tag:blogger.com,1999:blog-77282939482200565052024-03-26T13:41:24.758-03:00A Luz da LuaNão penso, escrevo.Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/17331928131309425182noreply@blogger.comBlogger332125tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-77091337680175476592024-03-22T19:14:00.003-03:002024-03-22T19:14:54.381-03:00A centelha que move a vida<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp7G2FR52dByX9Vmue5KjvutN19uZCPxvpJpO1ZPyhpDp6221a-ohPXgn6B0c-MQyCjS2bPBRyyA_tkpLZqd_IuF4NPq4vdrR8-cAtW9ZikDCX4YJ7l7hBa0nBOOOVxNyORUcrMITb2IE1XOtIyLd-LlqEHq9UowTt0_Kidw43qx00HG6AB-_VwnMIMA/s736/Washington%20National%20Cathedral%20Gargoyle.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="736" data-original-width="736" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp7G2FR52dByX9Vmue5KjvutN19uZCPxvpJpO1ZPyhpDp6221a-ohPXgn6B0c-MQyCjS2bPBRyyA_tkpLZqd_IuF4NPq4vdrR8-cAtW9ZikDCX4YJ7l7hBa0nBOOOVxNyORUcrMITb2IE1XOtIyLd-LlqEHq9UowTt0_Kidw43qx00HG6AB-_VwnMIMA/s320/Washington%20National%20Cathedral%20Gargoyle.jpg" width="320" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><br /> <span style="white-space-collapse: preserve;">A angústia emerge como um grito da nossa pífia sensação liberdade e da consciência necessária de nossa finitude. Ela transcende o mero estado emocional, revelando-se como catalisadora de questionamentos profundos sobre o propósito da vida e sobre o confronto inescapável com nossa própria dolorosa existência. De fato, a angústia se revela como a força motriz que impulsiona a roda da vida, incitando-nos a buscar significado e compreensão em meio às complexidades do ser. A angústia, portanto, é a centelha primeira que acende a luz da vida e vai queimando até os confins da nossa existência.</span></span><p></p><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><br /></div><span style="white-space-collapse: preserve;"><div style="text-align: justify;">(Imagem: Washington National Cathedral Gargoyle)</div></span></span>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-10854779336010782202024-03-13T02:13:00.007-03:002024-03-13T03:04:52.280-03:00Ato primeiro: amizade colorida<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8qhGvUwu-o2PeI7ZgG7W5ltLHL2q5DnltNVntUsRDl6fLz3R2Q9uLvrTeLnKqEhhMH45fMLXFzqNn6LHXWfujzdBAq8Vlivn6g_UzsltsZZ2vBevXb_QBRCy2o68s3FA5zYHgwO3ZPYvJXPX9_swPcuB7iKxuqmWwxFA1f7NpZxSR0u1jF-ANvcbJNQ/s2688/83cb1fac06c92267ba33b019278ff6a0982fd37194847dfc23b854cf185d3d3d.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1792" data-original-width="2688" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8qhGvUwu-o2PeI7ZgG7W5ltLHL2q5DnltNVntUsRDl6fLz3R2Q9uLvrTeLnKqEhhMH45fMLXFzqNn6LHXWfujzdBAq8Vlivn6g_UzsltsZZ2vBevXb_QBRCy2o68s3FA5zYHgwO3ZPYvJXPX9_swPcuB7iKxuqmWwxFA1f7NpZxSR0u1jF-ANvcbJNQ/s320/83cb1fac06c92267ba33b019278ff6a0982fd37194847dfc23b854cf185d3d3d.png" width="320" /></a></div><span style="font-family: verdana;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Desenvolver um sistema filosófico para abordar questões tanto pretéritas quanto atuais, considerando os diversos contextos, é deveras desafiador - como fazer uma peça teatral. É um trabalho árduo, ardiloso e muito difícil e... delicioso. Assim sendo, pode-se aventurar nos palcos da Ética, da Lógica, da Estética, da Epistemologia ou adentrar-se no abismo Metafísico.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No entanto, é importante que qualquer indivíduo estimule em si mesmo um sistema filosófico, um mero ato de filosofar; ter sua linha de pensamento, seu método de palavras e escritas onde que neste sistema encontra-se o mínimo de respostas à problemas conflitantes, seja dentro de um domínio específico e variante - levando em conta as circunstâncias do nosso tempo -, seja de uma forma mais abrangente e fixa - recorrendo a outras antigas épocas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">É preciso filosofar. Deve-se ir de encontro para ser encontrado. Como um ator indo de encontro a sua personagem. Para tanto, é necessário um verdadeiro amigo - não necessariamente uma pessoa, talvez uma ideia. Ora, todo encontro necessita de duas partes; assim como todo movimento é resultado de repouso e força, i.e., um diálogo resultante entre duas partes em oposição.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por conseguinte, é preciso haver o desgastante debate filosófico a ponto de se esgotar (ou não) toda e qualquer possibilidade de dúvidas. É encerrar um ato, mas deixá-lo aberto para o próximo. Com isso, podemos refletir o que nos cerca, o que nos toca e seguir adiante - um devir em uma longa peça teatral.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ademais, é preciso questionarmos, não a tudo externamente como que de forma aleatória, mas a nós mesmos em primeiro lugar. O eu. O ator principal! A educação filosófica, ou o exercício da reflexão, neste sentido, deve fazer com que comecemos conosco mesmo qualquer ensaio e assim deixando para trás qualquer situação desafiadora com honestidade e coragem.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nos palcos da vida, onde a sabedoria é a personagem principal, a Filosofia também é convidada a encenar. Atuam como numa bela dramaturgia ao conhecimento. Com este advento, somos chamados a sermos amigos de nossa própria existência, abraçando a essência de nossa própria sabedoria.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Portanto, que, ao dialogarmos com as necessidades que nos movem, encontremos nosso ato no vasto teatro do mundo. Que as cenas de nossa história se tornem um testemunho de nossa busca filosófica, um holofote que ilumina o caminho para o nosso âmago, onde apenas o saber floresce</span></div>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-50769882364294259352023-10-01T19:46:00.007-03:002023-10-02T16:49:08.132-03:00Eu só queria comprar pão<div style="text-align: justify;"><span id="docs-internal-guid-56f1fc57-7fff-92ab-d0b6-7eacecf3fced"><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-weight: 700; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">HOJE </span><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">cedo saí de casa, atravessei a rua e fui comprar pão. Fi-lo rapidamente. No entanto, trouxe pães frios, aqueles já do fim da cesta. Ao chegar em casa e depois de esquentar a água, pôr a mesa para o café, vi que não tinha manteiga e nem café. E, cá entre nós, comer pão sem manteiga e café é pior do que fazer sexo com bonecas infláveis da Shopee. Então, eis que voltei à padaria para comprar o que mais faltava para o meu café da manhã.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Notei que estava saindo pão quente - devido ao forte cheiro de pão no forno - e fui tentado a comprar mais. Percebi que a fila do pão estava enorme. Nela estavam: uma barriga, com bastante tecido adiposo; uma salsicha, tomando água de salsicha com gás; muitas crianças, parecia dia de São Cosme e Damião; um playboy, que se sentia na fila da entrada VIP da boate, e, por fim, o próprio dono da padaria. Isso não seria uma imensa fila, mas a quantidade de crianças era desesperadora.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Comecei a ficar impaciente, pois o tempo passava e o meu sagrado café tardava em sair. A barriga, a primeira da fila, perguntou, aos berros, quem ia servir o pão, pois via-se que não tinha nenhum atendente na padaria. O padeiro, obviamente, estava aparvalhado fazendo mais pão. Era notório que ele só fazia aquilo na vida, porque a padaria tinha vários prêmios de "pão fresquinho na hora". Eram exibidos com orgulho, como troféus, por toda a parede do estabelecimento. Já a salsicha, entediada, pediu mais uma garrafa d'água com gás a um quadro que estampava a foto do funcionário do mês - que na verdade era do próprio dono da padaria. O então funcionário perguntou-a: tenho água de salsicha, pode ser? Este, no quadro, era o dono, que na verdade estava no final da fila e não largava sua mala de viagem. Eis o paradoxo: quem realmente atendeu à salsicha? O funcionário do mês estampado num quadro ou o dono da padaria, funcionário do mês, na fila do pão?</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Os mais chegados costumam dizer: Todo dia o dono da padaria tenta sair rumo ao exterior. Partir em uma viagem que parece ser longa, mas nunca acontece de fato. Sempre surge um imprevisto, uma intempérie - como por exemplo comprar o excelente pão fresquinho da manhã para desjejum de sua longa viagem. Então, para não ficar fazendo e desfazendo suas malas todos os dias, ele deixa a mesma pronta e a carrega para cima e para baixo.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Até que, do nada... No celular de alguém soou aquela notificação da Shopee. Após o alarme alguém disse, “pronto! Vai sair o pão" - pensamos coletivamente. De dentro da padaria, lá onde ficavam os fornos, vinha um cachorro imitando uma cacatua que imita cães. Vinha anunciando que o pão ia sair e perguntava quem era o primeiro da fila. A salsicha entrou por dentro da barriga e, de uma metamorfose heróica, surgiu um grande rosto réplica do grego Aquiles - mas com longa barba ruiva e vermelho de raiva, em formato de empadão fatiado (aqueles deliciosos empadões cortados em formato triangular, com o recheio escorrendo…) questionou a tez do pão: está muito branco.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Já os pães, sendo servidos por um cachorro - um lindo lavrador do sul de Santa Catarina, assentado pelo MST, que imita cacatuas que imitam cães -, começaram a saltitar ao saberem que iam partir para uma viagem alucinante. Despejado todos os pães na sexta - que já era noite - o playboy se empolgou. Não por causa disso ficamos felizes, mas porque a cesta era enorme e cabia ali uns 300 pastéis de feira e mais uns 200 pães. "Enfim…" - pensamos - "Vamos comprar nossos pães!" Então o playboy se pronunciou: tem duzentas crianças nesta padaria. Então, por favor, paremos para pensar... Todos reclamaram. E sugeriram o andar da fila. Então o pão começou a sair da sexta e caírem já sem desculpas na segunda. A partir daí, a fila, para pagá-los, começou a crescer. O caixa era alguém (ou algo) dentro de uma caixa fazendo o caixa na padaria. Fiquei curioso… Seria alguém da DiSantini?</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">De repente, um alvoroço. Olhei para aquela creche toda e pensei: "Fodeu! Acabaram-se os pães!". E realmente havia acabado. Tinha um pão para cada mão das criancinhas. E, nesse instante, o cachorro-cacatua, que trouxera os pães da então última fornada, os colocou na sexta e saiu correndo, porque já estava atrasado. Dizia ele (ou latia, ou imitava uma cacatua que imitava cães… Sei lá, você que escolhe): "Cacete, au, au! Já é a segunda feira que irei hoje. Não aguento mais! Estou com pressa. Fui! Au, au..." Enquanto o cão saía para a feira, após ter batido seu ponto, uma gata assumiu a panificação.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Entre assobios e elogios ela ia vagarosa e elegantemente para dentro da padaria fazer seu trabalho. Alguns ratos saíram em disparada lá de dentro e foram em direção à rua. Um deles dizia - em inglês - enquanto fugia: "A patroa chegou!". "Mas ela é uma gata!" - dizia outro.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Enquanto isso, a fila permanecia com a mesma configuração. Exceto pela saída do playboy. Mas estavam, ainda, as duzentas crianças - querendo mais um pão cada uma; o Aquiles empadão fatiado - que retornou à forma anterior, de barriga e de salsicha, já separadas - eu, mais o dono da padaria com sua mala.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Alguns momentos depois de três rodadas de duzentos pães servidos, a fila vagarosamente andou. Só que para trás - ninguém mais sabia se tinha que se dirigir ao caixa, se estavam na DiSantini ou se iam em direção à sexta-feira de pão.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Nisso, houve uma pequena confusão e eu passei a ser o segundo na espera. O dono da padaria, que ficou sendo o primeiro, nobremente me cedeu seu lugar: "Não como pão, mas prefiro pão…" - disse ele meio que pra si mesmo olhando cabisbaixo, estranhamente. Sem entender muito, enfim, consegui meu pão. Um apenas. Era um pão por CPF. Enfim, cheguei ao caixa. Em pouco tempo estaria em casa.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Enquanto isso um dos ratos, fumando uma guimba, olhou para mim - eu na fila pagando a mercadoria e ele lá fora - perguntou-me em inglês: Ei, como as crianças conseguiram os seus pães? Cada uma recebeu dois. Respondi: Com seus CPFs, oras! Mas ele insistiu: Como? Se é só um pão por CPF? Eu retruquei: Sim! Mas estas crianças são da "geração X" e possuem também os CPFs dos seus pais, além dos seus personagens prediletos”. O rato continuou: E o dono da padaria aceita CPF de terceiros? E ele odeia geração X… </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">E continuou o rato:</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">- Ah, prazer, meu amigo! Me chamo "Pig", sou de Nova Iorque.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">- Pig? "Pig" em inglês quer dizer porco.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">- Então... - disse-me o rato.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Enfim, como eu não sou o dono da padaria, me limitei à conversa. O rato saiu convencido de ter me vencido nos argumentos, dando uma última tragada na sua guimba e, logo em seguida, jogando-a dentro da padaria, saiu de tal forma como um maquinista sai do trem após chegar na última estação do ramal Belford Roxo ou de Brooklyn.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Dei-me conta de que não só não paguei pelo pão, como também perdi a vez na fila. Como o pão ficou frio na minha mão, ou melhor, gelado, retornei à fila da cesta do pão novamente. No caso só girei em torno de mim mesmo e pronto: já estava na fila certa.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Já se passavam ali… Não sei se horas, ou dias. Mas o que anunciou a passagem do tempo foi quando todos olharam e, em uníssono, disseram “Olhem, está chovendo! Que tempo doido, não falei?” Nesse ínterim, eu saí da fila e fui olhar ao redor. Logo quando eu botei o pé fora da padaria a chuva cessou. Não porque eu botei o pé na rua, mas creio que por falta d'água mesmo ou, talvez, racionamento por parte da natureza. Contudo, novamente, todo mundo em uma só voz, ao virem o fenômeno disseram, “Olha a chuva parou! Que tempo doido, não falei?” Percebi que quem fazia chover, ou parar de chover, eram aquelas vozes entoadas de uma só vez e não minha vontade de olhar o fenômeno ou de pisar na rua.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Ciente de que eu estava perdido no tempo, quis ver se com minha pressa fazia-o correr até os dias atuais... Péra?! Qual dia seria o atual? Alcançaria, eu, o dia em que eu saí de casa para comprar pão? Mas qual dia? Qual vez? Porque eu saí duas vezes para comprar pão com diferença de minutos entre uma saída e outra. E se eu voltasse, sem querer, à época em que eu era adolescente quando saia para comprar pão? Afinal, qual dia em que eu não saí para comprar pão? Comecei a chorar de medo. Talvez com pena, ou não, o caixa da padaria veio me dar uma palavra amiga. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; white-space-collapse: preserve;">- Caro, tome aqui este livro, ele lhe trará conforto e respostas. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; white-space-collapse: preserve;">- Obrigado, boa pessoa. Nesta fila e nesta situação, nada melhor que uma leitura.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">O livro sugeria uma capa bem acolhedora de uma mãe - meio que estilo “pin-up” -, mas o bebê em seu colo parecia um pão. A obra em questão era “Meu Filho, Meu Tesouro” (1946), de Benjamin Spock. </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Finalmente, ao caixa perguntei se tinha café e manteiga, afinal, na verdade, me faltavam estes ítens para o meu completo café matinal e não mais o pão. Fui muito bem atendido. Recebi a manteiga, que vinha em forma líquida dentro de um botijão, de gás, além do café, em uma pequena xícara, que sorria, tinha lindos olhos e vírgulas...</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Fiquei com vontade de comprar mais pão que estava saindo, fervendo, da 50ª fornada. As crianças até quiseram me emprestar um dos CPFs delas para que eu levasse uns 5 pães no mínimo, mas eu ia fazer render outra rodada de pães e isso ia levar não sei quantos meses ou anos. Eu já ia para a 50ª leitura do livro emprestado, então, deixei para lá. Até porque eu não aguentava mais ler sobre crianças e vê-las todas na minha frente.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Sendo assim, depois de tudo muito custoso, protegi meu único pão e arrisquei sair novamente. Para mim, era só atravessar a rua que eu estaria em casa, mas fiquei receoso com a chuva, ela me observava com sorriso de canto de boca, tipo a pintura da Mona Lisa. Nesse ínterim, eis que um carro pára na minha frente e me oferece uma carona. Eu avisei que não precisava, pois era só atravessar a rua. Mas quando olhei bem para dentro do carro e vi quem era, aceitei o convite imediatamente. Franz Kafta. O próprio! Assim, o próprio livro. E não a Metamorfose, mas sua biografia escrita por ninguém menos que o ex-ministro da educação. O livro dirigia e no banco de trás estavam, uma carta ao pai e um monte de kaftas frias no palitinho. Conversamos um pouco, pois o livro precisou fazer algumas manobras perigosas para me deixar na porta de casa. Ignorando a biografia, tive muito contato mesmo foi com as kaftas e a carta ao pai. Não ousei lê-la, mas joguei todas as kaftas dentro de um envelope, porque elas não paravam de falar "quando certa manhã o senhor Gregório do Vivier acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama transformado em um kafta gigante, oh!".</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Cheguei em casa anos depois, ou talvez algumas horas. Não sei precisar… - mas o que importa? Que diferença faz se você perde anos ou segundos para comprar pão? O que na verdade é o tempo, senão o prazer pela compra e, consequentemente, a sua mais refinada degustação e que envolve todo o processo de ir a padaria comprá-lo, chegar em casa e comê-lo?</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Então, quando eu ia começar a lanchar, já eram umas quatro horas da tarde, eis que surge uma chamada de vídeo, vinda do aplicativo Telegram, de Dr. Freud - com aquela mesma cara de sempre, me questionou: "Você tem de escolher: ou a figura materna, ou a paterna; ou você toma leite, ou café". Chamada encerrada. Refleti muito. Quando voltei-me ao celular, para respondê-lo por texto, havia uma curiosa mensagem de um hacker se passando por mim: "Estou com arquivos que não possuem lógica alguma. Estão completamente privados de qualquer lucidez e não só: as mensagens são uma afronta à razão. Posso lhe confiar?".</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Aceitei, porém com desdém. E a mensagem, com data de ontem, dizia:</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">"Meu caro, não estou com a mínima vontade de escrever para você. Nem para ninguém. Isto aqui, na verdade, é uma simplória introdução. Mas eu deixei o gravador ligado e, enquanto gravava, liguei o rádio e fiquei trocando de estação. Este é o arquivo em .MP3 original e há a transcrição em texto também. Ouça o que eu obtive - está transcrito identicamente do áudio para o texto - e leia-o. Segue:</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">… É mais para dizer que a fiz. Porque minha vontade mesmo era mandar todo mundo ir pastar. Ficam me pressionando, oras! Que saco! Porém, se você analisar isto com cuidado, poderá lhe ser muito útil. Preste atenção! Deverás tomar uma decisão por meio da insanidade (que é positivo, isso), sobre uma questão que lhe será imposta com muita seriedade, confesso. Entretanto o farás assertivamente. Veja bem, a questão é a seguinte: Não dê ouvido à razão. Nem ao Freud. Não leia nenhum dos dois Wittgenstein's (que na verdade são 5, mas os dois primeiros são evidentes) e, por favor, pare de assistir Geraldo Luís, aos domingos. É notório que isso está te angustiando. Deixe-me te lembrar uma coisa, deixe-me te dar um conselho (sei que vou parecer um bêbado anônimo): esqueceste-te de comprar o café e a manteiga na padaria, lembra-te? Você só comprou um pão por conta do teu CPF (cacete, isso não é um conselho!). Outra coisa, por fim: Escolha café com leite e bloqueie o Dr. Freud das tuas redes sociais e app de conversas. E se quiser afrontá-lo de verdade, escolha um capuccino. Ah, mais uma coisa: Você usa muita vírgula. Poupe-as um pouco mais. Cordialement (em francês) seu admirador, M.F."</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Prontamente, já com o aplicativo aberto, perguntei sobre a veracidade da mensagem e se realmente ela se dirigia a mim; se podia haver uma mínima alteração, edição qualquer nas palavras do remetente, uma vez que foi transcrita do áudio e tudo mais; e das vírgulas realmente estarem bem empregadas e etc. Então o hacker respondeu: "Sobre isso, eu não sei lhe dizer. Não tenho mais nada aqui comigo, porque, como lhe disse, fui mudando as estações de rádio. Mas, no fundo, no fundo, acho que isso foi obra de um hacker. Já quanto às vírgulas, elas já operam sob a nova lei que flexibiliza as relações de trabalho. Fique tranquilo. Elas irão receber o que lhes é justo e irão se aposentar, quem sabe algum dia."</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Após mais este fato, ou melhor, após todos estes casos acima, fui dormir com medo. Tive pesadelos. Acordei com os conselhos do meu amigo Wittgenstein estalando na cabeça. Ele dizia, este amigo vienense, "primeiro, meu caro, o mundo é tudo que é o caso; segundo, o que é o caso, o fato, é a existência de estados de coisas. Então, quando acordei, me deparei com a TV ligada. Passava o programa do Domingo Show, de Geraldo Luís. Ele contava intrigantes histórias de estados de coisas no mundo. Neste dia a história da vez era sobre o conjunto de fatos em uma padaria onde que a fila do estabelecimento era enorme e levava meses - quiçá anos - para terminar, além do paradoxo do último homem ser, realmente, o último da fila.</span></p><br /><br /></span></div>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-38812932073085923162023-10-01T17:54:00.004-03:002023-10-01T18:03:03.823-03:00Mundo Vadio<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY06XkZwsPssqn2FQlKLHU78vqh19ynrqF17DqpbcVSzW9uphg2B1-n8Tc0Mg_EQrvjSS4p_LKkV2VGzm5DqYsT9G9aOK4CbgqnM9GR2wwoQ-eTcERMqoLH-qGR1rwv01_KLW9wjWecixfqy2iv5ZIYjEHrz2yoiqW4RZvRDCipMlVvnKJNaa9WgQT9A/s977/Screenshot_20231001-175251.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="965" data-original-width="977" height="316" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhY06XkZwsPssqn2FQlKLHU78vqh19ynrqF17DqpbcVSzW9uphg2B1-n8Tc0Mg_EQrvjSS4p_LKkV2VGzm5DqYsT9G9aOK4CbgqnM9GR2wwoQ-eTcERMqoLH-qGR1rwv01_KLW9wjWecixfqy2iv5ZIYjEHrz2yoiqW4RZvRDCipMlVvnKJNaa9WgQT9A/s320/Screenshot_20231001-175251.png" width="320" /></a></div><br /><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><br /><br />Nas entranhas deste mundo tão vadio e vasto,<br />A vida desfila, indiferente ao nosso desgosto.<br />Ela não tem a obrigação de ser benevolente,<br />E nos lembra com crueldade do que é iminente.<br /><br />Relações, intricadas teias de ilusão,<br />Nos envolvem em expectativas de decepção.<br />As imperfeições humanas se revelam em cada momento,<br />E as promessas de felicidade são um mero desalento.<br /><br />O desconforto espreita nas sombras da existência,<br />Nosso controle é uma ilusão, uma falsa potência.<br />Nada, absolutamente nada, perdura no tempo,<br />A transitoriedade é a única constante nesse firmamento.<br /><br />Viver, oh doloroso fardo que carregamos!<br />Um constante lamento, um peso que somos.<br />Enquanto a angústia permeia cada instante,<br />O mundo ao redor segue alheio, indiferente.<br /><br />No espetáculo da vida, o que é mais espantoso<br />é a inconsequência da existência, o caos tenebroso.<br />Pois tudo o que buscamos, tudo o que desejamos,<br />parece desaparecer, como brumas que se dissipam ao vento.<br /><br />A grandiosidade dos nossos sonhos e planos,<br />Desvanece-se como sombras em raios atinais.<br />E diante desse abismo de ilusões e desencanto,<br />Somos meros anfitriões de um velório aos prantos.<br /><br />Ó mundo, és surdo aos nossos clamores!<br />Ignoras nossas dores, nossos amargores.<br />Enquanto enfrentamos a insondável escuridão,<br />tu prossegues, impávido, em tua indiferença, em tua imensidão.<br /><br />Assim, caminhamos nessa jornada melancólica,<br />onde a tristeza nos envolve, como uma névoa etérea.<br />Enquanto buscamos sentido nessa existência incerta,<br />encontramos apenas a fria resposta: a vida é deserta.<br /><br />Que nossas lágrimas se misturem às águas revoltas;<br />que nosso lamento ecoe pelas montanhas mais altas.<br />Pois somos pequenas criaturas, presas ao destino,<br />neste universo vasto, indiferente ao nosso caminho.<br /><br />Em meio à melodia triste do ode ao pessimismo,<br />Afundamos‐nos nas notas do nosso próprio abismo.<br />E que entre as síncopes da vida encontremos um espasmo,<br />Um vislumbre de força, num mundo tão desdenhoso e áspero.</span>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-35003680648158514922023-09-30T20:28:00.004-03:002023-10-01T00:42:25.472-03:00Seja aqui e agora <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUVuPw1K8vucp3DaKDuBb2YJ4sUoIkaG1j75bUMxPqXt3DJi6av-zgak2uvmBeWMmL-UQcUtWwJjxTJzFIjCtmpfgvvvcvs2m-LDTG7YIoBcMn5i5yXcarrsS5yv0K0iAPh8cHH3tv0I6DEx9bNLaeDsBd6zNOBbYZZKPE93DnHfRCsTyO8Qbx3_TJMA/s768/IMG-20230930-WA0015.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="768" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUVuPw1K8vucp3DaKDuBb2YJ4sUoIkaG1j75bUMxPqXt3DJi6av-zgak2uvmBeWMmL-UQcUtWwJjxTJzFIjCtmpfgvvvcvs2m-LDTG7YIoBcMn5i5yXcarrsS5yv0K0iAPh8cHH3tv0I6DEx9bNLaeDsBd6zNOBbYZZKPE93DnHfRCsTyO8Qbx3_TJMA/w320-h320/IMG-20230930-WA0015.jpg" width="320" /></a></div><div><br /></div><div><br /></div>Ele parece feliz, sabe fingir.<br />Felicidade é categoria máxima<br />que alguém pode sentir.<br />Apenas um predicado, que vem numa caixa.<br /><br />Lá está! Tão só em meio a um lugar repleto de gente<br />Cheio de tantas colocações,<br />cheio de si, de emoções,<br />que a si mesmo nem sente.<br /><br />Vai ele… Perdido em caminho reto.<br />Vive escorado em muletas;<br />confunde céu com teto.<br />Desfila em sua categoria perfeita.<br /><br />Belo dia, um espelho.<br />Encarou-se de repente.<br />Pensou num conselho.<br />E o fez a si carente:<br /><br />Amigo eu, meu íntimo,<br />Exponha-te, apareça!<br />Cadê o você legítimo?<br />Surja, antes que eu me esqueça.<br /><br />A ti não vejo, meu eu.<br />Por que não te refletes?<br />Não és um espelho meu?<br />Queres uma prece?<br /><br />Seria isto um espelho?<br />Por que esta vastidão?<br />Não queres meu conselho?<br />És uma quimera, ilusão?<br /><br />Medo eu não tenho, portanto.<br />Sinto que agora me encontrei.<br />Olhei para meu ser de pronto,<br />assim que das facetas larguei.<br /><br />Agora me noto,<br />acordei do sono.<br />Sou o númeno,<br />não mais fenômeno.<br /><br />O mundo é real.<br />Tudo é aqui.<br />Eu sou aqui.<br />Eu sou real.<br /><br />Sou único, <br />sou diverso;<br />do meu jeito, porém,<br />no todo universo.<br /><br />Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-42072122192216594112023-09-29T15:17:00.003-03:002024-03-23T19:23:51.271-03:00Terror noturno <br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img alt="" border="0" class="placeholder" height="240" id="f98219db92722" src="https://www.blogger.com/img/transparent.gif" style="background-color: #d8d8d8; background-image: url('https://fonts.gstatic.com/s/i/materialiconsextended/insert_photo/v6/grey600-24dp/1x/baseline_insert_photo_grey600_24dp.png'); background-position: center; background-repeat: no-repeat; opacity: 0.6;" width="320" /></div><br /><div><br /></div><div>O que eu sinto?</div><div>O que me toca?</div><div>Talvez um certo instinto,</div><div>um medo que me corta?</div><div><br /></div><div>Um abrupto pesar</div><div>Porém intenso medo</div><div>Não consigo respirar,</div><div>nem guardar segredo</div><div><br /></div><div>Tudo me corrói,</div><div>me alucina</div><div>Medo que destrói</div><div>Terror que me atina</div><div><br /></div><div>Não tenho coisas bonitas pra contar</div><div>Por mais que as tenha,</div><div>é possível me sabotar</div><div>Não há paciência que me detenha</div><div><br /></div><div>Meu pavor acordaria os mortos</div><div>O grito ecoaria nos confins</div><div>Deterioraria os corpos</div><div>Os anjos fariam motins</div><div><br /></div><div>Já estou acostumado<br />Sonhos, nem tenho mais<br />Dessa dose estou viciado<br />Pavor, ao invés de paz<br /><br />O vento me confunde lá fora<br />Parece passos, traços, anúncio<br />Ouço coisas ou está silêncio?<br />De lugar nenhum quero ir embora<br /><br />Sim! Quero fugir, mas de que?<br />De todos, do meu próprio ser?<br />Eu não estaria livre, certamente<br />A solução seria não nascer<br /><br />Depois do breve espetáculo<br />Uma mão invisível surge<br />Me põe num receptáculo<br />E a passageira paz urge<br /><br />Nesse eterno ciclo resido<br />Nesse breve embate sigo<br />Ora surge o anjo Clonazepan<br />Ora me vejo eu comigo<br /><br />Não há luz no fim do túnel<br />Não há palavra, nem sentido<br />Há o gosto amargo do fel<br />E a hora do meu eu inimigo</div>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-25570453887034113462023-05-27T03:14:00.003-03:002023-05-27T03:15:22.138-03:00Ferro de Madeira<p style="text-align: left;"></p><p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWu1jzMU-ayDiIhv4ZK-oCxo382yylXjuXl6amMbKvBj9kyinmGlfDcyEWgvlFQqqYLxPoNNO92mjEWwR2_rfz66RSSctIa99nCqNvltKvpw42vo2uhjZzbhGIainQ0Q9R-MhpZTS76fRwJOa6Q4Q6fpzeEc9xnQMwIDY3RbwwnH0TzCv6VRgSrLs/s340/img_20230506_182600_923.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="340" data-original-width="340" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWu1jzMU-ayDiIhv4ZK-oCxo382yylXjuXl6amMbKvBj9kyinmGlfDcyEWgvlFQqqYLxPoNNO92mjEWwR2_rfz66RSSctIa99nCqNvltKvpw42vo2uhjZzbhGIainQ0Q9R-MhpZTS76fRwJOa6Q4Q6fpzeEc9xnQMwIDY3RbwwnH0TzCv6VRgSrLs/w320-h320/img_20230506_182600_923.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><blockquote style="text-align: left;"><div style="line-height: 1.5;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"></span><div><span style="font-family: verdana;"></span><blockquote><span style="font-family: verdana;">“Para mim não faz diferença que o tipo de homem mais míope, talvez mais honesto, certamente mais ruidoso que hoje existe, nossos caros socialistas, pense, espere, sonhe, principalmente grite e escreva mais ou menos o contrário; pois o seu lema para o futuro, SOCIEDADE LIVRE, já pode ser lido em todos os muros e mesas. Sociedade livre? Sim! Sim! Mas sabem os senhores com o que ela é feita? Com FERRO DE MADEIRA! Com o famoso ferro de madeira! E nem sequer de madeira…”. </span><span style="font-family: verdana;">(Nietzsche, A gaia ciência, §356, trad. Paulo César de Souza, São Paulo, Companhia das letras, 2001).</span></blockquote><span style="font-family: verdana;"></span></div><span style="font-family: verdana;"></span></div></div></blockquote><p> </p><blockquote style="text-align: left;"><div style="line-height: 1.5;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O termo "FERRO DE MADEIRA" foi a expressão usada por Nietzsche para se referir a algo que parece sólido, forte e confiável, mas que na verdade é fraco e pode se desfazer facilmente. Em outras obras ele usa o termo "pés de barro" - como na Gaia Ciência e, salvo engano, no Crepúsculo dos Ídolos - como mesmo sentido. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">No entanto, no trecho citado acima, Nietzsche usa a expressão para criticar a noção de sociedade livre, afirmando que ela é feita de uma falsa liberdade, ou seja, de uma ilusão que se desfaz facilmente. (Logo, percebe-se que não há liberdade alguma).</span><span style="text-align: left;"> </span></div></div></blockquote><blockquote style="text-align: left;"><div style="line-height: 1.5;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A leitura das obras de Nietzsche é complexa e toca em questões profundas. Para compreender suas ideias, é necessário entender o contexto em que foram escritas e compreender suas críticas feitas em sua época. Apesar de ser um pensamento provocador e chocante, é fundamentado e tem um certo fundo de verdade. Nietzsche escreveu seus textos de maturidade enquanto estava doente, mas sua lucidez é notável e cabível nos dias atuais. Suas críticas podem deixar o leitor mais revoltado, seja com ele ou com seus algozes. Em resumo, CUIDADO! Nietzsche é um filósofo que pode machucar.</span></div></div></blockquote><div style="text-align: left;"></div>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-31019034414207589732023-05-27T03:09:00.005-03:002023-05-27T03:09:55.313-03:00Rede da Vontade<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjpAZNbnCZc3rJR3Enkej4sO_CrsUAjdjkWC0XwpypQDF_iHbC31Te-I3Uz36NEHELecdYD36WmDlZ4Uuy9THVySVhx1Btw5wCHa9S3z1YUKxkJFFRc-ajdySCAHM_vWjGsqs9O_obyuk8ANWKLB3ovoXkQafp0vyOekFrPm-Z3ZpGMF3dRo1VaOg0" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="1600" data-original-width="1600" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjpAZNbnCZc3rJR3Enkej4sO_CrsUAjdjkWC0XwpypQDF_iHbC31Te-I3Uz36NEHELecdYD36WmDlZ4Uuy9THVySVhx1Btw5wCHa9S3z1YUKxkJFFRc-ajdySCAHM_vWjGsqs9O_obyuk8ANWKLB3ovoXkQafp0vyOekFrPm-Z3ZpGMF3dRo1VaOg0=w320-h320" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A vontade move toda uma rede interconectada que também nos impulsiona. Cada nó representa uma singularidade ligada a outras através de conexões simbolizando interações e afetos mútuos. Essas conexões podem ser de dependência, competição, cooperação, entre outras.</span></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">A Rede da Vontade está constantemente em fluxo, com os nós se movendo e se rearranjando à medida que os desejos e impulsos singulares são afetados. Os nós podem representar desejos específicos, como a fome, a sede, o desejo sexual, a busca por poder ou qualquer outra motivação que impulsiona os seres vivos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Ademais, a Rede de Vontade é caracterizada pela cegueira e irracionalidade. Os nós e as conexões não possuem uma compreensão consciente das implicações de suas ações. Eles simplesmente respondem aos impulsos e desejos que emergem, buscando atender às suas necessidades imediatas, sem racionalizar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Essa Rede faz emergir comportamentos tanto conflituosos como afetivos. Por um lado, os nós singulares competem por recursos, buscam vantagens e podem afetar fortemente a outros para atingir seus objetivos; por outro lado, as conexões na rede permitem formas de cooperação e interdependência. Os conflitos refletem a cegueira e irracionalidade subjacentes à vontade, e também podem levar à busca de objetivos comuns. Essa cooperação resulta em uma estrutura mais complexa da rede da vontade, com nós especializados e troca de recursos entre eles.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Assim como na Teoria da Complexidade, a Rede da Vontade é dinâmica e adaptativa. Os nós e as conexões estão em constante mudança, respondendo às influências do ambiente e às interações singulares entre si. Essa dinâmica pode levar o emergir de padrões complexos, onde ações individuais se combinam para formar fenômenos coletivos imprevisíveis, o caos - não confundir com desordem ou aleatoriedade.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Portanto, a Rede da Vontade, como uma força cega e irracional, destaca a natureza complexa e imprevisível dos impulsos e desejos que a tudo co-move. Através das conexões e seus afetos, emergem realidades tumultuadas, onde singularidades buscam satisfazer seus desejos de forma inconsciente e sem a noção de uma finalidade ou do todo absoluto. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">@silumatias</span></div>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-20217578601722891162023-03-30T20:42:00.001-03:002023-03-30T21:04:23.144-03:00Saudade<div><br /><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzUhDs6lwM96mV8wuCW4IsBJBPyOBR7i8xdtu0wHpH8gMCSoYaT9FTP4wRvtAgGqH5rofu-gN-nvJsoTmElI2B61ZWVC0VFLdaCtsE63oWb0Hdt5GD1TPe7p_sVWCau-ax-JXhbiJsQxK9a9c3pi5Gndw5xrQQKkJpmSiLoKIfVN4GGO-X8rzmtdM/s1252/photo-1488028005574-a81ac1663de0.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1252" data-original-width="1118" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzUhDs6lwM96mV8wuCW4IsBJBPyOBR7i8xdtu0wHpH8gMCSoYaT9FTP4wRvtAgGqH5rofu-gN-nvJsoTmElI2B61ZWVC0VFLdaCtsE63oWb0Hdt5GD1TPe7p_sVWCau-ax-JXhbiJsQxK9a9c3pi5Gndw5xrQQKkJpmSiLoKIfVN4GGO-X8rzmtdM/w358-h400/photo-1488028005574-a81ac1663de0.jpeg" width="358" /></a></div><br /><div><br /></div><div>A saudade é sofrimento,</div><div>sentimento bem amargo,</div><div>De um súbito afastamento,</div><div>ou apenas um embargo.</div><div><br /></div><div>A saudade é um paradoxo,</div><div>um misto de dor e alegria,</div><div>nos faz lembrar do que foi vivido,</div><div>e daquele que se foi um dia.</div><div><br /></div><div>É um sentimento complexo,</div><div>que mexe com nossa emoção,</div><div>às vezes traz alívio,</div><div>outras, solidão.</div><div><br /></div><div>Embora haja sofrimento,</div><div>há beleza na saudade,</div><div>nos lembra do que é importante,</div><div>e nos faz buscar a felicidade.</div><div><br /></div><div>Então, abrace a saudade,</div><div>e deixe-a te guiar,</div><div>pois ela é parte da vida,</div><div>e pode nos ajudar a continuar.</div><div><br /></div><div><br /></div>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-51943471746229864432023-02-22T19:24:00.017-03:002023-02-22T20:46:08.791-03:00Porre 2023: Escolas de Samba, meu Carnaval <p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_NKv0yxzmZ46zaPxaOD5JGOjXIphH9PFUcxgC0s3wYxqC07e3kz2VbNR3eesiPHqbfwX6nqfnx9YolVqPpsot2wTFQRluS0ezw9MBT3CtwCR9kgZz3n1q0U8whmSR26xrknVRVDdWTQjSjppaAkK7Px4jWQXcDoKQWnqqNSqHJ41QD09512N6s-Q/s1280/332283906_1162315257803267_5178738329163708216_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="1024" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_NKv0yxzmZ46zaPxaOD5JGOjXIphH9PFUcxgC0s3wYxqC07e3kz2VbNR3eesiPHqbfwX6nqfnx9YolVqPpsot2wTFQRluS0ezw9MBT3CtwCR9kgZz3n1q0U8whmSR26xrknVRVDdWTQjSjppaAkK7Px4jWQXcDoKQWnqqNSqHJ41QD09512N6s-Q/w320-h400/332283906_1162315257803267_5178738329163708216_n.jpg" width="320" /></a></div><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><br /><div style="text-align: justify;">"Nos confins do submundo onde não existe inverno/ Bandoleiro sem estrada pediu abrigo eterno/ Atiçou o cão cá-trás, fez furdunço/ E Satanás expulsou ele do Inferno</div></blockquote><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: justify;">O jagunço implorou lugar no Céu/ Toda santaria se fez de bedel/ Cabra-macho excomungado de tocaia no balão/ Nem rogando a Padim Ciço ele teve salvação [...] Eis o destino do valente Lampião"</blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;">Parabéns GRES Imperatriz Leopoldinense! 🇳🇬🏆🎉🎊 .</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;">Festa em Ramos, Olaria e adjacências. Depois do jejum de 22 anos a Imperatriz volta ao topo. Sempre luxuosa, exuberante, pompas dignas de uma imperatriz realmente.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;">Que Samba, que Enredo! Que desfile! Fantasias e alegorias impecáveis! Comissão de frente uma das mais belas também (embora este ano veio nivelado por baixo heim. Quase nenhuma apresentou-se bem neste quesito - além de quase todos os outros - devido às muitas notas com perdas de 2 décimos em grande parte).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;">O carnavalesco Leandro Vieira é outro gigante. Ganhando vários títulos com trabalhos riquíssimos e com uma assinatura particular. Nada muito tecnológico, futurista, mas carnaval à </span><span style="font-family: verdana;">moda antiga. Muito luxo e muita história do Brasil. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;">Além, também, do samba muito bem composto, muito bem gostoso de se ouvir e com uma riqueza de linguagem, de cultura nordestina, de cordel, de saber popular, que, confesso, achei muito criativo e ao mesmo tempo legal de se cantar: “O aperreio do cabra que o Excomungado tratou com má-querença e o Santíssimo não deu guarida”.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;">Ainda sobre composições, senti falta de boas assim em outras Escolas. Sim, estavam legais, mas deixaram a desejar. Venho percebendo isso há muito tempo e, inclusive, até Neguinho da Beija-Flor já comentou em entrevista sobre estas questões em respeito às composições e grupos de compositores. Sobre isso, eu já digo que o que acontece é "samba de fôrma", o próprio meio do samba diz ser "samba de escritório". Talvez, segundo alguns críticos, a causa das quedas de qualidade na produção, nas composições, se dê por este motivo: sambas feitos em formas já prontas - engessando a criatividade. Só que partindo disso, não sei se pode ser diferente, o fato de haver escritórios, porque, este método ou forma de composição tomou conta já, realmente, e não sei se há composições sem que sejam advindas destes escritórios - e confesso que algumas delas se destacam sim. Raro, mas sai umas coisas legais. Portanto, com escritório ou não, a Imperatriz se destacou estratosfericamente das demais co-irmãs no quesito Samba de Enredo.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;">Mas... Vamos mudar aqui o rumo da prosa. Como são as coisas não é? Vou falar a vocês que a Viradouro (que veio espetacular) perdeu por 1 décimo heim. E eu sei bem onde foi. Vamos lá... </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;">Se a Bateria do Mestre Ciça - na Viradouro - não perde pontos consideráveis este ano... hummm sei não heim. Este 1 décimo ia sumir facilmente e a história poderia ser outra, com o título parando do outro lado da baía. Mas, o f*** é que o Mestre Ciça perde décimos todos os anos.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;">Daí vocês podem se perguntar: "Ué? Então o Ciça mereceu perder os pontos". Olha... Pera aí: Sim, o Ciça sempre perde ponto dos jurados. Fato. Como eu havia dito acima. </span><span style="font-family: verdana;">"Mas aí! Prova-se que o cara não é bom" - vocês podem reforçar vossos argumentos. Ok. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;">Só que lhes digo, pode confiar, e o mundo do samba também, "O Ciça não é bom. Ele é ótimo!" É um mestre consagrado, um monstro! Sua bateria passa sempre muito limpa. As vezes sim tem um deslize, mas é nota a ser descartada. Porém, (eis um dos "badados do carnaval") rola um papo nos bastidores que ele aborreceu a Liga, foi malcriado com eles e seu castigo eterno ficou sendo este: você nunca será nota 40 (ou as notas 10 dos 4 jurados).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;">Agora, infelizmente, não se tem como saber a fé dos jurados, quando se trata de Ciça, porque suas justificativas são um tanto exageradas. As deste ano, ninguém sabe ainda, porque as justificativas não saíram. Mas, por exemplo, as últimas que temos (dos carnavais passados), são tão esquisitas que, enfim… a de 2022 foi assim, "A acentuação rítmica das caixas com os seus acentos característicos que configuram o “swing” peculiar da bateria ficaram sem o referido destaque” - Julgou Rafael Barros Castro. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;">Isso foi uma firula para tirar décimo. Esta situação nas caixas da Viradouro é algo muito difícil acontecer e, quem ouve e curte bateria sabe que não foi bem assim que aconteceu. Algumas escolas passaram </span><span style="font-family: verdana;">cadenciadamente </span><span style="font-family: verdana;">excedidas, bem "retas", sem muito destaque para suas acentuações e "swing", mas não perderam pontos. E cá entre nós: a maioria das baterias nivelaram-se de uma forma tão alta, que é bem raro elas virem sem "swing". Pode acontecer, mas é difícil e não foi o caso da Viradouro no carnaval passado - e creio deste ano também. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;">No caso do Ciça, o julgamento citado acima, só aquele jurado viu aquilo. O outro disse ter rolado desencontro entre carro de som e a bateria. E assim vão tirando décimos do Ciça - além de outras justificativas sem cabimento de outros carnavais.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;">Com estes "tira-décimos" todos os anos, o Mestre Ciça fica comprometido e acaba ameaçando, inclusive, um carnaval de uma Escola que às vezes vem exuberante, apoteótico, com pegada para ser campeão. Complicado isso e, infelizmente, hoje, (mais uma vez) a bateria do Ciça foi penalizada e de fato afastou a possibilidade de título à Escola de Niterói. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: medium;">Olha, não quero dizer nada de que foi injusto, que tenha sido errado, nem nenhum julgamento, nem nada. Apenas relatar uma história e um fato curioso. Porque, não quero também ser injusto com a magnífica Imperatriz Leopoldinense (título muito merecido). Samba gostosinho, luxuosa, alegre, irreverente, histórica, legitimamente brasileira - sobre o Enredo do nordeste, com a figura de ninguém menos que Lampião.</span></p>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-11334926730357179852023-02-20T13:47:00.006-03:002023-02-20T18:40:25.752-03:00C A R N A V A L<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFhgcEAT3AH5TKb8fyTMQLVlgMu2wQa21uDRN8w9WW1lklH6x-0oJ-rgo9wd89SR4-1iYtUFYYoFsjk2z-kG9Gsnzc6U-mJeviQ3-t9aWgS3oLBmI45uHp6s6yFhJAEsyulMHGg0fc6oR_JWZTYGs27Dbsxzq06hGPgO6c2KhIKWDzWKl_wPrLdvA/s740/20460981_07021989Ricardo-LeoniRIDesfile-da-Escola-de-Samba-Beija-Flor-de-Nilopolis-com-o-en.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="740" data-original-width="450" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFhgcEAT3AH5TKb8fyTMQLVlgMu2wQa21uDRN8w9WW1lklH6x-0oJ-rgo9wd89SR4-1iYtUFYYoFsjk2z-kG9Gsnzc6U-mJeviQ3-t9aWgS3oLBmI45uHp6s6yFhJAEsyulMHGg0fc6oR_JWZTYGs27Dbsxzq06hGPgO6c2KhIKWDzWKl_wPrLdvA/w390-h640/20460981_07021989Ricardo-LeoniRIDesfile-da-Escola-de-Samba-Beija-Flor-de-Nilopolis-com-o-en.jpg" width="390" /></a></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Foto do desfile da GRES Beija-Flor de Nilópolis, 1989.</span></div><p> </p><blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">“E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música” ~ Friedrich Nietzsche.</span></p></blockquote><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">Eu li e vi ontem no UOL uma matéria numa espécie de manual (ou sei lá o que posso dizer daquilo), ou algo policialesco mesmo, do que NÃO PODE e do que PODE usar no C A R N A V A L. "Carnaval" com letras em caixa alta e separadamente para reforçar-nos o significado disso. Por que, o que querem pessoas ou grupos com o Carnaval? Algo que é do povo, feito pela diversidade do povo, por todos e para todos? Qual o intuito pegar uma festa que é popular, múltipla, e querer tornar sui generis?</p><p style="text-align: justify;">Sei la, carnaval é o avesso, o profano, "o que não pode", a descarga mental e completa manifestação corporal (tanto é que a nudez, ou a quase nudez, é muito comum), as expressões musicais, a irreverência, o humor e tudo mais que nos faça desligar do cotidiano, da nossa vida desmascarada pelo resto dos 360 dias do ano - e no carnaval a gente usa as máscaras. </p><p style="text-align: justify;">Ou, filosoficamente às avessas, os 360 dias a gente vive de máscara para uma vida relativamente chata, corrida, cíclica e rotineira; e quando no Carnaval, a gente tira essa máscara e liberamos desejos contidos e pulsões retidas que, por meio da arte, da criatividade, extravasamos: homenageamos o que na rotina achamos belo, ou digno, e que não alcançaríamos no dia-a-dia; louvamos o que nos é dito o ano inteiro que é profano, baixo e imoral - louvamos desde o lixo até o resto do luxo (como diz a faixa da foto do desfile da Beija-Flor); tornamos o que é dito da loucura a nossa régua medidora; adotamos imagens daquilo que não somos, mas que queríamos ser - ao menos um dia; produzimos uma bela cópia do que os grandes artistas (famosos e anônimos) fazem nas avenidas, ou melhor, nos Sambódromos, desfilando oficialmente por uma Escola de Samba, mas o fazemos de modo caseiro, a nossa maneira. Carnaval é isso! Nos fantasiamos e saímos às ruas em busca das notas 10 em todos os quesitos. Portanto, rendemos e louvamos à diversidade, ao múltiplo e à ímpar e peculiar característica que possuimos: - repito - criatividade, senso de humor e irreverência.</p><p style="text-align: justify;">E o que nos dizem ser o certo, o moral, o sagrado, o justo, pelos 360 dias do ano, nós - no carnaval - debochamos, fazemos críticas humorísticas, piadas, paródias, fantasias cômicas, beirando o ridículo, justamente por que isso é C A R N A V A L - a festa da carne, do humano ele mesmo, do indivíduo escondido lá dentro de si mesmo pelo resto dos 360 dias. </p><p style="text-align: justify;">Fora isso, esta imposição politicamente correta - esta "censura do bem" -, não é carnaval. Não é o cidadão que espera, muitas vezes, 360 dias para a chegada do tão sonhado Carnaval. O que há agora e mais forte a cada ano, é uma ditadura do que se deve ser ou não ser; é querer controlar a vida alheia em prol de sua pequena vontade utópica, birra de criança, por fim, é o ressentimento das pessoas pobres de espírito.</p><p>***</p><p>Abaixo, uma considerável crítica ao policiamento às irreverências e loucuras alheias no carnaval:</p><p>https://gilvanmelo.blogspot.com/2023/02/eduardo-affonso-fantasia-identitaria.html?spref=fb&fbclid=IwAR25Fxtdjc6HvBFZIWEsc5-rCw0XNXEIWiu7gPffvBbAv2T5A9sVljdYuSw&m=1</p>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-23448537394757804692023-02-18T01:54:00.004-03:002023-10-01T18:08:21.757-03:00Desejo<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSJ-mFvfQzJCqkGqyBiSBzom4pWCumK3cBIzu3pyPrvnRwYfv4RQOO7PLjmRxg3y7RGs9mRFmHZEmmoQd_V_CgNsaf09wIb2mEgjdoLgxl4ZoRbyQOJML4bQ29MC16XOMgOghXESfiOK2xAJEPSMLC4YmcIhyvoGC8e4KC0668PSNV4sENCZFLIMw/s414/Whitby-Abbey-near-sunset_2900b12f19.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="233" data-original-width="414" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSJ-mFvfQzJCqkGqyBiSBzom4pWCumK3cBIzu3pyPrvnRwYfv4RQOO7PLjmRxg3y7RGs9mRFmHZEmmoQd_V_CgNsaf09wIb2mEgjdoLgxl4ZoRbyQOJML4bQ29MC16XOMgOghXESfiOK2xAJEPSMLC4YmcIhyvoGC8e4KC0668PSNV4sENCZFLIMw/s320/Whitby-Abbey-near-sunset_2900b12f19.webp" width="320" /></a></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Imagem: Paul Husband</span></div><br /><br /><p><span style="font-family: verdana;"><span style="white-space: pre-wrap;">O</span><span style="white-space: pre-wrap;"> mundo não está "nem aí" para nós. Seres humanos, nós. Ele não está "nem aí" também para os demais animais. Sabe por quê? Porque Ele não existe.</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Portanto, não há conspiração. Não há sorte ou revés. Nem há corrupção ou qualquer viés. Não há guerra ou paz; fiel ou sagaz.</span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Há Desejo…</span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O que há somos nós. De várias gerações, adaptações. Singulares, representamos um mundo sob os nossos olhares.</span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Desejo…</span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Tudo o que há é edificação. Tudo o que é, é pura representação. O mundo externo é o eu interno e o eu interno é pulsão.</span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Desejo…</span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Porventura, chegamos e, da mesma forma, partimos. Antes, não existíamos; agora, de repente, sumimos. Ademais, outras coisas surgirão, mas nunca porque mereceram. Nada explica também por que pereceram. </span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Desejo…</span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Diante disso tudo, o mundo não se importa. Por nós, Ele não rezará; nem flores nos dará; muito menos irá chorar. Contudo, vejam! Com a nossa partida, também o mundo. Sem nós, não há Ele. Sem Ele, não há nós; nem passado, presente, nem o pós. Por isso Ele não existe e sim nós. </span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Desejo…</span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Somente o agora, conosco presente, potente, é que certeza temos. Temos isso porque fazemos, agimos e sofremos. </span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O sofrimento mede nossa existência. Em nosso íntimo sussurra a carência; </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana;"><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">grita o quanto estamos vivos. </span><span style="white-space: pre-wrap;">Joga para longe nossa sapiência. Com o sofrer, saber viver - e o que é viver</span></span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Desejo…</span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Antes do saber, sentimos: tesão, potência, vontade.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uma força de verdade.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Algo que pulsa nosso coração.</span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uma única força afim</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Onipotente, operante, latente</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sem início, meio ou fim </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Que nos abarca plenamente </span></p><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: verdana; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Desejo…</span></p>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-64889965034382206192022-12-31T18:22:00.004-03:002023-01-01T21:29:51.235-03:00Porre N⁰ 2023<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIdnVyQv5xafNA_KYZG3oLXRyHfpkwErWMp4Bzrr_XLZiOpe6yEpqLjWiGJWj013IT1SeXCjt4vxlhJ-dgZkargmrAahghZgzzIYE7ppQVWoqtJnUkQ3yZcfeYuxV9mn0775-O2r1IW90Pd8saD-FTuKii_rpxhzhOuQYIiCiRVdRWgBT8wU71wns/s306/download.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="306" data-original-width="164" height="306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIdnVyQv5xafNA_KYZG3oLXRyHfpkwErWMp4Bzrr_XLZiOpe6yEpqLjWiGJWj013IT1SeXCjt4vxlhJ-dgZkargmrAahghZgzzIYE7ppQVWoqtJnUkQ3yZcfeYuxV9mn0775-O2r1IW90Pd8saD-FTuKii_rpxhzhOuQYIiCiRVdRWgBT8wU71wns/s1600/download.jpeg" width="164" /></a></div><br /><p><br /></p><p>Sei la... Eu estive conversando com uns amigos sobre a morte do Pelé e meio que desabafei - uma vez que temos muita intimidade para opinar alguns fatos e sobre coisas das nossas próprias vidas. Entretanto, nas redes sociais, vi que o tom das opiniões em geral vieram piorando, chegando a níveis acusatórios "disso", "daquilo outro" e para tentar resumir melhor os papos que tive, irei expor esta m3rda de conversa que tive com amigos aqui para o público. </p><p>Sobre mortes e piadas sobre estes mortos; sobre cancelamentos de falecidos (que é estranho) ou sobre cancelamento de quem chora os mortos... uma coisa que eu sempre digo: eu opino A ou B porque me convém. Além do fato de eu ter coragem de assumir o que opino - ou até sobre piadas mesmo. </p><p>Por exemplo, morreu Ayrton Senna. Foi um baque do caraio. Na época, no dia seguinte, fizeram uma piada. Bem sacada por sinal. Nada debochada, nem ofensora: foi uma piada, simples. Porém, sobre sua morte fiquei triste pela forma como foi e pelas saudades das manhãs de F1 aos domingo. Porque eu gostava do esporte. Na boa, se eu não gostasse, se eu não soubesse muito quem era, ia cagar para o fato. Ia ser meio malvadão mesmo. Me desculpem o termo.</p><p>Morreu Maradona, recentemente. Fiquei triste. Gostava dele desde criança. Jogo futebol desde essa época. Me identificava com ele quando jogava meu futebol. Gostava de ver ele jogando. Havia algo em jogo sobre sua morte. Havia memórias de infância e o gosto por ver um cara latino, baixinho, sendo o gigante em campo.</p><p>Agora, Morreu Marilia Mendonça. Cara, tipo, lamento, mas nada mudou na minha vida. Sacas? rsrs... Desculpem-me, mas vim saber quem era depois do trágico e triste acidente fatal. Me convém? Eu gostava de suas músicas? Se sim, vou chorar, homenagear, etc. Se não... Vida segue, nada muda.</p><p>Então, são questões que me tocam o gosto que me deixam emotivos ou não; que me fazem refletir ou não. Envolvem questões éticas de minha parte? Sim. Fui criado de uma forma que só eu sei, que só eu posso por em prática. Não fui criado para ser como alguma outra pessoa porque isso é humanamente impossível. Eu sou eu. Eu nao vou fingir sentir dó de alguém ou chorar horrores por quem não mudou uma vírgula na minha vida e o farei se me for caro </p><p>Sobre os casos acima, sobre as fatalidades, houve questões éticas envolvendo a vida destes famosos? Não sei a fundo. Até onde sei, Maradona ainda teve uns problemas nesse sentido e tal, mas nada como o fato paterno do Pelé.</p><p>Na verdade, sobre o Pelé, o Rei do futebol, o conheci antes do escândalo. Eu conheço o Pelé como aquele gigante brasileiro em campo que eu via no Canal 100. Lembro-me de ver ele jogando, quando pequeno, nas fitas cassetes, com meu pai e meu irmão... De como eles também achavam f**oda de como Pelé jogava e me contavam histórias do futebol de outras épocas. Agora, sobre seu escândalo, fiquei sabendo recentemente! Muito tardio, inclusive. Tipo, como dissociar isso? Como desfazer o Pelé que conheço do Pelé que estão dizendo hoje? Só com o tempo, talvez. </p><p>Por exemplo, se hoje brota um "KO" ai do Ayrton Senna, se surge uma filha bastarda dele, sei lá, tipo... O cara ja marcou minha infância, memórias afetivas... Não vou me autocancelar por isso. Abraços! </p><p>Querem mais exemplos? Por falar em "traição" e "filho bastardo" temos um alemão queridíssmo (e também odiado rs) muito citado e lido aqui no Brasil: Karl Marx. Sabiam que este FDP traiu sua esposa com a GOVERNANTA da família, a Helene Demuth. A traição gerou, um sétimo e bastardo filho: Frederick Demuth. O bagulho foi tão sério que o bastardo foi adotado por Engels - amigo de Marx. Mas já li e curti Marx numa boa. Pois, eu iria fazer o que? Desler Marx? Desfazer suas ideias da minha mente? Sacas?</p><p>Alan Kardec, foi racist4, escreveu e foram publicadas suas ideias racista4s. Eu li suas principais obras numa boa (a das coisas racist4s as li também, mas ignorei completamente).</p><p>Eu AMO Pantera (banda de Rock), mas não sei se vocês sabem, seu vocalista, o Phil Anselmo, é maior naz1sta fdp. Entre as suas proezas recentes, estão algumas saudações n4zistas e frases exaltando os brancos como superiores. Seria o caso de eu ir a um show deles ou do Phill Anselmo? Ia depender do meu humor e da minha disposição financeira. </p><p>Ainda no Rock, a banda norueguesa chamada Burzum haha ... os cara são muito xenófobos, inclusive com brasileiros. Eu não sabia que eles eram assim quando comecei a ouvi-los. Não tem como eu deixar de gostar. Pode ser o caso, mas não com Burzum. As coisas e os afetos variam. Eu iria a um show deles? Ia depender também, como no caso do Pantera, e se eu fosse no Burzum eu ia levar a 🇧🇷</p><p>Didi, marcou infância de muita gente, por exemplo, mas eu o acho um escroto ridículo. Não via graça nele assim de ser fã. Eu gostava muito do Chico Anísio - que se fuçar acaba achando um BO também em seu nome. Ninguém é santo. Portanto, sobre o Didi, não por isso vou ficar metendo bronca nos amigos que possam vir a lamentar sua eventual partida. Como eu posso querer que alguém venha a querer o que eu quero que as coisas sejam? (Ficou embolado? Pois é! É mais ou menos isso que tenho lido por aí dos comentários alheios).</p><p>Ah! Não posso me esquecer de Nietzsche (mais alemães). Adoro ler esse cara. Sempre fui meio nietzscheano na vida no sentido de questionar a moral religiosa e questões relacionadas as nossas individualidades e nossa maneira de ser no mundo - independentemente do que a moral e os costumes vigentes pregam. Mas este estimado filósofo era muito m1sógino, machista do caraio. Eu o leio e ignoro solenemente sua m1soginia.</p><p>Outro que acho fodaço (outro alemão haha) é Kant. Homofobico fdp! Escreveu coisas baixas sobre isso. Leio-o e acho f0da suas obras. Não tenho como deslê-lo mais. Nem rasgar seus livros. Até porque alguns me custaram muito rs...</p><p>Então, não há como desver Chaves, ou Xuxa, Silvio Santos, Seinfeld, The Office, ou desler/ desver e cancelar WOODY ALLEN (Gente, dou fã de carteirinha deste cara!).</p><p>Puxa, lamento, mas não vou cancelar qualquer fdp que marcou época de minha vida, que me deixam ótimas lembranças, porque - porventura - suas vidas particulares possam ter havido alguma m3rda, ainda mais se for para agradar grupelhos e para ficar bem na foto com a sociedade inteira.🖕</p><p>Além do mais, vejam só: não tenho como largar meu celular da Samsung agora (onde digito esta m3rda aqui inclusive); nem jogar meu PC com o Windows fora; não tenho como me despir da Nike, Adidas, Reserva, além das roupas e calçados do mercado ilegal... Não dá pra eu viver como um mendigo e nu. Porque o certo, o ético ou moral seria eu me desfazer de tudo (inclusive deste app de rede social), porque muitas dessas coisas estão fundadas em injustiças, descasos e, quiça, até crimes.</p><p>Assim, abaixando a guarda aqui, dá pra até cancelar um ou outro, mas vai ser como eu quiser e quem eu quiser. Eu abstraio certas coisas e ajo conforme me convém. Assumo mesmo!</p><p>Alem do mais, de novo, não posso tomar as causas pelos outros. Não posso agir querendo ser os outros - ja falei. Eu sou eu. Logo, faço o que me convém. E isso não me torna mais humano, com super ideais humanitários, nem o mais anti-ético, ou um ser baixo, de falso moralismo, não é o caso.</p><p>E de novo, é claro!: não irei adotar a misoginia de Nietzsche, não vou carregar amor ao estado Naz1sta de Phill Anselmo, ou ser homofóbico porque leio Kant. Pelé morreu, lamentei porque gosto de futebol e isso não quer dizer que eu seja um insensível a crianças abandonadas por seus pais. Por favor, né?! </p><p>Então o que eu vir de r4cismo, homofobi4, mis0ginia, irei denunciar. Irei defender a vitima dentro do que estiver ao meu alcance, como uma pessoa que acredita no peso da lei. </p><p>Ah, a tal piada sobre o Ayrton Senna posterior a sua morte é, "Ayrton Senna estava Amil, bateu e morreu Assim".</p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p>Enfim, é mais ou menos isso. Eu sei de mim.</p>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-66724275952064991522022-12-31T13:21:00.007-03:002022-12-31T18:30:00.494-03:00Música-silêncio <p>É madrugada. Você está no meio do nada, no alto da mais alta montanha. Estás em casa, deitado numa cadeira reclinada extremamente confortável na pequena varanda. Tua vista é espetacular. A visão alcança tudo o que é tipo de montanhas e vales sob um céu lindo estrelado, pós-chuva, onde a Lua faz iluminar a paisagem a frente parecendo haver espalhados pequenos diamantes por toda a extensão verde oliva. Assim tu pensas: vou ouvir as ultimas músicas e, depois disso, irei dormir. </p><p>Tu pões o modo aleatório e deixa… Caraio! É uma atrás da outra. "Só as que agrédi". Tu não consegues parar de ouvir. E vem outra, e outra… e tu pensas, "caraio, tem umas músicas medianas aqui na lista que eu conseguiria parar de ouvir agora para me deitar, facilmente". Mas não. O DJ virtual é venenoso. Solta só as violentas. </p><p>Depois de meia hora tu achas uma brecha e desliga o player e tira o fone. É aí que vem o "pior". O silêncio audível de forma bem pura, mas ainda não o silêncio absoluto. Eis a música mais bela e sublime que se pode ser ouvida; a obra mais perfeita já composta. É simples, suave, lenta, profunda; acalenta e tranquiliza. É uma música só, mas a música com a maior duração que se tem registro. Ela é a transcrição do perene. </p><p>É tão impressionante que nem pensar você consegue direito ao ouví-la. Tudo parece estar ao seu ritmo. E você também. Teu cérebro fica estável energeticamente; o coração para de pulsar. Todos os sentidos ficam em harmonia com a música-silêncio.</p><p>O que falo não é sobre a sequência de várias músicas, uma atrás da outra, havendo intervalos entre elas e até mesmo pausa nas músicas. O silêncio é inteiro, intenso, é pura música. É o fundamento da faculdade de ouvir as coisas; belas coisas.</p><p>Então, tu cais na profunda escuridão. És levado por esta música-silêncio perfeita, silenciosamente executada, ao sono profundo. E no sono alcanças um silêncio ainda maior que tua consciência, em vigília, não tens mais poder sobre si; a forma primeira da música-silêncio, seu princípio próprio, lhe toca. A mente ativa, desperta, não chega a ter qualquer contato com este nível de estado de ser: o sono profundo.</p><p>Infelizmente, não podes mais senti-la, esta música absolutamente silenciosa, sob todos os sentidos que possuís enquanto consciente, mas sabes que ela está lá, por causa do teu estado inconsciente. Tu sabes, dessa forma, de sua legitimidade última: o silêncio absoluto. Como se fosse uma metafísica da música-silêncio. Tivestes ciência disso tudo porque acordastes e ainda havia resquícios disso tudo flutuando no pensamento, no teu íntimo. </p><p>Contudo, enfim, é um ouvir inconsciente de um silêncio inimaginável e, obviamente, inaudível. É o momento que tu sabes que o teu eu incognoscível se encontra com o silêncio absoluto, impossível de ser alcançado e, só de tentar imaginar isso é extasiante e complexo demais. Portanto, daqui não há mais como expressar sobre isso. Paremos por aqui. Silêncio…</p>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-69597267392668906212022-12-29T07:57:00.009-03:002022-12-29T09:43:30.593-03:00Novos ciclos e nossas culturas permanentes<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8qxxs_4sWeDIPcDY_eGnTL2vud65nN4sPv6F1e1jdPHxWYTW1cc1OQB-iUqw5N3oGfglipfcaNrImD8qSiBaFN7rNAu_3DN7dtxLT0UR6K4tzjFaTzHvVHS-azjZrLX0wNCjO95QKX7hrdmc_9qUm8U1qcVofCYp8MuPVr36yfGYUEkRxnAjnP6o/s600/images.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: medium;"><img alt="Por Felipe Caprini" border="0" data-original-height="600" data-original-width="480" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8qxxs_4sWeDIPcDY_eGnTL2vud65nN4sPv6F1e1jdPHxWYTW1cc1OQB-iUqw5N3oGfglipfcaNrImD8qSiBaFN7rNAu_3DN7dtxLT0UR6K4tzjFaTzHvVHS-azjZrLX0wNCjO95QKX7hrdmc_9qUm8U1qcVofCYp8MuPVr36yfGYUEkRxnAjnP6o/w256-h320/images.jpeg" title="Representação de Oxum e Oxalá" width="256" /></span></a></div><span style="font-size: medium;"><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span style="font-family: verdana; font-size: medium;"><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O Brasil é múltiplo mesmo não é? É ímpar! Herança de infinidades culturais. Vejam só um pouco dessa diversidade tendo como referência os dias que se aproximam: o Réveillon, ou seja, o dia 31/12 e o dia 01/01 do outro ano.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Réveillon: esta palavra francesa significa “despertar”, “acordar”, ou "nova etapa de vida" que se inicia, ou "um novo dia". Porém, antes, esta palavra se referia às festas que viravam a noite na França há muito tempo. Depois, passou a referir-se às festas de virada de ano, da realeza francesa pelo século 17.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Embora a palavra seja francesa, esta grande festa a que ela se remete vem de muito antes do que se imagina. Povos de tempos muito remotos, também realizavam suas celebrações de passagem de ano - e até hoje países mantém suas tradições conforme seus antepassados, pois as comemorações de fim de ano são diversas e bem distintas mundo afora.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A título de exemplo, tem-se registro de que há 2000 anos antes de Cristo, na Mesopotâmia, algo referente a um festival de "Ano-Novo” já era festejado. Os fenícios, os persas, assírios e, por fim, os gregos, também já celebravam neste sentido.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No entanto, atualmente, a julgar nossa mente ocidental, herdeira do catolicismo e da cultura romana, tendemos a tornar o sagrado sempre vivo e, para isso, ele tem que se tornar cíclico. Para que não "despertemos" uma só vez, ou que "não tenhamos uma só etapa na vida", trazemos todo ano o que julgamos ser os melhores momentos. Alguns destes, por exemplo, são aniversários (data de nascimento), o Réveillon, a Páscoa e o Natal. É o quê divino presente em nossas vidas naquele exato momento. Por trás disso, carrega-se diversos ritos, pois o sagrado é cíclico, sempre retorna e este é um momento de religação com o que a nós é superior, com o divino - e tudo precisa ser agradável e marcante para que o próximo ciclo (ou "no ano que vem") tudo se repita.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Deixando o Natal de lado agora, porque ele já passou, direi sobre o Réveillon e seus costumes - pelo menos os que vi e convivi aqui no RJ: usar vestimentas brancas, comer sete uvas, pular sete ondas, fazer pedidos a Deus, Deuses, ou Orixás, levar oferendas, mesa posta bastante farta, estourar champanhe, entre outras coisas.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Até onde sei, alguns destes principais costumes, ritos (sagrados), vêm da religião de cunho espiritualista, mais precisamente, da Umbanda e Candomblé. Não que isto exclua a herança católica ou outras mais, mas se entrelaçam. Há, no Brasil, algo muito sui generis que se chama Sincretismo, e isso se justificará mais adiante.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Há tradições e rituais advindos de outros povos mais antigos que se possa imaginar. A mesa cheia de comidas e bebidas para se comemorar de tempos em tempos, há registros de povos pagãos, como os Viking's; superstições diversas e rituais já eram costumeiros até mesmo na Ilíada, de Homero. Estas coisas são passadas de civilizações à civilizações. Hoje, fazemos tais coisas como antigamente com mesmo intuito - não exatamente, mas mantendo as tradições.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">De volta ao Brasil, aqui no RJ, SP, BA e demais lugares onde tem praia, principalmente, vemos o culto a Iemanjá e suas oferendas ao mar e os diversos pedidos de prosperidade; outro exemplo, as plantas chamadas "Espadas de São Jorge", ou Ogum, e pedidos para vencer as demandas, proteção; os lírios - as flores de Oxum ou de algumas das "Nossa Senhora de(a) …", e os rogos de riqueza material ou espiritual. Pular 7 ondas, comer 7 uvas... O número sete é cabalístico. No espiritismo, esoterismo, ele está ligado à espiritualidade, à introspecção, à reflexão, à sabedoria, entre outras coisas mais comuns ditas, inclusive que ele é o número "perfeito". Já na Bíblia, é lido com frequência o número doze; se diz muito a respeito deste número no cristianismo: doze apóstolos; 12 tribos de Israel; durante a noite cantavam-se 12 salmos; coroa de 12 estrelas de Nossa Senhora e etc.. Em vista disso, vejam, não importa quando e nem como, o ser humano busca, de certa maneira, sobre o mistério da vida, sobre o conhecimento do mundo e sobre o divino.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Estes são alguns exemplos que unem tanto católicos quanto religiosos de matriz africana e, até mesmo, aqueles que não têm religião específica, mas que crêem na força da natureza, no místico, ou possuem suas superstições, crenças diversas ou fé simplesmente.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Outro hábito muito tradicional e, quiçá, o mais usado, herdado das religiões afro no Brasil é o vestir-se de branco: um gesto em prol da paz e uma grande reverência à Oxalá. Além dos mais, a própria Umbanda - ao menos soube por meio dela -, diz que a cor branca é a reunião de todas as cores possíveis. Outra referência a Oxalá, o pai de todos. Portanto, aquele que veste-se de branco o faz em respeito ao mais velho Orixá das mesmas vestes (branca) e em prol de estar representando todas as cores e seus diversos atributos. Não sei de outro motivo qual pessoas não religiosas usam branco no Réveillon; católicos, protestantes, budistas, muçulmanos… não sei. Porém, sei que, estando aqui no Brasil, o fazem desde há muitos anos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Particularmente eu gosto muito do amarelo, para esta data. Me remete ao ouro, amo coisas douradas e seu brilho. Além do mais, as pessoas, à noite, com suas belas e novas roupas nesta cor, realmente, criam uma atmosfera muito aprazível. Porém, minha cor preferida é a cinza, depois a preta.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Neste sentido eu já tenho o costume de seguir as tradições. Eu não usaria preto, tipo, uma camisa de banda "Rock n Roll", ou "Death Metal" em pleno Réveillon - nem uma blusa preta simples. Isso não quer dizer que eu jamais usaria, mas não curtiria. Além do mais, sei lá, fica meio forçado dizendo que sou o diferentão do resto do mundo. Embora eu ache também que muitos usam cores brancas por, simplesmente, ser algo mercadológico e tipo "todo mundo usa, então farei o mesmo", não sabendo os reais motivos ou os porquês disto.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Então, o que vale é o que significa este nosso estado-de-ser cíclico, concebido, sei lá, desde os mesopotâmicos - talvez seja algo que não muda em nossa essência como humanos; vale é estarmos cientes de que tudo retorna e que buscamos eternizar nossos melhores momentos. É esperar que retorne aquele dia que você deixou escapar, aquela oportunidade de emergir em meio a todo o complexo em que se vive. É esperar o momento certo para, enfim, tomar uma grande decisão na vida - porque, afinal, ninguém toma grandes e lúcidas decisões aleatoriamente, tipo, do nada; há momentos para isso. Há situações que podem não ser o caso de acontecer neste ou naquele ano, mas no próximo; ou nos próximos 4 anos (!!!); talvez toma-se uma decisão, que seja, no ciclo semanal: um domingo, uma segunda, sexta-feira... Há dias e mais dias, quase que ritualísticos para tal; ou no cíclico raiar do dia, ou na quieta e escura noite, pode-se despertar para algo muito positivo. Todos estes mesmos momentos são momentos de nosso próprio Réveillon e, obviamente, o queremos mais e mais. Um retorno, eternamente, destes momentos, bons momentos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Alem do mais, sendo Réveillon ou Natal, Páscoa, Aniversário ou até mesmo Dia dos Finados, que estes dias, meses ou anos, sejam de pura reflexão. Tudo bem que hoje muitas datas comemorativas, cíclicas, sejam comemorações mais mercadológicas do que religiosas e, mais remota ainda, a ideia de uma celebração da nossa vida em particular, de um momento nosso, de nossos feitos, não! Tudo bem também que o Natal seja um evento reforçado por uma religião cujos fiéis e simpatizantes, sejam maioria neste país - no mundo, melhor dizendo; tranquilo que estamos comemorando aniversário de um Homem Santo, ou de um Deus que pode-se nem crê-Lo e que, segundo as escrituras, Ele passou por aqui há exatos 2022 anos! Eu sou um tanto descrente, confesso, mas, pensando aqui... Quantos aniversários eu já invadi? Quantos aniversários eu já fui de penetra? (risos). Curti, comemorei, comi e saudei o aniversariante mesmo não o conhecendo ou não tendo ideia de quem fosse.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Por fim, sendo religioso ou não, seguindo ritos, tradições, ou não, o mais importante é acendermos nossas vontades, fazê-las explodirem e reverberar nos confins deste universo. Marcarmos nossa passagem com nossa celebração. É termos ânsia de vida, de afetos, de pares, do próximo. A cada ciclo ascendermos-nos, como uma chama, que, de forma cíclica, só se move para o alto, para cima dela própria. E é o que devemos, por nós mesmos, fazer: ascender como pessoas, como indivíduos cheios de vontades e de paixões, procurando superarmos-nos. Mas atenção! Superar, mas não como pessoas podres, asquerosas, pondo-se acima daqueles que são iguais a elas; e sim superar nossos próprios limites e nossas atuais condições sejam elas quais forem, sem prejudicar-se e muito menos levar dano algum a qualquer outra pessoa.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Excelentes ciclos novos a todos nós, indivíduos múltiplos e maravilhosos.</div></span>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-25209619050293451332022-12-28T19:49:00.004-03:002022-12-28T23:18:38.193-03:00Como eu vejo a Filosofia<div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRpCjLTjJVmL4UQ__l1skGp5XauRADluuY_dnnEfI43kOzM7Wm_PcGgnmPnufVYzuQF4IVjNltcpjjv__WjI-LFSoocN670In6_rlMeafxBbNdms9EINWYCRWJDePDbFuz64HpTbG6qw4sc8RBVly7iWeOfMDBnsFj1MknejiSISn0fawn5qlDB88/s720/sem%20musica%20a%20vida%20seria%20um%20erro%20frase%20nietzsche.jpg"><span style="font-size: medium;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRpCjLTjJVmL4UQ__l1skGp5XauRADluuY_dnnEfI43kOzM7Wm_PcGgnmPnufVYzuQF4IVjNltcpjjv__WjI-LFSoocN670In6_rlMeafxBbNdms9EINWYCRWJDePDbFuz64HpTbG6qw4sc8RBVly7iWeOfMDBnsFj1MknejiSISn0fawn5qlDB88/w320-h136/sem%20musica%20a%20vida%20seria%20um%20erro%20frase%20nietzsche.jpg" /></span></a></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Ontem estive ouvindo Tchaikovsky – Valse Sentimentale. O YouTube rolou aleatoriamente alguns sons que costumo ouvir: Led zeppelin, Monarco, Queen, Paulinho da Viola, Van Halen, AC/DC, Jazz e musicas Barrocas. Porém, nesta lista de DJ metido a eclético, veio a calhar de tocar este senhor, russo, do século XIX – período romântico -, com esta sentimental obra supracitada.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Enquanto ouvia-o, sentia que algo me impressionava: é que sons, para mim, são mais impactantes que imagens. Quase não reajo à imagem. Agora, em contrapartida, os sons já tornam diversos sentimentos em meu interior.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Em seguida, já mais tarde, antes de deitar-me, fui ler. Livro filosófico, de cabeceira. Nietzsche. Leitura leve… Tranquila! Luz baixa, silêncio… Daquelas leituras que, ao invés de o corpo liberar hormônios que façam dormir, acabam produzindo adrenalina. Aquela normal vontade correr uma maratona, de ir a nado até Paquetá, só porque leu e conseguiu compreender um parágrafo do dito cujo com a clareza de água mineral. Uma sensação de que o próprio estava conversando com você e que te fizeste entender seu pensamento.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Dois fatos, diversas sensações: uma através da audição e outra através da visão. Sentimentos bem distintos entre o ouvir uma bela canção e fazer uma boa leitura. É coisa íntima, creio, o que cada um sente com suas músicas e suas leituras. No caso dos livros, a sensação é de que o próprio escritor está conversando com você, fazendo você entender de forma mais clara possível, o seu pensamento – compositores também, mas de uma forma muito mais abstrata. E essa troca, certamente, faz com que elaboremos melhor os nossos próprios pensamentos com mais riqueza.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Então, foi assim… Após um bela música e em meio à leitura – levando um choque existencial, em que o livro veio a cair no chão, eis o momento de assombro seguido de imobilidade e profunda reflexão. É assim que nasce, constantemente, um novo ser. É assim que o leitor, em geral, se transforma, amadurece. No fundo, é o que sinto também diante da compreensão de uma obra musical; é o que sinto, da mesma forma, quando faço uma leitura filosófica; até mesmo, enfim, é o que se passa diante das diversas questões que o mundo me traz. É daí que brotam alguns exercícios filosóficos</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">A partir disso, surge-me uma cara questão, que irei lançar mão da analogia com a música para explicar de certa forma a minha relação com a Filosofia. Me colocando como um espectador de uma orquestra sinfônica que, ora maravilhado, ora apavorado, atento-me a todo e qualquer detalhe a julgar o tipo da imersão que a obra proporciona. Posso assim dizer, por tabela, como eu vejo a Filosofia, ou seja, o que tenho a dizer sobre mim mesmo, enquanto leitor e enquanto um ser existente. É isso.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Primeiramente uma orquestra sinfônica não necessita de eletricidade, máquinas, aparelhos e nenhum recurso de aparelhos tecnológicos/ eletroeletrônicos. A Filosofia muito menos. Ambas vêm de mentes pensantes – ora abstratas, subjetivas, ora até mesmo de experiências -, das potências tanto dos músicos quanto dos filósofos. As duas emergem quando há ao menos um bom raciocínio lógico, criatividade e o mínimo possível em questão material – material, digo, aparelhos eletroeletronicos e tecnologias que servem como suporte à nossa vida.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Segundo, a Filosofia na sua totalidade é como uma grande obra de orquestra sinfônica sendo executada. Uma infindável obra composta onde que à cada nota segue-se outra nova e assim sucessivamente, por todos os instrumentos, até os confins deste mundo. Soa por todas as direções e ela nunca termina. Pode haver uma pausa ou outra, mas terminar? Jamais!</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Em seguida, ouvindo o todo da orquestra, todos os instrumentos, uníssono, é de causar espanto: nos impacta de forma marcante. É maravilhoso!; também impressiona, vez ou outra, causando tormentos. Já dando atenção especial as suas vozes, ou seja, às sonoridades individuais, deparo-me com outro espetáculo à parte.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Outrossim, a Filosofia como um todo, é assombrosa, espetacular; potência geradora. Só ela afeta e nunca é afetada. Quanto as suas vozes, estas seriam os filósofos. Por exemplo, a atenção que se dá em um grupo de vozes na orquestra – às cordas (violino, viola, contrabaixo, piano…) -, seria o mesmo que se aprofundar em específicas correntes filosóficas – existencialismo – (Sócrates, Kierkegaard, Nietzsche e Sartre…).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Por conseguinte, a julgar as partituras, no caso, distribuídas na orquestra à cada músico – replicantes -, são as maravilhas que saem da mente do autor e ganham vida nos instrumentos. Da mesma forma as obras filosóficas. Em ambas existem belas escrituras. Na orquestra, cada parte da música tem seu ritmo, seu andamento, seu tom, todo um tema, um enredo; há começo, meio e fim – não necessariamente nesta ordem -, ou é cíclica. A Filosofia possui tudo isso. Ela é distribuída, comumente, através das escrituras, dos papéis; das falas. Seu ritmo, seu tom, e todo enredo são executados por filósofos através da gramática, da literatura, das diversas formas de como ela é contada e narrada.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">O que impressiona, tanto em uma orquestra sinfônica, quanto na Filosofia, é a harmonia. Esta palavra em específico, nos remete a equilíbrio e organização. Sim, ora em uma, ora em outra, há o desejo por estes elementos – mas não são necessários. Então, o prazer que se há em ouvir notas combinadas formando um acorde, ou um conjunto de instrumentos executando ao mesmo tempo – ou em tempos distintos, que seja – belas sonoridades… Esta harmonia toda é o mesmo que se deparar com um belo raciocínio filosófico, bem encadeado, bem resolvido e quase fechado – seja de um autor e sua peculiaridade, seja de vários filósofos formando a Filosofia como um todo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Ainda sobre este tema sobre harmonia, pode-se ter uma música que soe consonante, que pode agradar perfeitamente, ou dissonante, que pode causar desconforto. Da mesma forma a Filosofia que tanto pode causar, através de um perfeito agrupamento de proposições, uma bela consonância, quanto algo muito destoado, muito incômodo e dissonante dentro da composição filosófica entre as diversas teses dispostas por aí.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">A saber, tudo isto faz parte da Filosofia, estas contraposições de ideias. Ideias que para uns podem ser análogas a uma música muito desagradável, sem conexão, sem harmonia entre suas notas e seu ritmo; ou, em contrapartida, ideias que lhes são tão perfeitas, tão caras, que parecem preencher todo o ser com maravilhas faladas ou escritas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Em seguida, como em um dueto musical, ora eu acho esplêndido um solo de saxofone – instrumento de sopro, da classe dos metais -, ora me comprazo com um solo de piano – instrumento de cordas, da classe de percussão. São opostos, completamente distintos, em tudo, porém me deixam extasiado. Posso dizer que esta maravilha na Filosofia também me deixa “fora de si”. A sua capacidade ambígua e, mais além, aporética (sem saída, sem solução) são questões, às vezes, tão simples de se compreender, mas que geram infindáveis dúvidas; diversas posições podem emergir deste entendimento, mas elas sempre me mantém preso diante das duas vias distintas que se me abrem.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Alem do mais, como uma síncope rítmica, o meu espanto se dá com a Filosofia através da posição de incapacidade que ela me deixa. São os maiores e mais intrigantes atos filosóficos que me deixam cada vez mais intrigado aos paradoxos também: inerte, estupefato, porém com vontade de desvelar, de seguir em frente diante de um caminho já fechado e sem saída – ao menos aparentemente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Os julgamentos, os gostos, as escolhas do que é bom ou não… Isto acontece na música. Podemos apontar uma música ser ruim por diversos motivos: técnicos ou apenas por memória afetiva. E o que fica é: existe música ruim? Já nos campos da Filosofia, tem-se o que é certo ou não; do que é incoerente ou do que é ético… Isto está tão enevoado, tão incompreensível, quanto a mais bela obra composta ou o mais perfeito livro já escrito. A Filosofia permite que possamos fazer um juízo, ser mais justo, ser “mais perfeito”, mas da mesma forma ela nos remete à pergunta: o que é o “gosto”?; o que é “justo”?; o que é “bom”, “ruim” ou “bem” ou “mal”? Esta aporia que me deixa tão extasiado como ouvir “Don’t Stop Me Now”, da banda Queen.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">***</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Ademais, como em algumas composições sinfônicas, o autor pode sugerir diálogos entre instrumentos (vozes) que dentro de um Tema há a polifonia, duetos, solos, fugas e etc. Nada mais são que as vozes em diálogo enredando a música ou a obra da orquestra. Na Filosofia não há diferença. Pode-se ver, pois, como o próprio nome já diz da dialética. Desde os pré-socráticos até os dias atuais, dentro de um Tema, há respostas, contrapontos, controvérsias, sínteses, debates diversos – não necessariamente consonantes, harmônicos e rítmicos; podem soar, como já foi dito, caóticos, desagradáveis. Eis mais uma parte em que a Música e a Filosofia dão as mãos em um grande impacto.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">E, assim como para toda uma orquestra soar de forma perfeita é necessária a afinação, para a Filosofia é necessária a lógica. Da mesma forma que se escreve textos – como este, por exemplo -, escreve-se obras musicais. Dentro da partitura há toda uma lógica. Há regras a serem seguidas, por mais que se queira ser dissonante e caótico, tem de haver lógica. Primeiramente, todos os instrumentos têm de estarem falando a mesma língua, ou seja, estarem afinados, seguindo um campo harmônico. Caso contrário não se tem uma obra musical, tem-se ruídos, barulhos quaisquer. Com a Filosofia não é diferente. Precisa-se de um encadeamento, uma sequência de premissas fortes, rumo a uma tese com desfecho convincente, uma afinidade no raciocínio do autor, seja na escrita, seja na fala, seja em qual for o tipo de comunicação – a lógica tem de estar presente. Caso contrário…</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Por fim, os dois casos pedem práticas. Tanto para a música quanto para a Filosofia é fundamental os estudos e a prática: seja escrita, seja falada e, principalmente, os atos cotidianos, de fato. A partir disso, segue-se a habilidade, a sagacidade, a desenvoltura. Tanto para uma orquestra se expor, quanto para a Filosofia, pede-se a indecência, o despudor, a dissipação de tabus, a emancipação moral, a exposição feroz da palavra, da voz (musical), do corpo; necessita-se da audácia e, acima de tudo, de coragem.</span></div>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-44061975773827540202022-12-11T20:17:00.020-03:002022-12-11T22:31:33.460-03:00Nietzsche e os conceitos de transvaloração dos valores e o além-homem<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: medium; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpXfiHuKiqEtpuMP8HBGO4Yo5l-NircRTb_qfjDeV0TwfwfpqMmDP2gzdhWE7VxUlNAfEbiL1pJQ8ItrD6dgLEQ8tT4U4hvCOLzSV2VbDoE2qMkcfEDvLI3pQqGyq3kNqkRxiyq8fXixtxnUPxISx_55vF8q1NrkVyP2SU0ZC68gTGdOS9Q-mFXcU/s2133/Screenshot_20221130-133938_Facebook.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: medium;"><img border="0" data-original-height="2133" data-original-width="1080" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpXfiHuKiqEtpuMP8HBGO4Yo5l-NircRTb_qfjDeV0TwfwfpqMmDP2gzdhWE7VxUlNAfEbiL1pJQ8ItrD6dgLEQ8tT4U4hvCOLzSV2VbDoE2qMkcfEDvLI3pQqGyq3kNqkRxiyq8fXixtxnUPxISx_55vF8q1NrkVyP2SU0ZC68gTGdOS9Q-mFXcU/w324-h640/Screenshot_20221130-133938_Facebook.jpg" width="324" /></span></a></div><p></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">Primeiramente, precisa-se saber sobre a transvaloração dos valores. Devemos nos perguntar que valores são esses. Nietzsche se refere aos antigos valores, que são dois. A começar pelo valor que teve início lá em Platão. Para este antigo filósofo grego, existem:</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">- O mundo das ideias, dos padrões ideais, do belo, da perfeição, o mundo da realidade primeira não aqui no mundo que vivemos;</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">- E o mundo dos sentidos, mutável, cópia do real, suscetível ao erro. Um mundo aparente, mundo no qual estamos inseridos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">O outro valor criticado por Nietzsche, que ainda está vigente, junto com o mais antigo valor do Platão, é o mundo cristão religioso:</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">- É o valor que prega que existe o céu que acolherá aqueles que seguem a Cristo, um ser transcendente; aí existe a ideia de benevolência; do justo, do belo, do perfeito, enfim, o paraíso cristão; vê-se um mundo ideal, um mundo em que no céu há Deus, como figura absoluta.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">- Já na terra, as coisas mundanas, a vida mundana, as imperfeições; o mundo terreno, perecível, suscetível ao erro, ao pecado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">Estes valores afetam profundamente as concepções sobre nós mesmos. Passamos a valorizar o que está no além, o que não está aqui - quiçá temos provas cabais que exista "algo lá fora" -, e desvalorizamos o que está aqui, negando fundamentalmente a vida.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">A julgar que não existe bem e mal, virtude e pecado, perfeição absoluta e imperfeição, estes conceitos acima não condizem com nossa vida. Não foi criado, por um ser superior, a qualidade do bem, do que é supremamente bom. Também não foi criado por alguém dotado de poder extra ou sobrenatural. São criações nossas próprias a considerar a época e o lugar em que vivemos. Portanto não há bem supremo, algo absolutamente bom externa a nossa realidade.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">Por conseguinte, Nietzsche mesmo diz não haver um mundo transcendente, algo externo a nós, que devemos dar valor e segui-lo. Pois, ao fazer isso, o homem se afasta da própria vida, porque, ao buscar o ideal fora dela, vivemos uma vida para um céu ditoso em detrimento da vida aqui. Invertendo-se os valores.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">Portanto, em se afastando da vida aqui, adotando o ideal platônico-cristão ou do "homem ideal", acaba que nos enfraquecemos. Isso afasta cada vez mais do que somos. E, neste caso, somos potência de vida, de existência aqui e de desejos. Se tais valores criticados por Nietzsche prevalecem, então acabamos vivendo uma vida fora daqui, ainda que estejamos aqui - que é um contrassenso.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">Por isso a superação destas ideias. Superando-as, reduzirá o platonismo e o consequente cristianismo ao pó. Haverá, assim sendo, apenas registros históricos destes e não mais imposições de valores como fontes de vida. Eis que a famosa e controversa frase entra em ação: Deus está morto. Morto porque seus valores pereceram. Seus valores foram reavaliados.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">Ademais, não tem como deixar de lado este filósofo do século XVIII, Immanuel Kant, que foi o terceiro e último deicida, aquele que deu o tiro de misericórdia em Deus. Sua filosofia, em grosso modo, diz sobre os limites do conhecimento e diz que o mundo como ele é, é incognoscível. Não podemos alcançá-lo - nem com o intelecto (conforme pensou Platão) e nem após a morte (promessa cirstã). Ou seja, mundos que existem, mas são inalcançáveis? Então, são valores ou filosofia, inúteis - segundo Nietzsche. Isso é o afastamento máximo do homem consigo mesmo, com a terra, com o que está aqui, com o que é imanente e que, portanto, deve ser reavaliado, superado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">Logo, constata-se que o homem, ou o além-homem, é o superar-se. Superar seus limites, superar esses valores ditos ou escritos não se sabe por quem; quem é este "quem", onde ele viveu, como viveu e quando? E tudo o que foi dito em outras épocas ou o que vem de uma realidade externa, cabe a nossa vida aqui, agora? Isto não é possível.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">Além do mais, esta forma de superação não é uma superação de forma vertical e sim uma forma de ir além, de forma horizontal. Pode-se dizer que seja uma superação dos seus próprios limites, dos seus próprios medos, dos seus próprios valores. Afinal, somos criadores de nossos valores, somos donos de nós mesmos e nada há de errado em um dia superarmos-nos. A partir disso, Deus e qualquer valor transcendente deve ser transvalorado. E, só se reavalia, só se pondera os valores vigentes, com a "morte de Deus".</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">Sobre o termo "superar o homem", "além-homem", que Nietzsche cunhou em alemão, o "über_mensch" que eu queria me estender um pouco.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">Obs: "über_mensch", mas tudo junto, sem a linha - senão sou bloqueado de novo por discursos abomináveis conforme a imagem em anexo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">Este é um conceito que foi mal interpretado e ainda o é hoje. Ele nada tem a ver com uma superação humana em detrimento de outros. Este conceito é sobre singularidade - é uma questão de individualidade, porém de um indivíduo potente vivendo em meio a conexões, em um sistema complexo de tantas outras potencialidades no mundo aqui. Praticamente, este conceito em alemão, pode-se entender como uma forma de superação de valores que estão aí e não a de superação - seja lá de que forma - dos outros que convivem, que coabitam. Não é o caso de um se achar mais poderoso, melhor, mais belo e perfeito em relação ao próximo. Não! Isso é má interpretação e isso já levou a sérios problemas no que diz respeito ao homem antropologicamente falando. O além-homem é deixar para trás valores, medos, traumas e, inclusive, esta ideia de vítima, de sofrido - ideia pessimista da vida.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">Estes valores impostos, cunhados por outros, que reinam sobre nosso consciente estão de certa forma taxando-nos como seres primatas que não conseguem reavaliá-los; como pessoas que ainda são como recém-nascidos na Terra; pessoas domesticadas, sem potência alguma, sem independência. Alguém que não tem capacidade de se auto-aplicar seus próprios valores e que com isso fazem de muletas os valores platônico-cristãos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">O além-homem é se expandir individualmente por si, apenas. É ter potência como, por exemplo, o Sol - aquele que possui luz própria e que não necessita de nenhum outro astro para ser iluminado. É o que se entende, analogamente, por além-homem: aquele que pode, que tem potência e desejos (diferentemente de "daquele que tem poder" - talvez por isso muitas más interpretações).</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">Embora alguns homens e mulheres tenham se superado, saído do seu estado de pura obediência, de pura passividade a estes valores e tenham se superado e, ainda mais, trazido às vidas dos seus próximos diversas melhorias, avanços em diversas áreas, ainda assim alguns atribuem a Deus, a algum ser superior externo, tais feitos. Isto é venerar o Céu em detrimento da Terra! Vide o avanço tecnológico e científico; a medicina, a ciência em geral... Não foram obras de um saber externo, de um modelo ideal de consciência transcendente, ou inspiração divina. Foram potencialidades, desejos humanos, valores mundanos! Foram fatos que se deram devido as nossas interações, nossas pulsões e nossas complexidades.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">Diferentemente dos "Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; os que sofrem perseguição […] porque terão seu lugar ao lado do Pai", que entregam suas vidas ao reino do céu - ainda que estejam aqui -; vivem, estes, uma realidade externa que mal sabem se existe de fato, sob tais promessas de consolação, justiça e de bem maior. Tudo isso em um lugar longe, imaginado por sabe-se lá quem; e, pior, dito por um Deus transcendente ou um Ser que está fora da nossa realidade.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: large;">E assim, por fim, que entra o conceito além-homem, em alemão "über_mensch": a transvaloração de todos estes valores confusos e irreais. É o entendimento que deve-se ter dos seres humanos, ou os homens, (como você preferir) no seu devido lugar: aqui! Na sua própria realidade, cheia de afetos, potência, desejos e vontades de superar a si mesmos. Analogamente, é a forma qual as pessoas, sem milagres e sem medos, atravessem, elas mesmas, as diversas pontes construídas sobre as violentas forças das águas dos rios da vida, deste mundo aqui e agora.</span></div>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-33628060752678440322022-11-18T16:32:00.002-03:002022-11-18T16:32:36.357-03:00O DIA EM UM SEGUNDO <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnRDiw3wUbLKSUVLPujEZJbzDsJqZbYOfIf4zrvDQrE68nspKELPehSyjk6cvD1a_w9AAGdXH4ZekvGkR_ediXa_IowWbnA9OzlSLJItgSOLFNuiYHsn4v8sCwXJqte2hTikaT4KFrLGMjSp32pi1czePCnwERck_V9Nsm0Ggc88lUbq8FokmJr3U/s1024/10-lugares-do-planeta-terra-com-o-ceu-estrelado-mais-bonito-de-ver.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="682" data-original-width="1024" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnRDiw3wUbLKSUVLPujEZJbzDsJqZbYOfIf4zrvDQrE68nspKELPehSyjk6cvD1a_w9AAGdXH4ZekvGkR_ediXa_IowWbnA9OzlSLJItgSOLFNuiYHsn4v8sCwXJqte2hTikaT4KFrLGMjSp32pi1czePCnwERck_V9Nsm0Ggc88lUbq8FokmJr3U/s320/10-lugares-do-planeta-terra-com-o-ceu-estrelado-mais-bonito-de-ver.png" width="320" /></a></div><br /><p><br /></p><p> Amanheceu, os raios do sol anunciam</p><p>Os pássaros cantam, filhotes piam…</p><p>Há um movimento natural nas coisas pela manhã</p><p>E o pobre silêncio da madrugada anterior é amordaçado</p><p>Tirânico e real novo dia</p><p>Eis que ele surge e nos coage ao movimento, a seguir em frente, a viver</p><p>Porém não é o que pretendo fazer</p><p>Não preciso obedecê-lo</p><p>É a escuridão, a madrugada, que me atentam</p><p>Me deixam com calor, em graus, à beira dos “40”</p><p>A mim elas se perpetuam</p><p>Seja em vigília, seja em meus sonhos</p><p>É uma vontade imensa que a intensa noite jamais termine</p><p>Não porque ela é linda, acolhedora e maravilhosa (e o é de fato) mas porque eu estou preso a ela, me comprazo e daqui não saio</p><p>Quando fecho os olhos e venho a dormir a vontade</p><p>que o Sol percorra logo, em 1 segundo, toda minha cabeça, se esconda atrás da montanha para que de novo anoiteça</p><p>e retornem o silêncio e a escuridão: duas coisas que me agradam</p><p>Porque assim eu ganho a ausência do som e perco o que aos olhos estragam</p><p>É o que mais gosto nas noites e consequentemente nas madrugadas</p><p>Essa vontade de não ter vontade</p><p>Refletindo sem fazer nada</p><p>Ficar inerte, sem contato,</p><p>nem inteiro ou pela metade</p><p>Simplesmente não ser</p><p>Passar a não existir, porém presente, ciente</p><p>Só que triste durante o dia</p><p>E feliz à noite com um imortal elixir</p><p>É durante esse dia que surge a veia anárquica</p><p>Tirar seu poder, fazê-lo ruir</p><p>Sair da teoria e por tudo em prática</p><p>Até aos confins noturnos, viajar</p><p>Nele estar e deixar meu suspiro</p><p>Eternamente noite, Lua, estrelas</p><p>Sonhos, alegrias, brincadeiras</p><p>A noite é uma criança</p><p>Nunca cresce, envelhece, sequer morre</p><p>Eu a torno assim e assim também me tornei:</p><p>Um Deus que nem atingiu a puberdade</p><p>Que tem diante de si toda eterna noite, espaço-tempo e liberdade</p>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-36987304606831020362022-11-18T16:30:00.002-03:002022-11-18T16:30:41.090-03:00Jean-Paul Sartre: a liberdade. Somos livres mesmo?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwH78A-xi8LB4P3wCABmJ41tO_JvuvJBeRn4hh7XsFkJV_3QLY6coD5BZfjgMAXOzqFTi0K9vNEmN3msp02f6yCl9NCc-U3c1rPHDD_Vh1L8KYIEpSJ95jeYp-WwmoER9L93XaU0di5pCabIOxjOMqG9KaQBxSpf6MEv_WK9mFVAidHkRRh_zjvmY/s300/download.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="300" height="168" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwH78A-xi8LB4P3wCABmJ41tO_JvuvJBeRn4hh7XsFkJV_3QLY6coD5BZfjgMAXOzqFTi0K9vNEmN3msp02f6yCl9NCc-U3c1rPHDD_Vh1L8KYIEpSJ95jeYp-WwmoER9L93XaU0di5pCabIOxjOMqG9KaQBxSpf6MEv_WK9mFVAidHkRRh_zjvmY/s1600/download.jpg" width="300" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Vou tentar ser breve no conceito filosófico de Jean-Paul Sartre, francês (1905 – 1980). Filósofo da corrente Existencialista, mas existencialismo ateu. Lembrando que para o filósofo francês, a existência de Deus, ou divindades não é ponto focal para sua filosofia. Sartre fala sobre a Liberdade. Seu pilar filosófico, naturalmente. A liberdade pertence a essência do humano, lhe é intrínseca. Não só somos livres, contudo, estamos condenados a isso. Condenados a sermos livres. Mas não é uma liberdade no senso-comum; não é essa a qual temos ciência, como de costume. Ou seja, fazer tudo o que der na telha quando as oportunidades nos batem à porta. Não é bem isso.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Todavia, existem outras definições: liberdade é você não ser servo da sua mente, inclusive da vontade desenfreada de ser livre. Ou melhor, segundo Kant, liberdade é você sobrepor a razão às pulsões, não se tornando refém delas. Entretanto, outro caso, não podemos nos tornar refém da razão em detrimento das pulsões – assim falava Nietzsche, contrapondo-se ao iluminista. Maquiavel definia a liberdade como ser fiel ao seu próprio Estado; para Etienne La Boétie, era simplesmente não servir, nada fazer ante a um governante, um tirano ou a quem quisesse lhe extinguir a liberdade ou pleno direito a escolhas por si só.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Mais um pouco sobre esse tema, temos uma alegoria e um fato: Primeiramente, o carcereiro e o preso, tanto um quanto o outro, estão condenados. Quiçá o carcereiro mais ainda que o preso, pois que o preso pode estar se sentindo mais livre do que muitos imaginam. Segundo, o genial, astrofísico Stephen Hawking, uma vez disse num documentário – desses de TV à cabo -, qual ele fazia parte: “Apesar de eu estar preso a esta cadeira e não mover nenhum músculo, minha mente é completamente livre e alcança os confins do universo.”</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Tendo uma ideia já do que somos e podemos, na perspectiva de Sartre, podemos partir para uma próxima premissa: a escolha. Toda liberdade se submete à escolha – paradoxal essa submissão, totalmente avessa à liberdade. Então, ainda assim, por mais que não queiramos a nada escolher, ainda assim estamos fazendo uma escolha. Estamos condenados a isso. “Condenados a ser livres” – diz Sartre. Contudo, a partir desse ponto é que surgem alguns problemas, porque, escolhas requerem descartes, negações, deliberações e em paralelo a isso, responsabilidades Somos humanos, não advindo de nenhuma divindade, bastamo-nos por nós mesmos. Somos autossuficientes e responsáveis e somos a consequência das nossas escolhas.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">É verdade, somos humanos. Sofremos – a morte e o sofrimento são os queridinhos da Filosofia, diga-se de passagem. Nossas escolhas geram angústias, crise. Não há como fugir disso: devemos escolher. E escolher é responsabilidade. Escolher é renunciar, é deixar algo. Isso nos custa e machuca muito. Imagina a gama de coisas que renunciamos durante o nosso dia-a-dia e, dentre essas, devemos optar por somente uma? O quanto de coisas descartamos, não é? E fica aquela reflexão: será que fiz a escolha certa? Isso veremos mais adiante*. A partir daí temos duas situações: Optarmos por algo, porém com certas angústias e futuras responsabilidades ou delegamos aos outros a escolherem por nós. Primeiro que, ao se escolher algo, da mesma forma os outros também o fazem. Daí há um choque de interesses, conflitos. Por exemplo, todos anseiam ao mesmo fim, ou a um idêntico desejo, ou objeto… Isso não é sadio. Acaba que um torna o outro como um inferno em suas vidas. Eis a famosa frase “o inferno são os outro”. E, em segundo lugar, todos nós nos burlamos. Com isso solicitamos ou deixamos que o próximo faça escolhas por nós – devido a conta das nossas angústias por tanto rejeitar opções -, jogando a própria sorte aos riscos de uma pessoa escolher errado por nós. E por que mais esse “sofrimento”? Porque aquele que não vive minha existência, minhas dores, minhas vontades, minha existência, não pode fazer uma perfeita escolha por mim. Para que haja liberdade devemos ter o poder da escolha; para a escolha, somente o indivíduo, sua deliberação, sua vontade intrínseca.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Sobre a escolha certa*: a alusão ao “preso e o carcerário” que Sartre tenta nos passar a ideia de liberdade: o preso reflete: “o carcereiro está tão preso quanto eu. Uma grade, dois homens. Quiçá eu ainda sou mais livre do que ele”. (Isto não se encontra escrito exatamente em Sartre [risos]). Sim, na verdade, a prisão ou a privação não está remetida somente ao corpo ou ao espaço físico, mas ao ato de pensar, se pronunciar, de ser/ estar. Ninguém pode nos impedir de pensar, de refletir, de desejar, sonhar e etc. Isso é liberdade para Sartre. Então, essa noção de liberdade é o estado de consciência, de uma escolha assertiva e, a partir disso, viver bem com ela. Esse movimento é um processo intrínseco que só o indivíduo pode passar, pode saber. Entretanto, lembrando que a liberdade é um fardo, gera responsabilidades.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por fim, existe alguns entraves, alguns percalços externos que supõe-se atrapalhar nossa caminhada, nossa liberdade. Saiba que nada disso é impedimento. Nenhuma ação é impedida. Vide a alegoria do preso e o carcereiro, a vida de Stephen Hawking? Algo nesse mundo os impedia de escolher? De serem livres? Uma pessoa cega, por exemplo, tem privação de sua liberdade? Não enxergar o mundo não a faz completamente inútil. Esta pessoa ainda exerce plenamente suas faculdades, que lhe são inatas: os outros sentidos. Ela pode estudar braile, música, dança, trabalhar com as mãos, utilizar todo seu potencial intelectual e etc. Esses conceitos de Jean-Paul Sartre não são para reforçar e justificar àqueles que carecem de necessidades básicas. Pelo contrário! A liberdade não se afrouxa ante a necessidade, ela se relaciona. Seja de um cego, seja de um paraplégico. O conceito de liberdade, nesse caso de necessidade, não diz respeito àquilo que se precisa, mas àquilo que não pode ser diferente do que é. Uma pessoa pobre, talvez de uma favela, está privada, completamente, de fazer suas escolhas, de ser livre? (Cabe reflexão). Porém são nesses casos que a liberdade, segundo Sartre, torna-se um potencial para o indivíduo. Para o filósofo francês, isso é engajamento, é a autonomia da pessoa posta à prova diante de si; de livrar-se daquilo que ela não controla; de transformar-se, aliada à liberdade, ao poder de escolhas. Sempre haverá uma escolha, se intrínseca, se assertiva, haverá sucesso. Afinal, somos livres. Condenados a ser livres, não é? Portanto, é aproveitar sabiamente</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-67539157636682362852022-11-18T16:27:00.008-03:002022-11-18T17:17:17.938-03:00 A ESTRANGEIRA<span style="font-family: verdana;"><br /><br /> Lembra-te, estrangeira, estavas comigo<br /><br />Eu também era todinho teu<br />Saímos de um rústico abrigo<br />Rumo a luz, para bem longe do breu<br /><br />“Olha o que temos à frente<br />Uma bela e vasta campina<br />Tão verde, de chão tão quente<br />Pronta para deitarmos-na em cima”<br /><br />Eis que você se jogou na grama rasa<br />Deitada com um olhar faceiro<br />Como quem não quisesse nada<br />Convidou-me a ser seu parceiro<br /><br />O campo tinha suas ondulações<br />Ficamos tão bem acomodados<br />A terra, dócil, pegou-nos no colo<br />Porém para manter-nos acordados<br /><br />Não seria justo caírmos no sono<br />Na verdade nem havia como ou porquê<br />Estávamos ávidos demais não tinha como<br />Queríamos muito a uma coisa só fazer<br /><br />Era algo como que programado:<br />Olhávamos nos olhos sem piscar<br />Com isso ficávamos arrepiados<br />nossos rostos começavam a corar<br /><br />Você tocava suavemente meu rosto<br />Minha mão contornava tua cintura<br />Beijavamo-nos sem pressa, com gosto<br />Com todo o cenário: arte, bela pintura<br /><br />Nossos corpos ardiam como magma<br />Ofegantes parecíamos dois tornados<br />Transpirávamos como a uma enxurrada<br />Gemidos e sussurros um som orquestrado<br /><br />Na aromática relva rolávamos<br />Como folhas soltas ao vento<br />Daquela forma nos amávamos<br />Apenas nós, por nós, sedentos<br /><br />O Sol era única testemunha<br />Seus raios a nós banhavam<br />Nu, riscavam-me gramas e unhas<br />Nua, tua úmida tez se bronzeava<br /><br />Nossos movimentos tremiam a Terra<br />Chocávamo-nos fortemente contra o outro<br />Parecíamos, estrangeira, estar em guerra<br />Não por petróleo, território ou ouro<br /><br />Em meu corpo queria-te plenamente<br />As pulsações marcavam nosso ritmo<br />Tu também me desejavas internamente<br />Explorando lentamente todo teu íntimo<br /><br />“Está tudo bem intenso, marcante<br />Sentiste-me quente, latejante<br />Tu, estrangeira, rosa desabrochada<br />Macia, lisa, cheirosa e molhada”<br /><br />Eis uma bela manhã que não terá fim<br />Estamos ainda aqui, deitados, pensando<br />descansando agora em um florido jardim<br />Com nossos tesões ainda pulsando</span>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-6561607844990771812022-11-18T16:25:00.004-03:002022-11-18T16:25:54.644-03:00Tudo bem?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimkz4nHZatFqvXsZxdfhTdsAYrK4zXqEhqSovXXrEYqg-EjPdWOAwMqHtBSla-VYJg7Kb4NHa14hgtLOsFjGzQ5SeSy_fKpcLJ91FIBdv6SsLYYpqil4hnCOgpLZaJ2peb0spNjU4wEFJ3rn_6VOTstP8K5Q4Z0az4VEhKeFEX8jgxD2Ufp2QR9xw/s1024/contemplacao-do-universo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimkz4nHZatFqvXsZxdfhTdsAYrK4zXqEhqSovXXrEYqg-EjPdWOAwMqHtBSla-VYJg7Kb4NHa14hgtLOsFjGzQ5SeSy_fKpcLJ91FIBdv6SsLYYpqil4hnCOgpLZaJ2peb0spNjU4wEFJ3rn_6VOTstP8K5Q4Z0az4VEhKeFEX8jgxD2Ufp2QR9xw/s320/contemplacao-do-universo.jpg" width="320" /></a></div><br /><div><br /></div>Você pode me ouvir?<br />Eu sei que pode<br />Quem melhor pode me ouvir<br />que eu mesmo?<br />Sei que tem horas<br />que não se escuta nada<br /><br />Deixe a chuva cair<br />O vento soprar<br />Atente-se aqui<br />ao que tenho a falar<br /><br />Vendo nossa flor murchar<br />O que é força, relaxar:<br /><br />O desatino jaz<br />Está acomodado<br />Não nos deixa em paz<br />Se sente coroado<br /><br />Aquele nosso sono pesado<br />Só há parede para amparar:<br /><br />A angústia predadora<br />Nos caça todo dia<br />Das atitudes pecadoras<br />dos corações que ela partia<br /><br />Precisas me ouvir,<br />precisamos conversar<br />Agora que você me ouviu<br />É a tua hora de falar<br /><br />Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-54514438213534603992022-11-18T16:20:00.003-03:002022-12-31T18:35:11.958-03:00Cadê você? <p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirgjoOYkFQWEVdOFhT9SpJJgXymCL4fNUfkkezOEYOuiNvEVPAbI_N0Ilw53VWzF8vJtrGEbMeK8w2VNaFIOUKbQN4ScnmSKQgjwnNhH1UA3FWfowaj91a4cWRe2K-PycRfgC4gyCErsbj4tYG9pZKyYAuQobBABiIEf6cKIDTU51AsLyDSaexq9w/s950/epam.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="475" data-original-width="950" height="160" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirgjoOYkFQWEVdOFhT9SpJJgXymCL4fNUfkkezOEYOuiNvEVPAbI_N0Ilw53VWzF8vJtrGEbMeK8w2VNaFIOUKbQN4ScnmSKQgjwnNhH1UA3FWfowaj91a4cWRe2K-PycRfgC4gyCErsbj4tYG9pZKyYAuQobBABiIEf6cKIDTU51AsLyDSaexq9w/w320-h160/epam.jpeg" width="320" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Byung-Chul Han: “O celular é um instrumento de dominação. Age como um rosário”</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">“Filósofo sul-coreano, uma das estrelas do pensamento atual, se aprofunda em sua cruzada contra os ‘smartphones’. Acredita que se transformaram em uma ferramenta de subjugação digital que cria viciados. Em uma entrevista exclusiva ao EL PAÍS, Han afirma que é preciso domar o capitalismo, humanizá-lo”.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">***</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Já dizia David Hume, filósofo escocês do século 18: “O homem é um ser racional e, como tal, recebe da ciência seu adequado alimento e nutrição”. Porque o homem é, além de racional, ativo; afetivo, sociável. E Hume diz mais, “‘Satisfaz tua paixão pela ciência’, diz ela, ‘mas cuida para que essa seja uma ciência humana, com direta relevância para a prática e a vida social’”. As citações estão em sua obra, Investigação sobre o Entendimento Humano. UNESP. 2004. O contexto se refere às diversas ciências que estavam brotando no seu tempo, umas bem claras e objetivas – com o advento do iluminismo -, outras obscuras e nada benéficas ao homem – tratadas como supersticiosas, abstrusas. No entanto, e hoje? O que nos afeta de modo prejudicial e o que nos traz progresso?</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">***</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Em tempos de TikTok, Kwai, Snapchat, Facebook, Instagram, a obsessão por si mesmo faz com que não existam mais o “próximo”, o vizinho, o amigo, o outro. “Os outros”, na verdade, se tornaram apenas Dados, Informações, uma conexão estabelecida, um usuário online. E assim o somos também para o outro, e para o outro, e para o outro… Essa é a Rede.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Com isso, o mundo, a realidade que nos cerca, não passa de um reflexo de nós mesmos. Porque, não existe o próximo, ou alguém vivo e real que emite sons, imagens da mesma forma; bem como emoções reais e vivas, na via de mão dupla que chama afeto. Não afetamos, não somos afetados. Não há mais relações. Há somente alguém isolado, absorto em seus próprios pensamentos e apreensões virtuais.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por isso, só existimos nós mesmos: ilhados, sozinhos diante de nossas lisas telas de caríssimos (em duplo sentido) smartphones. Tudo o que aprendemos – cada um em sua bolha exclusiva – são, nada mais, que o labor de nossas mentes que captam e interpretam tudo o que está do outro lado de uma outra telinha: geralmente não sincronizado; geralmente irreal; falso (fake). O que tempos diante de nós é um monte de coisas inexistentes, produzidas para nada, em meio ao nada: o virtual.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Portanto, onde se encontra, hoje, o contato íntimo, o cotidiano, o erotismo, o romance, a socialização ao vivo e à cores? As diversas horas conversando com amigos e família, se entretendo… Cadê? Ora vendo e sendo vistos, ora tocando e sendo tocados – mas sem nenhuma “AMOLED” transmitindo algum MP4, MPEG, GIF, MP3; sem nenhum filtro ou likes, views… Não! Não precisamos de nada entremeando nossas relações. Entre um indivíduo e outro, deve-se ter ar e não vidro.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Enfim, cadê “nós”? Cadê os seres humanos – antes dos filtros, das máscaras, de tantas identidades e maquiagens virtuais que estão em criação atualmente? Como nos comunicamos, como sentimos afeto, como amamos, nos dias atuais? Dias onde nos encontramos afogados em Nada, através dos Dados, da Alta Tecnologia, do Virtual. Cadê o ser humano?</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Observações. (i) Não que eu seja completamente contra o avanço tecnológico, contra toda a Tecnologia da Informação ou a Internet, não é o caso. Porém, a forma como aproveitamos essas coisas, a forma como usufruímos-na, além de os benefícios que, talvez, estejamos disperdiçando com tudo o que nos cerca, de tecnológico, isso é o que está deixando a desejar, está muito banalizado. (ii) Além do mais, há a crítica do Byung, contra o mercado, contra o capitalismo. Porque, mesmo que estejamos alimentando os nossos próprios carrascos, digo das empresas/ indústrias do ramo e, com isso, fazendo a economia girar, o capital circular – que é muito bom por sinal -, estamos, também, é nos envenenando na mesma proporção. (iii) Deveríamos pensar numa “dieta” para consumir a tecnologia, a Internet? Quais atitudes tomarmos, visto que nossa saúde é, nototiamente, afetada por esses produtos todos? Por outro lado, em se evitar o consumo dos produtos tecnológicos, por exemplo, qual impacto na vida do mercado financeiro tais atutides trariam? Isso, com certeza, iria refletir também na nossa vida, quer queiramos ou não. Iríamos, com esse jejum, definhar, perecer. (iv) Então, como resolver esse, vamos dizer, impasse</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-40459036815338029492022-11-18T16:17:00.000-03:002022-11-18T16:17:02.257-03:00PK, o filme<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii9xxMj07ZwV8FqDzB-RuEIGVpAwRZ5DSrhD5n0TXL_i_DTWXnN7uUCPiFIVqK5mzd2S5t0si1ScDwf8zjNw-NT6J2lgN0SZuBpmBD1GaPqYZUJX88oPgeuwvm0B428dEEr9uRi3xpnNAtzmyoKezxP7d-EVJTJWpDvt2Tlz6MCHPF_TghXzq-6b0/s624/79934580_pk1jpg.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="351" data-original-width="624" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii9xxMj07ZwV8FqDzB-RuEIGVpAwRZ5DSrhD5n0TXL_i_DTWXnN7uUCPiFIVqK5mzd2S5t0si1ScDwf8zjNw-NT6J2lgN0SZuBpmBD1GaPqYZUJX88oPgeuwvm0B428dEEr9uRi3xpnNAtzmyoKezxP7d-EVJTJWpDvt2Tlz6MCHPF_TghXzq-6b0/s320/79934580_pk1jpg.jpg" width="320" /></a></span></div><span style="font-family: verdana;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Hoje lhes trago o filme da excelente produção indiana, de Bollywood, “PK” (2014). Este gostoso e divertido filme foi dirigido por Rajkumar Hirani e escrito por Hirani e Abhijat Joshi. Além de divertido, bem animado – como de costume bollywoodiano, ter musical também – o filme é de cunho altamente filosófico, principalmente sobre questionamentos sobre Deus, Filosofia da Religião, da Linguagem e… sobre nós mesmos, inseridos nos contextos supracitados.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">O filme trata de um alienígena que veio estudar a Terra, mas aqui fica preso porque seu comunicador foi roubado e vendido a um guru salafrário. A partir daí, solto “no mundo”, o “Tonto” – como passa a ser chamado na Índia – experimenta muitos aspectos da humanidade, incluindo toda a nossa cultura e costumes – nisso aí, há críticas, bem como, situações muito ilárias. Em sua “estada” aqui, ele acaba conhecendo algumas pessoas bacanas, entre elas a repórter Janani Sahni.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Pois bem, sobre a chegada desse extraterrestre o filme propõe questionamentos muitos reais sobre nossas diferenças, nossas diversas sociedades e formas de se viver em comunhão e, as ácidas críticas de se valorizar cultos religiosos ao invés da solidariedade humana. Com isso, vos digo “Em nome do céu, nega-se a terra”. (Parafraseando Nietzsche, em Crepúsculo dos Ídolos).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Sobre a fantástica Índia, é um país repleto de religiões e com pouquíssimos ateus/ agnósticos. Obviamente, sabe-se que lá predomina o hinduísmo – mas há cristianismo, Sikhismo, islamismo, etc e gurus diversos – e o filme sabe explorar e brincar muito bem com isso. Tudo sem ofensas ou julgamentos sobre a fé alheia; sabe-se, também, que a Índia possui uma das maiores populações do mundo. Portanto, eis um caldeirão cultural gigantesco – pouco acessado por nós, aqui, ocidentais – de uma cultura vasta, antiguíssima e muito rica. Vale a pena conhecê-la, mesmo que por detrás de uma tela, assistindo ao “PK”, e as aventuras de um “tonto”.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Nesse ritmo, o filme leva uma proposta muito desafiadora, que é o questionamento da religião, ou de Deus, propriamente, em plena Índia!, e isso de forma muito engraçada, inteligente e ácida, certas vezes. Ademais, não só o questionamento da religião, mas das ações humanas ante a isso tudo. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Por conseguinte, para que os questionamentos do ET (ou “Tonto”) surtam efeito, jus à população indiana, a produção do filme (estou conjecturando) achou viável recorrer à imprensa. A partir da particiapação maior do Telejornal nota-se, ora um grupo agnóstico/ ateu, ora religiosos que desejam desmontar falsos profetas e deturpadores religiosos. Isso me remete ao “Não olhe para cima” (2021), só que no lugar da ciência é o Telejornalismo indiano; no lugar dos negacionistas atuais, os falsos profetas e cegos religiosos.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Outras obras cinematográficas me vieram à lembrança enquanto eu via “PK”: “A Vida de Brian” (1979) do grupo de comédia inglês, Monty Python (disponível também no Netflix), por seus momentos de fazerem chorar de rir, inteligentíssimos, com suas sátiras religiosas, porém sem ofender qualquer religião, e o filme “Deus não está morto” (2014) – tendo, esse último, um erro conceitual sobre a questão trazida por Nietzsche, que é “Deus está morto”. (Ignorem Nietzsche, por enquanto, porque o filme traduziu a questão erroneamente).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Contudo, os debates se, sim, Deus “morreu”, ou não, entram em “PK”. Sobre a fé, sobre essa “conexão” entre o divino e o mero humano, há uma referência usada, analogamente, como “chamada telefônica” (pequeno spoiler, rs), além de tantas outras questões que ora nos brota na consciência, ora o filme nos injeta propositalmente.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Diversão garantida! Protagonistas simpatissíssimos, demais atores excelentes, produção maravilhosa e diálogos interessantíssimos – conforme explorado acima -, um excelente filme. Recomendo! Além do romance que é o filme em si, há uma paixão. O que é inevitável entre nós, humanos, me parece que, também, o é entre os seres extra mundanos, Ah! O amor… </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">E, por fim, se Deus existe mesmo ou os homens são mentirosos que inventaram-No para pôr-nos em rédeas e/ou conquistar riquezas as nossas custas, recomendo atentarem-se ao final do filme. Não que se deva concordar, ou não, mas é a tese do filme.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">Obs: “PK” não é uma obra um tanto dura em seus questionamentos. Além disso, ela tipo não se mostra perder a fé tanto Nele (“Neles”, rs, porque são vários deuses) quanto na humanidade – repito, embora questione muito tudo isso inteligentemente</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-73759875347250220612022-11-18T16:14:00.001-03:002022-11-18T16:14:55.548-03:00Amor e anarquia <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJTWubv3JGFK65l9bTNFM7_45I4dCNFMWEE1XfFQN5gCT8JUda04IMzLpR9baoPQ3x0J-07lUnLaLTukxf1gTgH4Fu8JOHKu1D0MXYY6n4OWvZFGX2dJuBxFpNWarxODNxbQR847xUY1EvatAF2e3o5W1m_D20mW2M5_u436mytI7CESi0Y6V5yac/s1080/fb_img_1643572943484.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="498" data-original-width="1080" height="148" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJTWubv3JGFK65l9bTNFM7_45I4dCNFMWEE1XfFQN5gCT8JUda04IMzLpR9baoPQ3x0J-07lUnLaLTukxf1gTgH4Fu8JOHKu1D0MXYY6n4OWvZFGX2dJuBxFpNWarxODNxbQR847xUY1EvatAF2e3o5W1m_D20mW2M5_u436mytI7CESi0Y6V5yac/s320/fb_img_1643572943484.jpg" width="320" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">É… Divertida, descontraída e engraçada. A série europeia é passada em Estocolmo (Suécia) e, embora tenha alguns dos mesmos “blá blá blás” previsíveis das comédias românticas, em linhas gerais, esta possui um encanto suficiente, a sui generis. É capaz de surpreender aos apaixonados pelo gênero.</div><div style="text-align: justify;">Não tem muito apelo erótico (pelo menos não achei rs), bem como não é muito moralista, ou politicamente correto.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Os capítulos são curtos, caem muito bem e deixam gostinho de… quero mais! </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Eis o que se verá em Amor e Anarquia: “Uma consultora casada e um jovem da área de TI se desafiam em um jogo que questiona as normas morais e que leva a consequências indesejadas” (e um tanto cômicas).</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">93% gostaram desse programa de TV na Netflix. Em breve segunda temporada</div>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7728293948220056505.post-616803983315021992022-11-18T16:11:00.003-03:002022-11-18T16:11:27.161-03:00Amor e anarquia 2<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEja74JPf5jbZ3G2OY0qP_9YuG5lLA16ttj-DD0WpqcEnAX8GgVbhtM6pF2ERR70kkFSJpgdtVcj25FUes_gW1_Ddept3s-7TkPkLGX8dwCPSW5fnnYBzoAU6AI_FjdCcEWSjFHEstOwRZM37EKRPOEXyReow36LLnWYOpo4dR3Je1Jg19hu2k_tBL8/s1093/79934580_pk1jpg-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="534" data-original-width="1093" height="156" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEja74JPf5jbZ3G2OY0qP_9YuG5lLA16ttj-DD0WpqcEnAX8GgVbhtM6pF2ERR70kkFSJpgdtVcj25FUes_gW1_Ddept3s-7TkPkLGX8dwCPSW5fnnYBzoAU6AI_FjdCcEWSjFHEstOwRZM37EKRPOEXyReow36LLnWYOpo4dR3Je1Jg19hu2k_tBL8/w320-h156/79934580_pk1jpg-1.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p><p>– Foi daí quando decidi que não ia acabar como você. Desde então toda minha vida tem girado em torno disso. Cada passo, cada pensamento, tudo o que eu faço é para você…</p><p>– Eu sei disso, eu entendi. Eu sei disso…</p><p>– Você desapareceu nos seus próprios pensamentos e em fantasias em vez de ficar comigo. Você achou mais importante ficar preocupado com a situação política do mundo do que ficar comigo. Como pode fazer isso?</p><p>– Eu queria me rebelar, eu acho. Mas sabendo que podia fazer isso, fiquei preso em algum lugar no meio de tudo isso.</p><p>– Eu nunca vou ser como você…</p><p>– É… Eu também torço por isso. Eu ficaria muito chateado se você fosse como eu.</p><p><br /></p><p>Um diálogo da série “Amor e Anarquia”. Netflix.</p><p>Nele, tal pai, tal filha, dialogam: suas rebeldias são da mesma estrada, porém de “mãos” opostas.</p><p>Além do mais, mais uma lição, atentem-se: O que muito promete libertar, aprisiona. O que oferta muito progresso, limita ou regride.</p><p>Vejam, geralmente os lados extremos das ideologias políticas partidárias são tão prejudiciais – expostas no diálogo – a ponto de um pai esquecer que tem uma filha e (não sei o que pode ser pior) de ele vir a terminar em um centro psiquiátrico por conta de sua ideologia, que o aprisiona, que o impede de ver quão belo é o mundo e as pessoas – inclusive sua família.</p><p>Lhes digo, vivam! Mas apenas as suas maneiras. Sem ordens, sem hierarquias, sem ideais superiores que buscam um mundo perfeito e belo em um lugar desconhecido – quiçá inexistente -, através de promessas surreais, incompatíveis com vossas realidades.</p><p>Vivam aqui e agora. Vivam para vocês. Para suas famílias, seus próximos. Sejam leves consigo mesmos, livres, estejam bem.</p><p>Além do mais, não procurem ninhos de vespas ou covis de lobos como aperfeiçoamento intelectual ou como prática caridosa do dia a dia – de boa intenção o inferno está cheio! Você mesmo(a) pode fazer isso sozinho, por si só e, melhor, sem nada em troca; sem o peso de chumbo da moeda de troca que lhe cobram em cada sua investida.</p><p>Todavia, tudo bem que o façam, que pratiquem caridades, que ajudem ao próximo, que se ajudem também. Mas que isso tudo seja como em Mateus, versículo 6: sem trombetas, ou de pé nas sinagogas fazendo anúncios, buscando “likes”, “hastags”, reconhecimentos coletivistas e ou plaquinhas como aquelas de funcionários do mês… O mundo não precisa de vocês se autopromovendo através de “caridades”, ninguém precisa saber que você é bom. Apenas você. E o seja!</p><p>Por fim, vivam somente do seu jeito, sem mais! Busquem-se, aceitem-se por si só e não pelos outros. Deste modo, encontrarão, assim, de verdade, a liberdade e o progresso em vosso íntimo: o seu mundo perfeito interior, o seu mundo interior perfeito.</p><p><br /></p><p><br /></p>Silvio Luizhttp://www.blogger.com/profile/06212064846692311388noreply@blogger.com0