De fato a ventura não mora em mim
Eu sou um poço de amargura Um ser beirando a insanidade, algo sem cura Dizem: “coisas simples, diversão sublime; a felicidade mora nas pequenas coisas” Então, sendo assim, eu sou muito grande Um cego à graça da vida Nem se dono de toda riqueza eu fosse Há escassez de gana Nulo desejo para sorrir à vida É tudo ilusório, falso Tal qual no deserto caminhar Com tudo o que ele representa Mas delirar, banhando-se num lago à sombra, no conforto destinado aos reis Se é assim num deserto de areia o mesmo se dá nos gélidos alpes Lá de cima, onde tudo é cinzento e congelante Iria uma miragem me aterrissar num belo campo Em algum lugar ensolarado, na mata, regado de flores Mas nunca, de fato, estarei num lugar assim Onde eu realmente quero estar, sem quimera Não! Estou sempre no oposto, na contramão Então por que não dirigir no fluxo? Não seguir em boa direção? Nada que se deseja, se faz corretamente estando, seja quem for, privado da razão