Pequeno Rap



Não sei o que foi essas letras abaixo (rs), mas me parece um Rap. Fui escrevendo e... Eita, quanta coisa! Então, em homenagem aos Rappers brasileiros, eu deixo por conta dessa levada bacana. Viva o Hip-Hop nacional e suas letras furiosas, protestantes e dramaticas!

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Indo trabalhar, naquele sol de lascar.
O trem lotado, sem ar-condicionado, cheio gente humilde.

Todo mundo em busca do seu valoroso trocado.
É sangue e suor pra tudo que é lado.

É o simples proletário, trabalhador.
Deixando de lado seu sofrimento, sua dor.

Largando em casa sua linda família.
Em busca do valioso pão nosso de cada dia.

Pelos trilhos de aço, corre a grande lata de metal.
Vai rasgando bairros sinistros direto à Central.

Levando geral pra ganhar a pobre vida.
No inferno de concreto onde brota a sua lida.

Por falar em inferno, o que é que está havendo?
Só vejo mulher parindo, criança órfã nascendo.

Culpa de quem? Lula, Dilma... Do Brasil?
Dá vontade de mandar todo mundo pra puta que pariu.

A super-população é uma realidade.
O que eles vão fazer com essa nossa verdade?

Não podemos, também, esconder o que está acontecendo:
O que tem de gente, de bobeira, morrendo?

É o tráfico acolhendo e a polícia varrendo.
Essa é uma guerra sem fim, que sorri pra você e pra mim.

A criança hoje em dia nasce com ódio no coração.
Mãe cracuda e pai ladrão. De onde vem e para onde vai a sua educação?

Seus pais não têm culpa por, também, serem assim.
A tal da elite foi quem criou esse estopim.

O pobre vive intocado na favela, que nem um burro.
Do outro lado vive o playboy. Só falta o muro!

Doze mil brancos se formam em medicina.
Doze mil negros favelados caem mortos em chacina.

Cotas nas universidades, não!
Mas cotas nos presídios, ninguém dá atenção...

Para cada mil médicos brancos, há cem mil presidiários negros.
O negro tem livre acesso às carceragens e a elite, BMW na garagem.

O miserável só pode ser gari ou trabalhar na padaria,
E o burguês vira doutor e se forma em engenharia.

Ninguém dá oportunidade para o pobre favelado crescer.
Daí reclamam quando alguém pega uma Uzi para sobreviver.

Um ato é consequência de outro,
Daquele que vive no luxo, ao que vive no esgoto.

Nessa pátria mãe gentil, o racismo ainda pulsa.
Muitos fingem não vê-lo e ainda negam sua culpa.

Não importa se o cara trabalha ou se está quieto.
Tem sempre um engomado superior pra lhe estourar o reto.

Aquele que consegue um ofício honesto,
Sofre o mesmo e nojento preconceito funesto.

Do seu patrão, da sociedade, ou na sua empresa...
O cara humilde, coitado, sofre que é uma beleza!

E caminhando lado-a-lado, há aquele que vem do gueto: o favelado.
Sofre o mesmo ódio, oriundo daquele engravatado.

Trabalhando ou não, o pobre coitado não tem perdão.
É sempre confundido pela polícia como um ladrão.

Você trabalha, se lasca todo, corre e luta...
Mas não adianta, maninho, serás sempre tratado como uma puta.

E essa que também merece meu respeito.
Não apenas por ter peito - para qualquer deleito.

Mas pela sua foda labuta.
(Muitas são honestas e das suas vidas não têm culpa. Se liga, filho da puta!)

Trocadilhos à parte, pule esse trecho.
O trem chegou, vamos ao desfecho.

Central do Brasil! A estação lotada. Cada qual com seu perfil.
É um mar de cabeça pensante numa onda febril.

Vamos trabalhar, deixar de blá blá blá, vamos ganhar.
Deixar de perder, deixar de se foder, sei lá!

Nem dinheiro, honrarias e nem ostentação:
Isso tudo é bobagem!
Valho muito mais do que isso, meu irmão,
E nada compra a minha dignidade.

É isso que nos resta: Honestidade gera respeito, cidadão.
Ninguém pode arrancar, do peito, o nosso grande coração.

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