E mesmo que eu ande...
Hoje eu andei pelo vale da morte Não haviam só mortos, mas vivos também Pessoas jogadas à própria sorte Rostos tranquilos e um solene desdém As pessoas regozijavam-se Nem se preocupavam Havia comércio, vai-vem dos moradores Ruas, passavam alguns automóveis No entorno daquela grande vala, Mais acima, grama alta, animais e árvores E por todo lado, corpos Vivos e mortos Era um belo dia de Sol Céu azul, poucas nuvens Impecavelmente brancas O lugar era simples com construções e moradias organizadas Muitas pessoas com roupas e outras uniformizadas Nada amistosas, se pudessem também me matavam Minha alma, objeto de negócio Moeda de troca Triste realidade Dos ofícios, o ócio No centro do pavoroso bairro Abaixo do nível das ruas Eis o comprido córrego ornado de azulejos brancos cruzava toda aquela região Separando em duas: De um lado céu, do outro inferno; sim e não; luz e escuridão; vivos e mortos Escadas também azulejadas,