu pedi que ela ficasse a vontade, que ela podia se sentir em casa. Ela prontamente foi tomar banho. Eu me animei, e abri uma garrafa de vinho do Porto que tenho aqui há 20 anos e trouxe duas taças de vinho de cristal, da Áustria. Isso já era umas 4h da manhã. Enchi as duas taças. Os passarinhos já começavam a cantar do lado de fora.

A linda mulher saiu do banho, e gentilmente enrolei-a na toalha de algodão da Turquia, tão fofa que parecia um travesseiro. Ela me pediu uma roupa. Dei um short e uma blusa minha mesmo e convidei-a para tomar um vinho. Cortei uns queijos Camembert, Brie e outros frios importados e servi à mesa, que suavemente era iluminada a luz de velas. E aproveitei, por fim, acendi o incenso Sai Flora, de um monastério de Sri Lanka.

Quando eu comecei a "desenrolar a situação" e já ia pro beijo, minha mãe acorda, sai do seu quarto. Ela entra na sala esculhambando tudo, ralhando comigo e se desesperou quando viu a mesa posta:
TA MALUCO, GAROTO?! TA FAZENDO MACUMBA, BOTANDO BEBIDA PRA SANTO DENTRO DE CASA? AAAAAH, NÃO!!! AS VELAS DO MINHA 'POMBAGIRA' GAROTO... VAI TACAR FOGO EM TUDO, INFELIZ!!! O QUE É ISSO? O QUE O VINHO DO TEU AVÔ TA FAZENDO AQUI... MENIINOOOO, VOU TE MATAR! AS TAÇAS DELE TAMBÉM, ISSO TEM MAIS DE 200 ANOS, POR QUE AS DUAS ESTÃO CHEIAS? QUE MERDA É ESSA? PORRA, A TOALHA DA TUA AVÓ!!!! OS DOIS ESTÃO SE CONTORCENDO NO TÚMULO AGORA. VOCÊ ADOECEU? SE DROGOU? TE DERAM LSD NAQUELA MERDA DE ROCK? GUARDA TUDO MOLEQUE, ARRUMA TUDO!!! ONDE JÁ SE VIU??? CHEGAR 4H DA MANHÃ E FAZER UM BANQUETE NOBRE DENTRO DE CASA? ESTÁ ESPERANDO ALGUM REI, ALGUMA RAINHA? OU VAI CANTAR PRA 'PRETO VELHO' AGORA, É ISSO? OS QUEIJOS, PUTA MERDA, ESSES QUEIJOS, GAROTO!!! ... CORRE, QUE EU VOU TE MATAR! VAI NA UPA SE DESINTOXICAR SEU ANIMAL E APAGA ESSE INCENSO QUE EMPESTEOU A CASA TODA... ANDA SOME DAQUI, VAI PRO HOSPITAL. AH, LEVA CASACO, ESTÁ FRIO LÁ FORA. GUARDA-CHUVA TAMBÉM, OH, ESTÁ CHOVENDO... VAAAAAAAAI SOME DAQUI!"

Sinceramente... Nem mulher imaginária eu consigo mais conquistar, dar uns lance, amigo Silvio"

o.O

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

És marcante


A mais linda do universo é ela.
O sangue é nobre; a cor, negra.
Rainha da Africa, a mais linda donzela.
Olorum fez-lha toda rica em beleza.


No Aiê, vive na terra da garoa,
Mulher, apaixonada e também guerreira.
Teus sonhos são como aves que voam,
Divertindo-nos com ingênuas brincadeiras.


Em meio aos cinzentos concretos,
Sutilmente, distribui belas cores e leva riqueza.
Briga contra os inimigos certos,
Pobres, que zombam de sua beleza.


Sua doce voz, sinto enorme prazer,
Com ela, fico horas a finco no telefone.
Sem ela sinto saudades "de morrer",
Toda vez que ela some.


Negra linda! Tão doce, tão fera,
Tem um abraço e beijos gostosos.
Parece poesia dos sambas da Portela,
Encantam-me suas mãos e jeitos manhosos.


Ela vive também em meus sonhos.
Sua beleza interior e seus contos risonhos.
Desejo tê-la, por ela ser abraçado,
E ter minha vida e sentimentos encantados.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Ódio não!


Em relação ao ódio, confesso que:
Não sei seu formato;
Nem sua grandeza;
Nem esperteza possuo,
Para decifrar tamanha estranheza.

Não sou nenhum santo, disso eu sei:
Mas quando ajo irracionalmente,
Ao menos digo: "sei que errei".
Logo recorro a uma oração.
E torno a entoar:
"Crux sacra sit mihi lux;
Non draco sit mihi dux;
Vade Retro satana".

Ainda tem ódio que persiste,
Resiste!
E se diz: nada vai mudar.
Isso é muito triste...
(ou revoltante?)
Não sei, doravante,
Nada será como antes?

Na crença ou não, tentarei mudar.
Irei Lutar!
Caminharei, normalmente,
Como uma serpente,
Lentamente, rastejando-se pelo chão.
Sou frágil, bobo e pequeno,
Mas não queira provar meu amargo veneno.

Ódio, eu?
Jamais! Apenas faço. E digo mais:
"Sou da paz".
Hipocrisia? Ah... Sorria!
Falso, seremos algum dia.

Quem sou eu? Quem eu sou?
O pobre cordeiro?
Ou o lobo enganador?
Sonso ou honesto?
(muitos dizem que não presto).

Isso me corrói os nervos.

Despedaço todos os trevos.
Flores, rosas e plantas.
Não chego aos pés de uma anta.
Ao menos eu disfarço digo:
"Sou da paz".
Isso já me livra e me consola,

De qualquer atitude audaz.
Quer mais?
Pois bem. Lhes digo sem dúvidas:
Do ódio, eu fingir desconhecer...
Feliz e contente passo a viver.
Disfarçando minha vida, nobre vida.
A cada amanhecer, em cada parecer.
Em cada partida e cada chegada.
(depois de muitas "burradas").

Só eu sei quão é o prazer,

(mesmo que eu não queria dizer),
Fingir desconhecer algo tão temeroso:
O ódio, esse sentimento pavoroso.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Negra mãe


Eu vi você correndo na beira do rio.
Eu pude ver nos braços da mãe o menino.
Queria ser naquele colo o seu filho.
Oriundo da beleza e magia...

Você cantou, bailou as ondas de Iemanjá.
Você soprou meu medo para beira mar.
E iluminou caminhos, estrelas e luar.
Fez brilhar um novo Sol, amanhecer...



(Letra e melodia: Silvio Luiz)

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Lado Escuro da Lua


O lado escuro da Lua para mim se voltou.
Pétalas se despedaçam; rosas ficam nuas.
Na pele, marcas; algo me cortou.
Mesmo assim minha pobre vida continua.

O silêncio me afoga agora.
Não posso reclamar, só aceitar.
Minha vida não é de se jogar fora,
Mas minha atitude é de lastimar.

Muito já caminhei, sobre esta terra nefasta.
Já corri, busquei; já fugi, perambulei.
O implacável tempo não passa,
Do meu inferno em particular, rei eu me tornei.

Não passo um dia que eu não pense em vingança.
É inglório tal sentimento, eu sei.
Mas não vão tirar de mim a lembrança.
Dos belos dias em que sonhei.

Eram desejos simples que todo homem tem.
Amar, ser amado, cuidar e ser lembrado.
Mas me apunhalaram, me lançaram além.
Tão longe de tudo, no escuro estou fadado.

O vento sopra forte, uiva aos meus ouvidos.
Folhas secas voam; galhos violentamente quebram.
O ceu está cinzento, muito medo eu sinto.
É um longo campo vazio, onde muitos se desesperam.

Quem é vivo sempre deixa rastros.
A divina luz irá me encontrar.
Largarei dessa vida nos sombrios pastos.
Para o meu coração tornar a pulsar.

Lua escura, Lua fria.
Olhe para mim, sorria!

Ilumine-me intensamente.
Por ti choro torrencialmente.

De alegria, correm minhas puras lágrimas.
Onde a sinceridade e o amor venceram as lástimas.

Apolítica

Um ato de violência política não revela apenas um crime de uma ação isolada. Ele expõe a fragilidade de nossas crenças políticas. Depois dos...