Alguém se importa



Vidas importam
negras, muito mais
O que eles suportam?
O que há no lugar da paz?

Quem se importa?
Quem vai abrir sua porta
àquele negro que implora
Vendo tanta gente morta

Os seus, os nossos
negros, jovens, pobres
Pobres jovens bondosos
do olhar triste, da mente nobre

mas quem se importa?
E veja como ela se comporta?
Sob os privilégios da pensão
Por sobre o direito das cotas

O Rio de Janeiro
de Bantus e Nagôs
de Janeiro a Janeiro
de Yemanjá, Odė e Xangô

...Ogum, Oxum, Oxalá,
Erês, Exu, Oyá,
Salve a negritude,
Salve todos os orixás

Vidas, almas, culturas
Negras e edificadas
Belas esculturas
Livres, escravizadas

Instituíram o Brasil
Deram sangue e cor
Em condição servil
plantaram as sementes do amor

Mas quem se importa?
(Com essa bela horta)
Quem liga pra isso?
Para essa “linhagem torta”

Ancestrais, da fidalguia
Outrora, belos e abastados
Filhos da monarquia
Hoje ainda são açoitados

no supermercado
nas ruas e vielas
Os negros marcados
trancados em celas

Quem se importa?
A mão que atira e corta
O Estado, Igreja, a sociedade?
Basta de vida negra morta

---

https://ceert.org.br/noticias/violencia-seguranca/13819/dados-assustadores-comprovam-brasil-e-o-pais-que-mais-mata-negros-e-lgbts

Comentários

  1. Triste estatística e linda poesia!

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  2. Deram preço à alma.
    Deram preço à vida.
    Deram preço à liberdade.
    Deram preço à tudo.
    Mas desvalorizada é a nossa inquietude. Nossa atitude. Depois da tramela baixada, presos pelas paredes nada fizemos. E quando fizemos os nossos iguais nos caguetaram para ter privilégios e ter um pedaço maior de pão.
    Fomos vendidos.
    E o preço não paga. Nem nunca pagará.

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