A volta dos que não foram...





O jovem blogueiro/ empreendedor pede fim de algo que nunca existiu. Como pode isso?

Primeiro vamos à primeira coisa escrita que se mostra: "Economista Sincero". Que é um complexo desde já: Tendo como sujeito a palavra Economista, o que a segue é inerente a ela ou é separável? Porque, digamos, se todo economista é sincero por natureza, isso se torna um pleonasmo - como o famoso "fato real", "hemorragia de sangue", "subir pra cima" e etc. Portanto, usar pleonasmo ou até mesmo ser redundante ao adotar um nome para se aplicar a um empreendimento é horrível. Entretanto, não deve ser o caso. Além da frase “Todo economista é sincero”, vir a ser falsa - caso o jovem queira empregar a proposição dessa forma. Pois nesse caso temos que olhar o predicado “sincero” de outra forma, fazendo outra hipotese. Por exemplo: “Todo economista não é sincero - o que não pode ser verdade também. Portanto, o que nos resta, e o que é mais aceito e justo seria “Alguns economistas são sinceros”. Tudo bem? Porém, este “blogueiro-barra-empreendedor” está afirmando que ele é desses alguns sinceros. Tudo bem, vamos lá!

Findada esta minha falácia acima, segundamente, vamos ao que de fato interessa: Economia e regime/ sistema político. A próxima frase estampada diz: “Chega de Socialismo e "mimimi", economia de forma clara e objetiva.” Uma pergunta logo de cara, de onde caralhos ele tirou essa onomatopeia “mimimi”? Seria algum partido, algum sistema ou regime político, uma música de um grupo feminino da Rússia ou algum K-Pop? Por que raios isso surgiu aleatoriamente na frase? Ademais, seguindo a frase, a Economia em si não é clara nem objetiva? Ela o é somente com o “blogueiro-barra-empreendedor"? Será? (O predicado “sincero” está valendo ainda?)

Em terceiro lugar, o que se entende por Economia? A julgar Economia é uma ciência humana. Ciências Econômicas, melhor dizendo, a ciência que estuda o dinamismo econômico de uma sociedade, que pode ser feita pela produção, distribuição e acúmulo de bens. Porém, no mundo de hoje, pelo menos, temos melhor ciência desses acúmulos e escassezes e não só - pode-se até traçar um marco na história para termos uma noção: a entrada da idade contemporânea, para muitos, marcado pela Revolução Francesa. Ou seja, parcela da sociedade acumula bens e outra sofre com pobreza e miséria extrema - escassez desses bens. Esse é o papel do economista, fundamentalmente. Compreender essa atividade e atuar para que haja um equilíbrio. 

Outra coisa, qual aquele economista que nunca leu Karl Marx? Notório crítico do capitalismo, da economia política. Um dos cânones de diversas ciências, até da Filosofia. Qual economista que quis se aprofundar em Marx e, consequentemente, em Engels, não leu três “patacas grossas” chamadas Das Kapital - (O Capital)? Isso não é economia? Seria o que então?, o “mimimi” definido pelo SINCERO blogueiro-barra-empreendedor? (Me desculpe a caixa alta na palavra “sincero”; é que me deu uma vontade imensa de digitar essa palavra com a font tamanho 78, em negrito). Eu juro que não sei qual estigma é esse de que quem estuda Economia é capitalista, obviamente, de direita e vice-versa…? Ou que a Economia está arraigada ao capitalismo e, consequentemente, à pessoas de direita; em contrapartida, que pessoas ditas de esquerda "são de humanas"… Não!

Entretanto, agora, sobre o Socialismo, nada tenho a dizer, porque... Qual economista não vá crer que em um Estado Socialista não haverá economia? A não ser que este não seja SINCERO. Sim, economia no Socialismo. Como nos moldes já supracitados: “Economia estuda a dinâmica econômica de uma sociedade, que pode ser feita pela produção, distribuição e acúmulo de bens.“ O que esse cara blogueiro-barra-empreendedor acha que é o Socialismo? Nunca se deu ao trabalho de olhar no Wikipédia, para saber o raso, pelo menos? No Socialismo sim, ainda haverá acúmulo de bens. Provavelmente pelo Estado e seus agentes (e isso cabe mais debates). O Socialismo preza o Estado máximo e a partir daí a sociedade seria melhor regida, se regularia de forma igualitária e mais justa devido a supressão das propriedade privadas e seus meios de produção. Os bens, lucros e etc, seria do povo e para o povo. Com isso, no futuro, em uma próxima etapa: Comunismo. Logo, “adeus” classes sociais; adeus, ricos e pobres, plebeus e patrícios, escravos e servos… Mas ainda assim, enquanto Socialismo, haveria o Estado. Conforme disse Vladimir Ilyich Ulianov, vulgo Lenin, "Enquanto houver Estado ainda haverá classes". Portanto, fica ai essa tese/ antítese. Para isso indico um livrinho básico: “O que é Socialismo”, da Coleção Primeiros Passos. Ok, jovem blogueiro/empreendedor?

Portanto, no Comunismo, as coisas são mais simples de se definir, porém um pouquinho mais complicadas de se compreender. Elaborado por Marx-barra-Engels, essa organização sócio-ECONÔMICA é uma etapa e, última, após o Socialismo já estabelecido. Ponto final. Seria uma superação do regime Socialista. Eu escrevi que Comunismo é uma “organização”, porque no momento em que se assume isso já não há presença do Estado, nem, muito menos, de propriedades privadas, por conseguinte, “patrões x empregados”. Sem classes, sem preconceitos, sem racismo, machismo, homofobia e tudo o mais que arruína a sociedade e suas relações - segundo diversas narrativas comunistas. Se vier a ter regime democrático, este se daria em forma plena, de forma a dividir o poder, os bens, a todos sem distinção - pode-se adotar a autogestão. Logo, definindo em uma palavra: (muitos não gostam desse termo - a galera que se debruça no tema - porém eu a uso para me expressar) utopia. 

Portanto, vejam... Utopia seria um lugar ou estado ideal, como o céu cristão; um lugar onde impera o “comum”; há harmonia e felicidade, consequentemente; um mundo que se olha horizontalmente e não de modo vertical, como nos tempos atuais. Portanto a utopia, para outros, seria algo como um sonho, uma quimera, uma projeção para um futuro distante etc… Tenho certeza de que, ainda para uma porcentagem muito grande de estudiosos, o comunismo é um estado que nunca conseguiremos alcançar. (Sim sou pessimista).

Ademais, amiguinhos, viu? Comunismo não dói, não é monstrinho, nem é malvado. Segundo o “blogueiro-barra-empreendedor”, o comunismo priva a liberdade. Que feio! Eu acho, e só acho, que quem promove à servidão, a falta de liberdade, guerras, doenças diversas, suicídio entre tantos outros males é o sistema vigente, que, diga-se de passagem é práxis no mundo todo: capitalismo. Já o comunismo - como nunca se houve uma nação, um Estado que adotou isso, fica difícil prever certas coisas (por isso que falei que não é fácil compreendê-lo por completo), mas o comunismo, de fato, seria a liberdade, a emancipação humana a julgar o que se escreveu sobre ele. E, outra coisa: o trabalho, o trabalhador, são o foco deste, vamos dizer, regime. Quem acha que o Comunismo é diferente de trabalho, posso indicar aqui um livrinho, poucas páginas e está disponível de graça em arquivo PDF e que se chama “O Manifesto Comunista”. Este sim, de cunho político, ideário, não chamando tanto para a Economia como a conhecemos, mas um programa, uma concepção, quase que uma ordem ao trabalhador. Ao trabalhador de todo o mundo. Eis a famosa frase “Proletarier aller Länder, vereinigt euch!” (Trabalhadores do mundo, uni-vos!). Comunismo e Trabalho se fundem em sujeito e predicado. Ou posso dizer, ousadamente, é pleonasmo?

Por fim, pessoal, sobre Economia financeira, sobre como enriquecer, lucrar, economizar grana, obter bens, isso é um RAMO DA ECONOMIA. Que, na boa... Segundo a definição deste “blogueiro-barra-empreendedor” e suas postagens nas redes sociais, a sua “Economia” está mais para trabalho de Coach (Coaching) do que propriamente de economia/ economista - mas um economista sincero, diga-se de passagem. Segundo o que ele prega e vê do mundo, isso sim é uma escravidão moderna; privação da liberdade alheia. Empreendedorismo são vias arteriais do Capitalismo e este provê e mantém a desigualdade. Não sou eu quem estou dizendo, simplesmente o mundo é assim. Ou onde raios de planeta que você mora que não é desigual tendo como sistema sócio-econômico o capitalismo? Empreender não torna o indivíduo que obtém lucro em prol do acúmulo de riquezas. Não. Quem o faz, são poucos e ninguém atinge a este patamar - nem pagando (risos). Talvez se consiga através das disputas de cargos político. Mas é outro papo. Ah, e por falar em político, para finalizar a ideia de senso-comum sobre o comunismo, tem-se como narrativa política, retórica, (desde antes da Guerra-Fria, Hitler já anunciava o Comunismo) este regime como um “inimigo externo”. Um inimigo invisível, inexistente, mas como potencial monstro da desvaloração dos valores e costumes morais. Mas de fato, em nenhum lugar no mundo um povo implantou o Comunismo: sem estado, com o povo obtendo os frutos de todo o trabalho, participando ativamente das decisões, ou com a democracia, ou, talvez, com a autogestão, tendo o fim do acúmulo de riquezas privadas e, como fim, o Bem comum.

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